20.09.04

no rio

Oi! Estou aqui no trabalho da minha mãe, aproveitando a internet. Eu deveria estar no centro resolvendo umas coisinhas básicas, mas desde ontem estou com uma enxaqueca, coisa que eu nunca tive na vida, que está me dando vontade de chorar.

[Detalhe: tem microondas aqui no escritório e acabaram de fazer pipoca. Surreal.]

Mas comecemos do começo.

A viagem foi OK. Sexta almoçamos pesce na Arianna e dali fomos correndo pra estação, que fica pertinho. Meu trem pra Roma Termini saiu às 14:07, não sem os habituais 5 minutos de atraso, claro. Não sei por qual motivo o trem não era aquele compriiiiido que normalmente é usado pra ir a Roma ou Firenze, porque o movimento de passageiros é grande. Era um trem de só três vagões, um bem velhão mesmo, igual ao que eu pegava quando malhava em Perugia e voltava pra Assis com o trem das nove da noite, cheio dos senegaleses que moram em Perugia e trabalham na fundição em S. Maria. Mas esse pra Roma estava entupido era de chineses. A cada dois minutos um chinês levantava e ia ao banheiro, pra voltar logo depois. Fiquei intrigada, mas não tive coragem de perguntar. Depois pensei no que a Cora relatou depois da sua viagem por aquelas bandas, que os chineses não acham muito legal reter fluidos no organismo, e por isso quando vem a vontade de escarrar, escarram, onde quer que estejam. Não tem outra explicação. TODA HORA um chinês levantava pra ir ao banheiro; a única outra explicação possível seria uma incontinência urinária coletiva que obriga suas vítimas a mijar em dois segundos e voltar correndo pro seu assento no trem. Não, não, eles iam era escarrar mesmo, coisa de segundos, não precisa nem de concentração nem de inspiração literária, ao contrário da necessidade fisiológica número dois.

Chegamos em Roma atrasados e lá fui eu atravessar a estação inteeeeira empurrando o carrinho com as malas, porque os trens que vêm da Umbria descem na plataforma 1 e a navetta pro aeroporto sai da plataforma 26 - diametralmente oposta, claro. Cheguei no último minuto, esbaforida como sempre, e felizmente consegui lugar pra sentar, mas minhas malas ficaram no meio do corredor mesmo, atrapalhando, porque realmente não tinha outro lugar pra botá-las. E chegando no aeroporto foi tudo muito light.

De Roma a Madrid voei de AirEuropa, uma companhia... espanhola. Ai meus sais, a viagem inteira ouvindo aquela gente falando aquela língua medonha... Desço no aeroporto de Madrid, que é imenso e muito bonito (pelo menos a parte que parece ser ou mais nova ou reformada há pouco tempo), e tenho que dar a volta toda outra vez, porque novamente eu desci no terminal, sei lá, F, e meu vôo saía do terminal B. Fiz um check-in tabajara num balcão no meio de um corredor, notei que é permitido fumar em certas zonas do aeroporto, que obviamente ninguém respeita, e continuei até o portão B8, onde fui chamada pelo microfone pra fazer um novo cartão de embarque, não-tabajara. O vôo saiu no horário, mas era um vôo da Varig... Operado pela Pluna. Companhia uruguaia. O que significa DEZ HORAS CERCADA DE GENTE FALANDO ESPANHOL. Juro, achei que fosse morrer. Ao meu lado, no corredor, uma senhora simpática de 76 anos que nasceu na Itália mas morou 55 anos na Argentina e agora mora na Espanha, onde vivem seus dois filhos, há 14 anos. A velhinha era um amor, mas eu não consigo ouvir espanhol por mais de 10 segundos sem me irritar seriamente, e ela obviamente praticamente não falava mais nada de italiano. Pior: eu com fone no ouvido, vendo Shrek 2, e ela querendo conversar! Pelo menos consegui dormir depois do filme, embora tenha acordado várias vezes, até porque rolou um pouco de turbulência.

Os uruguaios são bonitos! As comissárias altas, elegantes, de traços finos e andar elegante. Uma era linda estilo Miss, de verdade. Pena que fala aquela língua hedionda. Quando abre a boca pra perguntar se você quer pollo, com aquele som do LL que não é nem L nem J, mas algo inbetween, imagino que broxante não deve ser pra um homem de bom senso, que, como eu, acha até swahili mais bonito que espanhol. E tinha um comissário que era UM-PI-TÉU, uma coisa de louco! Alto, aloirado, um nariz ma-ga-vi-lho-so. Só precisava lavar os cabelos, mas enfim, vai ver que não deu tempo de tomar banho antes de viajar, né...

