ripa na chulipa

Mudando de pato pra ganso: a Serena, como esperado, ganhou de lavada a quarta edição do Grande Fratello. É meio biruta mas parece ser boazinha, por isso acho que mereceu. Claro que o Fratellão é só desculpa pra gente fazer um balacobaco às quintas-feiras, só um idiota pode levar aquilo a sério, mas de qualquer maneira nos divertimos muito ontem. A nova casa Chulipense da FeRnanda é um amor, com vista pra praça central (e única, suspeito) de Ripa, os quartos são amplos, as janelas são muitas, os móveis ainda não chegaram mas o sofá-cama da IKEA é super confortável, as piadinas que o Fabio fez estavam ótimas, a minha torta de limão idem, e a companhia, claro, sempre impecável. Estamos felicíssimos por eles; a casa é uma delícia e com o alto-astral da FeRnanda não tem como não virar um lugar muito feliz.

Hoje à noite vem gente jantar em casa, um primo do Moreno que trabalha na polícia federal (bons contatos não fazem mal, claro, mas esse cara tem fama de simpático. Adoro unir o útil ao agradável). Pão de queijo, feijão com arroz, carne assada que já tá no fogo, farofa, torta de limão.

E acabei de terminar uma tradução do Italiano pro Inglês de um assunto que eu a-do-ro: mitologia grega. E há coisas turísticas de alto escalão pintando por aí.

que droga

Então eu já tô de saco cheio dessa história do Maradona, e quero fazer uma pergunta – aliás, várias: por que é que ainda dão espaço na mídia pra esse idiota? Um cara que é A imagem da decadência, da auto-destruição, da imbecilidade, da fraqueza de espírito? Por que é que ainda se fala dele? Que tipo de exemplo esse idiota pode dar aos outros idiotas que precisam de ídolos? Por que é que há tantos idiotas que precisam de ídolos? Por que esse mundo é tão ridículo?

Quando eu vejo gente embaixo de janela de hotel esperando que o cantor ou ator famoso apareça na janela, quando eu vejo gente na porta do hospital onde essa mula do Maradona está internado, com vela e santinho na mão, rezando por um idiota, quando eu vejo gente que chora quando vê o ídolo na televisão, eu sinto um desconforto tão forte que chega a incomodar fisicamente. Que poço de ignorância uma pessoa tem que ser pra idolatrar gente da qual só se conhece uma faceta! O que se sabe do Maradona, além dele ter sido um estupendo jogador de futebol? O que que esse cara acrescentou ao mundo? O que ele tem que poderia me fazer gostar dele? De maneira geral eu não gosto de artistas nem de esportistas; gosto do que eles fazem, o que é IMENSAMENTE diferente. Não posso gostar deles, porque não os conheço. A não ser que seja uma coisa muito gritante, tipo, eu não gostava nem das músicas da Cassia Eller, nem da sua voz, nem da sua aparência física que sempre considerei esculachada ao ponto de ofender terceiros. Também não gostava dela porque detesto gente vulgar e mal educada. Gostei menos ainda da novela que se criou em torno da morte dela, e gostei ainda menos da idolatria que se criou em torno dela. Porra, a mulher era mal educada pra caramba, morreu drogada e neguinho ainda tem admiração por ela? On the other hand, gosto do Oscar, do basquete. Gosto porque me parece ser um cara sensato, normal, não-estrelinha – leiam bem, PARECE, não sei, não o conheço. Pensando bem, em vez de dizer “gosto do Oscar”, talvez seja mais seguro dizer “tenho simpatia pelo Oscar”. O resto é perfumaria.

Sou eu que estou ficando maluca ?

