and now to something completely different

Olha, esse povo zen me tira do sério. Vocês acham (aham dona Alice) que eu sou muito radical, mas eu não tenho ideias radicais, o lance é que defendo radicalmente as ideias que eu considero corretas. Vejam só se neguinho não anda levando esse negócio de vida alternativa e natureba muito a sério: num grupo que acompanho no Facebook porque volta e meia aparece alguma coisa interessante, alguém abriu um thread perguntando aos outros se viam algum problema em deixar o filho “smash” um montinho de batata-doce amassada em vez de bolo na sua festa de aniversário de um ano, porque ela é “contra o açúcar”. Cara, na boa, eu mandar essa mulher tomar no cu pra deixar de ser mala sem alça é ser radical? Ou radical é ela e por isso mesmo é uma mala? Eu não tenho tolerância com gente intolerante, infelizmente. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra, né não? Tento não comer (nem dar à Carol) coisas horrorosas cheias de açúcar, gordura trans e coisa e tal, mas não posso deixar que isso governe a minha vida, né não? Sou patrulheira da gramática e de nada mais.

Então vamos mudar de assunto porque não tenho saco pra discutir parto com quem não entende nada do assunto e entra em transe sexual quando está parindo; se tem uma coisa que eu detesto é riponga era de aquário.

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Estou lendo um livro que o meu amigo Marc, ítalo-americano e referente do círculo de Perugia da UAAR, me recomendou. Tenho com ele as conversas mais interessantes da minha vida, atualmente; passamos de filologia a filosofia e história com a maior naturalidade, e como lemos coisas muito diferentes, embora tenhamos muitos interesses em comum, acabo sempre aprendendo alguma coisa com ele (e ele comigo, espero). O último livro que ele me recomendou foi esse, The Swerve, que fala da importância da redescoberta de um poema de Lucrécio que aparentemente mudou o rumo de hm, tudo. Ainda estou bem no comecinho, e é prosa interessante e bem escrita mas que tem que ser lida com atenção, mas já sublinhei várias coisas. A julgar pelo rumo que o livro está tomando e pelo resumo que o Marc me deu, é uma versão singular do How the Irish Saved Civilization, que eu AMO de paixão e vivo relendo. A história desse poema, em particular, é bem interessante, e acaba caindo no lance do quanto a religião é absolutamente desnecessária se simplesmente aceitarmos que somos pó de estrelas e isso deveria dar e sobrar, mas quando terminar o livro vou ter mais detalhes pra comentar esse aspecto específico do livro. Enquanto isso copio aqui dois parágrafos que sublinhei integralmente agora há pouco.

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Benedict did not absolutely prohibit commentary on the sacred texts that were read aloud, but he wanted to restrict its source: “The superior”, the Rule allows, “may wish to say a few words of instruction”. Those words were not to be questioned or contradicted, and indeed all contention was in principle to be suppressed. As the listing of punishments in the influential rule of the Irish monk Columbanus (born in the year Benedict died) makes clear, lively debate, intellectual or otherwise, was forbidden. To the monk who has dared to contradict a fellow monk with such words as “It is not as you say”, there is a heavy penalty: “an imposition of silence or fifty blows.” The high walls that hedged about the mental life of the monks – the imposition of silence, the prohibition of questioning, the punishing of debate with slaps or blows of the whip – were all meant to affirm unambiguously that these pious communities were the opposite of the philosophical academies of Greece or Rome, places that had thrived upon the spirit of contradiction and cultivated a restless, wide-ranging curiosity.

All the same, monastic rules did require reading, and that was enough to set in motion an extraordinary chain of consequences. Reading was not optional or desirable or recommended; in a community that took its obligation with deadly seriousness, reading was obligatory. And reading required books. Books that were opened again and again eventually fell apart, however carefully they were handled. Therefore, almost inadvertently, monastic rules necessitated that monks repeatedly purchase or acquire books. In the course of the vicious Gothic Wars of the mid-sixth century and their still more miserable aftermath, the last commercial workshops of book production folded, and the vestiges of the book market fell apart. Therefore, again almsot inadvertently, monastic rules necessitated that monks carefully preserve and copy those books that they already possessed. But all trade with the papyrus makers of Egypt had long vanished, and in the absence of a commercial book market, the commercial industry for converting animal skins to writing surfaces had fallen into abeyance. Therefore, once again almost inadvertently, monastic rules necessitated that monks learn the laborious art of making parchment and salvaging existing parchment. Without wishing to emulate the pagan elites by placing books or writing at the center of society, without affirming the importance of rhetoric or grammar, without prizing either learning or debate, monks nonetheless became the principal readers, librarians, book preservers and book producers of the Western world.

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É ou não é interessante pacas?

6 ideias sobre “and now to something completely different

  1. Irado! Vale pensar se os monges teriam este papel se não fossem “autômatos” de uma ordem tão rígida. Há males que vem para bem…

    Vou colocar na wishlist, valeu!

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