A comida: até notei uma certa boa vontade, pois o frango era ao curry com arroz branco, e havia também a opção por massa, que eu escolhi sem pestanejar. Eram cappelletti com recheio de ricota e espinafre, até gostosinhos (eu ADORO comida de avião), mas com molho de... PIMENTÃO. O arroz do frango também tinha pimentão, a minha vizinha comeu e eu vi. Eu tenho verdadeiro horror a pimentão. E honestamente nunca ouvi falar de pimentão combinando bem com massa de recheio leve como ricota e espinafre. Mas enfim, a gente encara de tudo nessa vida quando a fome bate, e comi numa boa - ou quase. Tinha até pãozinho quentinho com Polenghinho, diliça.

Cheguei ao Rio às cinco e meia da manhã e foi só botar o pé no aeroporto e ver a cara das caça-gringos que tinham descido do vôo de Frankfurt pra querer me esconder no trem de pouso do avião da Pluna e voltar correndo pro interior do Haiti. Socorro! A próxima vez que alguém vier dizer que acha brasileiro bonito eu vou mandar dar um pulo no Galeão. Ou então ver o DVD do casamento da FeRnanda, que também foi assustador em alguns momentos.

Como madrugada não é o melhor momento do dia pra passear na Linha Vermelha, minha mãe chegou com minha avó lá pras seis e meia. Cheguei em casa, tirei toda aquela comida das malas, tricotamos um pouco, tomamos café da manhã (pão francês com requeijão e peito de peru defumado, leite com Toddy e duas bananas pratas deliciosas), tomei banho e capotei na cama. Acordei pra almoçar (filé mignon assado no forno com bacon, salada de legumes, arroz e feijão manteiga) e fiquei alternando sono e Sony até umas cinco da tarde, quando fomos ao cabeleireiro em Copacabana alisar a juba e fazer as patas.

Às sete rolou o casamento da Dani, irmã da minha amigona Mari, que estudou comigo desde o Jardim 11, no Andrews. Foi na capela da UFRJ da Praia Vermelha e estava tudo lindo. Eu tava com um tailleur da minha mãe que cheirava a naftalina, porque a viagem foi tão corrida que não deu tempo de arrumar coisa melhor. Vi muitas caras conhecidas do Andrews e encontrei Briza e Patricia; a Briza estudava em outra turma mas a gente tinha amigas em comum, mas mesmo assim me surpreendi dela ter me reconhecido imediatamente, e a Patricia também estudou comigo a vida inteira e é uma figura. Fui com ela e o namorado pra festa, no Rio Vista, lá no alto da torre do Rio Sul (onde um dia foi o Maxim's). Eu nem lembrava que existia aquilo lá, nem lembrava mais da vista deslumbrante. Me diverti horrores. A festa foi divina, dancei a noite inteira com gente que eu não via há anos, bebi caipirinha e prosecco, dancei forró com o tio Morris, pai da noiva, tirei foto com Mari e o namorado Habib, mas em um certo ponto não agüentei mais e fui, de scarpins na mão e meia-calça rasgada nos pés, pegar o taxi pra voltar pra casa. Lembro de bater altos papos com o motorista do taxi, mas não lembro sobre o quê e também não lembro a que horas cheguei em casa. Dormi feito uma pedra mas acordei ontem às oito da manhã.

Tomei meu café, li jornal, encarei uma verdadeira maratona Sony, almocei, dormimos até umas quatro da tarde, e foi nessa hora que a dor de cabeça atacou. Não venham me dizer que é ressaca porque se fosse o caso eu já teria acordado de manhã me sentindo a última das criaturas, e não foi nada disso. Sei que mesmo com a cabeça explodindo pentelhei minha mãe e fomos à Primavera dos Livros, no Jóquei. Conseguimos encontrar a Newlands, batemos um papo, comprei mil livros (nenhum da minha lista, hohoho) mas não dava mais pra mim. Voltamos pra casa, jantamos um risotto ai funghi porcini da Coop que eu trouxe, fiz um bolo de chocolate de caixinha pros amigos do meu irmão, que tavam lá em casa jogando RPG, batemos papo com eles, e antes das dez e meia eu já tava roncando outra vez.

