31.10.04

da série piccole bellissime cosette

brigada :))))))))

Postado por leticia em 16:30

30.10.04

ai, meus sais...

Eu acho que nunca cheguei a comentar esse assunto aqui, mas a coisa anda passando dos limites. Como já disse muito bem dito o Allan, essa mania dos italianos acharem que tudo o que existe de bom no mundo é invenção deles, ainda mais se for comida, chega a ser engraçada.

Hoje ouvi na TV um especialista dizendo que, ao contrário do que se pensa, o Halloween não é uma tradição americana. Seria calabresa. Sim, crianças. O costume de esvaziar abóboras e iluminá-las por dentro teria sido inventado na Calabria.

Bom, depois que eles mesmos se convenceram de que as laranjas são originárias da Sicília e não do Oriente Médio, eu já não duvido de mais nada. Disso pra eles afirmarem que foi Colombo quem levou o tomate pro México, é um pulo.

Postado por leticia em 14:01

28.10.04

passei!

Finalmente fiz a maldita prova prática de motorista, e peguei a bendita carteira. Olha como é bonitinha:

A manhã foi divertida, não posso me lamentar. Cheguei mais tarde, porque as provas começam cedo e eu era a última. Quando cheguei no estacionamento da Motorizzazione, encontrei a Linda, dona da auto-escola, e alguns dos alunos que estavam fazendo prova hoje. Dois já estavam com a carteira em mãos e outros três estavam fazendo a prova. Os outros 5 estavam nervosíssimos, principalmente o Federico, que eu já tinha conhecido mais ou menos na segunda-feira, quando fui atrás deles até Perugia pra aprender o percurso da prova prática. Simpático, bonitinho, expansivo, agitado – o clássico italiano. Pois então, o coitado do Federico passeava pra lá e pra cá, perguntava mil vezes como tinha sido a prova àqueles que já tinham passado, relembrava placas, fumava. Chegaram os outros três; um aprovado e dois reprovados. Pânico total. Chega um dos donos de auto-escola que eu conheci quando madruguei por lá pra entregar os documentos, e ficamos todos batendo papo e contando causos. O fiscal teve que ir ao escritório resolver não sei o quê e chegou uma hora depois, e nessa uma hora o pobre Federico deve ter envelhecido uns dez anos, de nervoso. O fiscal voltou, eu e Francesco, um outro aluno, entramos na Citroen Pluriel da auto-escola com outro Francesco, que se não me engano é parente da Linda, e o Federico saiu dirigindo a Fiat Fiesta da auto-escola, com a Linda no carona e o fiscal atrás. Ele fez tudo muito direitinho e quando acabou a prova saiu do carro dando pulinhos e socos no ar, com a carteira na mão, e ao entrar no carro exclamou "Bella mia, dammi un bacione!" e tascou-me um beijo na bochecha. Depois foi a vez do Francesco, que na segunda quase assassinou o carro na tentativa de estacionar numa ladeira, mas hoje se saiu bem e pegou a carteira. Depois fui eu; viemos batendo papo no carro sobre apartamentos, sobre o quanto é desagradável ter um angolo cottura no apartamento em vez de uma cozinha propriamente dita, sobre o preço do metro quadrado em Perugia, sobre uma menina que morreu de leucemia em Santa Maria há alguns anos e desde então os pais sempre colam cartazes com a foto dela em toda a província de Perugia no mês da morte da coitada da garota. Voltamos ao estacionamento da Motorizzazione, assinei o papel confirmando o recebimento da carteira, peguei a dita cuja, assinei e voltei pra casa ouvindo a trilha sonora de Pulp Fiction.

Postado por leticia em 13:23

26.10.04

Vocês tão esperando o que pra ir lá ler o Serjones, que voltou à ativa?

E já foram dar os parabéns è Ane e ao Alfredo, que estão em dolce attesa?

