que parto

A Fabiola postou esse vídeo aqui hoje, que me deixou em lágrimas.

Chorei porque detesto ouvir gente contando que foi tratada mal por médicos e enfermeiros em um momento tão significativo. Mas acho que neguinho anda exagerando muito com esse negócio de “o parto é da mulher”, “parto ideal” e coisa e tal.

Vamos combinar uma coisa? O parto humano NÃO é legal. Ponto. Não cabe subjetividade aqui. Não é legal por um motivo muito simples: somos os únicos mamíferos que andam em posição ereta. Nossos cérebros se desenvolveram, precisávamos das mãos livres pra fazer coisas maneiras como temperar a carne assada, enfiar miçangas e bater no tambor, tivemos que ficar em pé. Mas a nossa esperteza aumentou muito mais rapidamente do que a nossa bacia foi capaz de se adaptar, de modo que hoje nós humanas sofremos o diabo a quatro pra parir, enquanto que todas as outras mamíferas vão ali, dão umas voltinhas, aparecem as perninhas do rebento e em dois minutos pluft, caiu no chão um filhote inteirinho e todo pimpão, que logo logo fica em pé e sai pulando sobre a crosta terrestre. O parto humano é uma merda. Cheio de fluidos nojentos – tem líquido amniótico, tem xixi, tem cocô, tem sangue, tem pedaço de placenta. No-jo. Quem fala que parto é uma coisa linda ESTÁ MENTINDO – ou pra si mesmo ou pros outros, pra parecer cool. O que é lindo é o neném que nasce, é o ato de dar vida a um outro ser humano, mas o processo todo até chegar lá é abominável e incrivelmente doloroso. Ou alguém acha que cagar na cara do obstetra é suuuuuper legal? Que é uma coisa linda escancarar as pernas ou acocorar pra criança sair? Que é o maior barato dar luz à placenta? Isso pra não falar nas complicações. Quem falar que parto é uma coisa natural só não vai levar uma trauletada porque claramente nunca estudou obstetrícia. Se o parto humano fosse uma coisa “naturalmente fácil” não haveria uma altíssima taxa de mortalidade de mulheres no parto em países sub, até hoje, e no mundo inteiro, ao longo da história da humanidade. Vai lá ver se tem vaca toda hora morrendo de parto. Tem não senhor. Claro que tem gente que tem partos mais lights – o meu, que foi relativamente light, já doeu pra cacete, imagina quem fica sei lá quantas horas ou dias em trabalho de parto. Mas a maioria sofre, porque contração DÓI para caráleo. Dói, dói, dói. As minhas duraram só umas quatro horas e mesmo assim pedi epidural, por um motivo muito simples: ninguém merece.

Olha só: dor é um sintoma. Sentir dor não enobrece porque a dor não serve pra absolutamente nada a não ser pra avisar que há alguma coisa muito errada acontecendo em alguma parte do seu corpo (se o que acontecer depois dessa dor vai ser positivo ou não é indiferente; seus receptores pra dor são democráticos e não fazem distinção). Todo o respeito do mundo por quem tem alta resistência à dor, dilata rápido e por isso prefere encarar sem anestesia, ou por quem tem fobia de agulha. Um pouco menos por quem acha que tem que sofrer pra “estar presente naquele momento”, porque acha que é mais mãe se sentir tudo, porque sei lá o quê. Eu não teria feito a menor questão de estar presente no meu próprio parto, se tivesse sido possível; só queria pegar a minha filha no colo assim que ela nascesse, mas não preciso sentir dor – nem as pernas – pra isso. Eu quero estar presente na vida dela, na educação dela. Se a mãe estava acordada ou não quando o filho nasceu não vai fazer a menor diferença na vida da criança, e sinceramente não vejo por que deveria fazer diferença na vida da mãe. Aliás, acho até que parto voluntariamente com dor tem consequências psicológicas a longo prazo bem negativas, porque EM ALGUM MOMENTO esse sacrifício todo vai aparecer e ser devidamente jogado na cara. Ou vão dizer que nunca ouviram uma mãe falar pro filho “puxa vida, eu aguentei nove meses de gravidez, X horas de trabalho de parto pra você agora me tratar assim?”. Minha mãe nunca me disse isso, mas eu já perdi a conta das vezes em que ouvi outras mulheres falando coisas desse tipo. Coisas que nunca, jamais deveriam ser faladas, sabe. Sentidas, sim, normal; mas faladas, não. Nunca. Mas na hora em que o calo aperta a gente bota o ressentimento pra fora, porque somos humanos. Então um grande viva ao parto sem dor. Detesto masoquismo.

