31.01.04

Adocemos o fim de semana...

Postado por leticia em 15:44

Por falar nele...

Das 12 às 19 horas sentados no caminhão, dentro da oficina.

Postado por leticia em 08:42

Dois novos modelos de mala no mercado, além dos famosos Brasileiros Chatinhos que Moram na Alemanha e se Acham OOOOS Alemães: são a senhorita Helio, que não entende nada de crase, apesar de estudar Comunicação Social, e a senhorita Alonso, que não paga as contas no restaurante (e também não entende nada de crase). Ou as duas não pagam as contas no restaurante e eu estou confundindo uma com a outra? Vai ver que fiz confusão porque o nível de chatice delas é tão grande que obscura as suas personalidades individuais e as transforma em um único Ser Desconhecedor de Crases e Pentelhador de Pessoas.

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Ontem fomos ver The Jury, com aquela fofura do John Cusack, o fodão Gene Hackman e o eterno Tootsie Dustin Hoffman. Olha, eu falo, falo de subliteratura, mas adoro um Grisham. Não pela emoção, porque quem tem um mínimo de tarimba de cinema saca logo onde ele quer chegar, onde a coisa vai terminar; mas pelos sutis detalhes psicológicos e truques jurídicos, e pela revelação de novos pontos de vista sobre coisas aparentemente óbvias. Eu adoro filme/série de advogado e medicina legal. Pena que aqui eu não tenha TV a cabo, e na TV aberta só passa CSI (que eu amo, mas dublado tira metade da graça). Adorava Law and Order, Family Law e outros seriados do gênero. E adoro os filmes baseados em livros do Grisham. São todos essencialmente iguais, mas maquiados de modo diferente, digamos. Eu gosto. Gosto de ver aqueles diálogos absolutamente impossíveis na vida real, onde um personagem manipula as emoções e as palavras do outro com tanta facilidade.

Bom, mas também eu gosto de filme onde o carro cai da ribanceira e explode, tão querendo o quê...

Não que eu jamais vá ao cinema pra assistir a filmes mais densos. É que eu acho a vida já tão complicada que quando vou ao cinema quero só abstrair, relaxar, esvaziar o céLebro mesmo. E pra isso não tem nada melhor do que um bom filme hollywoodiano, cheio de chavões e com final meloso e feliz.

Mas tenho que admitir que a safra ainda muito ruim. Os últimos filmes super hiper mega fodas que eu lembro de ter visto foram Traffic e The Insider, anos atrás.

De repente eu me empolgo e termino de escrever o roteiro que comecei quando fiz o curso de roteiro cinematográfico na PUC, eras glacias atrás... ;)

Se bem que, do jeito que anda a coisa, mais fácil seria escrever um combinado de guia de turismo/tratado antropológico sobre a sociedade umbra/livro de receitas... Que viria, é claro, com uma foto patografada do Legolas de brinde.

Postado por leticia em 08:37

30.01.04

eu reciclo, tu reciclas, ninguém mais recicla

Quando me mudei pra Bastia, praquele apartamento em frente à creche e perto da Martinha, a Arianna me deu de presente um vaso daqueles retangulares e longos, de botar na janela, com diversas ervinhas: aipo, hortelã, alho, salsinha e uma outra cujo nome não lembro. Essa última, que segundo a Arianna é meio chata de pegar, morreu uma semana depois. As outras vingaram muitíssimo bem. Até demais, no caso do hortelã, que cresce demais e em tudo que é lugar e em qualquer condição climática.

Claro que eu trouxe minhas plantinhas aqui pra Cipresso. Mas botei o vaso dentro de casa quando fomos pra Sérvia, e quando voltamos descobri uma Pulgãozolãndia funcionando entre as minhas plantinhas! A umidade e o abafamento dentro de casa fizeram os bichinhos se multiplicarem alegremente – e as plantas ficaram todas amarelas, murchas e borocoxôs. Arianna, minha camponesa preferida, me mandou botar as plantas pra fora de novo. Segundo ela todas essas ervinhas aromáticas são muito resistentes (a não ser o chato do manjericão) e não é um inverninho assisano que consegue derrubá-las. Então lá fui eu, cheia de fé, abandonar meu vaso no frio da varanda.

E não é que os pulgões morreram de frio e as plantas renasceram? O aipo e a salsinha, que eu tinha podado de acordo com as instruções da Arianna, estão cheios de brotinhos. O hortelã, que tinha sumido, já esta crescendo descontroladamente em diversos pontos da terra. O alho que eu colhi tarde demais e por isso era só raiz foi substituído por um dente de alho que estava brotando na geladeira, e já cresceu um bocadinho. Agora quero botar nos outros dois vasos que estão vazios na varanda, e que já hospedaram manjericão e salsinha, um pouco de sálvia, de alecrim e de manjericão. Se o espaço permitir, louro e tomilho também.

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Falando em ervas aromáticas, tem receita nova.

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Outro dia chegou aqui em casa um panfleto da nova Isola Ecologica do Comune de Bastia. Dizia que lá podemos descarregar não só o clássico lixo reciclável, mas também móveis velhos, pilhas e baterias usadas, remédios vencidos, óleos, tintas. Lá fui eu conferir, contra a vontade do Mirco, que tem um amigo que trabalha na administração do Comune e disse que o lixo que é separado pelos moradores e depositado em caçambas próprias pra cada tipo depois é misturado todo de novo quando chega no depósito principal! Mas eu fui lá assim mesmo, amarradona, crente que ia encontrar uma coisa muito civilizada e organizada... Ma sì! Aqui no interior da Jamaica? Jamé! A Isola Ecologica fica num buraco lá no fim do mundo, no meio da Zona Industriale, no fim de uma rua não asfaltada. O cara muito antipático da recepção nem me ajudou a descarregar o monte de vidro, latas, plástico e papel da mala do carro, e apontou vagamente uma caçamba láaaaa longe quando eu perguntei onde deveria depositar papel e papelão. E a cartelinha que o panfleto citava, através da qual você ganharia prêmios depois de um determinado número de pontos acumulados (os pontos correspondendo ao peso do lixo reciclável depositado ali; quanto mais lixo, mais pontos), não existe ainda. Quer saber? Não vou separar mais nada. Azar o deles.