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E aí, falando no Maradona, entramos no assunto droga. Vocês, leitores espertos que são, devem ter lido a sensatíssima coluna da Cora falando da sua opinião sobre o assunto. Concordo em parte. Tenho certeza de que a predisposição à dependência é uma coisa biológica, genética, e, até o momento, “incurável”. Eu também sou viciada em chocolate e eu, como a Cora, não hesitaria em vender o videocassete pra comprá-lo de um traficante, se o chocolate fosse declarado droga ilegal. A diferença, no entanto, é que a droga te destrói muito rapidamente e é bem mais viciante, enquanto que o chocolate só faz engordar mesmo. E, sabendo o que a droga pesada faz com o seu corpo, e a dependência quase imediata que ela te causa, e os problemas que resultam do seu uso, porque é ilegal, só entra nessa quem é muito idiota. Como só quem é muito idiota começa a fumar. Vejam bem, o problema está no primeiro passo. Só dá o primeiro passo na direção do abismo, sabendo que ali está o abismo, quem é muito idiota. A fraqueza está no vício, porque quimicamente a nicotina, assim como a heroína e o chocolate, é viciante, e o cabo-de-guerra entre força de vontade e dependência química é meio complicado. Mas o primeiro passo é burrice mesmo, e é só por esse pequeno detalhe que eu não acho tão boa a idéia de legalizar a droga. Como também não acho legal o fato do cigarro ser considerado legal. Sou completamente contra oficializar a idiotice, e por mim o tabaco seria exterminado da face da terra. Abaixo o fedor e os dentes amarelos.

p.s.: leiam também os argumentos do Tom Taborda sobre o assunto. Interessante.

zzzzzz

Ontem fomos ver Kill Bill vol. 2. Quer saber? Gostei não. Não gostei NADA, excrusive cheguei a dormir no final e quando acordei ela já tava dando as dedadas no Bill e eu não entendi nada. As únicas coisas legais do filme são a trilha sonora gostosinha e a B.B. que é leeeeeenda. O resto, crianças, é lenda.

boh…

Meu tomilho cresce totalmente descontrol, descabeladíssimo. Está dando florzinhas minúsculas de um pálido lilás. A sálvia também deu flor. O único que se recusa terminantemente é o alecrim, que continua com a mesma cara, sem crescer nem morrer (non cresce né crepa), sem flor, sem mudar de cor, totalmente estátua. As petúnias estão lindas. Aliás, estavam, porque não pára de chover desde o início da semana e o vento forte levou embora as flores vermelhas. As brancas, que aliás são muito mais bonitas, aparentemente são mais fortes e estão OK. Os cravos estão crescendo que é uma maravilha. As dálias já ultrapassaram a borda da jardineira, estou doida pra ver se vão dar flor ou vão ficar só empatando. Do manjericão já desisti, já vi que não brota mesmo. E o que eu comprei bello e fatto e plantei na jardineira está todo manchado. Diz a Arianna que é o excesso de chuva. Ainda bem que não é culpa minha. O ficus está lá, estável.

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Hoje tem super final do Fratellão em Ripa na Chulipa! Inauguração da nova casa de F&F! Não sei o que vai rolar porque Fabião vai pilotar o fogão, mas eu vou levar a minha Torta Ridícula de Limão (rimou toda essa frase, credo!). E que vença Serena!

p.s.: Tão pintando outros lances de turismo por aí. De repente eu até consigo largar essa BOSTAAAAA de vida entre seguros e investimentos…

e depois dizem que eu que sou gorda…

A noitada de sábado teve seu preço: ontem estávamos completamente morgados e não tivemos forças pra ir ao cinema. Acabamos ficando em casa comendo pizza de alecrim com sal grosso e de cebola com sálvia (a de speck e scamorza ficou pra hoje) que fizemos juntos, e vendo Some Like it Hot no vídeo. As conclusões:

. A minha pizza é boa BAGARAI.
. A Marilyn era linda de rosto, mas absolutamente baranga de corpo. E que cabelo duro é aquele, minha querida? Quem inventou o platinum blonde contribuiu pra enfeiar a humanidade, e só.
. Não gosto de clássicos do cinema. Inocentes demais, bobos demais. Não gosto.

a coisa tá ficando boa (era hora!)

Então o lance é o seguinte: aquele cara de Todi, que aluga carro pra turista americano endinheirado, pra quem eu traduzo os e-mails de negociação com os gringos, me convidou pra ser intérprete de um grupo cheíssimo da grana que vem pra Toscana no final de junho. Se eles aceitarem os meus selviços, que obviamente não se limitam a traduzir do Inglês pro Italiano e vice-versa mas incluem explicações gastronômicas e enológicas (claro), históricas e linguísticas, curiosidades locais, além da minha infinita simpatia e capacidade de entretenimento, vou faturar uma graninha boazinha que vai dar pra quase pagar minha passagem pro Rio em julho – se eles deixarem gorjeta, melhor ainda, claro. E ainda por cima daria pra conhecer vários lugares interessantes da Toscana que eu nunca vi, com hospedagem e refeições pagas – essa parte das refeições é muito importante, vocês sabem. Pra isso vou ter que dar uma chorada na agência pra poder me ausentar durante esses dias. Como a coisa com a gringaiada não tá confirmada ainda, por enquanto boca de siri. Quando eu souber direitinho como vai a coisa e decidir quando vou dar a chorada, aviso, pra vocês acenderem velinhas.