Aí entra o lance da cesariana. Faz-se cesariana demais no Brasil? Não há dúvidas. O parto cesáreo é esse bicho de sete cabeças que neguinho fala? Nem de longe. Então por que essa choração toda se não deu tempo de fazer normal e teve que rolar cesáreo? Em outras palavras, WHAT THE FUCK é a diferença? A criança nasceu? Nasceu bem? Nasceu com saúde, Apgar maneiro, foi logo pro colo da mãe? Então neguinho está reclamando do quê??? Porque lhe foi negada a escolha? Pode ser; também fico puta quando não posso escolher. Mas a mulherada está levando essa parada ao extremo. Tem horas que parto normal simplesmente não é a melhor alternativa (se ainda não entendeu que o termo “normal” é completamente enganoso, volte e leia lá a parte das vacas), e a famosa escolha à qual elas acham que têm direito simplesmente não existe. Fico puta com histórias como a que uma das entrevistadas relatou – o médico marcou a cesárea pras cinco da manhã porque ele queria ir à praia depois. Pelotão de fuzilamento pra esse desgraçado. Sou contra cesárea com hora marcada, mas não sou contra cesárea. Acho inclusive mais civilizado, se vocês querem saber. Na verdade o que me deixou muito puta nesse lance toda desse vídeo foi a falta de respeito generalizada comum a todas essas histórias. A mulher que foi largada na sala de parto sozinha por três horas me deixou soluçando. O médico que entra na sala pra fazer um parto e não sabe o nome da paciente é um filho da puta. Mas tem horas que realmente só o médico sabe qual é a alternativa melhor, e nessa hora não dá mesmo pra ficar discutindo alternativas, de modo que cada caso é um caso e que o termo “violência obstétrica” não se encaixa em todas as situações. Pra quem quer uma analogia, normalmente pacientes leigos, por mais bem informados que sejam, não ficam discutindo técnica operatória com o cirurgião que vai lhes tirar um tumor/cisto/pinta/catarata/unha encravada. Acredito que informar e tratar com gentileza são coisas cruciais, e o oposto disso é, sim, uma forma de violência (leia-se abuso de autoridade, complexo de jaleco, como quiserdes), mas deixar a escolha nas mãos do paciente leigo, que aparentemente é o que neguinho quer, pelos comentários que leio por aí, já é um pouco demais.