Mas fico com raiva dessas coisas. Tento fazer a minha parte, mas se ninguém mais faz, a coisa fica complicada. Lá em casa ninguém era de desperdiçar nada, de deixar luz acesa, de ficar horas com o chuveiro ligado sem ninguém debaixo; nunca joguei lixo pela janela, sempre recolhi o cocô do meu cachorro, e lá no prédio separávamos pelo menos os papéis do lixo normal, e os porteiros depois vendiam pra empresas que os reciclavam. Reciclávamos papel de impressora, coisa que continuo fazendo aqui (e fazia no escritório também, eu tinha uma gaveta só de folhas de papel pra reciclar): se tenho que imprimir uma coisa que 1) não é importante, 2) vai ser enviada por fax e depois arquivada, ou 3) vou jogar fora logo depois, como por exemplo o horário do cinema que eu baixo da internet, não vou imprimir a cores com qualidade máxima de impressão numa folha em branco. Pego uma folha da nossa gaveta de recicláveis, ou seja, de folhas já usadas uma vez, com só um dos lados impresso, e imprimo o horário na face em branco.

Não deixo a torneira aberta enquanto escovo os dentes.

No inverno sinto frio demais e não consigo, mas no verão desligo a água enquanto estou me ensaboando, ou lavando a cabeça, ou desembaraçando a juba.

Programo meu itinerário antes de sair de casa pra rodar o menos possível e assim economizar gasolina e poluir menos de uma vez só. No verão, só ando a pé ou de bicicleta.

As sobras de pão e cascas de legumes aqui de casa vão quase sempre pra Arianna, que mistura na ração das galinhas.

Só ligo a máquina de lavar roupas e o ferro de passar à noite, quando a tarifa é mais baixa e o consumo geral da galera é menor; assim sobrecarrego menos o sistema, além de economizar.

Se deixo uma camisa de molho na água com sabão, uso essa água depois pra lavar o banheiro.

A água de cozimento de qualquer verdura ou legume depois é usada pra uma sopa, ensopadinho, risoto, ou até mesmo a junto à água do macarrão, pra não desperdiçar as poucas vitaminas queimadinhas que ficaram.

As sacolas de compras de plástico não são de graça nos supermercados italianos. Então peguei a mania de ter sempre algumas sacolas dentro do carro, dobradinhas em forma de esfiha, como a Hunka me ensinou há muuuitos anos. Assim economizo os 3 centavos por sacola, produzo menos lixo plástico e entulho menos a minha casa, que já estava virando um deposito de sacolas.

Ando fazendo uma intensa campanha anti-fumaça com a Arianna, que como toda boa camponesa tem mania de queimar tudo: folhas, lixo, papel.

Uso o timer da TV pra não correr o risco de dormir com ela ligada.

JAMAIS, em nenhuma condição, jogo chiclete no chão.

Eu me acho bem ecológica. Ou não?

Postado por leticia em 14:20

29.01.04

Odeio grissini de alecrim. Odeio porque nao consigo parar de comer.

Postado por leticia em 15:49

Renée Zellweger é definitivamente a atriz mais insuportavel e enjoada que o mundo ja produziu. E uma bochechotomia radical lhe cairia muito bem.

Postado por leticia em 10:43

27.01.04

Então ontem fomos ver o Retorno do Rei, aqui no cinema tabajara de Bastia mesmo porque não estávamos com saco de ir até Perugia.

Olha, eu gostei. Os efeitos especiais e as cores são uma bosta, mas eu gostei. Muito melhor que o segundo filme. Mas pela cara do Mirco e de vários outros no cinema, e pelos cochichos explicativos que se multiplicavam na sala de projeção, acho que deve ser MUITO confuso pra quem não leu os livros. Nomes demais, lugares demais, mudanças de cena demais, reis demais. Quando voltei pra casa peguei meu mapa de Middle-Earth em italiano e dei uma aulinha de geografia pro lanterneiro, mas ele não gosta muito desse tipo de literatura e só fingiu que entendeu hehehe

Minas Tirith é tudo na vida. Confesso que chorei quando apareceu pela primeira vez. Quero ir morar lá.

O que é aquela cena ridícula do Legolas subindo no oliphaunt? Vai apelar assim na China, PJ...

E a pessoa responsável pelas perucas e implantes dos atores merece umas cinco dedadas em cada olho. O pior, de longe, foi o Denethor, que com aquela linha de inserção capilar parece ator canastrão em fim de carreira apelando pra recursos estéticos lamentáveis pra ver se a queda ao ostracismo vai mais devagarinho.

Adoro os Rohirrim. O Forth Eorlingas! (Avanti, Eorlingas... *sigh ) logo antes do ataque aos orcs que estão incomodando Minas Tirith foi de arrepiar.

Acho que a atriz que faz a Éowyn tem muita cara de boazinha. E louras com cara de boazinha, é universalmente sabido, não matam Witch-Kings.

E gostaria de ter visto o Shire devastado por Saruman e Wormtongue... Hobbits rebeldes no cinema, isso sim seria uma revolução.

Mas no geral, gostei, gostei.

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Hoje de manhã cedo fomos doar sangue em Perugia, eu, Mirco e um rapaz que trabalha pra ele, que no final das contas não pôde doar porque tava com a PA baixa demais. Tava frio, tudo bem, mas quando chegamos a um certo ponto (ou a uma certa altura em relação ao nível do mar – Perugia está no alto de uma colina), demos de cara com neblina e com inesperados chão e telhados nevados. Tivemos que estacionar lá na casa do chapéu, porque ninguém lembrou de espalhar sal nas rampas do estacionamento, e depois de ver a pequena Fiat Panda à nossa frente deslizar sem controle rampa abaixo, demos marcha a ré e fomos procurar vaga em outro lugar que não fosse um plano inclinado.

A coisa não foi simples, porque como doadora de primeira viagem (na Itália, claro) tive que fazer ECG, exame físico cardiológico, preencher fichas e responder a perguntas idiotas. Mas nesse vai-e-vem dentro do hospital Monteluce fiz amizade com todo mundo hehehe Da enfermeira que me mediu a pressão e rodou o ECG e acabou falando da alergia a cipreste da filha, ao médico jovem e claramente inexperiente que olhou meu ECG e me fez as perguntas idiotas (e quando viu a ficha me disse, “allora sei medico? Brutta cosa...”), à médica de Foligno que me encaminhou ao ECG dizendo que todo médico é um paciente chato e negligente e ela também só foi fazer o primeiro ECG aos 40 anos, passando pela médica bonitona de olhos maquiados com uma pesadíssima sombra azul, que conseguiu a proeza de pronunciar meu nome corretamente; o enfermeiro que tirou sangue do braço direito pra tipagem sanguínea e fez a clássica pergunta da “saudaje”, a enfermeira que me encaminhou à sala de doação, que descobrimos ser nossa vizinha do andar térreo; incluindo a enfermeira que fica vigiando a galera na sala de doação, impedindo que neguinho se empolgue e levante e saia andando logo depois do procedimento, enfermeira essa que confessou ser médica mas há anos ter abandonado a profissão pra virar enfermeira, e terminando com a senhora que nos dava o café da manhã depois da coisa toda (a doação se faz em jejum pra aproveitar e fazer glicemia e colesterolemia, além dos clássicos testes anti-infecciosos).

