29.11.03

opa

Ontem fui ver Era Uma Vez no México (é isso mesmo? Porque os tradutores italianos são tão criativos quanto os brasileiros e dão os títulos mais escalafobéticos possíveis aos filmes americanos). Meu humilde parecer:

- Quem escolheu e executou o corte de cabelo do Antonio Banderas merece ir pra fogueira.
- Quem desfigur... quem fez as cirurgias plásticas do Mickey Rourke merece um dedo no olho, e depois ir pra fogueira.
- A Salma Hayek é bonita, apesar do queixão, mas eu continuo detestando belezas do tipo exótico/selvagem/latino/tropical/vulgar.
- Gosto do Johnny Depp. Acho-o um bom ator, além de ter um rosto muito interessante ? gosto particularmente do seu nariz.
- O filme é absolutamente ridículo, excessivamente barulhento, todo o elenco é de uma canastrice ímpar, a trilha sonora fa paura.
- Espanhol não é um idioma, é um aborto linguístico da natureza.

No próximo fim de semana estréia (sim, estréia só agora ? quando eu falo que moro no coração do Zimbabwe não estou exagerando) Procurando Nemo : ))))))

**

No mais, acho que não consigo voltar ao Rio pro Natal. Não tem passagem de jeito nenhum, a menos que eu fique quase dois meses no Brasil, o que é absolutamente incompatível com a minha permanência no emprego aqui no escritorio. Então acho que vai rolar só lá pra janeiro... : (

Postado por leticia em 11:43

27.11.03

Da série Coisas Italianas Que

Hoje: COZINHA E ADJACÊNCIAS

... Amo:

- Os armários da cozinha. Os armários que ficam em cima da pia têm um escorredor no lugar da prateleira de baixo. Assim você lava os pratos e os coloca diretamente pra escorrer, escondidos no armário; a água pinga dentro da pia e os bichinhos ficam lá, escorrendo e guardados ao mesmo tempo. Poupa-se assim o trabalho de secar os pratos.
- Os panos de prato. Todos os panos de prato, que são maiores do que os nossos, já vêm com uma alcinha em uma das pontas pra pendurar em um dos invariavelmente presentes ganchinhos.
- A lata de lixo escondida no armário debaixo da pia. Achei uma idéia ótima. Nada daquelas mini-lixeirinhas horripilantes dando plantão em cima da pia.
- Geladeiras e máquinas de lavar louça embutidas. Se bem que, se eu tivesse uma geladeira lindíssima, em inox, por exemplo, não a esconderia, muito pelo contrário...
- As mesas aumentáveis, que todo mundo tem. Tem visita e não cabe todo mundo na mesa? Abre-se a bichinha, gira-se ou monta-se um pedaço adicional, e eccola! Uma mesa com mais dois lugares.
- O forno, quase sempre elétrico, que esquenta rapidinho, sem aquela moleza dos fornos a gás.


... Odeio:

- A falta de ralo no chão, por motivos óbvios.
- As geladeiras, que muitas vezes são pequenas (como a da Fran).
- A implicância dos italianos com o forno de microondas.
- As panelas, quase sempre com cabo curto, e quase nunca em teflon (eles também implicam com o teflon).
- As torradeiras, que não fazem as torradas pularem. (pularem ou pular? Não sei!)
- A ausência de área de serviço. É comum ter a máquina de lavar roupa no banheiro ou na cozinha. Varal no teto? Nem pensar! São todos montáveis, como uma tábua de passar roupa. Assim, pra ocupar bastaaaante espaço. A única vantagem é que no inverno você bota o varal perto do termosifone que quiser, e as roupas secam rapidinho...
- A ausência de tanque de lavar roupa, causada pela ausência da área de serviço. Não consigo conceber a vida sem tanque de lavar roupa. Onde se lavam os panos de chão? Onde se esfregam as roupas brancas que a máquina de lavar não dá conta de clarear? No balde? E quantas vezes tem que mudar a água do balde? Olha, vou te dizer, sinto mais falta do tanque do que do ralo.
- O fato da galera não ser adepta do misto quente. Eu sou LOUCA por misto quente. Não só eles não são muito fãs da coisa, que aqui se chama toast, assim, em inglês, com pronuncia macarrônica, como também acham estranhíssimo comer queijo e presunto de manhã, ou no lanche da tarde. Presunto e queijo, pra eles, são substitutos mais ligeiros da carne, bons pra comer à noite, quando não pega bem se entupir de coisas pesadas. E nada de presunto cozido como o nosso, não senhor. Prosciutto cotto é coisa de turista. Italiano que é italiano só come prosciutto crudo.

Alinhás, sabe que esse tempo todo comendo pouca carne ? porque a carne deles é uma merrrrrrrrrrrrda ? me deixou meio intolerante? Ontem almocei bisteca e senti meu estrombo reclamando até tarde da noite.

Postado por leticia em 11:57

21.11.03

mudinha

Aviso a todo mundo que tah esperando resposta a e-mail: nao sei quando vou poder responder! Soh semana que vem vao instalar uma internet decente aqui no trabalho, entao até lah fica tudo pendente.

beijos

Postado por leticia em 15:50

19.11.03

hmpf

Minha resposta? Foi a unica possivel: piano piano, cuore mio (que eu traduzo livremente como devagar com o andor, meu querido.)

Postado por leticia em 09:55

18.11.03

O lanterneiro quer casar. Comigo.

Comigo. Não sei se rio, choro ou encho de porrada.