Essa história toda rendeu um breve thread no FB (quem quiser seguir dê uma olhada aqui) com um ponto de vista muito interessante da Amandita. Se as mulheres fossem melhor informadas sobre o que é a gravidez e como é um parto provavelmente não haveria esse debate todo, esses extremismos todos e esses traumas todos. E eu teria que aturar muito menos gente falando que gravidez e parto são coisas lindas. Porque gravidez é outra coisa altamente idealizada, né. A percentagem de mulheres com gestações ultra light é minúscula. Os sintomas mais comuns da gravidez incluem dor nos peitos, enjoo, vômitos, prisão de ventre, hemorróidas, varizes, burrice temporária (baby brain), excesso de emotividade, azia, insônia, sono durante o dia, edema generalizado, prurido (perguntem à Fabiola), aumento definitivo do tamanho dos pés, dor nas costas, hipersensibilidade a certos cheiros, gases e meteorismo, entre outros. Quero ver alguém ter coragem de dizer que passar quase um ano – porque estamos falando de 40 semanas marromeno; quase um ano, portanto – sentindo pelo menos uma dessas coisas é legal. Olha só, o que eu estou dizendo é que uma coisa é dizer “vale a pena passar um ano inchada, arrotando, enjoada, fazendo xixi a cada meia hora, com os peitos doendo e vomitando, faço tudo pelo meu filho” e outra, completamente diferente, é juntar as mãozinhas e recitar “ai, gravidez é uma coisa tão linda”. Façam-me o favor, né. Tanto não são coisas legais, gravidez e parto, que o nosso cérebro faz com que a gente se esqueça da intensidade das sensações desagradáveis desses dois eventos, porque senão mulher nenhuma teria mais que um filho. Tem que ser muito cara-de-pau pra dizer que a-do-rou ficar grávida. Eu achei maneiro o ato de estar dando origem a uma nova vida, porque realmente é muito maneiro, inclusive do ponto de vista biológico, mas todo o resto é só um grandíssimo pé no saco, e não deixa de ser pé no saco só porque o objetivo é a coisa mais linda do universo (porque todos os filhos são, claro). Eu acho que não é um conceito muito difícil de entender, mas eu tendo a fazer contorcionismos mentais meio bizarros. Bear with me please.

65 ideias sobre “que parto

  1. Depois de três partos distintos posso confirmar aquilo que todo mundo devia estar cansado de saber, mas que finge esquecer: parto tem começo, meio e fim, é importante, mas mais ainda é o resultado que é para a vida inteira. Eu tive dois partos vaginais e uma cesarea. Já fui criticada pelos trees e sofri muito carreganuma culpa muito injusta dentro de mim. Penei no Brasil para encontrar uma médica que não iria marcar cesarea so ouvir do meu útero bicorno… Felizmente encontrei uma médica excelente e tive o meu parto com anestesia… Quando relatei a minha historia em um grupo de discussao me perguntaram qual o nome da minha medica para poder colocá-la numa espécie de lista negra! Não dei, fiquei super chateada e carreguei isso comigo durante muito tempo…
    Ñ me venham falar em medicos que não respeitam as mulheres vocês mulheres que não respeitam a si proprias. Leticia, voce disse o que muitas gostariam de ter dito, mad que em epocas de tanta patrulha não conseguem dizer..

  2. Putz, perdi o balacobaco todo aqui… Tinha lido o seu texto e gostado. Mas nao vou opinar por que nao encarei nem gestaçao (só de pensar em gravidez tinha arrepio). Adotei duas crianças e elas sao minhas cem por cento (nenhum de nós sentiu falta do parto na relaçao), a gente até simula um na brincadeira debaixo das cobertas, e nao dói nada…. hahahah….

  3. O povo da seita do parto normal em peso escrevendo comentário do tamanho de post.
    Tão a favor disso ou daquilo, tão animadas em cagar regras sobre como uma mulher tem de sentir que esquecem que a maior forma de respeito que existe é a de respeitar como uma mulher se sente em relação ao parto normal. E o seu direito de escolha. E a sua opinião sobre o mesmo.
    E vêm.com raciocínios simplistas do tipo – “é só fazer direito, com amor e carinho que dá certo”. Como se. As mulheres que morrem em trabalho de parto são o quê, um mero acidente que podia ser evitado?
    É como a seita da amamentação. O povo que faz essas odes cafonas, pseudo-hippies, ao corpo, ao sexo, mas é o mais intolerante de todos.
    Cada corpo é um corpo, cada cabeça uma sentença.

    • Daniela, Falou tudo! Tive amigas que tiveram cesárea e ficaram desoladas, eu as consolei, dizendo que tinha uma vida inteira pela frente para ser maes, estabelecer uma relaçao com a criança etc e tal. Outras nao conseguiram amamentar, foram quase crucificadas. Eu as consolei também, pois acho que amamentar deve ser bom (eu nao vivi isso), mas também nao amamentar nunca matou ninguém. Cada um com seu esquema! Nessas questoes às vezes falta é respeito pela opiniao alheia e pela decisao tomada. Mas a vida nao é só certo ou errado, bom ou mau, entao prefiro viver a minha e nao sair julgando os outros.