Minha PA costuma ser muito baixa, de cadáver mesmo, mas dessa vez tava a 120 x 80. Mesmo assim quando cheguei em casa, depois de ter ido ao banco e aos correios em S. Maria, não estava me sentindo muito bem. Dor de cabeça e mal-estar muito pentelhos. Almoçamos pesto de novo, porque não tava com o menor saco de inventar nada pra comer. Não comi quase nada e fui dormir. Acordei às quatro da tarde. Insomma...

A primeira vez que doei sangue eu ainda era caloura. Lembro que eu já tava no terceiro pirulito (eles te davam um pirulito enquanto você ficava lá abrindo e fechando o punho) e a bolsa nada de encher. Meus amigos chegavam, doavam e iam embora, e eu lá. Que coração preguiçoso, credo. A enfermeira chegou a vir me sacanear, perguntando se eu tinha certeza de estar viva. Hmpf.

Só passei mal depois de doar sangue uma vez. Foi a última vez que doei dentro do Gaffrée, em campanha do HemoRio (depois passei a ir diretamente ao HemoRio. Aliás, vão, queridos, é realmente um ato de solidariedade. E ainda te fazem um monte de exames de grátis, e te dão coisas gostosas pra comer depois. DOEM SANGUE!). Era um dia quente e minha pressão tava realmente baixa. Como no meu caso a hipotensão é uma coisa fisiológica, insisti tanto que consegui convencer a enfermeira que me examinou a me deixar doar. Me entupiram de água mineral, coca-cola e suco de laranja pra aumentar o volume de líquido dentro dos vasos, e consequentemente elevar a PA até o próximo xixi. Assim que terminou eu estava legal, mas no meio do curtíssimo trajeto até a casa da minha avó, comecei a me sentir muito mal. Um peso na nuca, vertigem, náusea. Cheguei em casa verde, me joguei no sofá e dormi o dia inteiro. Pelo menos aprendi que pressão cadavérica = no way doação.

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Hoje é Giorno della Memoria, pra lembrar o Holocausto. Perdoem-me, mas confesso que não suporto mais esse assunto, simplesmente porque a coisa toda é muito over. Como assim, maior tragédia da história humana, como anunciam na TV aqui toda hora? Perguntinha básica: e todos os outros felasdaputa que mataram (e ainda matam) milhões de pessoas em outros países, que nem preciso citar porque todo mundo aqui é bem informado e não-burro e é capaz de dar o nome de pelo menos um carniceiro genocida que não seja o Hitler? Por que o único genocídio considerado realmente trágico é o holocausto? Por que será, hein?

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A sopa ficou ótima!

Postado por leticia em 18:12

26.01.04

Acaba de chegar um SMS

Acaba de chegar um SMS do Mirco, que ta na fisioterapia do joelho:

Sono sbarbato, ma fedorento

(ele fez a barba hoje de manha, depois de dias de relutancia)


Isso é que é vocabulario erudito!

Postado por leticia em 19:49

O site do único cinema de Bastia. Detalhe pra maravilhosa luz da foto do cinema (em Visita Virtuale).

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Fiz sopa de grão-de-bico hoje. Se ficar boa, boto a receita.

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Ontem fiz um almoço brasileiro pra retribuir a gentileza da família sérvia que nos hospedou em Majilovac. Só que, com medo de alguém não gostar do menu, Arianna e Liliana (a tia do Mirco, irmã do Ettore) resolveram complementar o cardápio com simplesmente um ganso recheado, um coelho recheado, e três quilos de patate arrosto. Fora os antipasti.

Meu feijão ficou ótimo, o arroz nem tanto (fiquei com preguiça de medir a água e acabei botando demais, a parte do meio da panela ficou unidos venceremos), a farofa show. Todo mundo bateu um pratão, mas só quem repetiu foi o filho solteirão da Liliana, porque não come nem ganso nem coelho.

Nunca mais cozinho brasileiro pra essa gente, só os viados peruginos me entendem! O jantar que fiz aqui ano passado entrou pra história da gastronomia gay umbra. Neguinho comeu até morrer e não sobrou NADA, e olha que fiz muito de tudo! Mas pros camponeses xenófobos alimentares, não cozinho mais NADA. Gente mais chata, tira todo o tesão da coisa! Me fizeram desperdiçar meu precioso feijão preto comprado em Roma e meio quilo de farinha de mandioca que tenho que me deslocar até Perugia pra comprar. Não faço mais, pronto.

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Faxina Soundtrack

Falamansa – Forró do Bole-Bole
Sugababes – Hole in the Head (ouço 20 vezes seguidas)
Sister Sledge – We Are Family
Anita Ward – Ring My Bell
Supercat – My Girl Josephine
Madonna – Ray of Light
Patrick Hernandez – Born to Be Alive
Doobie Brothers – Long Train Running
Jocelyn Brown – Somebody Else’s Guy
Cher – Believe
Chaka Kahn – I’m Every Woman
Soup Dragons – I’m Free
Elvis Presley – Hound Dog
Cool and the Gang – Get Down On It
Bee Gees – Disco Inferno
Janis Joplin – Try
The Commitments – Nowhere to Run
Elvis Presley & JXL – Little Less Conversation (ouço 18 vezes seguidas)
Sylvester – You Make Me Feel
The Commitments – Too Many Fish In The Sea
The Bangles – Walk Like an Egyptian
The Pretenders – Middle of the Road
K. C. And the Sunshine Band – That’s the Way I Like It
Gloria Gaynor – Never Can Say Goodbye
Ed Motta - Manuel

Meninas, não há teia de aranha no canto do teto do quartinho da máquina de lavar que se salve.

Postado por leticia em 19:48

23.01.04

Que o mundo novelesco brasileiro

Que o mundo novelesco brasileiro anda cada vez mais estranho, eu ja sabia. Mas a coluna Controle Remoto do Globo de hoje (coluna que nunca leio, alias, porque estando por fora da programaçao brasileira nao entendo nada do que é publicado) me assustou:

O fim

Em ‘Kubanacan’, o Esteban falso, na verdade, é Leon, o filho de Rubi que acabou de nascer. Ele voltou do futuro para mudar o curso da história e impedir que Alejandro explodisse o mundo com a Fênix.