**

Quinta-feira começamos a mudança do escritório. Lá fomos nós subir em escada pra descarregar caixas e mais caixas de toner, que obviamente vinham cheias de teias de aranha, aranhas vivas, aranhas mortas, cocô de rato, entre outras delícias. Cheguei em casa coberta de poeira e teia de aranha. Como tinha sido, por outros motivos, uma merda de dia (giornataccia ; o sufixo accio/accia significa uma merda. Um dia de merda é una giornataccia, um trabalho horrível é um lavoraccio, e così via), Samuele se ofereceu pra me levar ao cinema. Veio me buscar com um bouquet de rosas vermelhas, que agora repousam num vaso aqui em cima da minha nova escrivaninha. Não gosto de rosas, ainda mais vermelhas ? coisa mais novelesca e lugar-comum ainda não foi inventada. Como os caras que descarregaram os móveis aqui fizeram alguma cagada e mancharam um pedaço da escrivaninha-balcão (estou na reception, como eles dizem aqui, assim, sem traduzir), botei o vaso em cima pra cobrir. Então; fomos jantar no enonè, que já comentei aqui, comi tagliatelle all?uovo con crema di funghi porcini e funghi porcini (de-li-ci-o-sas!), depois fomos ver Kill Bill. Achei bobérrimo. Visualmente tem grandes sacadas, mas os chafarizes de sangue e os braços cortados são excessivos. Mas tudo bem. Só que a sessão era tarde e fui dormir lá pra uma e meia da manhã.

**

Sexta-feira foi ooooo dia da mudança. Passamos o dia inteiro desmontando coisas, remontando coisas, achando coisas, perdendo coisas, enchendo caixas, carregando furgão, descarregando furgão, limpando chão, tirando pó, arrumando escrivaninhas, fazendo inventário. O novo escritório ficou lindo, minha escrivaninha-balcão-reception é enorme e cheia de lugar pra botar todas as minhas coisas, meu computador é novinho, minha impressora idem, o aquecimento funciona bem e por isso não precisamos mais trabalhar de casacão. Só que ainda não ajeitaram a internet ? só o computador do Segundo Chefe está conectado. A vista não é uma Brastemp ? estamos na zona industrial de uma cidadezinha pequena, em torno só há campos ainda não cultivados, algumas casas espalhadas, e MUUUUITA neblina. O dia foi causativo e fui dormir cedo.

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Sábado fui dispensada do trabalho na loja à tarde, então trabalhei no almoxarifado, ajudando a botar em ordem a tralha, das sete e meia da manhã às seis e meia da tarde. Pelo menos toda a parte de papelaria e material de escritório ficou arrumadinha.

À noite Massimo veio me pegar. Queríamos ir ao cinema ver Mystic River, mas tava lotadaço e não rolou. Fomos pra um pub em Perugia bater papo, comer uma piadina com salame picante e mozzarella e beber Pepsi. Só que eu esqueço que não posso mais ir a esses lugares; a fumaça de cigarro é tanta que no dia seguinte fico completamente enjoada e não consigo comer nada.

**

Domingo trabalhei na loja de uma da tarde às sete e meia da noite, com a Claudia, que foi embora às três e meia, e com a Carmen. Foi um dia chatérrimo, de tempo feio e frio, pouca gente na rua, poucos clientes, poucas vendas, pouco tudo. Fui pra casa, dei uma dormidinha básica, e às onze Massimo veio me pegar. Eu, linda, sílfide decotada, esqueci que as calças estão caindo perna abaixo e acabam arrastando no chao, e tropecei várias vezes, mas é só um detalhe. Encontramos Claudia e quatro amigas (uma maaaaaais lindja que a outra, cruz-credo) no Velvet, boate super fashion de Perugia. Domingo à noite no Velvet é noite de música anos 80. Engraçado que além dos clássicos Prince, as velhas da Madonna, Walk Like an Egyptian e outros, rolou muita coisa que o pessoal dançava pulando e cantava cheio de alegria mas que eu nunca ouvi? Gozado isso. Fora as musicas italianas da época, que faziam o pessoal dar gritinhos e dançar como loucos ? sacam a reação da galera em fim de festa quanto começa a tocar abram suas asas, soltem suas feras? Então. Samuele apareceu meteoricamente, mas depois foi pra casa (e se deu mal, bateu com o carro). Acabei indo embora cedo, por motivos lanterneirídicos, mas não dormi nada, ainda por motivos lanterneirídicos.

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E ontem foi o primeiro dia operativo aqui no novo escritório. Quer dizer, operativo my ass, porque não fiz nada além de montar escrivaninhas, instalar impressoras, instalar programa de compatibilidade de cartuchos, fazer listas do que tá faltando, etc. Capotei cedo na cama, mas hoje ainda estou com dor de cabeça. Uma noite mal dormida me destrói totalmente.

Ontem também chegaram as revistas totalmente viadas que a Marcinha mandou! Uma mais viada que a outra, bem mulherzinha mode on: Elle, Marie Claire, Nova, a revista dos Vigilantes do Peso? Hoje já tenho leitura construtiva antes de dormir! :)

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Não tenho cachorro, tenho um grifo, uma quimera. Legolas é parte gato, porque adora se esfregar nas pessoas, e é louco por um peixinho. É parte sapo, porque come moscas e grilos. É parte cupim, porque mastiga madeira com uma facilidade... É parte coelho, porque ama cenoura, brócolis, couve-flor.

Postado por leticia em 16:41

13.11.03

...