E aí hoje outra coisa legal pintou, embora seja uma parada muuuuito mais remota. No final do ano passado vi na TV um programa chamado Donnavventura (o nome é cafonérrimo, mas o programa é legal). É uma equipe de mulheres que vão dirigindo por aí em lugares bizarros – tipo um Camel Trophy, lembram? O que eu vi foi na América do Sul, que não me interessa, muito pelo contrário. Não sei se eles foram ao Brasil, só vi os lugares mais podreira que eu não tenho a menorrrrrrrrr vontade de visitar – Peru, Bolívia, Colômbia, essas merdas. Fui lá no site ver onde seria o próximo e quando seria televisionado, e acabei me inscrevendo pra participar. Hoje recebi um e-mail dizendo que as entrevistas tête-a-tête serão em Roma no próximo sábado (o que infelizmente destrói meu esquema da feira de livros em Torino), na Piazza del Popolo. Eles fazem o mesmo esquema de recrutamento dos reality shows: vão com um furgão equipado de cidade em cidade, e a galera vai fazendo os testes, tudo filmado, claro. Já pensou, viajar dirigindo jipões em lugares surreais que eu nunca vou ter dinheiro pra visitar? Um dos requisitos é ter boa redação, já que o diário de bordo é obrigatório. Dos requisitos que eu acho mais importantes (pra eles) o único que eu reeeeealmente não tenho é ser fotogênica. O resto a gente dá um jeitinho… Velinhas, por favor.

hm

Empatado em primeiro lugar com fotógrafo da National Geographic, na minha lista de melhores empregos do planeta, está o de cenógrafo/figurinista do Cirque du Soleil. Quequeísso, minha gente.

Alinhás, o Cirque está na Itália pela primeira vez esse ano. No momento estão em Milão (Simone, franjuda linda do meu coração, que que cê tá esperando pra ir lá ver?), ou seja, completamente fora de mão, mas li numa entrevista com o italo-belga que comanda o batatal que em setembro chegam a Roma. Jacaré vai? O jacaré não sei, mas eu vou.

Vou também a Torino no próximo fim de semana, pra feira do livro lá deles. Pelo menos é o que estamos programando, mas como o futuro ao acaso pertence… ;)

primo maggio

Primeiro de maio aqui é coisa séria. Todo mundo almoça fora, e quem tem uma empresa paga o almoço pros funcionários. No ano retrasado eu fui ao almoço da oficina, e esse ano foi num restaurante onde a gente já tinha comido uma vez, há muito tempo, e não era lá essas coisas. Mas como foi a mula do Ettore que escolheu sem consultar ninguém, não tivemos muita escolha.

Acabou que comemos mal (era peixe, mas tudo em pequenas quantidades e de pouca qualidade), mas demos muita risada. No nosso canto da mesa tinha o Yavo, da Costa do Marfim, um negão educadíssimo que apesar dos 4 anos de Itália fala super mal italiano mas é muito inteligente e divertido; Dejan, da Sérvia; Mustafa, vulgo Musty, marroquino, uma das pessoas mais feias que eu já vi na minha vida, e que, como todos os marroquinos aqui, bebe álcool e come porco quando não há outros marroquinos por perto; David, maconheiro siciliano (ou seja, é quase como se não fosse italiano) que sempre nos ajuda quando mudamos de computador e tem que instalar tudo de novo; Marco, um esquisitinho de Bastia mesmo; e Katerina, uma polaca da minha idade e com a malícia de uma uva sem caroço, que o Yavo conheceu na igreja mas ninguém sabe por que veio almoçar com a gente, já que ninguém mais a conhecia. Falou-se de tudo, das causas da guerra civil e da pobreza na Costa do Marfim até a relação dos poloneses com o papa. Ri muito mesmo, e ainda troquei várias idéias culinárias com o Yavo, que obviamente adora inhame, farinha de mandioca, manga e banana de verdade em vez dessas porcarias que tem aqui, e por aí vai. Eu adoro inhame e morro de saudade, mas aqui não tem mesmo e ninguém nunca ouviu falar, eu não consigo nem explicar o que é porque neguinho não tem a menor idéia do que seja. Ontem trocamos várias receitas de inhame. E rimos muito da Katerina, que não está acostumada a beber e depois de uns três copinhos de vinho ruim já dava risada sem parar, e COMEU OS CAMARÕES COM CASCA, CABEÇA E TUDO MAIS, porque ela nunca tinha visto um camarão na vida e ninguém avisou a ela que essas coisas não se comem!