Fiquei imaginando o que diabos o autor andou bebendo pra escrever uma porcaria assim. A começar por todos os nomes proprios presentes nesse paragrafo. Titulo incluido.

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Como pra dar apoio moral ao Mirco, que ontem deu uma carada numa parte de um caminhao que um marroquino deixou no meio do caminho e agora ta com a cara cheia de band-aid, hoje dei uma testada violentissima na porta de um dos armarios da cozinha. Na hora vi estrelinhas, e cai sentada no chao chorando de dor. E ainda ganhei um galo e uma ferida sobre o olho direito. Essa mania de me auto-flagelar me tira do sério às vezes.

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Aqui na Italia o Rei Retornou ontem, mas as sessoes tao lotadas e provavelmente so conseguiremos ver o filme amanha à tarde. Muito me espantou esse interesse pelo filme, embora eu saiba que 99,9% da galera que vai ao cinema assisti-lo nunca ouviu falar dos livros, e so vai pra ver o Orlando Bloom mesmo. Ou entao é falta de coisa melhor pra fazer. Lembrem-se de que as opçoes de lazer aqui no interior da Nicaragua sao muito poucas.

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Leiam Tales of the Unexpected. Roald Dahl comanda o batatal, de verdade.

Postado por leticia em 16:36

Fenomenal.

(dica do Cris Dias)

Postado por leticia em 14:36

21.01.04

To testando uma coisa...

Postado por leticia em 19:04

E ontem quem ganhou 38.500 euros no Passaparola foi um cara que participou de duzentos mil puntate (cada episódio de um programa televisivo se chama puntata) no ano passado, mas por causa de um erro teve que abandonar o barco. Depois ele foi conferir e viu que o erro não tinha sido erro, estava certíssimo, e recorreu. Mes passado ele voltou. É muito simpático, apesar de ter uma cara meio de maluco. Todo programa ele canta uma canção de ninar, sempre muito pouco convencional, antes de passar pra última parte do programa, em que há 21 perguntas, cada uma com a resposta começando com uma letra do alfabeto (lembrem-se que em italiano não existe a letra j). O cara acerta as coisas mais cabeludas, não tem pra ninguém! Mas quase sempre fica faltando uminha pra responder. Ontem ele acertou todas as 21, sendo que a última ele papou faltando 5 segundos pro tempo terminar. Tadinho, tava tremendo, e quando acertou a vigésima-primeira começou a chorar.

Não conta pra ninguém não, mas eu chorei também...

Postado por leticia em 17:58

20.01.04

Fiz panquecas pro jantar, receita da vovó:

1 xícara de farinha de trigo
1 xícara e meia de leite
2 ovos
1 colher de sopa de óleo (eu não sei mais comer óleo, só uso azeite)
Sal a gosto

Dá umas 15 panquecas, acho. Digo “acho” porque é a primeira vez que faço panqueca, e minha avo já tinha me advertido que as primeiras sempre ficam espessas demais. Realmente meia concha de massa é suficiente pra fazer uma panqueca beeeem fininha – o lance é ir girando a frigideira, quente mas fora do fogo, pra espalhar bem a massa, e só depois que não sobrar mais nada líquido na frigideira botar a bichinha no fogo. Fui testando as quantidades de massa aos poucos, então as 3 ou 4 primeiras panquecas ficaram super grossas – um desperdício de massa... Com essas espessuras malucas, minha receita deu 12 panquecas.

Fiz recheios diferentes, porque eu não tinha uma quantidade suficiente de nenhum ingrediente. Então fiz algumas de espinafre com ricota, até acabar a ricota que eu tinha na geladeira. Fiz uma de presunto e queijo – só deu uma, porque o resto do presunto tava no congelador. E mais três de cogumelo e iogurte. No fundo das assadeiras, molho de tomate bem temperado. Por cima das panquecas, mais molho de tomate, ao qual juntei um pouco de panna (tipo creme de leite), pra ficar menos tomático e combinar melhor com o espinafre, e também porque senão a panna ia estragar na geladeira; eu quase nunca uso.

Depois digo se ficou bom.

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Já falei aqui que adoro um quiz. Tem um que eu gosto muito aqui na TV, “Passaparola”. É dividido em várias partes, mas a que eu mais gosto é a das palavras difíceis. O apresentador, que é um gordinho simpático, dá uma lista de palavras completamente doidas. Ele dá uma definição, e o participante tem que adivinhar a qual palavra se refere à definição. De vez em quando aparece uma palavra com raiz latina ou grega, e me dá um ódio danado quando neguinho erra. Mas é legal, eu gosto.

Adoro jogos com palavras. Inventei um, aqui no Word. Como não tenho Word em Português instalado, vou adicionando as palavras acentuadas ao dicionário do computador, assim, quando seleciono Portoghese Brasiliano antes de começar um texto, ele acentua automaticamente as palavras já inseridas. O meu jogo é assim: pra aproveitar que a janelinha da adição de palavras está aberta, vou brincando de mudar letras da palavra que estou inserindo, pra tentar formar o máximo de palavras possível (e assim inserir o máximo de palavras de uma só vez). Exemplo bobo: a primeira vez que digitei "mão", fui lá inserir, e depois fui mudando a consoante, fazendo pão, não, tão, cão, dão, vão, e così via. Claro que a coisa vai evoluindo, e palavras como "possível" rendem possíveis, impossível, impossíveis, passível, impassível, etc. Fico horas nessa bobeira...

Postado por leticia em 19:41

casa

E ai vao as fotos do escritorio fatto in casa. Atentem às latas vermelhas que fazem de coluna de sustentaçao pras prateleiras de aluminio.

A porta, com a tal placa do Koala e o poster desenhado pela Newlands pro Fashion Rio. Pendurado na maçaneta, uma coisinha chinesa que ganhamos do restaurante chines onde vamos sempre. Da pra ver a ponta da minha escrivaninha, que o Mirco arredondou porque sabe que eu vivo dando topada, entao pelo menos que sejam topadas em algo nao pontudo, pra reduzir o grau de auto-destruiçao. No chao, arquivos com as faturas da oficina, que estou inserindo no computador.

Essa é a minha scrivania. Na prateleira do alto tem dois origamis que minha amiga Ayako fez, uma foto minha com a Ria, filipina, e Shi-Hong, chinesa, em frente à Università per Stranieri em Perugia, com o arco etrusco no fundo. Diarios e agendas. Um postal da Eurochocolate de 2002 (A Me Non Piace il Cioccolato - quem diz é o Pinocchio, claro), uma foto minha com a Hunka, na formatura dela, e a caixa rosa com coisinhas que nao sei onde botar.