Hoje ainda tive forças pra descer ao play e fazer meia hora de esteira e meia de ergométrica na sala de ginástica. Depois saímos pro Itaú do Rio Sul pra resolver o lance do meu cartão, que bloqueou-se todo depois que eu errei a senha da internet três vezes, e viemos pra cá. Não pretendo fazer mais nada hoje além de dormir e ver TV. Estou péssima.

***

Tudo é muito estranho ainda. As placas dos carros parecem minúsculas perto das italianas, bem maiores. As ruas fedem e são imundas. Eu tinha esquecido da feiúra das pessoas, da miséria constante, do trânsito enlouquecedor, a ponto de botar o de Napoli no chinelo, do carro velho da minha mãe, do gosto da água do filtro de barro, do toque do telefone da cozinha. Esqueci onde ficam os talheres, os lençóis, as calcinhas, embora nada disso tenha sido mudado de lugar desde que fui embora. A chave roda fácil na fechadura da porta da cozinha, ao contrário da nossa em Bastia, que é dura feito pedra. A geladeira está recheada de coisas que eu não via há dois anos e meio. As gavetas têm dimensões diferentes, as camas são mais estreitas, a paisagem deixou de ser familiar, o quadro com o poster do TinTin que o japa me deu eu nem lembrava mais que tinha, meus livros estão espalhadas pela casa porque minha mãe está reorganizando a estante, há prédios novos na rua e mais um subindo na rua sem saída atrás de casa, o computador do meu irmão tem a tela tãaaaao pequena, há cadeiras novas na sala, a revista de domingo do Globo eu não sabia que existia, o feijão com arroz não são tão gostosos quanto eu lembrava, ainda não me reacostumei ao carioquês falado ao meu redor, me faltam palavras pra descrever tanta coisa. Estou numa realidade paralela. O que não é necessariamente bom.

Postado por leticia em 21:29

17.09.04

ciao, carissimi!

Bom, a manhã vai ser agitada porque tenho ainda últimas coisitchas pra resolver em casa e ainda vou a Perugia pegar as cópias das radiografias do Ettore. Vamos almoçar na Arianna e depois vou de trem até Roma e de lá pego o shuttle (navetta) até o aeroporto. Meu vôo sai às oito da noite.

Como o computador do meu irmão subiu no telhado, aliás, foi subido, porque foi meu próprio irmão que involuntariamente o matou, provavelmente vou dar uma sumida boa daqui. Podem continuar escrevendo, mas saibam que só vou responder quando voltar, dia 13 de outubro. Se for alguma coisa urgente, escrevam pro endereço velho, aquele superleticia arroba libero ponto it. Só peço a cortesia de mandar uma cópia pro pacamanca ponto com, porque senão eu me perco depois e não sei o que já li, o que já respondi, etc. Sim, eu sou chata com essas coisas.

Me ne vado. Arrivederci!

Postado por leticia em 08:23

da série a escalafobética TV italiana

Existe coisa mais engraçada do que concurso de Miss? Eu me divirto horrores. Essa semana começou o Miss Italia e tenho que admitir que dei muita, mas muita risada. Ontem FeRnanda e Fabião vieram jantar strogonoff de despedida aqui e rimos muito vendo o programa.

Pra começar que quem apresenta é um chato de galocha, capa e guarda-chuva que se acha engraçadíssimo e está sempre bronzeado, 365 dias por ano. O júri é composto de VIPs ridículos, modelos, gente que é famosa só porque é famosa mesmo (aqui tem muito disso) e figurões do alto escalão da RAI – ontem tinha o del Noce, o diretorzão, uma bicha louca antipática e nojenta que deu uma microfonada no repórter do Striscia la Notizia ano passado, quebrando-lhe o nariz. Águas passadas, águas passadas.

As candidatas a miss são 100, todas devidamente numeradas. A primeira puntata (o primeiro programa) selecionou 40 das 50 misses com número ímpar. Ontem foi a puntata das meninas de número par. Tem de tudo: miss com ombros estreeeeeeeeitos, os narizes de batata abundam, as franjas absurdas idem, muitos cabelos estilo As Panteras, sobrancelhas artificialíssimas, sorrisos acéfalos, ritmo zero nas coreografias, vozes de taquara rachada. Não me levem a mal, algumas são realmente lindas de chorar, mas pelo menos a metade é FEIA. Feia de verdade. Imaginem a combinação cara de bolacha + pescoço de Mike Tyson + narinas de dimensões claramente diferentes. Tem. Imaginem franja surreal + nariz de ponta caída + beiços estilo salsichão. Tem. E a imensa maioria, A IMENSA MAIORIA, tem dentes feios. Impressionante como a gente no Brasil cuida bem do sorriso. No resto do mundo parece que isso não tem importância nenhuma. E não tô falando de dentes meio tortinhos estilo Laetitia Casta não. Tô falando de dentes claramente acavalados, de gengivas gigantes e minidentes, de dentes quebrados, de dentes MARRONS.