Preciso dizer que meus planos furaram de novo? Essa merda de 2003, quando termina, hein?

Meu pai, que tinha grandes probabilidades de passar Natal e reveillon sozinho em Vila Real, la no c* do judas em Portugal, porque o visto nao saia, agora sabe que pode ir ao Rio porque o visto tah pra sair, etc etc. Eu, que planejava ir pra lah passar as festas com ele e ter alguém pra me levar pro aeroporto, planejava deixar minha tralha na casa dele, planejava partir de Lisboa direto pro Rio, planejava achar passagem sem grandes problemas depois do reveillon, me fodi.

Nossa, realmente fiquei muito animada. Esse ano tah ficando melhor a cada dia que passa. Vai ser otimo ir sozinha ao aeroporto cheia de malas e com cachorro. Alias, vai ser muito facil arrumar um taxi grande o suficiente pra tudo isso. E vai custar pouco também, sair de Vila Real pra Lisboa de taxi... Que beleza.

Mais facil ainda vai ser arrumar passagem antes do Natal - sim, porque eu nao vou passar o Natal sozinha em VILA REAL, sozinha no apartamento do meu pai, né.

E o mais legal ainda é que eu TENHO que ir a Portugal deixar as minhas coisas, porque nao tenho dinheiro pra mandar pro Brasil. Fora que saindo de Lisboa o voo é direto pro Rio, enquanto que saindo de Roma o aviao ainda para em Milao, ou seja, a viagem acaba sendo mais longa, e pro Legolas é mais conveniente um voo direto, obviamente. Muito legal mesmo que tudo esteja dando certo exatamente do jeito que eu, mais do que queria, PRECISAVA. To adorando 2003, realmente. Jah to quase mandando tudo e todo mundo ir tomar no cu e indo morar numa ilha deserta com meus livros e meu cachorro, que essa tomaçao no rabo o tempo todo jah tah me enchendo.

Nao, nao consegui encontrar o meu contato em Roma porque, apesar de ter tido um pouco mais de tempo livre no sabado do que eu esperava, meu telefone arriou a bateria e oh! surpresa! nem a Ane nem o marido dela tem Nokia e nao pude recarregar, e o numero dela tava na memoria.

Feliz ano novo é o caralho.

Postado por leticia em 15:47

12.11.03

Então hoje Martinha me conta

Então hoje Martinha me conta que o Chefe pediu a ela, pelo telefone (hoje está fora, em Turim), que ligasse pro commercialista (que seria assim o contador) da empresa pra saber que tipo de providência tomar pra me botar in regola, ou seja, pra passar a assinar minha carteira. Ah, too late, Marlene. Agora também não quero mais. Vai ser linda a cena:
- Então, vamos assinar o contrato?
- Não, estou indo embora.
- COMO, INDO EMBORA?
- Estou indo embora. Voltando pra casa.
- E comé que eu vou achar outra pessoa pra ficar no seu lugar? (leia-se tô fodido, ninguém na Umbria fala Inglês, comé que eu vou comprar cartuchos vazios a preço de banana de fornitores que só falam Inglês?)
- Só lamento. Culpa do seu amiguinho lanterneiro.
Segue risada maléfica.

Amanhã começamos a mudança do escritório. Vamos pra uma cidadezinha aqui perto, pra um galpão novo. Vai dificultar mais ainda a minha vida porque, se a Marta adoece, coisa que acontece com frequência, eu não posso pegar a bicicleta e vir trabalhar, ou pedir uma caroninha, porque o novo escritório é longinho da minha casa – aliás, longinho de tudo. Ainda bem que essa lamúria está pra terminar.

**

Cena italiana:
17:15, banheiro da estação Termini, Roma. Uma mulher entra esbaforida, após inserir os 0,60 na roleta. Abre a pequena mala em cima da bancada da pia, saca uma saiona e uma camisa, se despe da roupa do corpo e começa a vestir a saia, coisa que, levando-se em conta o design da mesma, levou um bom tempo. Passa a “tia” do banheiro e vê a mulher em pé no meio do banheiro, de sutiã cor de vinho, tentando abotoar a lateral da saia.

TIA: Nossa, que saia linda!
MULHER DE SUTIÃ: Brigada!
TIA: Bom, também, quando se é magrinha assim*, qualquer coisa fica bem, né...
MULHER DE SUTIÃ: ... (sorriso satisfeito)
TIA: Eu nunca fui magra. Um horror pra comprar roupa!
MULHER DE SUTIÃ: Imagino...
TIA: Mas que que eu posso fazer, adoro comer!
Segue-se uma longa gargalhada. A mulher de sutiã termina de se vestir, dá boa tarde e vai embora. A tia do banheiro grita de longe um outro boa tarde e um boa viagem.

* Pra quem está aprendendo italiano: quando se usa um verbo impessoal, ou seja, com pronome si, o adjetivo vai pro plural. Essa frase em italiano fica assim:
- Quando si è magre, tutto ti sta bene...
Outro exemplo?
- Quando si è giovani, tutto sembra possibile.

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Mental note: meia xícara de arroz + 1 brocolão e meio + 2 cenouronas = almoço pra uma semana inteira.

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Acho que não enxaguei direito o Legolas anteontem. Ele tá todo cinza...

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Quero ir ao cinema hoje. Quero ver Kill Bill.