E por que esses shows ótimos não chegam nunca aqui no interior de Madagascar? (Por falar nisso, a Nana, a.k.a. Merel, é outra que pode entrar pro clubinho Aquela Cachorra da Leticia Não me Ligou Quando Esteve no Rio. Foi mal, filhota querida!)

Postado por leticia em 13:47

25.10.04

cachuerros

Ontem o dia amanheceu esquisito, uma neblina densa cobrindo tudo, mas não excessivamente frio. Acordamos cedo, botamos umas coisas em ordem aqui em casa, fomos à oficina trocar o óleo do meu carro e do carro da oficina, almoçamos na Arianna e aproveitamos o tempo lindo e o sol gostosinho pra subir o Subasio com Leguinho e Demo. Lá de cima o vale estava meio afundado na neblina, mas o tempo só começou a mudar lá pras seis, quando um vento frio resolveu soprar e fomos embora. Tinha muita gente no monte, alguns trailers, muitas crianças, gente saltando de paraglider, cavalos e uma vaca pastando bem do nosso lado.

Aquela mancha branca no fundo é a vaca.

Postado por leticia em 14:57

24.10.04

3 altos e 3 baixos

. Rever minha tia Ilse, meu avô Jayme, meu tio Alfredo e tia Sônia e os meninos.

. Rever o pessoal do Flash, embora eu tenha dado um bolo neles como nunca dei na minha vida.

. Tomar chocolate quente com pão de queijo com o Freddy na Letras & Expressões do Leblon e voltar de 157, cujo percurso ainda conheço como a palma da minha mão.

***

. Ver os outdoors do Brasas dizendo "Saiba Porque o Brasas... etc etc". Só esse porquê errado já seria suficiente pra me mandar pra qualquer outro curso furreca de Inglês.

. Voltar rapidamente a ter a mania de abaixar os pinos das portas assim que entramos no carro.

. O carro da minha mãe, o famoso Alface (eu SEI que alface é feminino, mas nesse caso o artigo combina com o substantivo "carro"), caindo aos pedaços na esperança eterna de ser substituído por outro melhor, que por sua vez depende da compra de outros por parte de outras pessoas.

Postado por leticia em 14:16

23.10.04

show de bola

Quinta-feira a enxaqueca me pegou de jeito. Já no trem pra Perugia, de manhã, comecei a sentir as primeiras pontadas. Mas o dia estava lindo, a temperatura perfeita, o vento ausente, e com isso dava até pra esquecer a cefaléia inicial. Quando saí do salão, o tempo tinha mudado completamente, e o casaquinho de crochet da minha avó não segurava mais o vento gelado e as primeiras gotas de chuva fria. Desci na estação de Bastia quase tendo que segurar a cabeça pra não explodir, ainda mais porque o trem tinha atrasado quase 20 minutos, e não sei como consegui chegar em casa sã e salva, porque mal conseguia manter os olhos abertos o suficiente pra dirigir. Nem almocei, apesar do tardar da hora; Mirco já tinha comido mas eu tinha certeza de que não teria forças nem pra mastigar. Enfiei-me no pijama e voei pra cama, de onde só saí muitas horas depois, com uma cefaléia residual mas perfeitamente suportável. Preparei dois sanduíches de pão umbro com speck e pecorino, pipoca de microondas, chá com limão em copinhos, água mineral e barrinhas de cereal. Lá pras sete o Moreno chegou lá em casa, e cinco minutos depois chegou Mirco, que ainda comeu dois mistos-quentes antes de sair (misto-quente aqui se chama toast, pronúncia tóst).

E lá fomos nós pra Perugia, pro show do Biagio Antonacci. Fomos com o carro do Moreno, que é motorista de ônibus da linha S. Maria – Assis. Sinceramente, fora o tédio total e absoluto, é o melhor emprego do planeta. O ônibus é elétrico e todo automatizado e climatizado, o banco é superhipermegaergométrico, o painel digital informa os pontos onde se deve parar, embora nem seja necessário porque o percurso é tão curto que depois de duas viagens a gente já decora todos os pontos e horários. O salário é ótimo, são só 6 horas de trabalho por dia, dificilmente consecutivas, há vales-refeição que podem ser usados pra fazer compras no supermercado se o motorista morar perto do posto de trabalho (o Moreno mora pertinho e vai de bicicleta todo dia trabalhar), entre outras coisas. Pois bem: eu adoro o Moreno, mas detesto andar de carro com ele, que é meio brusco no modo de dirigir e ainda por cima tem uma Audi A3 superesportiva que é dura pra caramba e dá cada tranco fenomenal e ainda por cima é desconfortável pra entrar e sair do banco de trás. Mas com a carteirinha da APM (Azienda Perugina della Mobilità, a empresa de transportes urbanos de toda a província de Perugia) ele pode estacionar na sede da empresa em Perugia, que fica logo atrás do estádio onde rolou o show. Normalmente ele estaciona ali e pega uma trilha no meio do mato que atravessa um pedaço de campo e vai dar no estádio Pala Evangelisti, mas dessa vez vimos que havia uma cerca fechando um canteiro de obras, onde estão construindo uma estação do minimetrô. Demos a volta e dez minutos depois estávamos em frente ao estádio, onde havia os usuais trailers vendendo sanduíches, cachorros-quentes, piadina, torta al testo, crepe com Nutella, refrigerantes, pipoca, batata frita e outros entupidores de artérias. Os meninos pararam pra comer dois hot dogs com repolho (don’t ask) e cerveja e depois entramos.

O estádio não é muito grande; abriga as partidas de basquete e vôlei que praticamente ninguém segue. As de futebol rolam no estádio maior, em San Sisto, na zona industrial, que cantores mais populares usam pros seus shows – o Vasco Rossi, por exemplo. Na entrada, três Carabinieri fardadíssimos e marrentíssimos. Bombeiros passeavam pra lá e pra cá – qualquer evento aberto ao público tem que obrigatoriamente ter a presença de não sei quantos bombeiros, por segurança. Lá de fora víamos uma nuvem de fumaça dentro do estádio – e aproveito o momento pra mandar todos os fumantes do planeta tomarem grandissimamente no cu. Bando de filhos da puta. Não tinha mais lugar nas arquibancadas de cimento; só vimos quatro lugares livres na primeira fila da arquibancada direita, de onde não se via nada por causa de uma faixa publicitária do provedor de internet Libero que cobria a nossa visão. Tem nada não: enrolamos a faixa na maior cara-de-pau e liberamos a nossa vista, sem nenhum cabeção na nossa frente.

Vocês sabem que eu detesto música italiana, por dois simples motivos: não gosto de música pop, e toda música italiana é excessivamente pop, e os músicos italianos têm uma capacidade de fazer letras ridículas, óbvias ou sem sentido e gramaticalmente de arrepiar os cabelos que nem o Jota Quest tem. Mas o único outro show ao qual eu fui por aqui foi o do Mango ano passado, em Foligno, que mais pareceu jam session do que show propriamente dito, e queria ver como era um show decente. Não me decepcionei: apesar de não saber cantar nenhuma das músicas do show, conhecia muitas de anúncios na TV ou por causa das inúmeras aparições do Biagio em vários dos inúmeros programas de auditório ou de entrevistas que rolam na televisão. Fora as baladas chatíssimas, porque praticamente toda balada é chatíssima, as músicas mais rapidinhas eram cheias de guitarras legais e percussão interessante. Gostei muito.

No palco, a única coisa fora do normal era a saia longa do baixista, branca, com símbolos supostamente japoneses pintados em preto. Todos os outros músicos, incluindo o próprio Biagio Antonacci, de camiseta, jeans e mocassim ou tênis. No fundo do palco, de preto, um quarteto de cordas. Uma loura de jeans e top justo mas sem barriga de fora pilotava a percussão. Deve ser um dos melhores empregos do mundo, o de percussionista de banda pop: a garota fica lá no palco, ouvindo música legal, chacoalhando uns negocinhos, dando uns sopapos em instrumentos de nomes africanos bizarros, podendo desafinar ou errar à vontade que ninguém nota mesmo... Maravilha!

Biagio Antonacci me pareceu muito simpático e conversou com o público o tempo todo, mas nada daquelas palhaçadas de "que energia positiva vocês me passam", mas simplesmente "vamo todo mundo voltar rouco pra casa de tanto cantar, e suado de tanto pular", ou então "eu escrevi essa música quando levei um fora de uma pessoa muito legal, e depois disso entendi um monte de coisas sobre mim mesmo", coisas light assim. Fãs lhe jogam um maço de rosas, ele recolhe e coloca com cuidado em cima do piano. Uma outra deixa um bilhetinho sobre o palco, ele pega e enfia no bolso traseiro da calça. Fãs lhe estendem as mãos desesperadas, ele toca todas, sorri, faz pose pro mar de máquinas digitais e câmeras de celulares apontadas pra ele. Em um certo momento, entre duas canções, enquanto ele falava sei lá o quê (eu estava ocupada distribuindo sanduiches às duas dragas), uma garota lhe estende a mão que segurava um Nokia 3310 azul marinho. Ele pega o celular e vai até o microfone. O pessoal faz silêncio e ele começa a engatar um papo com o cara que estava do outro lado do celular:

- De quem é esse celular? Lucia [pronúncia Lutchía]? Eu sei lá, cara, a garota me deu o telefone, eu peguei, não conheço ela não. E você é o quê da Lucia? Ih, rapaz... Aaaah, então você tá dizendo que a Lucia foi o grande amor da sua vida mas você nunca teve a coragem de dizer pra ela? Posso dizer a ela então? Posso? Beleza.

Ele se vira pro público e repete: eu não sei quem é o cara, mas ele tá dizendo que a Lucia foi o grande amor da vida dele... É mole ou quer mais?

Ele volta pro telefone:
- Não, eu não sei quem é Lucia, cara, eu tô no palco. É, tô no meio do show (risos). Olha, vamos fazer uma coisa: o pessoal vai ficar todo em silêncio, eu vou botar o celular no microfone e você dá um grito, faz um barulho, sei lá, qualquer coisa, tá?

O estádio emudece. Ele bota o celular no microfone e ouvimos uns gritos do coitado do cara no celular. Todo mundo cai na risada, ele pega o microfone, se despede do cara e devolve o celular à garota.

Mais tarde, no terço final do show, ele fala:
- Todo mundo aqui tem celular, né. Então, vamos apagar as luzes (escuridão total), todo mundo tira o celular do bolso ou da bolsa, liga e abaixa a mão. Quando a música começar, todo mundo levanta a mão ao mesmo tempo, vocês vão ver que efeito lindo, melhor que os isqueiros!

Não deu outra: todas aquelas janelinhas azuis, amarelas, cinzentas, todas brilhantes, acesas, iluminando a escuridão como estrelinhas. Bota qualquer isqueirinho cafona no chinelo.

No final ele ainda tirou uma garota do público pra dançar música lenta com ele. Dançou com a percussionista, sacaneou a saia do baixista, imitou o guitarrista. No final apresentou todos os músicos com muita calma e respeito, errou o nome da japa que veio saltitando lá do fundo com seu violoncelo na mão, e foi embora.

Apesar da acústica horrível e da bunda dura depois de duas horas sentada no cimento, nos divertimos bastante. A caminhada de volta ao carro foi agradável, porque a temperatura estava perfeita. O único porém foi ter que acordar cedo no dia seguinte, pra vir pra oficina...

**

Quinta que vem faço a prova prática de motorista. Vai ser em Perugia mesmo, e eu odeio dirigir em Perugia, mas pelo menos vai ser na zona industrial, que eu conheço razoavelmente bem porque toda hora estou lá pegando peças em um fornecedor qualquer. Tomara só que o examinador não seja mala.

Postado por leticia em 21:34

22.10.04

2 altos e 2 baixos

. Ver mil labradores por metro quadrado e cumprimentar todos eles.
. Poder ver TV a cabo.


. Constatar que algumas coisas não mudam nunca e por isso a Sony continua com aquela babaquice de terças de limão e quintas de moranga.
. Ver a frase "ganhou uma viajem" escrito em letras garrafais na sua TV. Cortesia Sony Entertainment Television.

Postado por leticia em 16:46

21.10.04

enxaqueca incapacitante

Postado por leticia em 15:50

altos e baixos

. Ver o já erudito vocabulário do Mirco aumentar substancialmente: pára com isso, fala baixo, menino, não podje (ele adorou essa frase), quero/não quero, uma água minerau e treish chikabon, homenharanha, sorvetchi, fíume, Autchibéqui, milquishêiqui dji ovomautchíni du Bóbish, Catupiry, maracujá, sapoti, lula, camarão, lagoshta, Seu Zé.

. Ouvir minha mãe tentando falar em espanhol com o Mirco. O detalhe interessante é que ela NÃO FALA espanhol.

Postado por leticia em 08:44

20.10.04

Altos e baixos

. Voltar pra casa bêbada de tanto rir depois de rever dr. Pfaender e dra. Raquel (esses filhos da mãe anteciparam o casamento porque o Pfaender tá grávido, ou pelo menos tão barrigudo como se estivesse, e por isso eu não vou poder ir), dr. Alexandre e dra. Fernanda, e o ex-futuro-doutor Raphael Mulé – respectivamente médico de barriga, G/O, médico de barriga, pediatra, publicitário (?). Tinha ANOS que eu não ria tanto assim. Até agora tenho ataques de riso sozinha quando lembro do Alexandre contando a piada do concurso de pênis (olha como eu sou educada).

No photos, unfortunately.


. Ter engordado uns duzentos quilos.

No photos, obviously.

Postado por leticia em 16:43

hohoho

Por outro lado, a notícia bizarra de hoje é a prisão de não sei quantas pessoas envolvidas no tráfico de viados. Juro. Uma quadrilha que "importava" travestis do Brasil e os empregava oficialmente como pedreiros pra legalizar a situação deles aqui na Itália. O mais engraçado é ouvir o termo "viados" usado como se fosse a coisa mais normal do mundo, no meio de uma frase em italiano.

Arrestate 10 persone coinvolte in traffico di viados dal Brasile all'Italia...

Postado por leticia em 13:55

Faça o que eu digo...

O Papa hoje falou sobre como é horrível ser rico, como os ricos não vão pro céu, que é melhor ser pobre e coisa e tal. Quer dizer que o filho da puta pobre vai pro céu, e o rico legal não vai? Legal essa filosofia. Por essas e outras é que eu agradeço aos meus pais todos os dias por não terem me batizado.


Postado por leticia em 13:54

19.10.04

passei!

Miraculosamente, passei na prova teórica pra motorista. Digo miraculosamente porque obviamente não tive tempo nenhum pra estudar; dei uma olhada rápida ontem tarde da noite e fiz alguns testes pra praticar, mas considerando a quantidade de informação que tem no livrinho eu até que me saí muito bem: de 30 questões, só errei três (mais dois erros e eu não passava), e bem idiotas – clássicas questões de definições e nomenclatura que não provam nada além da capacidade de memorização do candidato. A minha é ótima; dificilmente eu esqueço de algo que li ou ouvi, e minha memória visual é excelente, o que ajuda na hora de lembrar da legenda embaixo da figura de uma placa de trânsito. Mas definições idiotas não são comigo, fico achando pêlo em ovo, fico com má vontade e acabo sempre errando. E foi exatamente o que aconteceu.

Nós éramos 12. Dez adolescentes, eu, com 8 anos de direção nas costas, e um molambento de seus trinta e cinco anos que eu apostei comigo mesma, só de vê-lo entrar na sala, que não iria passar. O jeito de caminhar, de se vestir, o olhar de pamonha, o fato dele não ter trazido caneta, tudo isso só confirmou a minha certeza. E não deu outra: o cara errou milhões de questões. Além de mim, só mais duas pessoas passaram: um garoto que fez 4 erros e deu um suspiro de alívio que fez todo mundo gargalhar, e uma garota que não errou nada. Uma outra mulinha foi reprovada pela segunda vez. Cara, na boa, fora essas definições idiotas, que são decoreba mesmo, dirigir, e conseqüentemente a prova pra poder dirigir, é como qualquer outra coisa na vida: basta ter bom senso. E feito o teste uma vez você já passa a entender o mecanismo, né. Fora que o livrinho teórico vem com um livrão de testes com TODAS as questões possíveis – são muitas, verdade, mas o teste só tem trinta, divididas em dez enunciados, cada um com três afirmativas que podem ser verdadeiras ou falsas. Os assuntos até que são bastantes: noções de primeiros socorros, que felizmente não caíram pra mim porque não lembro de mais nada, de poluição, de manutenção do carro, de direitos e deveres em caso de acidente, do funcionamento da apólice de seguro do carro, etc. Bem interessante.

Bom, em todo caso, passei. Um alívio, mais pela burocracia que eu teria que enfrentar novamente se fosse reprovada do que pelo medo de não passar de novo, coisa que certamente não aconteceria na segunda tentativa, please. Agora tenho que voltar à auto-escola pra marcar (e pagar, né) a prova prática, e pronto.

E aqui entro com um adendo: eu fui, logicamente, a primeira a terminar, como sempre aconteceu durante toda a minha vida acadêmica, desde que me entendo por gente. Fiz a prova em 5 minutos, contados no relógio. Quando fui entregar a folha, a fiscal, que também é dublê de mulherzinha burocrática às segundas, quartas e sextas (foi ela que me atendeu quando fui entregar o requerimento), pediu, em voz alta, que eu entregasse também a minha pastinha branca, que eles mesmos nos dão, e que contém todos os seus documentos necessários pro andamento do processo. Adivinhem quantas das outras 11 pessoas ouviram o que ela disse, ou se inspiraram nas novas pastinhas brancas que se acumulavam sobre a escrivaninha à medida em que o resto do povo ia terminando? ZERO. A coitada da mulher repetiu ONZE vezes "a pastinha branca também, por favor". Ou eu sou chata demais ou a imensa média da população é desatenta e desinteressada demais. Eu sei que sou chata, mas tenho a impressão de que nesse caso a segunda hipótese é infinitamente mais provável.

Postado por leticia em 12:42

Da série altos e baixos

As listas ficaram muito compridas, então vou dar um alto e um baixo de cada vez, nessa ordem, e quando possível com fotos ilustrativas. Blog didático é isso aí.

. Rever grande parte do pessoal da faculdade no Pizza Park, na Cobal do Humaitá. Na ordem da foto, da esquerda pra direita: dr. Bernardo Lopes, ortopedista, e sua futura senhora, dra. Sabrina Alvim, pediatra; dra. Flavia Pinho, anestesiologista; dr. Rodrigo Buzzatti, ralador no INCA; doutores Claudio e Maria Marta Tortori, pediatras e ex-professores; e por último eu, que não sou nada. Faltou a dra. Yasmine, a.k.a. Djésmine, residente de Neurocirurgia e rainha dos bombeiros, mas vai ser difícil de achar assim na China, hein?


. Andar pela feira Hippie e achar tudo incrivelmente horroroso e absolutamente mal-acabado.