E os nomes? Nunzia (que seria o equivalente a Anunciada). Clinzia. Jennifer. Ora, por favor, miss italiana chamada Jennifer é um pouco demás para mim.

Mas o melhor de tudo é que, fervidos todos os cérebros delas juntos, não daria pra fazer nem uma bala Soft de Q.I. Raros são os olhares inteligentes, as respostas rápidas às perguntas simples, os comentários irônicos, a firmeza na voz, a postura de quem sabe o que está fazendo ali. A maioria tem Q.I. de uva sem caroço mesmo. Olhem os diálogos nível ameba constipada de ontem:

- Essa é a senhorita Fulana de Tal, Miss Bio-Etyc (whatever) de [inserir o nome de uma região italiana qualquer]. Ficamos sabendo que a senhorita gosta muito de Marylin Monroe. Por quê?
- Ah, porque eu gosto de tudo dela.

...

- Que apelido carinhoso você usa pra chamar seu namorado?
- Cucciolo (muito comum aqui esse apelido idiota, significa "filhote". Pronuncia-se "cútcholo").
- Ah... E o que você dá pra ele comer? (rindo maliciosamente)
- (pensa um pouco) Ração...

...

Uma pesquisa mostrou que o personagem histórico mais amado e admirado pelas misses desse ano é Garibaldi. A mala do apresentador perguntou a cinco delas coisas simples sobre a vida de Garibaldi, tipo, o nome da esposa, onde nasceu, pelo que ele lutou (o apresentador ainda dava a primeira sílaba: Garibaldi ha lottato per l'Uni... l'Uni...? Nada. A resposta: l'Unità d'Italia.). NENHUMA soube responder. Ele mesmo fez o comentário inevitável: imagina se elas não gostassem nem admirassem o coitado!

Esse fim de semana tem a repescagem, que eu infelizmente vou perder. Mas já sei que vai ganhar uma feia qualquer. Ontem todas as que nós achávamos bonitas foram eliminadas. Ficamos todos indignados, os quatro. É marmelada, é marmelada!

***
Programaço-aço-aço que eu infelizmente vou perder, em Roma, que é tudo na vida. Quem estiver de bobeira aqui, ! E depois em conte.

Postado por leticia em 08:19

16.09.04

che te piasse un fulmine...

Acaba de dar no telegiornale: na noite de anteontem, durante aquela tempestade do outro mundo, caíram QUATRO MIL RAIOS só aqui na Umbria.

No comments.

Postado por leticia em 13:49

e agora, josé?

A Varig anda me decepcionando. Além de ter cortado os vôos diretos saindo ou chegando de Roma, forçando todo mundo a parar em Milão, tem essa bosta da bagagem também. Quem sai diretamente de Milão tem direito a DUAS MALAS DE 32 QUILOS. Quem sai de outra cidade tem direito só a UMA DE VINTE QUILOS! E eu, que teria direito a mais dez quilos de lambuja por ser cliente Smiles Prata, nem isso tenho mais! Agora me diz: onde é que eu vou levar todas as piadinas, as tortas, os vinhos, os molhos e tudo o mais?

E a coisa mais ridícula é que eu não aprendo a pedir informações em italiano, quando ligo pra eles. Se peço em Português, quem atende é uma portuguesa, que eu obviamente sofro pra entender.

Postado por leticia em 10:26

15.09.04

socorro

Crianças, vocês não têm idéia da tempestade que se abalou sobre a região aqui ontem.

Tenho pra mim que a coisa começou na segunda, porque foi um dia MUITO sinistro, de ventos estranhos, céu nublado cedo de manhã, sol que saiu, nuvens que voltaram, e um pôr-do-sol que espalhou um amarelo insalubre pelo ar. Amarelo mesmo, aquele amarelo ictérico, doente. Horrível, me assustou, nunca tinha visto uma coisa assim.

Ontem ventou o dia inteiro. Não só eu tava agitada com toda essa história das passagens, compradas ontem depois do almoço, na internet; os pinheiros lá fora também balançavam bêbados, crianças jogavam bola aos berros no jardim público, o vento soprava, soprava, batia portas, arrastava o varal na varanda. Fomos jantar na casa da FeRnanda pra ver o DVD do casamento deles, e quanto voltamos ainda ventava sem parar, mas nada de chuva.

