leituras de 2018 – parte 8

Noite Branca (Renato Guedes)

Jeremias: Pele (Rafael Calça)

Como eu disse antes, não sou muito fã de HQs, mas essas duas me conquistaram. O Noite Branca é bacana, mas o Jeremias, que foi indicação do Fafazinho e depois de outros amigos que comentaram, é sensacional. Fala de racismo de uma maneira muito tocante e as ilustrações são lindas. Vale MUITO a pena.

Storia della Bambina Perduta (Elena Ferrante)

O quarto livro fecha a tetralogia com chave de ouro, deixando muitas coisas inexplicadas e um monte de dúvidas na nossa cabeça. Leiam logo tudo e ouçam o EPEPa.

Lila é uma das melhores personagens literárias já escritas, ponto.

Forse ciò che aveva attratto Nino era l’impressione di aver trovato in Lila ciò che anche lui aveva presunto di avere e che ora, proprio per confronto, scopriva di non avere. Lei possedeva l’intelligenza e non la metteva a frutto, ma anzi la sperperava come una gran signora per la quale tutte le ricchezze del mondo sono solo un segno di volgarità. Questo era il dato di fatto che doveva aver ammaliato Nino: la gratuità dell’intelligenza di Lila. Essa si distingueva tra tante perché con naturalezza non si piegava a nessun addestramento, a nessun uso e a nessun fine. Tutti noi c’eravamo piegati e quel piegarci ci aveva – attraverso prove, fallimenti, successi – ridimensionati. Solo Lila niente e nessuno pareva ridimensionarla. Anzi, pur diventando con gli anni stupida e intrattabile come chiunque, le qualità che le avevamo attribuito sarebbero rimaste intatte, forse si sarebbero addirittura ingigantite. Anche quando la odiavamo finivamo per rispettarla e temerla. Non mi sorprendeva, a pensarci, che Nadia, pur avendola incontrata in poche occasioni, la detestasse e volesse farle del male. Lila le aveva preso Nino. Lila l’aveva umiliata nele sue credenze rivoluzionarie. Lila era cattiva e sapeva colpire prima di essere colpita. Lila era plebe ma rifiutava ogni redenzione. Insomma Lila era una nemica onorevole e nuocerle poteva essere una soddisfazione pura, senza il corredo dei sensi di colpa che di certo suscitava una vittima designata come Pasquale.

Talvez o que tivesse atraído Nino fosse a impressão de ter encontrado em Lila aquilo que ele também presumira ter e que agora, justamente pelo contraste, descobria que não tinha. Ela possuía inteligência e não tirava proveito disso, ao contrário, a
desperdiçava como uma aristocrata para quem todas as riquezas do mundo são apenas um sinal de vulgaridade. Esse era o dado de fato que deve ter deslumbrado Nino: a gratuidade da inteligência de Lila. Ela se distinguia entre tantas porque, com naturalidade, não se dobrava a nenhum adestramento, a nenhum uso e a nenhum fim . Todos nós nos dobráramos, e aquele dobrar-se — por meio de provas, fracassos, sucessos — nos redimensionara. Somente Lila, nada nem ninguém parecia redimensioná-la. Ao contrário, mesmo se tornando com o passar dos anos estúpida e intratável como qualquer um, as qualidades que lhe havíamos atribuído permaneceriam intactas, quem sabe até se agigantassem. Mesmo quando a odiávamos, acabávamos por respeitá-la e temê-la. Pensando nisso, não me surpreendia que Nadia, apesar de tê-la encontrado pouquíssimas
vezes, a detestasse e quisesse fazer mal a ela. Lila tomara Nino dela. Lila a humilhara em suas crenças revolucionárias. Lila era má e sabia atacar antes de ser atacada. Lila era plebe, mas recusava qualquer redenção. Em suma, Lila era uma inimiga notável e prejudicá-la podia ser uma satisfação pura, sem o adorno do sentimento de culpa que certamente suscitava uma vítima assinalada como Pasquale.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *