obaaaa! :)

Meu lanterneiro se compadeceu da minha crise literária depois que eu acabei de ler a gueixa e me levou pra passear na Libreria Grande. Ganhei de presente:

. Toujours Provence (Peter Mayle)
. Encore Provence (Peter Mayle)
[O primeiro da série, A Year in Provence, não tinha. Hmpf.]
. The Magdalen (Marita Conlon-McKenna)
. Disgrace (J. M. Coetzee)
. La Forma dell’Acqua (Andrea Camilleri)

Fiquei feliz :)

ai meus sais

Uma das muitas diferenças entre o lanterneiro e eu é o fato de que ele, pra relaxar, gosta de sair de casa. Quando eu estou cansada ou irritada só quero ficar quieta, não quero ver ninguém, não quero conversar, não quero me arrumar, não quero sair de casa. Quero dormir e pronto. Outra coisa: ele consegue “desligar” a consciência de um ambiente desagradável, se a companhia for boa. Eu não.

Quinta-feira passada fomos a Assis encontrar Fabião e FeRnanda na Piazza del Comune (ali mesmo, onde eu trabalhava, na loja do Fabrizio, o Louco). Tava rolando um show com uns cantores que fizeram sucesso no último Festival di Musica di Sanremo (uma das coisas mais chatas que eu já vi na vida). Gente, eu ODEIO música italiana. Odeio. E não consigo simplesmente fingir que não tá acontecendo nada e curtir a boa companhia. A música fica martelando no meu ouvido, me irritando, me irritando, até que eu chego ao ponto no qual se alguém me perguntar as horas eu respondo rosnando. O Mirco bocejando, morto de cansaço depois de um dia de trabalho que começou às seis da manhã e terminou às oito da noite (pra mim também, porque tenho ficado direto na oficina substituindo a Elisabetta, a secretária, que só volta das férias amanhã), mas queria ficar lá, ouvindo aquela porcaria, vendo gente feia em pé na praça. Socorro!

Único ponto positivo da noite: conheci a Lisa, uma italiana da outra província da Umbria que fala Português perfeito e canta música brasileira. A FeRnanda nos apresentou e achei a garota muito gente boa.

Nem acreditei quando finalmente deitei na minha caminha e consegui fechar os zoinho.

nega do cabelo duro

Ontem fui relaxar os cabelos em Perugia. Aproveitei pra cortar também. Agora a casa inteira tá fedendo a soda cáustica.

Aqui os salões de beleza são completamente diferentes dos nossos. Não tem essa de cada cliente ser seguida por um profissional: todo mundo faz tudo. Hoje quatro pessoas diferentes mexeram no meu cabelo. Ninguém se veste de branco nem usa avental. As duas sócias desse salão dividem o tempo entre varrer o cabelo do chão, atender o telefone, cortar cabelo e fazer escova nas clientes, fumar, trazer salgadinho da padaria da esquina pras ajudantes. Não há manicures nem depiladoras especializadas e essas atividades são as menos populares do salão. Ninguém te traz água mineral nem cafezinho.

Essa minha cabeleireira, a Giuliana, foi uma descoberta e tanto, por dois motivos: ela não enche meu saco perguntando coisas da minha vida e contando coisas da vida dos outros, e faz exatamente e exclusivamente o que eu digo a ela pra fazer. Se eu digo que não é pra fazer assim mas assado, ela faz assado, sem lenga-lenga. E ainda por cima lembra do meu nome e do corte que eu gosto. E olha que eu só vou lá de três em três meses – tem quase dois anos, tudo bem, mas elas têm tanta cliente que eu fico admirada dela lembrar de mim. A mulher é profissional pra caramba. É a Madonna dos salões de beleza.