De madrugada... Os raios e relâmpagos iluminavam nosso quarto mesmo com as persianas todas fechadas. Os trovões sacudiam a terra. Imaginem uma trovoada de 15 segundos (eu contei) que parece que tá rolando debaixo da sua cama, de tão alta. O Mirco chegou até a acordar, clara indicação da magnitude da coisa, porque ele tem um sono de pedra e só acorda quando o céu está caindo sobre as nossas cabeças, como foi essa noite. A noite inteira aquilo, relâmpago e luz no quarto, logo depois o trovão com muito, mas muito barulho, os cachorros das casas vizinhas latindo e uivando. Dormi incrivelmente mal, tive sonhos bizarríssimos dos quais felizmente não lembro, e hoje acordei com uma dor de cabeça incrível.

Ainda bem que as minhas missões de hoje são light: levar o carro do Mirco pra lavar, ir aos 3 bancos resolver umas coisas pra oficina, e mais tarde vamos ao Ipercoop comprar um secador de cabelo pro Ettore (don’t ask), uma calculadora nova pra oficina porque a velha subiu no telhado, e aproveitar pra fazer as compras de comidas pra levar pro Rio. Também tenho que passar roupa e começar a fazer as malas... Amanhã FeRnanda e Fabião vêm jantar strogonoff de despedida e na sexta ainda tenho que passar no hospital de manhã cedo, antes de partir, pra pegar as cópias das radiografias do Ettore.

Já tô cansada só de pensar.

Postado por leticia em 09:07

14.09.04

quinto mundo

Me perguntaram se aqui não tem pipoca de microondas. Não sei como é em Roma ou Milão, lugares mais civilizadinhos, mas aqui na roça não tem. O Mirco viu pipoca de microondas pela primeira vez na vida ano passado, no cinema a céu aberto de Bastia. Eu quase engasguei de tanto rir. Gente, caipira é uma coisa muito engraçada.

Também não tem gelatina. Juro.

Postado por leticia em 19:43

momentos pré-viagem

Então agora o assunto vai ser Rio. A minha lista de coisas a comprar/trazer/fazer só aumenta. Aceito sugestões.


Livros a comprar

O Vendedor de Passados (José Eduardo Agualusa)
Uma Vida Entre Livros (Mindlin)
Manual Pratico do Ódio (Férrez)
Dentes Guardados (Daniel Galera)
A Louca da Casa (Rosa Monteiro)
O Amor Companheiro (com ilustras da Newlands)
Dois Irmãos (Milton Haoum)
Todas as Festas Felizes Demais (Fabio Danesi)
Update: Memórias de um Diabo de Garrafa (Alexandre Raposo)

Verissimo (não tenho nada dele, acreditam?)
Update: série Literatura ou Morte, Cia. das Letras

Que mais...

***

Coisas a fazer/resolver

Manicure!!!
Ginecologista
Dentista
Itaú pra desbloquear o cartão
CREMERJ pra atualizar a minha situation
Trocar bateria dos relógios, na Cidade (programa pra fazer com Vovó)
Ver se o meu nome saiu mesmo como tradutora daquele livro médico chato pra burro
Antonio Pedro pra pegar o certificado de estágio no PS
Pedro II, idem
Levar tudo pro tradutor juramentado antes que ele morra (é um velhinho de 248 anos)

***

Comidas e bizarrices a trazer

. feijão preto, feijão manteiga
. farinha de mandioca
. Catupiry
. doce de leite
. Bis
. suco de maracujá
. geléia de mocotó
. gelatina Royal
. guaraná
. pipoca de microondas (muita)
. cachaça
. adoçante em gotas
. pão de queijo
. creme de leite, leite condensado
. pão árabe
. milho verde não-doce
. sementes de couve e maracujá, mas não espalha, que é proibido


Comidas a levar
. torta al testo, piadina
. salame, capocollo, speck
. scamorza, mozzarella di bufala
. macchinetta per pasta, farina di grano duro per la pasta fatta in casa
. sughi di cacciagione
. funghi porcini
. risotti pronti
. riso per risotto
. lenticchie piccoline
. parmigiano
. olio
. vino
. vinsanto e cantucci


***

Coisitchas a pegar/comprar

. pegar os ímãs de geladeira que estão na casa da Vovó
. esmalte
. brinquedos pro Leguinho, anti-pulgas e anti-carrapatos
. calcinhas e sutiãs
. roupas de ginástica
. caneca Pingù, caneca ameba
. perfumes
. pasta e escova de dentes
. shampoo e cremes
. hidratante
. sabão de côco
. coisas Avon e Natura
. CDs
. livros (haja espaço na mala)

Também preciso de um bom dermatologista pra dar uma olhada nos pés do Mirco, que são os mais feios do mundo.