**

Run to the water
and find me there
Burnt to the core but not broken
We’ll come through the madness
of these streets below the moon
with a nuclear fire of love in hearts

I can see it now, Lord
Out beyond all the breaking of waves
and the tribulation
It’s the place and the home of ascended souls
Who swam out there in love

Nuclear fire of love in our hearts é MUITO bonito.

(Run to the Water, Live, do CD The Distance to Here, que é FE-NO-ME-NAL.)

Postado por leticia em 16:37

ociosa

Binão, o cobra da Ferro Italia que perdeu o emprego quando a empresa fechou e agora trabalha aqui fazendo consultoria, é completamente workaholic e fica nervoso quando não tem muito trabalho. Quando tem zilhões de coisas pra fazer, ele fica todo feliz e passa o dia assobiando (hábito abominável, aliás).

Como eu gostaria de ter essa vocação pro trabalho! Mas não tenho. ODEIO trabalho de qualquer natureza. Aqui no escritório esse ódio é muito maior, claro, porque o trabalho é particularmente chato, porque meu chefe é um imbecil, porque ganho pouco, porque moro sozinha, porque está frio, porque está tudo uma merda, etc. Mas o conceito de trabalho, de forma geral, já me dá urticaria.

Tipo, eu adoro traduzir. Tem vezes que me dá a louca e eu pego um pedaço de um livro que eu particularmente gosto e saio traduzindo. Mas só de saber que tem alguém esperando aquilo dentro de um prazo, ou que dessa atividade dependa a saúde da minha conta corrente, já me vêm os calafrios. Realmente nasci pra ser madame.

Sim, sou preguiçosa, mas isso não me impede de fazer as coisas, significa só que tenho que reunir mais forças pra fazê-las. Minha casa é muito limpinha, cozinho e lavo louça todo dia, não deixo acumular nada (só roupa pra passar, mas é até melhor, em termos de economia de energia) pra fazer dentro de casa, faço compras com uma certa frequência, já que vou a pé ao supermercado e não consigo comprar mais de uma certa quantidade de coisas porque depois como faço pra carregar tudo pra casa?. Saio de manhã às seis e meia pra correr, vou a pé a tudo que é lugar sem reclamar, sou rapidinha em tudo que faço, até no que não gosto de fazer. Mas também adoro ficar sem fazer nada, coçando o saco. E essa coçação so o não-emprego pode te dar.

Meu problema é que as coisas que eu gosto de fazer não são atividades assim digamos empenhativas nem de muita responsabilidade: ler, escrever, ler, cozinhar, ler, bater papo, ler, escrever, fazer compras, cuidar da casa, ler, brincar com meu cachorro espetacular, ler, comer, ler, etc. E agora? Agora não sei.

O lance da responsabilidade é forte comigo. Odeio ter mil coisas ou pessoas dependendo de mim – claro que tem a ver com insegurança, mas também tem muito a ver com preguiça. De qualquer maneira, prefiro trabalhar em equipe, o que não significa que eu jogue tudo pra cima dos outros, muito pelo contrário: normalmente acabo comandando o batatal, mas no final das contas o trabalho é feito por todo mundo junto.

Mas o mais grave dessa história é que a satisfação do trabalho feito, ou bem-feito, eu não tenho. Executar ordens de terceiros não me dá nenhum tipo de alegria. Alias, nem executar ordens de mim mesma: adoro fazer listas e gosto de riscar o que já foi feito, mas depois acabo perdendo a lista e deixando tudo pela metade. Não tenho todo esse estímulo de melhorar sempre, de dar o melhor de mim, de superar limites. Tenho muitao preguiça de superar limites. Acho um saco superar limites. Meu prazer jamais vem de uma coisa bem feita ou de um projeto realizado ou do fato de ter conseguido alguma coisa que eu sempre quis, mas de coisas simples e pequenas, como todas aquelas coisas ali que eu falei que gosto de fazer. Se escrevo um texto bom, do tipo que depois eu fico relendo e pensando putz, mandei benzão, fico contente, mas não saio corrigindo nada nem melhorando nada, escrevo e pronto. Sempre tive problemas com rascunhos; jamais em toda a minha vida escrevi um rascunho que depois, corrigido, virou texto. Escrevia um rascunho pra acontentar professores chatos que exigiam a coisa, mas o texto final era sempre outra coisa completamente diferente, sobre outro tema, escrito em modo diferente, de tamanho diferente, enfim. Voltar atrás e corrigir é muito doloroso pra mim.

Sei lá, sou meio folgada sim, mas tento compensar oferecendo em troca a minha brilhante e solar companhia hohoho Mas falando sério, eu não me incomodo de dar carona a, de cozinhar para, de ajudar a arrumar a casa de, de pagar cinema para, de levar pra passear cachorro/filhos de, de ajudar a estudar pra prova pessoas cuja companhia me é particularmente agradável. Acho uma troca normal: você me faz dar umas risadas, eu lavo a louça depois do jantar. Você me faz companhia pra ir ao cinema, eu dirijo. Você me dá algumas horas de papo interessante, eu pago o chopp (pra mim vinho tinto, por favor). Você me faz companhia na discoteca quando me bate aquela vontade de dançar, eu te hospedo na minha casa. Você me ensina, mesmo sem saber, alguma coisa de útil/interessante/curioso, eu te trago um brigadeiro, te dou um abraço. Acho naturalíssimo, balanceado e super válido, não só quando EU estou fazendo companhia, dando horas de papo, fazendo os outros rirem, mas também quando estou lavando a louça, dirigindo, pagando o chopp. (mas admito que me encontro mais frequentemente na posição de quem faz rir, de quem oferece um ombro amigo, de quem ensina alguma coisa, de quem dá horas de papo interessante). Troca, escâmbio, dar-e-receber, é disso que é feita a vida, né nao?