Postado por leticia em 07:40

18.10.04

sorry, it's all that I can say

Pois então. Tenho zilhões de desculpas a pedir, zilhões de pessoas que eu gostaria MUITO de ter encontrado/conhecido, mas que pelos mais variados motivos acabou não rolando. Tento me explicar: fiquei tanto tempo sem voltar ao Brasil que minha agenda ficou apertada, e as três semanas não foram suficientes pra descascar todos os pepinos e abacaxis pendentes, muito menos pra ver todo mundo que eu queria ver. Fora que nos primeiros dias tive aquela enxaqueca bizarra e inédita, e nos dias seguintes peguei um resfriado chatíssimo. Mas acho que posso citar como causa principal da negligência a minha famigerada preguiça social. Eu detesto falar ao telefone e morro de preguiça de entrar em contato com pessoas. Mesmo pessoas queridas. Sim, minha preguiça chega a esse ponto. Mais do que isso, porém, essa viagem ao Rio foi tão, tão estranha, foi tão realidade paralela, tão portal para outra dimensão espaço/tempo, que não deu tempo nem pra me reorientar, reposicionar meus pensamentos, ajustar as idéias. Foram três semanas desorientada, deslocada, perdidona mesmo. Perdida no limbo. Prometo que não vou mais deixar passar tanto tempo sem voltar, se for possivel. Pra dar tempo pelo menos de organizar as idéias na cachola e não olhar pro William Bonner falando na TV como se ele fosse um marciano, nem esquecer a ordem das ruas transversais de Ipanema.

Minhas desculpas oficiais vão, totalmente fora de qualquer ordem, cronológica, sentimental ou alfabética:

. À Marcinha Aguiar. Shame on me.
. À Cora, que mora do lado da casa da minha mãe. No comments.
. À Carol, que hospedou meu cachorro até minha mãe trazê-lo pra cá. Não tenho palavras.
. À Aninha, pra quem eu mandei e-mail antes de viajar, como pra todo mundo, mas o e-mail voltou e eu só fui ver quando voltei à Itália. Nesse caso tenho como comprovar minha inocência ;)
. À Bia Badaud, com quem excrusive eu queria tirar umas clássicas dúvidas lipoaspiratídicas.
. À minha tia Lourdinha, que eu adoro e não tenho absolutamente nenhuma desculpa pra não ter ligado.
. Ao Telmo, professor de Ortopedia e amigo, que tem uns horários de trabalho bizarros na clínica perto de casa (Ortopedistas Associados, na Miguel Lemos) e eu fui lá procurar várias vezes mas nunca dei a sorte de encontrar.

Provavelmente tem mais gente, mas agora não estou lembrando. De qualquer maneira, quem se sentiu ignorado/abandonado tem toda a razão. Podem me bater. Na próxima vez vou tentar me comportar melhor.

Postado por leticia em 10:52

17.10.04

domesticidades

. Eu adoro salmão. Acho uma delícia, lindo, maravilhoso. MAS Ô PEIXE PRA DEIXAR VOCÊ E A SUA COZINHA FEDENDO DIAS A FIO, PUTZ GRILA!!!

. Se eu não tinha nenhuma opinião formada sobre organismos geneticamente modificados, nossas últimas incursões ao cinema me fizeram pensar melhor sobre o assunto. O primeiro a desenvolver um milho de pipoca geneticamente modificado de modo a não ter mais aquelas malditas casquinhas que vão parar direto entre o dente e a gengiva vai ter meu voto pro Nobel.

. A melhor escovinha de rímel que eu já tive na minha vida é uma do Boticário. É uma verdadeira maravilha: não precisa dar aquela limpadinha básica dos excessos na borda do frasco, não forma gruminhos, separa os cílios que é uma beleza. Só tem um pequeno problema: basta uma gota de chuva ou de lágrima pra borrar tudo, mas estranhamente, na hora de remover, à noite, antes de dormir, não há santo que consiga tirar tudo. Eu lavo o rosto com sabonete Basis, uso demaquilante pros olhos, e mesmo assim acordo com cara de drogada em heroína que passou a noite se picando na estação de metrô abandonada, com olheiras de dois metros causadas pelo rímel borrado. Assim não dá.