Postado por leticia em 18:07

COMUNICADO IMPORTANTE

Tão sabendo que chego ao Rio sábado de manhã? Cês tão entendendo?

Postado por leticia em 16:05

13.09.04

menina, quanto tempo!

Dessa vez fiquei tanto tempo sem escrever por falta de tempo mesmo, e não por falta de assunto. A semana passada foi bem agitada. Vejamos:

. Quarta-feira passei CINCO horas durante a tarde passando roupa. Meno male que a FeRnanda tava aqui pra me distrair. Acabou que ela e o Fabião jantaram aqui, carne assada com pirê de batata.
. Quinta-feira fomos jantar em Ripa, na casa da FeRnanda, mas tivemos que voltar cedo porque o Ettore tinha caído de bunda no chão na oficina e eu fui levá-lo ao PS.
. Sexta-feira lá fui eu de novo com o Ettore ao hospital pra pegar os laudos das radiografias. Foi uma semana bem hospitalar; na segunda fui de novo, como na sexta passada, levar a Zorica ao hospital Monteluce, onde eu costumo doar sangue. Zorica é a mãe do Dejan, o rapaz sérvio que trabalha na oficina. Ela tinha que fazer uns exames na Hemato, e como não dirige, fui levá-la.
. As crostas do meu pé caíram, e voltei a correr. A crosta do maléolo caiu com uma pequena ajuda do meu pé esquerdo. Não me perguntem como foi, porque anatomicamente é uma coisa pouco provável, dar um chute com o pé esquerdo no maléolo lateral do pé direito, mas foi isso que aconteceu. A crosta do peito do pé caiu hoje de manhã. Agora sou uma mulher oficialmente desencrostada.
. Sexta-feira fomos jantar ganso na Piera, a sogra da FeRnanda. Eles volta e meia fazem megajantares no pátio do prédio. Todo mundo mora ali há séculos e se conhece há muitos carnavais, então a mulherada se prontifica a cozinhar, os homens vão fazer as compras, faz-se a vaquinha clássica e pronto, jantar pra 25 pessoas numa mesa que o Bruno, pai do Fabio, que é OOOO McGyver, fez com as PERSIANASSSSSSSSSSS que sobraram de uma obra. O Bruno é um personagem fenomenal, merece um post só pra ele.
. Sábado trabalhei até as duas da tarde na oficina, desengordurando peças que o Dejan depois pintou. É bem legal, uma pistola de sabão superpower que remove até a última molécula de graxa, depois com a pistolona de água que tem até rebote de tão forte que sai o jato. À noite eu tava morrendo de vontade de comer alguma coisa com alecrim. Tentamos a sorte na Arianna, e fomos premiados! Ela tava fazendo pizza, as clássicas cebola & sálvia, tomate & mozzarella, alecrim & sal grosso.
. Ontem conseguimos comer na festa da cebola em Cannara! Tudo bem que chegamos às sete da noite senão não dava nem pra achar mesa, quanto mais comer. Fomos de antipasto completo (bruschetta de cebola, bruschetta de tomate com bacon, cebola recheada, ovo mexido com cebola), tagliatelle com cebola, cogumelos e pasta de linguiça (don't ask), Mirco ainda encarou um secondo de carne de vitela com molho de cogumelos porcini, acompanhada de cebolas assadas, e rocciati, biscoitos em forma de rosca com semente de anis na massa (até que estavam gostosinhos, se consideramos que anis é uma coisa realmente odiosa).
. E hoje passei a manhã entregando faturas a clientes e cheques a fornecedores, perdi quarenta e cinco minutos no banco, fui comprar ração pros cachorros, passei na oficina pra pegar uns negócios que eu tenho que escanear aqui em casa, e ainda nem pensei no que fazer pro almoço...

Ah, a gatinha tigrada, que a Stefania batizou de Priscilla (pronuncia-se Prishilla), está ótima. Ainda não recuperou totalmente o peso, mas já esta boa.

Postado por leticia em 12:18

09.09.04

cabeluda

Cansada do cabelo ruim? Não tem saco pra fazer escova ou touca? Seus problemas acabaram! Com o novo e revolucionário método de alisamento temporário pacamanca Inc. você não vai ter mais motivo pra reclamar!