Postado por leticia em 12:58

11.11.03

dia-a-dia

Almocinho light hoje: filés de merluzo cozidos no vinho branco com salsinha e pimenta-do-reino (ficaram rigorosamente com gosto de NADA, fiquei com preguiça de cortar a cebola, deu nisso.) e arroz de brócolis com cenoura – cozinhei tudo junto, pra poupar tempo, gás, espaço (e consequentemente detergente e tempo) e vitaminas. Fiz duas cenouronas e um brocolão e meio, e meia xícara de arroz. Sobrou pra cacete, ou seja, amanhã o almoço vai ser repeteco, com hamburger no lugar do merluzo.

Ontem aproveitei o solzinho delicioso da hora do almoço pra dar banho no legolas, que tava fedendo horrivelmente. As crianças passavam e se admiravam, porque ele fica quietinho, com aquela cara de cordeiro pronto pro abate, enquanto eu esfrego com sabonete Phebo e depois enxaguo na base da canequinha. Quando eu falo que ele é um cachorro espetacular, não é corujice minha não, é verdade. Um cachorro que não é alérgico a nada, come tudo e acha ótimo, se dá bem com todo mundo, quase não late, não tem pulga, e ainda por cima não se rebela quando toma banho não se acha em cada esquina não, tá pensando o quê!

E aí amanhã começa o UmbriaLibri 2003, uma feira dos editores umbros. Vou ver se convenço o Samuele a me levar a Perugia pra ver. Mas tenho que ir sem carteira, senão já sei que vou acabar morrendo nuns Calvinos, nuns livros de receitas...

Postado por leticia em 15:48

10.11.03

socorro

A garota da calça dourada hoje esta com tenis-bota E jaqueta prateados. Ui.

Postado por leticia em 11:54

Nem precisa dizer que o

Nem precisa dizer que o episódio capilar não foi nada simples, né. A idiota da Michela, ajudante da Giusy, passou creme alisante na minha testa achando que era creme protetor – e já ia alisar meu cabelo com o creme protetor, se eu não tivesse sentido a testa queimando! Resultado: estou com um arco de feridinhas na testa, como se tivesse caído e me ralado toda. Lindo. Pelo menos do corte eu gostei.

Roma foi OK, mas pela primeira vez não me recarregou as baterias. Fiz o que tinha que fazer e depois sentei entre as colunas do Pantheon e fiquei lá sentada vendo o tempo passar, até a Ane me ligar e me dar as instruções de como chegar na casa dela.

Mental note: NÃAAAO pegar metrô em Roma na hora do rush. Jamé.

Metrô lotado, ônibus idem, muita risada porque se os italianos já são escandalosos, os romanos são mais ainda, e tinha um particularmente agitado no ônibus implicando com um outro que tinha se pendurado na porta, que obviamente não fechava, e por isso o ônibus não podia sair do lugar. Chegando na Ane, tomei meu banhinho, os convidados começaram a chegar, jantamos super bem, batemos papo, foi ótimo. Conheci a Sandra, paulista, e o marido dela, de Benevento, que também moram em Roma, e mais o Vincenzo, fotógrafo amigo do Alfredo. Dormi incrivelmente bem, descansadona. Logo depois minha mãe ligou, e me deu uma boa idéia: catar passagem de Portugal pro Rio, alugar um furgão e ir de carro até a casa do meu pai em terras lusas, deixar minha tralha invernal/livral/cozinhal lá e viajar levinha, com minhas roupitchas de verão, muito vinho e coisas boas de comer, e meu canídeo negão. Não sei até que ponto essa aventura é possível, mas vamos ver.

Almocei na Ane (fizemos uma carbonara show de bola), batemos mais um papinho, e peguei o Eurostar das 17:40 que me deixou, com atraso como sempre, em Foligno, onde peguei outro trem (conexões de trem se chamam coincidenza) pra Bastia. Cheguei em casa, tomei meu banhinho pra tirar o cheiro de trem, Samuele passou lá em casa e fomos ao cinema em Perugia ver Matrix Revolutions. Amei! Depois rolou um pub, duas doses de Bailey’s, uma camiseta Bailey’s de brinde, depois casinha. Ontem trabalhei na loja o dia inteiro, mas foi tranquilo, pouco movimento, pouco frio, alguns clientes muito simpáticos. Íamos dançar música anos 60/70 à noite, mas Claudia e Samuele furaram – foi melhor assim, porque eu tava morrendo de sono.

Hoje de manhã dei uma guaribada na minha mini-horta janelal de odori (tenho salsinha, manjericão, aipo, alho, hortelã), botei a bichinha pra dentro porque a neblina destrói as coitadinhas, ainda mais agora que meu manjericão deu flor, e vim trabalhar me arrastando. ODEIOOOOOOOOOO esse trabalho, não aguento mais.

Postado por leticia em 10:03

06.11.03

Post do crioulo doido E

Post do crioulo doido

E aí todas essas notícias óoootimas ao mesmo tempo: a FeRnanda, que vai ao Brasil pra casar em dezembro e vai precisar voltar cheia de tralha, já que vai morar aqui definitivamente, me informou que o limite de bagagem agora é de UMA mala de 20 quilos! (pelo menos pela KLM). Ótima notícia pra quem tem quilos de bagulhos pra levar. E o cara da agência de turismo me disse literalmente pra tirar o cavalinho da chuva, que pro Natal não consigo ir pro Rio – tá tudo lotado pro Brasil, até janeiro. Tooodos esses vôos cheeeeios de gringos babões indo caçar suas piranhinhas no terceiro mundo...

Mas nem tudo está perdido: minha meia de Halloween não é uma simples meia aboborônica, fantasmagórica e morcegóide, mas também BRILHA LEVEMENTE NO ESCURO! Sim! A bichinha tem umas duas ou três listrinhas fluorescentes que brilham no escuro, que nem aquelas estrelinhas horrendas que todo mundo tinha no teto do quarto e que eu adoro até hoje, apesar de saber que são ridículas!

**

E pra cortar um pouco esse baixo-astral maravilhoso, vamos falar de futilidades? Sim, vamos. Vamos falar de maquiagem.

As italianas se maquiam (maquiam, e não maqueiam, por favorrrrrrrrrrr) demais da conta. Mas se concentram na pele e nos olhos. A pele é sempre coberta de ciment... opa, de base (que aqui se chama fondotinta) e pó-de-arroz (terra). Os olhos maquiadíiiiiiiiissimos, milhões de combinações de sombras cintilantes brilhantes purpurinadas das cores mais variadas, lápis quase sempre preto, MUITO rímel. Sobrancelhas sempre, sempre feitas (inclusive as dos homens, bleeeeeeergh). E as bocas sem nada, feito cadáveres, ou então só com o contorno feito com lápis de boca, e sem preenchimento com batom. Aliás, esse estilo de maquiagem de boca (maquiagem em italiano se chama trucco, muito apropriado, eu acho) é o tipo de coisa que me é tão estranha que eu fico hipnotizada; quando vejo uma mulher com os lábios assim, não consigo parar de olhar pra boca, e também é muito difícil controlar o riso, claro.

Elas não fazem as unhas, e, quando fazem, as laterais das unhas ficam sem esmalte. Uma coisa fenomenal. Os cabelos são sempre cheios de laquê, gel pros homens, sempre penteados escalafobéticos, todo mundo com cara de ator de novela mexicana, parecendo que acabou de sair da mão do cabeleireiro (parrucchiere). E quase não usam bijuteria. Brinco comprido? Never! Argola? Jamé! Ouro também quase não rola, até porque é caro. Acho tão estranho! Eu sem brinco me sinto pelada, e não repito o mesmo por dois dias seguidos nem que me paguem. Mas o povo aqui se concentra no cabelo e nas roupas; gastam os olhos da cara pra andar com roupa de marca, bolsa de marca, sapato de marca, cinto de marca.

E então eu vou explicar como EU cuido da minha pele (mulherzinha mode on):

Pra lavar uso um sabão líquido não-sabão da Oil of Olay (que aqui vira Oil of Olaz, vai entender) ou então um sabonete Basis, não me lembro mais de qual tipo, mas que agora no inverno evito de usar porque resseca um pouco a pele, e a minha já é sensível demais. Tenho um vidrinho de Tea Tree Oil Facial Wash da The Body Shop que comprei numa promoção na Alemanha, mas o negócio resseca TANTO que eu fico sentindo que a cara tá toda esticada, então parei de usar. Tônico nao sei pra que serve, e quando lembro de usar, uso uma amostra grátis da Dior, Lotion Fraicheur, que nos deram, a mim e à Valéria, naquela perfumaria (profumeria) de Genova, lembra, Valerie?

Pra hidratar, de dia uso Complete da Oil of Olay, que tem FPS 15 e não deixa a pele oleosa. Pra dormir uso Crema Nutriente Riequilibrante da Nivea. Se saio à noite, maquiada, uso um creme mais levinho antes, o Time-Wise Age-Fighting Moisturizer da Mary Kay, presente de uma amiga americana. Uso esse também no verão.

Não uso base, porque não preciso, tenho a pele ótima. Mas, como toda descendente de árabe, tenho olheiras (occhiaie), e preciso de corretivo. Tenho um da Body Shop, em bastão, que não sei onde estava com a cabeça quando comprei, porque não tem nada a ver com a minha cor de pele. Então normalmente uso uma base em tubo da Dior: Teint Soft Sensation, com FPS 8, cor número 200. É ao mesmo tempo base, pó e corretivo, e não deixa a pele com cara de reboco.

Aprendi a usar sombra aqui na Itália. Tenho um duo da Nivea Beauté comprado no Rio mas só usado aqui, um azul clariiiinho metálico e um cinza-escuro (duo número 38, Bleu-Gris). Tenho um conjunto da Pupa que eu amo (Minì-Minì), com algumas brilhantes e outras não, variando do marrom ao vermelho, passando pelo dourado (que eu uso à beça pra sair). Tenho uma cremosa da Dior, Ombre Plume Long Lasting, cor número 846 (Halo de Rose). Dura muito tempo mesmo, não sai nem borra, é ótima. Uso também uma da Avon que minha mãe me deu, chamada Beyond Color Triple Benefit, também cremosa, cor 120 (Copper Armor). Aliás, alguém poderia me explicar de onde vem tanta criatividade pra esses nomes ridículos de cores?

Blush eu praticamente não uso, só quando estou me sentindo particularmente cadavericamente pálida. Uso um da Avon, cr 32, Sweetest Mauve.