Acabamos dormindo depois do almoço e acordando super tarde. Saímos de casa à meia-noite pra encontrar Marco e Michela num bar, e de lá eles tiveram a brilhante idéia de ir dançar. Eu não tenho mais paciência pra esse tipo de programa, honestamente, e a coisa piora porque ninguém nas discotecas italianas sabe fazer uma caipirinha que preste, e ainda por cima usam açúcar de cana não refinado, marrom e que não dissolve nunca. E chegar em casa às quatro e meia da manhã FEDENDO HORRIVELMENTE A CIGARRO acaba com o meu humor. O único divertimento da noite foi ficar rindo das cubistas. Toda boate italiana tem uma ou mais cubistas, que são garotas gostosonas que ficam dançando seminuas em cima de cubos, que na verdade são mini-palcos colocados em pontos estratégicos. As de ontem eram duas, uma louraça belzebu com cara de quem tem o Q.I. de um caramujo e uma morena lindíssima com jeito de entediada que só mexia os quadris e os braços, fazendo biquinho. As duas de meia-calça cortada no joelho, cintos metálicos (meia-calça sem saia ou short, hein!), LUVINHAS SEM DEDOOOOO, bustier de renda e scarpins altíssimos. Todas elas dançam mais ou menos da mesma maneira, sempre muito sérias, como se o seu trabalho fosse importantíssimo pra manutenção do eixo de inclinação da Terra em relação ao sol. Quando eu chegar aí no Rio faço a imitação pra vocês verem.

Hoje quero ir ao cinema de qualquer jeito, tem muito filme que eu quero ver.

Notícias da Bota

. Pela primeira vez desde a União da Itália um carabiniere assume o comando dos Carabinieri. Explico: até 2000 os carabinieri eram uma força especial do Exército, e sendo assim seu chefe-mor sempre foi alguém do Exército. Em junho o atual chefe da Força se aposenta e no seu lugar entra um marechalzão carabiniere. Aqui eles são ridicularizados como, sei lá, os portugueses no Brasil: o que tem de piada sobre os carabinieri não tá no gibi. E não sei exatamente por que, visto que é uma força especial mesmo, muito difícil de entrar, e eles são bem eficientes – aliás, na hora do aperto, é a eles que a galera recorre. Fora que a farda deles é linda. Mais informações aqui. E o site da fiction televisiva sobre os Carabinieri, que eu adoro e vejo toda terça-feira porque é um dos únicos programas “de família” atualmente em programação (o resto é lixo total), está aqui.

. A Alitalia tá indo mal das pernas, de verdade. O pessoal tá em greve desde ontem, mas lendo o jornal ontem de manhã vi que às vezes é melhor ficar quieto: a empresa é a segunda menos pontual, só perdendo pra Tap. Então de repente é melhor parar de reclamar e trabalhar um pouco melhor, cês não acham?

. Uma onda de tempo ruim está interessando a nossa península. Justo hoje que eu vou a Roma, que é tu-do na vida, encontrar uns amigos da minha mãe…

. Saiu a mala do Tommaso do Grande Fratello. Agora é entre aquela louca da Katia, a louca da Serena e o louco do Patrick. Loucos tempos, esses.

. Finalmente foi aprovado o projeto, com financiamento da União Européia e de empresas privadas, da ponte entre a Sicilia e o continente. As obras devem começar no ano que vem. Considerando que os antigos romanos já pensavam seriamente na idéia de construir essa ponte, até que levaram pouco tempo pra começar os trabalhos… NOT!

. A Ferrovie dello Stato está fazendo propagandas na TV anunciando a construção das novas linhas pros trens de alta velocidade. Tipo, duzentos anos depois de outros países. Isso é que é pais moderno e atualizado… ;)