  4. Leticia…te admiro..Quanta gente hipocrita e demagoga nesse mundo meu deus!! E o mais interessante e que a maioria segue um trend, so pq esta na moda. Agra virou” moda” ser contra a cesaria.. Fala serio!!!

  5. Leticia, também sou médica e também como você tive um parto normal, tradicionalzão, hospitalar e fiquei satisfeita porque era só essa minha expectativa. Minha filha nasceu bem e assim estava ótimo.
    Nessa época eu ja tinha um pouco de contato com essa mulherada exagerada da humanização que tentava me convencer a querer mais do meu parto, eu não entendia porque.
    Na época me diziam que eu um Big Mac também mata a fome, mas vale a pena quando se pode ter um banquete de uma culinária mais sofisticada?
    Aos poucos fui tendo mais contato e comecei a acreditar que sim, existem mulheres tendo experiências bacanas de parto! Mentira? Confortável pensar dessa forma.
    Você não precisa acreditar em mim. Mas fica a dica: não sabe o que ta perdendo.
    Quanto a teu comentário pra Ligia, perguntando sobre quem falou de sexo. A questão ta justamente aí. Quando a gente pensa sexualidade feminina além de silicone e depilação a coisa fica muuuuuito mais interessante.
    Mas isso só as poderosas podem entender.

  6. Fala sério, as mulheres deveriam se unir para exigir do sistema de saúde um tratamento digno, desde o pré-natal até o pós-parto. Nascemos mulheres com a condição de parir (salvo exeções) infelizmente no Brasil o parto é tratado como uma coisa ruim, e a sua descrição pode ser real, mas é a SUA realidade, não generaliza. Toda generalização é errada, ainda mais baseada em uma única experiência.
    Conheço várias mulheres que viveram uma ótima experiencia durante o parto, mas para isto tiveram um tratamento digno, respeitoso e ACIMA DE QUALQUER COISA: respeitando o processo fisiológico e com intervenções apenas quando necessário.

    • O meu parto, pra ser um parto, foi ótimo: senti relativamente pouca dor porque fizeram uma ótima epidural, o trabalho durou pouco e o pessoal do hospital foi muito solícito e agradável (com a exceção do ginecologista, que segundo a obstetra é um cara detestado no hospital inteiro, logo não foi só impressão minha). Como eu só queria que a minha filha nascesse saudável, isso não me abalou. O que eu estou dizendo é que parto é uma merda, até mesmo quando não é um horror. O meu não foi um horror, definitivamente, e mesmo assim acho que foi uma merda, por todos os motivos que eu já citei. Por favor leia de novo a história da vaca. Nenhuma outra espécie de mamíferos sofre tanto pra parir. Algum motivo deve ter, concorda? E não se usa o termo “trabalho” de parto à toa. Nem a expressão “caraca, foi um parto!” pra descrever uma coisa longa, trabalhosa e difícil.

      • hum, tá, mesmo assim parto não é uma “merda”, talvez seria melhor dizer que o parto humano é difícil. Este texto tem uma visão diferente que acho interessante
        Via: Mariana Castello Branco
        A Partolândia

        Existe um lugar secreto pra onde podemos ir. É um lugar pouco divulgado, antes mais pessoas visitavam, hoje apenas uma minoria tem a oportunidade de ir até lá. Mas todas as pessoas que já foram costumam descrever-lo como um lugar mágico.

        … Eu mesma nunca tinha ouvido falar. Depois que comecei a freqüentar grupos de mulheres que relatavam seus partos passei a ouvir a tal frase misteriosa: “então entrei na partolândia” e eu me perguntava: “que raio é esse de partolândia? Como se faz pra ir até lá? Pra quê ir até lá? O que tem lá?”.