Lápis uso só na pálpebra de cima, porque na de baixo, além de dar um ar ligeiramente piranhudo, borra. Também não uso muito o preto (o meu é o Clinique Quickliner for Eyes, cor 7, Really Black), e, quando uso, esfumaço com a esponjinha que tem na outra ponta do lápis. No dia-a-dia uso um lápis que na verdade é pra sobrancelha, da Estée Lauder, cor 3, cinza. Não borra e fica ótimo, além de durar muito, mas é chato de passar porque não desliza. E quando me dá na telha de usar marrom uso um da Avon (Glimmersticks, cor Cosmic Brown) que é uma delícia de passar, desliza que é uma beleza, mas também borra tudo – no verão, nem pensar.

Não fico bem de batom, apesar de ter uma boca bem desenhada. Uso batom cor de boca, normalmente o batom em lápis da linha Faces da Natura, cor Nuvem. Tenho também um da Lancôme que tá acabando (já entrou na fase do Só com Pincel há muito tempo), cor Beige Esquisse. E pra dar um tchan, um da Clinique mais puxado pro bordô (Berry Freeze).

E pra tirar tudo isso da cara? Uso o Lait Démaquillant Douceur Visage et Yeux da Dior, que não é nenhuma Brastemp e por sorte comprei na promoção, sempre na profumeria de Genova, ou então um da L’Oreal, Ideal Balance Viso e Occhi, que é ótimo, cheirosinho, mais líquido do que o da Dior, e tira tu-do, não fica pedra sobre pedra. Excrusive tenho que lembrar de comprar um vidro pra Marta, que tem mania de dormir maquiada e vai trabalhar no dia seguinte com a cara toda borrada. Me dá um nervoso!

E pra cuidar da cútis? Uso um esfoliante da Dior duas ou três vezes por semana. Máscara Empreint da Lancôme, que limpa tudim. E máscaras da Nivea, tanto as de limpeza profunda quanto as de hidratação – no momento estou apaixonada pela Idratante Rinfrescante, que deixa a pele lisiiiiinha e cheirosa.

E pro corpitcho obesitcho? Uso sabonete líquido da Johnson’s, oleos trifásicos da Natura pra dormir e no verão em vez do hidratante (o de buriti é maravilhoso), creme hidratante da Nivea pra pele super hiper mega seca, ou então com vitamina E ou manteiga de cacau da The Body Shop. Todos cheirosérrimos, meus lençóis são todos cheirosos.

E pras minhas lindas mãos de pianista (vamos fingir que o meu dedo médio da mão direita nem é torto, tá?)? Pro dia-a-dia o clássico da Neutrogena. Quando o frio pega forte, uso o Glicemille da Palmolive, que tem cheiro de sabonete vagabundo mas hidrata legal, inclusive os cotovelos. E de vez em quando dou uma guaribada com o kit Satin Hands da Mary Kay, que inclui esfoliação, gommage, e super hidratação (tem mais uma fase, mas não lembro qual é).

Não esqueçamos dos pezinhos (os meus são horrorosos): antes de dormir, um Peppermint Cooling Foot Lotion da The Body Shop. Antes da meia, um spray anti-chulé da Avon. E entre a meia e o sapato, polvilho da Avon.

E passemos finalmente à moita de cabelos que reside na minha cabeça: uma vez a cada duas semanas uso o shampoo Anti-Residue da Neutrogena. E nos outros dias alterno entre Pantene pra cabelo ruim (ricci, crespos), Andiroba da Natura, L’Oreal Hidraloe pra cabelo ruim. Comprei um L’Oreal Liss Intense também, mas não sei por quê, já que é ideal pra usar antes de fazer escova, e eu jamais faço escova porque não tenho cara de japonesa hehehe

Hoje à noite vou finalmente ajeitar a juba, e amanhã de manhã cedo (cedo mesmo, meu trem parte às 6:17) vou pra Roma, uhu! (e no sábado chego e ja vou direto trabalhar na loja do maluco... Leguinho hoje à noite vai pra Arianna. Fim de semana prolongado pra ele, coitado. Merece.). E no domingo, depois do expediente na loja, vamos dançar música gay em Perugia!

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Um vento gelado, putz grila! Os dias tao lindos e a temperatura super agradavel, mas esse vento gelado nao da descanso!

Postado por leticia em 17:53

05.11.03

Aí ontem eu vou à

Aí ontem eu vou à pizzaria com o Massimo (o Samuele nos deu um bolo), e a Bella, búlgara feia que trabalha lá há séculos, olha pra mim, me dá oi, vê o Massimo em vez do Mirco, dá um pulinho, um sorriso amarelo, disfarça, nos traz o Campari Mix de laranja e a cerveja alemã pro Massimo, e pronto.

Conversamos tanto – quatro horas seguidas – que hoje de manhã estou com dor de garganta. E nauseadíiiiissima, tanto por causa das batatas fritas, coisa que não estou mais habituada a comer, quanto pela MERDA DA FUMAÇA DESSES FUMANTES DE MERDA QUE DEIXAM TUDO FEDORENTO INTOXICADO NOJENTO ASQUEROSO E DORMI MAL A NOITE INTEIRA POR CAUSA DO FEDOR NO MEU CABELO E AINDA DEIXOU FEDORENTO O MEU TRAVESSEIRO.