Lave o cabelo normalmente. Seque normalmente com a toalha enrolada na cabeça por alguns minutos, aplique seus 1.937,48 cremes leave-in anti-frizz como de costume, e desça correndo à garagem, sempre evitando rajadas de vento, onde você deixou sua lambreta ontem à tarde. Bote logo o capacete na cabeça e vá dar uns rolés. Para obter melhores resultados, certifique-se de que toda a cabeleira esteja adequadamente dentro do ambiente capacetal.

Passadas algumas horas, volte pra casa e tire o capacete. Voilà! Seus cabelos estarão lisos como seda! A cabeça vai ficar doendo depois de horas com aquele peso (meu capacete prateado pesa 1,8 kg), mas enfim.

Postado por leticia em 18:03

08.09.04

hm

Fomos ver Starsky & Hutch. Juram que isso passava no Brasil? Eu não lembro.

Achei... Achei meio mais ou menos. Há alguns momentos-risada, e o Snoop Dog é QUALQUER COISAAAAAAAAA, mas no geral é decepcionante. Achei que eu fosse morrer de tanto rir, mas foram só risadinhas assim meio de lado, sabe.

Postado por leticia em 08:44

07.09.04

pasta al pesto

Aniversário da minha cunhada Stefania.

Postado por leticia em 08:36

06.09.04

hm

Sabe uma coisa que eu morro de vontade de ver? A Catherine Zeta-Jones sem lápis no olho. Tem horas que eu a acho l-i-n-d-a de morrer, tem horas que ela é anos 80 demais pro meu gosto. E tem alguma coisa errada com o espaço entre o lábio superior e o nariz. A pele é ligeiramente mais escura e dependendo da luz parece que ela tem bigode.

Postado por leticia em 22:44

05.09.04

um dia é da caça...

E ainda no assunto bicho, o bicho do almoço de hoje foi pombo, que eu abomino (não porque é pombo, não gosto do sabor e da consistência mesmo), e o jantar de hoje vai ser passarinho (que eu não como porque da um trabalho danado pra tirar cem gramas de carninha daqueles ossinhos todos, e porque fico com pena dos bichos) que o tio do Mirco caçou. Hoje foi o primeiro dia da temporada oficial de caça e já vimos uns panacas fardados pela rua, voltando pra casa. Todo ano, no primeiro dia de caça, morre alguém. Tem sempre algum idiota que fica de tocaia onde não deveria, é confundido com javali ou outro bicho selvagem e leva um tiro na fuça. Não tenho pena nenhuma. Adoro carne de javali mas não vejo graça nenhuma em dar tiro em bicho à toa. Clássica coisa de quem não tem o que fazer. E pensar que a licença pra caçar custa uma grana preta...

Postado por leticia em 19:26

uma é manca, a outra é grogue

O pé vai bem, obrigada a todos que perguntaram e desejaram melhoras. Tirar a crostona foi a melhor coisa que eu já fiz na vida. A nova crosta é mais fina e não repuxa tanto a pele ao redor, ou seja, a dor e a coceira diminuíram bastante. Nem manco mais.

Quem não tá bem é a gatinha tigrada que o Ettore levou pra casa. Deve ter comido alguma porcaria por aí e há uns três dias anda mal de verdade, com os olhos mal focalizados, andar titubeante, corpo esquelético. Só bebe leite e muita, muita água. Mas já está melhorando, muito lentamente. Quinta-feira, que foi quando ela começou a passar mal, a coitada nem apareceu: passou o dia dormindo sentada num canto do jardim. Hoje no almoço ela já deu umas voltinhas, pegou sol e tomou o leite que eu dei. Mas ainda tá toda grogue. Se amanhã ela não melhorar mais um pouco, levo a bichinha ao veterinário.

Postado por leticia em 19:25

04.09.04

leiam White Teeth, please

Como prometido, falo rapidinho sobre o Autograph Man, que a Flabb me deu de presente. Não gostei. Ela mesmo me disse que leu esse antes e o White Teeth depois, e achou o White Teeth infinitamente melhor. Concordo pRenamente: White Teeth é uma das melhores coisas que eu já li na vida. Mas no Autograph Man a mocinha errou a mão. O livro é completamente sem pé nem cabeça e as personagens não têm carisma nenhum – nem pro bem e nem pro mal. E a fórmula de mistureba étnica já anda repetitiva. Chinês judeu e preto judeu juntos num livro inteiro não têm graça nenhuma.