Na prateleira de baixo, alguns livros, um segura-livros com uma bola de aço que o Mirco trouxe da empresa vendedora de ferro onde ele trabalhou por 5 anos, velas, um calendario do courier que trabalhava com a gente na empresa do Chefe Idiota, listas de livros a ler e a comprar espalhados em post-its e folhas impressas, uma caixa de CD-RW, e depois alguns dos feiissimos arquivos (raccoglitori) com meus documentos. Por ultimo, naquela caixona vermelha, traduçoes feitas.

Embaixo, apoiados na escrivaninha: o "almoxarifado" da Ikea, com gavetinhas pra selos, post-its, mouse reserva, mini-lampadas pra mini-luz, também Ikea, que esta logo abaixo do calendario, aparafusada naquele troço de madeira cinza-azulado encostado na parede, estoques de coisas de papelaria, etc. Em cima desse almoxarifado, uma pastinha rosa transparente que é meu porta-correspondencia, e um estojo cheio de canetas coloridas. Continuando em direçao à parede, o porta-correspondencia que virou porta-papel de carta (carta da lettera), blocos (blocchi), envelopes (buste), papel colorido (carta colorata), e apetrechos de escritorio (cartoleria) em geral. Grampeador (cucitrice), fita adesiva (scotch), furador (foratore, buca-buca, il coso che buca), uma almofadinha cheirosa cheia de cravos que o Mirco trouxe da Australia ha muitos anos e me deu de presente, um potinho pra comer sorvete que uso como porta-clips e post-it pequenos, um porta-incenzo azul que comprei na rua do Ouvidor, uma latinha de guarana que tomei na Sérvia (nem preciso dizer que era horrivel), incenso, meu computador velho, que hoje nao uso pra mais nada, mas nunca se sabe.

Espalhados sobre a escrivaninha, meu Moleskine, fotos que nao foram penduradas porque acabaram os imas, um CD que tenho que masterizar pra garota da calça dourada, formularios do banco, e essa coisa estranha plastificada que é a torta al testo que eu tenho que mandar pra Lia.


E o meu quadro de fotos...


E a escrivaninha do Mirco, também atolada de arquivos, almoxarifados, dicionarios, papelada, CDs, cartuchos de reserva pra impressora.


E pronto.

Postado por leticia em 09:41

18.01.04

Hoje tem bicharada, tem sim

Hoje teve festa de Santo Antônio na praça, em frente à igreja de Santa Maria degli Angeli. Tem toda aquela papagaiada de benzer os bichos, dão bandanas pros bichos (claro que não peguei uma pro Leguinho, onde já se viu meu cachorro usando bandana de santo!) e distribuem pane benedetto pra galera. Aliás, o pão era de ontem, duro feito pedra.


O pessoal leva seus bichos pra praça pra abençoar, e leva também carros novos e tratores. Sim, tratores. Mas vamos por partes.

Leguinho não é um cachorro espetacular à toa: é o único cachorro que se auto-leva!


A praça tava lotada de gente. Olha o tratorzão que uma criatura levou pra benzer:


Tinha de tudo: cavalos, gatos, coelhos, passarinhos, peixinhos. Não vi cabritos nem porcos, coisa que, dizem, todo ano tem.


E a cachorrada, claro, em quantidades industriais. Desde os microcães, que decidimos não fotografar, até os imensos e patetas Terranova.


Muitos cachorros pentelhos, agitados e histéricos, como esse poodle mala, o beagle que não parava quieto de jeito nenhum, o Ercole (Hércules), imeeeenso e ferocíiiiissimo cachorro do Roberto, amigo do Mirco.


Claro que os clássicos não podiam faltar: basset hound, pastores alemães, basset, husky siberiano, bulldogs, os labradores da Croce Rossa Italiana (a Cruz Vermelha).


Algumas coisas não-identificadas também:


Esse é o cachorro do Moreno, amigo do Mirco:


E esse é um dogue de Bordeaux, raça que ficou famosa com um comercial de telefone celular, no qual um cachorro desses fala com sotaque napolitano.


Rolaram altas paqueras!


Depois fomos almoçar na Arianna, onde estavam preparando o último porco do inverno. Aliás, essa era uma porca. Almoçamos em meio a salames, presuntos imensos (a porca era meio assim, overweight, sovrappeso, balofa) e pedaços de carne que esperavam seu cruel destino no moedor de carne, pra virar linguiça.

Mais tarde pegamos um DVD (Jet Lag), uns pedaços de pizza al taglio que agora me pesam horrivelmente no estrombo, e mais nada. Domingo de chuva é assim: chato, mas bão.


p.s.: Amanhã boto as fotos do escritório criativérrimo e coloridérrimo. E das minhas meias coloridas, únicos souvenirs que eu trouxe da Sérvia...

Ciao ciao!

Postado por leticia em 21:42

Mr. Crowe

Do jeito que a coisa anda, vou ter que abrir um fã-clube do Legolas…

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Grata surpresa no cinema, quinta-feira à noite. Fomos ver Master and Commander, que era o único em exibição que ainda não tínhamos visto. Mirco dormiu (quando ele tá cansado/estressado/irritado/agitado vamos ao cinema pra ele dormir), mas eu juro que gostei do filme, apesar do Russel Crowe e do assunto do filme – normalmente detesto filmes sobre navios, submarinos, tempestades no mar e coisas do gênero. Mas dessa vez eu gostei. O que é aquele garotinho louro que perde um braço? O QUE É AQUELE DE RABO-DE-CAVALO E CICATRIZ NO ROSTO? Gente, que garoto lindo! Socorro!

Postado por leticia em 09:20

15.01.04

ancora il freddo...

A coisa mais chata do mundo não é aula de matemática. A coisa mais chata do mundo não é filme da Xuxa, nem irmão que acende a luz do quarto enquanto você está dormindo, nem coceira na sola do pé, nem música sérvia. Dividindo o primeiro lugar da lista pacamanquiana de coisas mais chatas do mundo, juntamente com os Brasileiros Chatinhos que Moram na Alemanha e Se Acham OOOOS Alemães estão o frio e a neve.

Ao contrário da Luciana, desde a primeira vez que eu vi neve, já odiei. É bonitinho na hora, mas logo depois as ruas ficam imundas e a neve vira uma coisa cinzenta asquerosa. Fora que toda a complicação que a neve e o frio causam na sua vida já são suficientes, pelo menos pra mim, pra achá-la horrorosa, mesmo antes de virar a coisa cinzenta asquerosa.