Então: acordei, dei minha corridinha (não foi legal; estou respirando mal por causa dessa droga de enjôo, parei várias vezes pra recuperar o fôlego), lavei meu cabelo TRÊS VEZESSSSSSSSSSSSSSSSS pra tirar o fedor de fumo, e vim toda de branco linda magra maravilhosa gostosa trabalhar – de cabelo molhado, claro, e é claro também que TODO mundo já fez o comentário idiota, noooooossa, você com esse cabelo molhado, tsk tsk.

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Detalhe que o casal que veio ver o apartamento anteontem resolveu alugá-lo. Então agora só me restam duas opções: descolar algum trabalho legal em outro lugar legal (pouco provável), ou arrumar uma passagem assim digamos com uma certa urgência, pra voltar pra casa no começo de dezembro. A segunda opção inclui também o desafio de arrumar um jeito de mandar as tralhas pra casa. Enfim, como já dizia a Xuxa, tudo o que tiver que ser, será.

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A sábia Alanis também tem razão: tudo é muito ironic nessa vida. Ou não é tão ironic quanto rain on your wedding day o fato de que o meu passaporte perde a validade exatamente no dia do aniversário do lanterneiro?

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Sexta-feira estou em Roma (que, vos recordo, é tudo na vida) pra renovar essa bosta de passaporte, bater perna, encontrar o Guido, fazer um novo contato romano via papai, bater mais perna, suspirar porque Roma é tudo na vida, dormir na casa da Ane, onde faremos um jantarzinho básico no sábado. Como nada na minha vida é simples, hoje ainda tenho que dar um jeito nesse cabelo e rezar pra GIUSY não detoná-lo como da última vez, que ficou ótimo uma semana depois mas no dia seguinte parecia que eu tinha feno na cabeça em vez de cabelo. E aí depois tenho que tirar as fotografias pro passaporte, missão não muito fácil em se tratando da metrópole bastiola.

O menu de hoje, almoço e jantar, é sopa de cevada com leguminosas e legumes, daquelas prontas, da Coop. Já deixei pronta, senão depois do almoço não tenho tempo de ir ao correio tirar dinheiro no caixa eletrônico. Merda de vida de albanesa, essa minha.

Postado por leticia em 09:57

03.11.03

O engraçado é que não

O engraçado é que não sinto falta dele, mas do que eu sentia por ele. Tem cura isso?

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Sexta-feira à tarde Ettore passou pra pegar o Legolas. Depois veio Massimo, fomos tomar um Bailey’s no Suggestum, pub de Bastia. E depois fomos ao cinema ver aquele filme ridículo com George Clooney e Catherine Zeta-Jones. Fazia tempo que não via um filme tão horripilantemente idiota quanto esse. Depois demos uma rodadinha básica em Assis, mas quando comecei a bocejar ele entendeu e foi me deixar em casa. Dormi como um anjo.

Aproveitando que sábado de manhã não trabalhamos, fiz uma super faxina na casa, almocei risoto de abobrinha com salmão, dei uma dormidinha básica, e lá pras duas e meia fiz a costumeira caminhada a S. Maria pra pegar o ônibus. O trabalho na loja foi ridículo, ainda mais depois que começou a chover a cântaros. Ninguém na rua, poucos clientes, fechamos às oito, os pais da Carmen vieram nos pegar, fui pra casa, tomei meu banhinho e dormi.

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Mental note n. 1: salmão em lata Coop nunca mais. Já que é pra ser enlatado que custa menos e dá muito menos trabalho, que pelo menos seja de uma marca boa.
Mental note n. 2: uma xícara de arroz dá risoto pra uma semana. Menos de meia xícara tá mais que bom.

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Domingo acordei lépida e fagueira. Botei roupa pra lavar, estendi roupa lavada, passei creminho no cabelo ruim, troquei a roupa de cama, e quando já estava toda pronta vestida linda cheirosa sentada na cadeira da sala lendo Tolkien com o sol batendo nas costas (o dia tava lindo), me liga a Claudia da loja mandando eu ir trabalhar à uma em vez das quatro. Beleza, pra mim quebra dois galhos: ganho mais porque trabalho mais, e não fico em casa de bobeira me entediando. Lá fui eu pra S. Maria pegar o ônibus. Quem dirigia era o Moreno, amigo do lanterneiro. Tivemos uma longa conversa, muito produtiva e esclarecedora, e sobretudo fiquei muito aliviada depois, já que provavelmente nenhum dos amigos dele conhecia a MINHA versão da história. Fora que o Moreno é um cara muito legal e equilibrado (e provavelmente é por isso que o lanterneiro não sai mais com ele, preferindo amigos mais, digamos, testa di cazzo).

O trabalho na loja foi light, comparando com o 2 de novembro do ano passado, que foi uma canseira só. Quando fechamos, o fotógrafo da mostra em frente, que já me adotou e quer que eu vá pra Padova fazer uma especialização (a faculdade de Medicina deles é uma das melhores do país, e a cidade é famosa por isso; Padova é a cidade dos gran dottori) me convidou pra jantar frutos do mar, e lá fomos nás, jantar no restaurante La Lanterna. O dono do restaurante, que também é dono do maior nariz do mundo, é muito simpático e nos entupiu de comida. Menos mal que era tudo light, saladinhas, camarões grelhados, mariscos vários, etc.

Aí o Zuin me fez a seguinte proposta: vamos à Australia comigo? Eu tiro as fotos, você faz as vezes de intérprete e escreve um texto. Publicamos um livro, você tem o direito dos textos e eu das fotos. Topas? Respondi dizendo que não me chamasse duas vezes, que eu topava, hein?

Uhu!

Postado por leticia em 11:09