Postado por leticia em 19:30

03.09.04

tivù

Agora que acabaram as Olimpíadas a tenebrosa TV italiana vai voltar à sua hedionda programação normal. Uma das grandes maravilhas das Olimpíadas é que a qualquer momento do dia em que você ligue a TV, tem sempre alguma coisa interessante passando. Eu assisto a qualquer coisa das Olimpíadas. Acho interessantíssimo, adoro ver os nomes estranhos de gente de países como Bielorrússia, Chinese Taipei, Usbequistão, adoro ver bandeiras bizarras, esportes curiosos, uniformes cafonas e uniformes bonitos, e così via. E em caso de insônia, tinha sempre uma reprise qualquer no ar. Agora acabou a mamata. Em setembro recomeça aquela chatice viciante do Grande Fratello, a chatice cafona da Isola dei Famosi (don't ask) e todas as outras coisas horríveis que só a TV italiana é capaz de oferecer. Em compensação, entram no ar 24 Horas (anunciada como a "nova sensação da TV americana") e um outro seriado cujo nome esqueci, dos mesmos produtores de C.S.I. (que eu espero que não saia do ar senão mi incazzo seriamente), sobre o dia-a-dia de uma agência do governo que procura gente desaparecida. Também volta Carabinieri, que é bobinho mas legal.

Eita vidinha.

Postado por leticia em 08:45

02.09.04

pocotó

Eu adoro cavalo. Está no meu top três bichos preferidos, junto com o cachorro e o elefante. Gosto de ver provas de equitação na TV, e acho muito engraçado quando o cavalo empaca. Não sei se alguém aí viu, mas aqui passaram as provas do pentatlon, que aliás eu nem sabia que era disciplina olímpica, e eu me diverti. Porque os cavalos pra prova de equitação sao sorteados na hora, ou seja, o cavaleiro não tem a menor intimidade com a cavalgadura, é tipo um blind date. E quando não tem esse feeling, se o bicho não estiver com vontade de saltar, ele não salta. Não só não salta como também faz aquela cara de não quero, porra, me deixa em paz!, a mesma cara que o Legolas faz quando a gente dá a ele alguma coisa que normalmente ele adora comer, mas naquele momento não está com vontade. Ele vira a cara! Juro! Vira a cabeça de lado, faz cara de enfado, e nessas horas eu só imagino uma nuvenzinha flutuando em cima da cabeça dele escrito “que porre essa gente, não tão vendo que eu não tô com vontade?” É exatamente essa cara que os cavalos do pentatlon fizeram. Fiquei rindo sozinha no sofá, feito uma monga, brincando de adivinhar qual cavalo pulava e qual empacava. Ih, olha esse, todo agitadinho, correndo de lado, balançando a cabeça. Aposto que não pula. Tóim, empacava. Ih, alá, tá dando pulinhos antes da hora, arreganhando os dentes, vai empacar. Tum, empacava. Olha esse, derrubando tudo que é obstáculo, tenho certeza que daqui a pouco ele cansa dessa palhaçada e se recusa a pular. E lá vai o cavalo dar uma megafrenada no último segundo, e lá vai o cavaleiro tentar dar um pouco de dignidade ao tombo inevitável, apoiando um pé precariamente no chão.

Postado por leticia em 22:37

01.09.04

Gente, cês tão percebendo que eu já botei quase toda a saga de Paris no ar? Só falta o último dia. Tudo em ordem cronológica, lá em agosto.

Postado por leticia em 20:18

altas sociais, aê...

E semana que vem começa a famosa festa da cebola em Cannara. Espero que esse ano a gente consiga comer alguma coisa, porque ano passado e ano retrasado nós fomos, mas não tivemos coragem de enfrentar as filas quilométricas e saímos de mãos abanando.

Enquanto a cebola não vem, hoje Stefania (a cunhada) e Rob, o namorado holandês, vêm jantar aqui em casa. Como a Stefania é vegetariana (...), vou ter que fazer ensopadinho de legumes à parte pra ela, sem carne. Desisti do feijão porque tá muito quente, mas ensopadinho com batata, cenoura e abobrinha, arroz branco bem temperado e farofa já tá muito bom. De sobremesa tô pensando em fazer quadradinhos de laranja, mas tenho medo de ter um ataque e comer tudo. Provavelmente vou de cuca de banana, que todo mundo gosta, menos eu. Com os últimos 4 limões que restaram das últimas compras faço uma jarrona de limonada, e pronto.

Postado por leticia em 07:42