. Eu AMO escova progressiva.

. Amanhã faço a prova teórica pra carteira de motorista. Algo me diz que não vai dar certo.

. A gatinha do Ettore roubou o lugar do friorento do Leo no cesto de trapos onde ele sempre dorme sozinho, como um paxá. Bem feito. Ele é o maior ladrão de lugar quentinho, mas anteontem o pegamos dormindo todo torto numa cadeira num canto da garagem, enquanto a gatinha dormia em meio aos trapos no cesto quentinho, como o diabo gosta...

Postado por leticia em 08:30

16.10.04

coisitchas

Vou custar a escrever sobre a viagem. Preciso de tempo pra editar e uploadear fotos e pra lembrar de um monte de coisas. Enquanto isso vamos às frugalidades, que eu adoro:

O tempo aqui está uma merda, como era de se esperar. Chove o tempo todo, minhas plantas sobreviveram bravamente ao excesso de água e continuam lindas, tenho pilhas quilométricas de roupas pra lavar (e depois passar), mas com esse tempo nada seca, tudo fica com cheiro de cachorro molhado. Já fiz o maldito cambio stagione, ou seja, já levei as roupas de verão, devidamente guardadinhas em malas, acompanhadas de sabonetes da Natura, lá pra garagem. Já subi as roupas de inverno, as botas, os casacos. Hoje já fui ao banco, aos correios, ao banco de novo, ao fruttivendolo comprar verduras e legumes e frutas, à peixaria comprar peixe pro almoço de amanhã. Já limpei a sala, que ontem não consegui terminar. Já estendi roupa, na esperança que seque. Já carreguei a máquina de lavar roupa outra vez, a milésima vez. Já troquei os lençóis. Já lavei os cabelos. Já organizei documentos e faturas. Já dormi uma horinha de nada no final da tarde. Já terminei Dois Irmãos, de Milton Haum (adorei), e já vou começar O Vendedor de Passados. Já descongelei e limpei o congelador e a geladeira, finalmente! Agora estamos indo ao Ipercoop fazer compras e repôr os estoques. Amanhã vou trabalhar na oficina, porque a Elisabetta ainda não voltou da licença pra tirar um nódulo sinistro da garganta, causado por uma pronúncia errada da vogal e.

A praga do momento são os percevejos. Aqueles mesmos, famosos pelo fedor vingativo após um cruel esmagamento. A diferença é que os daqui quase não fedem, ou não fedem at all. Mas são UM PORRE. Bichinhos burrésimos, que entram em casa não se sabe por qual motivo, voam que nem a cara deles e, uma vez caídos de barriga pra cima, são incapazes de se levantar outra vez. Morrem todos assim, pateticamente, esperneando. Minha varanda está coberta de pequenos cadáveres verde-radioativo, que depois a chuva se encarrega de levar embora. Vários deles já foram parar no saco do meu aspirador de pó, porque alguns infelizes morrem dentro de casa e, quando não são esmagados por um pé desatento, eu termino por aspirar mesmo.

Legolas ganhou biscoitinhos de couro pra cachorro e uma roupa que ficou meio justa, mas, sendo de lã, vai acabar cedendo. Tava meio sonolento quando chegamos pra visitá-lo, mas abanou a bunda como sempre, antes de pegar o biscoito da minha mão e ir se aboletar na sua caminha outra vez.

Postado por leticia em 19:36

15.10.04

Cheguei, ta'? So' que tenho ZILHOES de coisas pra resolver e nao tenho a menor idéia de quando vou poder escrever/botar fotos. O tempo horrivel aqui na Italia central também nao esta ajudando (leia-se péssimo humor rondando o meu céLebro). Leguinho esta' lindo, obrigada.

p.s.: O computador foi todo reinstalado e ainda nao ajeitei meu programa de e-mail (Duduzao, esqueci como usar o crack!), por isso sejam pacientes. Com certeza vou atrasar as respostas.

Postado por leticia em 00:05