Uma vez comentei com o Duduzão que a diferença entre o calorão e o frião é que o calorão te irrita, mas o frião, além de irritar, dói, e muda a sua vida. Pular umas ondinhas, jogar um balde de água na cabeça são suficientes pra aliviar o calor, pelo menos momentaneamente. Mas o frio não se alivia, meus queridos. Estando fora de casa não há modo de escapar, não importa o quanto você esteja bem coberto. Se estiver ventando, então, sai de baixo.

O ar frio corta o seu rosto, deixa a sua pele descascando e os lábios sangrando. Os olhos lacrimejam e o nariz escorre sem parar. As vias aéreas DOEM quando você respira. Suas extremidades (leia-se nariz, orelhas, mãos e pés) doem enquanto estão congeladas e principalmente durante o descongelamento. Uma vez fiz a burrice de entrar em casa num dia muito frio e entrar direto no banho mais ou menos quente. Putz grila, olhei pros meus pobres pezinhos e parecia que eu podia ver todos os capilares enlouquecento, dilatando feito doidos, comprimindo os tecidos adjacentes; a dor, a dor alucinante!!! E as orelhas, quando saem do ambiente gelado pra um ambiente “requentado”? Difícil conter a vontade de segurá-las, porque a sensação é a de que vão cair a qualquer momento.

O frio congela as portas do carro, que ficam difíceis de abrir. Se tiver chovido algumas horas antes, as ruas e estradas congeladas, ou mesmo nevadas, tornam o já pouco simples ato de dirigir (vocês já pararam pra pensar na complicação cerebral-motora que é dirigir? Né coisa fácil não, quéridos!) uma coisa de maluco. Outro dia fomos de carro até o Subasio. Com a Fiat Punto chegamos várias vezes a subir até o alto mesmo, e depois descer pelo outro lado, até Spello – um lindíssimo passeio, diga-se de passagem, com ou sem neve. Mas dessa vez, com a Volvo, que é muito mais pesada, depois de um certo ponto não conseguíamos mais nos mover. As rodas giravam em falso e o carro saiu completamente de controle. Mirco é bom de roda, mas na ladeira congelada não tem piloto que tire a coisa de letra. Levamos séculos pra conseguir virar o carro e descer, e ficamos bem uns 5 minutos atravessados na estrada porque o carro simplesmente quis ficar naquela posição.

No frio cavalar mesmo, até a gasolina congela. Na Sérvia, no caminho de Majilovac ao aeroporto, vimos dois caminhões parados porque o diesel havia congelado. E o freio de mão? Perdi a mania de puxar o freio de mão quando estaciono o carro, agora deixo o bichinho engrenado porque senão na manhã seguinte ele se recusa a sair do lugar.

E as roupas? E a chatura de carregar sempre dúzias de apetrechos a mais pendurados sobre o seu corpo? E o saco que é ter que tirar luvas, chapéu/gorro, cachecol, casaco, malha de lã, toda vez que se entra em um lugar aquecido? E o outro saco que é ter que botar tudo isso de novo quando se sai do lugar aquecido? E os cabelos, que não secam nem com reza forte? (lembrem-se que cabelo ruim e secador são coisas incompatíveis). Eu saio na rua de cabelo molhado mesmo, não tô nem aí. No máximo taco minha boina cinza por cima, mas normalmente não uso nada. Os italianos ficam todos escandalizados achando que eu vou pegar pneumonia.

(E aqui faço um adendo de caráter estritamente pessoal: chapéu é que nem pé, não existe UM bonito sequer).

E as mãos descascando, por mais creme Neutrogena formulado para pescadores noruegueses que eu passe? E a dor nas articulações dos pés, que começa com uma coceirinha básica e depois vira um joanete vermelho?

E a impossibilidade de andar a pé na rua por causa do vento gelado? Essa é a pior. Eu adoro dirigir, mas como toda boa carioca sou acostumada a andar a pé pra lá e pra cá, subindo e descendo a Visconde de Pirajá pra “ver as modas”, parando pra comprar banana no cara que vende fruta na esquina, ou pra tomar um suco de fruta, ou um milkshake de Ovomaltine no Bob’s de Ipanema vendo os pivetinhos encherem o saco dos outros na calçada; correr na Lagoa todo dia, mesmo no inverno; poder parar pra conversar com alguém que encontrei na rua sem ter que fugir pra algum lugar fechado por causa do frio. Essa prisão automobilística é horrível, horrível.

Postado por leticia em 12:15

E as palavras italianas do

E as palavras italianas do dia são:

Paraculo = espertalhão, que passa os outros pra trás
Taroccare = adulterar o resultado de alguma coisa
Prendere per il culo = sacanear, fazer de bobo
Canone = “assinatura” da televisão aberta, obrigatoria

Palavras úteis pra explicar o bafafá que anda rolando por aqui, como bem já cantou a pedra a Simone. Já mencionei aqui, mais de uma vez, o programa Striscia la Notizia, que desmascara magos, sacaneia políticos, atores e qualquer um que seja flagrado fazendo besteira ou fazendo papel de bobo, enfim, revela podres de toda e qualquer natureza. Essa semana resolveram pegar no pé do Paolo Bonolis, que é um dos substitutos da dupla de Striscia, quando saem de férias, e que agora apresenta um programa chatérrimo e sem sentido mas que deu imensa audiência, pela RAI Uno. O programa, que se chama Affari Tuoi (pô, nem sei como traduzir isso... algo como o problema é seu, it’s up to you, it’s not anyone’s business but yours, sei lá), é mais ou menos assim: no começo, há um representante de cada região da Itália. Bonolis faz uma pergunta, sempre absurda (a única vez em que assisti ao programa a pergunta era qual dessas festas regionais era verdadeira: festa da cebola, do peito de frango, do arroz queimado, essas coisas), e quem responde corretamente e mais rápido é escolhido pra participar. Cada participante, e não lembro quantos são no final das contas, tem uma caixa. Quem ficou de fora também tem uma caixa. Cada caixa tem ou um valor em dinheiro, que vai dos dez centavos de euro ao meio milhão de euro, e há algumas caixas com outras coisas inúteis, tipo um ovo cozido, uma berinjela, etc. Basicamente o jogo é uma mistura de perguntas e de opções entre trocar a caixa por uma outra ou não. E o objetivo, obviamente, é abrir, no final do programa, uma caixa que contenha uma boa quantia de dinheiro, em vez de um ovo cozido ou dez centavos.

Pois bem. Striscia descobriu que todos os participantes são atores, que assinam um contrato de 600 euros e renunciando ao eventual prêmio – premio esse que é decidido com muita antecipação, ou seja, a produção do programa já sabe quem vai ser o ganhador do último programa da série.