Saio sempre satisfeita depois de pagar os 36 euros de sempre, pelo relaxamento, bálsamo e corte. O fedor de soda cáustica vem de brinde.

hm…

Olha, eu sei que não é da minha conta e que é feio falar mal dos outros sem nem conhecer, mas essa minha vizinha de nome cafona tem uma vida muito estranha. Não botou seu nome em nenhum lugar: nem no interfone, nem no escaninho, nem na campainha. As contas ficam lá embaixo no escaninho semanas inteiras, o que me leva a crer que não é ela quem paga. Não sai de casa quase nunca; é o seu homem que vem visitá-la, mas acho que não dorme aqui. TODAS as suas calcinhas (ela lava e pendura no varal da varanda todas de uma vez) são pretas. Todas.

A única coisa a seu favor até agora é que a varanda dela é toda florida. O problema é que uma garçonière florida é comunque sempre uma garçonière… (Flabb, corrija meu galicismo por favor que eu tô por fora).

Momento rádio-relógio

Coisas que eu aprendi visitando clientes estranhos nessa semana e girando pela zona de Assis e Bastia:

. É possível quebrar uma costela tossindo.
. Couro de cervo normalmente é muito fino, leve e granulado como textura, mas a moda européia outono-inverno 2004 é esse couro tratado a vácuo, que então fica liso, brilhante, pesado e rígido. Vai entender.
. Italiano no volante, perigo constante.

nham nham

A sessão Fratellão de quinta-feira, que não teve paredão mas terminou com uma nomination interessante (se a piranha da Carolina não sair agora, eu vou ter um ataque), foi à base de belisquete. O pão de queijo sumiu em dois tempos, como sempre. Depois fiz a torta de frango da Marcinha, com um recheio que ficou delicioso, com frango bem temperado, ervilha, milho e queijo ralado. Só que a massa, que ela tinha falado que ficava densa e pesada, acabou saindo fofa e leve. Não entendi nada.

Também fiz pizza, que achei que ficou meio seca, mas o Mirco adorou e só faltou aspirar com a boca as migalhas da assadeira. Não tem receita: a massa é farinha de trigo, água quente, fermento em pó e uma pitada de sal. Comentei com a Arianna sobre a secura da minha massa e ela falou pra botar um pouco de azeite na próxima vez. No final das contas saíram duas coisas sem a menor cara de pizza, de formato absolutamente irregular, porque a consistência ridícula não permitia o uso do rolo de macarrão. Uma fiz com cebola e sálvia, e a outra com alecrim e sal grosso.

A receita desses cookies foi levemente adaptada de uma do allrecipes.com, site de receitas americano que tem muita porcaria (lógico), mas de vez em quando algum lampejo de criatividade culinária. Esses cookies ficaram ÓTIMOS.

Cookies de café com gotinhas de chocolate

Ingredientes
2 ovos inteiros
1 1/4 de xícara de açúcar
1/2 de manteiga ou margarina em temperatura ambiente
2 2/3 de xícara de farinha de trigo
1 colher de sopa ou um envelope de fermento em pó
Algumas gotinhas de baunilha
2 xícaras de gotinhas de chocolate meio-amargo
Uma xicrinha de café de café (horrível essa repetição, mas fazer o quê)

Preaqueça o forno a uns 180o C. Bata, como sempre, os ovos, a manteiga e o açúcar até formar um creme claro, leve e fofo. Adicione o café (que pode ser do tipo instantâneo, desde que já dissolvido em água) e as gotinhas de baunilha. Aos poucos vá juntando a farinha de trigo e o fermento, e quanto estiver bem batido desligue a batedeira e incorpore as gotinhas de chocolate, mexendo sem muita empolgação pra não quebrá-las. Pingue a massa às colheradas em uma forma grande, untada levemente ou então forrada com papel manteiga, deixando espaço entre as “poças” de massa porque os bichinhos se espalham enquanto cozinham e viram aqueles cookies-zões típicos americanos. Em dez minutos ficam prontos: macios, com o chocolate derretendo dentro, e um perfume maravilhoso na sua casa.

A receita original tinha amêndoas tostadas, mas eu não achei no meu supermercado fiel e pra dizer a verdade fiquei com preguiça de procurar mais. Eu usei um fermento que já vem com baunilha, mas da próxima vez vou botar umas gotinhas de baunilha a mais na massa porque dessa vez eu nem senti o gosto.

Ah, e o café dá mais perfume e cor do que gosto.