Striscia fez uma vinheta onde Bonolis aparece com uma linguinha de cobra, e depois o slogan: Paolo Tarocchis, The King of Paraculs. Dei tanta risada quando vi que saiu água mineral do meu nariz.

Esse assunto do programa “taroccato”, ou seja, onde é tudo montado e a produção decide quem e quando ganha o quê, foi puxando outros, e eles foram achando imagens de atores usados em mais de um programa do tipo Marcia Goldstein. Gente que vai pra TV fingir que está lavando roupa suja, mas que participa de outros programas do mesmo tipo, reciclando assim histórias e personagens.

Claro que a gente sabe que é tudo montado, mas uma coisa escandalosa assim, eu só tinha visto no festival de San Remo do ano passado, quando a vencedora já tinha sido escolhida meses antes do festival começar. O mais engraçado é que o pessoal na rua fica indignado, se sentindo “preso per il culo”, principalmente porque o canone, que sempre foi caro, aumenta todo ano: agora custa quase 100 euros anuais. Acho hilário o jeito que os italianos têm de transformar tudo num drama de proporções intergalácticas. Comé que podem levar a sério o que se passa na televisão, principalmente a SBTídica TV italiana? Tô falando sério quando digo que a Itália é o país mais divertido do mundo...

Postado por leticia em 12:14

14.01.04

non si capisce niente

Nao to entendendo esse inverno. Primeiro faz um frio cavalar, depois essas temperaturas invernais cariocas! Hoje sai so de malha de la por cima da blusa, e morri de calor. Fui até correr antes do almoço, de manga curta! Eu to achando otimo, claro, porque odeio frio (falo disso amanha, hoje tenho coisa pra fazer), mas o pessoal, mesmo achando a temperatura agradavel, acha, com razao, que essas perturbaçoes climaticas birutas nao podem ser sinal de boa coisa. Fora o fato que alteram o curso normal das plantaçoes, ou seja, pode ser que esses dias de sol e relativo calor causem problemas aos cultivos de coisas invernais, como o radicchio. Nos, brasileiros, que desconhecemos grandes variaçoes climaticas e por isso nao damos trela ao tempo que faz hoje ou amanha, nao costumamos prestar atençao a essas coisas. O tal do veranico no meio do inverno é so uma encheçao de saco; o calor excessivo num verao particularmente quente é so outra encheçao (pra quem tem que trabalhar, é obvio). Aqui, como em qualquer lugar onde variaçoes climaticas mudam a vida de um pais e de seu povo, a coisa toda ganha outras dimensoes. Engraçado isso.

Postado por leticia em 17:12

Eu ia voltar a escrever sobre os Brasileiros Chatinhos que Moram na Alemanha e Se Acham OOOOS Alemães, que voltaram a atacar, enchendo o saco da coitada da Debora e o meu também, mas não vou não. Cansei de verdade.

A pedidos:

Detalhe que semana passada, levado pelo safado do Demo, meu cachorro foi parar lá no alto de Assis! Relato de Arianna:

"A senhora que os encontrou fez a gentileza de botá-los no carro e levá-los até a estação, perto de casa. Estou eu parada na estação esperando quando vejo um carro com duas pessoas dentro e o Demo atrás. Quando chegou mais perto vi que quem estava no banco do carona não era uma pessoa, mas o Leguinho, todo sério e empertigado."

Esse é o meu cachorro maria-gasolina! :)

Postado por leticia em 09:37

13.01.04

Ah, e ontem finalmente consegui por as maos no ultimo presente da Marcia Aguiar, que tinha mandado o pacote pro endereço velho do escritorio, ou seja, a casa do chefe: Women in Love, de D. H. Lawrence! Adorei, porque do reveillon pra cah jah li o espetacularrrrrrrrrrrr 1984 (George Orwell) e estou na metade de The Scarlet Letter (Nathaniel Hawthorne), e depois nao tenho mais nada pra ler! Esses dois ultimos eu comprei na maior livraria aqui da Zona, com a Carmen, no dia de folga que ganhei quando o pai do Chefe Idiota morreu. Comprei também Charlie and the Chocolate Factory, de um dos meus autores preferidos, Roald Dahl, Atonement, de Ian McEwan, e Animal Farm, também de George Orwell, que eu nunca tinha lido (foi mal, tenho algumas grandes lacunas literarias).

Mas quando eu acabar o Women in Love o que é que eu vou lerrrrrrrrrrrrr?

Postado por leticia em 20:21

12.01.04

Fui despedida hoje, por injustissima causa e pinimba do Chato Bafudo. Achei otimo. Nao tem coisa pior do que passar um terço da sua vida fazendo um trabalho que voce odeia, pra um chefe que voce absolutamente abomina, e ainda por cima ganhando pouco.

Agora é achar outra coisa, preferivelmente part-time, pra poder me dedicar aos estudos. Preciso voltar ao meio academico, vai que essa inguinorança da roça é contagiosa e eu fico monga que nem eles!

Postado por leticia em 19:40

11.01.04

osceno!

Dario Argento, incompetente del cavolo, MA COME CACCHIO FAI A PRESENTARE AL MONDO UNA CAVOLATA COSI' GROSSA COME "IL CARTAIO"? Che figura di merda! E' il film più brutto e stupido che abbia mai visto in vita mia, una grandissima presa per il culo! Ma che pensi, che la gente è stupida? (sì che lo è, ma cazzo, mica così tanto!) E poi in inglese! Ma che, hai intenzione magari di venderlo all'estero? Con quell'audio del cavolo e il probabile inglese del cavolo degli attori di merda? Al cinema brontolavano tutti in continuazione, ne uscivano tutti incazzati, "osceno, osceno", "mamma mia, che figuraccia". Per carità! Un po' più di rispetto per la gente che va al cinema e ti da da mangiare!

Ecco.

Postado por leticia em 03:24

10.01.04

Srbija

Vamos lá.

Como foram oito dias de não fazer absolutamente NADA, nem de ver absolutamente NADA de interessante, não vou fazer um relato da viagem, mas das minhas opiniões sobre a cidade que visitei. Sei que uma cidadezinha de 2000 habitantes, cuja maioria mora em outros países europeus e só volta pra lá no Natal, na Páscoa e no verão, não basta pra julgar um país inteiro. Não conhecemos Belgrado – a neve e o gelo na estrada não permitiram. Dizem que é bonita, mas eu juro que a essa altura do campeonato não acredito.

Vou colocar a pronúncia das palavras entre parênteses. A sílaba tônica, quando eu souber qual é, evidencio em negrito.

O lugar

Pra quem não lembra, a Sérvia é um dos muitos países fodidos que apareceram depois da fragmentação da ex-Iugoslávia. Os outros países são Croácia, Montenegro, Macedonia, Bósnia Herzegovina, e Eslovênia. A Croácia parece ser o mais civilizado, provavelmente porque tem uma longa costa, que é destino de férias de muitos italianos. Boa parte desse litoral croata um dia pertenceu à república de Venezia, e muitas cidades têm nomes em italiano.

Sérvia, na língua eslava, se diz Srbija (Srbía).

Nós ficamos em Majilovac (Maiílovats), a uma hora de Belgrado. Tem uma rua principal, dois bares, dois mercadinhos, um cemitério, e mais nada. A rua principal é a única asfaltada; todas as outras são um lamaçal só, e impraticáveis a pé. As casas são grandes, muito grandes, espalhafatosas, cafonamente luxuosas. Todas pertencem a gente que deixou a Sérvia e mora na Itália, na Áustria, na Alemanha. Os muros e cercas são TODOS, TODOS tortos, em pelo menos uma das três dimensões.

Eu lembro que achava as casas estranhas mas custei a entender o que estava errado: há um excesso de janelas, de colunas, arcos, varandas, meias-águas. Parece que há uma competição entre os vizinhos: aaaah, a minha casa tem mais janelas que a suaaaaaa... As cores? Vimos casas azuis, amarelo-canário, rosa, lilás. LILÁS.

São todas casas complicadas; as janelas são desniveladas, denunciando a quantidade de andares dispostos loucamente dentro das casas. Tem sempre um anexo, um andar adicionado depois da casa pronta, uma outra casinha dentro do quintal, essas coisas estranhas. Mil portas, portinhas, corredores, escadas, passagens.

Os carros são todos velhos, a não ser os do pessoal que mora fora, e os melhores têm placa da Áustria. Ninguém usa cinto de segurança.

Fuma-se em tudo que é lugar, até no cinema – ah, não, no cinema só é permitido fumar nos intervalos... Como se a fumaça não ficasse ali acumulando. Coisa ridícula. Fumante é idiota em qualquer lugar do mundo. Não há sistema de circulação de ar em lugar nenhum. Do lado de fora do bar não é possivel reconhecer quem está dentro, por causa da fumaça. Dois minutos são o suficiente pros olhos começarem a lacrimejar (nós contamos o tempo, não é paranóia anti-tabagista minha). Respirei mais fumaça nesses 8 dias do que em toda a minha vida.

O lugar civilizado mais próximo é Požarevac (Pojarevats; o ž tem um som entre o z e o j), a 17 quilômetros de Majilovac, e cidade natal do Milosevic.

A cidade é grandinha, tem um pouco de tudo – pouco mesmo. As ruas SEMPRE enlamaçadas, mesmo as asfaltadas. As lojas são de uma cafonice ímpar, não importa o que vendam: móveis, eletrodomésticos, roupas, joias, é tudo horroroso. As vitrines são todas empoeiradas, os logotipos e as fontes são antiquados, é um lugar que parou no tempo.

O único cinema não é exatamente um cinema, mas uma locadora de vídeo, aliás bem completinha, com uma pequena sala de projeção. Mostram um filme por semana, e há poltronas com mesinhas onde você pode comer e beber enquanto assiste ao filme. Saída de segurança? Nem pensar. Três blackouts enquanto assistíamos a Scary Movie 3. O filme da semana que vem é o Retorno do Rei – o rei só nao retornou ainda aqui no Burundi, impressionante. Só dia 22 mesmo.

Indo na direção oposta, há uma outra cidadezinha chamada Veliko Gradište (velico gradishte), que é bem mais bonitinha, mas não tem praticamente nada além de uma bela vista pro Danúbio e pra Romênia, ali pertinho. Ali perto há um lago, Srebrno Jezero (lago de prata, srebrno iezero), com muitas mansões de verão em volta, bares, restaurantes, hotéis, que teoricamente ficam lotados durante o verão. O lago é artificial, formado a partir de um desvio do Danúbio, que passa por Belgrado e por várias cidadezinhas do interior.

Mirco foi cortar o cabelo e fazer a barba duas vezes em Gradište. O barbeiro tem um quiosque com duas cadeiras e uma pia (não cuba pra lavar a cabeça, pia mesmo). Há duas ajudantes, que estão ali pra aprender a profissão. Há três cadeiras pra quem está esperando a sua vez. Fuma-se o tempo todo. Enquanto esperamos, fomos tomar um café no bar-hotel Vegas, de propriedade de mafiosos locais. Quando chegou a nossa vez, a estagiária mais nova atravessou a rua e veio nos chamar. O cara trabalha rápido, é muito eficiente, e só cobra 110 Dinar (mais ou menos 3 euros).


A língua

Eles falam uma língua eslava, difícil de explicar com que coisa se parece. Muitas palavras terminadas em vogal, mas também muitos encontros consonantais malucos, pra nós impronunciáveis. Escreve-se tanto em alfabeto latino, com aqueles acentos doidos sobre (ou sob) as consoantes, lembrando o turco, quanto em alfabeto cirílico, que é belíssimo. A língua eslava não tem nada a ver com o russo, mas a maioria da população entende russo porque foi obrigada a estudá-lo por 4 anos na escola.

Pequeno micro-mini-dicionário sintético-reduzido sérvio-português:

Da – sim
Ne (né) – não
Živeli (jiveli) – tchin tchin (eles brindam O TEMPO TODO)
Polako – devagar
Malo – pouco
Veliko – grande
Kokoska – galinha
Porcil – porco
Hvala (rvala) – obrigado

...continua...

Postado por leticia em 10:04

09.01.04

Dia longo, tempo curto, dor de cabeça incapacitante, pés gelados, cabelos curtos, farinha de mandioca comprada. O post sérvio fica pra amanha.

Postado por leticia em 19:58

Ainda hoje, se meu dia render como eu espero que renda porque tenho muito o que fazer:

- fotos das prateleiras de lata no escritorio de casa
- o relato das emocionantes (cof cof) férias na Sérvia
- fotos das emocionantes férias na Sérvia

Adianto uma informaçao importante, pra voces terem uma idéia do que foram esses 8 dias em Majilovac: a casa da familia que nos hospedou tinha um LEOPARDO E UM DALMATA DE PORCELANA no armario de plastico imitando madeira.

E agora, com licença, tenho correios, banco, supermercado, depiladora, esticadora de cabelos e farmacia pra ir.

Postado por leticia em 08:32