        Pra variar, fui estudar o assunto e descobri um mundo à parte. A verdade é que a partolândia tem vários endereços. Ela está dentro de cada fêmea deste mundo. Não é feita de conceito, não tem forma definida, não é construída através de cultura ou criação. Ela simplesmente está lá. E não requer exercícios específicos, treinamentos pra saber entrar nela. Nem se trata de um privilégio pra poucas. Sendo uma mulher prestes a parir, já é suficiente pra se ter o ingresso nas mãos.

        O problema é que hoje em dia há trombadinhas especialistas em roubar tal ingresso das mãos de mulheres em trabalho de parto. Nem sempre esses trombadinhas são pessoas necessariamente. Algumas mulheres chegam a entrar na partolândia e são arrancadas de lá. Outras nem chegam a conhecer esse maravilhoso lugar e nem ficam sabendo de sua existência. Na verdade, alguns trombadinhas são bem intencionados, mas por não saberem da existência da partolândia e suas maravilhas, num ato que acreditam ser benéfico acabam tirando essa oportunidade da parturiente.

        Hoje em dia o maior medo de uma gestante é o de sentir muita dor no trabalho de parto. É um pavor que vem sendo cultivado pela nossa sociedade através de uma catequização constante de que o parto é sofrido e doloroso. Vemos mulheres sofrendo horrores no parto em novelas, filmes e até programas de TV que prometem mostrar um parto real. Quantas vezes assisti a partos Frank (frankstein) no Discovery Home & Health com mulheres urrando de dor em posição frango assado suplicando pela anestesia com médicos e enfermeiras ao seu redor fazendo toque a todo momento pra saber a quantas anda a dilatação e falando o tempo todo com essa mulher: “vamos, faça força! Respira! Vamos! De novo! No 3 hein! 1-2-3, forçaaa!”. A coitada lá, suando, fazendo respiração cachorrinho quando de repente vem um anestesista e acaba com o sofrimento. Ela continua fazendo força, mas agora não se sabe por que o bebê não sai. Gritam com ela: “você não está fazendo força o suficiente! Vamos, força!”. O bebê então entra em sofrimento fetal visto através dos batimentos cardíacos no cardiotoco ligado desde o momento em que a mãe chegou na maternidade. O médico apela pro fórceps de alívio. Algumas vezes dá certo, outras não e a cesariana finalmente salva a vida do bebê. Em novelas da Globo é comum ver mulheres com um pano na boca pra morder de tanta dor, gritando e uma parteira molhando uma compressa (que até hoje não sei pra que serve) numa bacia de água. Essas verdadeiras visões do inferno contribuem pra que se propague cada vez mais uma visão negativa e aterrorizante de um evento natural, fisiológico e cheio de significado na vida de um ser-humano.

        O medo da dor é reforçado através de relatos tenebrosos de parto normal que sempre culminam em tragédias. Depois de muito sofrimento materno, a maioria deles termina em crianças com retardo mental por falta de oxigenação, morte por enforcamento pelo cordão umbilical, morte por decapitação pelo fórceps e outras atrocidades. Geralmente as explicações são associadas ao corpo da mãe que não se comportou como deveria ou por ser defeituoso (falta de abertura, falta de dilatação, força insuficiente) ou como se fosse traiçoeiro (o bebê passou do tempo e começou a sofrer dentro da mãe, por exemplo). Mas tudo isso eu já falei em posts anteriores. O problema é que essa dor horrenda e esses episódios de sofrimento materno e fetal têm em 99% dos casos alguns fatores em comum que são ignorados pela maioria: ocorrem em maternidades, são explicados e registrados em prontuários por médicos e a mulher encontra-se em uma situação sempre semelhante: rodeada de pessoas (em sua maioria desconhecidas), num ambiente frio com luz forte, posição frango assado, restringida, etc. E a grande maioria não conhece a partolândia.

        Seria o caso de perguntar: o que o hospital/maternidade tem a ver com o sofrimento, com a dor com o fato dessas mulheres não conhecerem a partolândia? O que a falta da partolândia tem a ver com o sofrimento? Afinal de contas…o que é essa partolândia?!? Então vamos nos aprofundar mais nisso.

        O ser humano tem o cérebro mais avançado do reino animal. Isso se deve à formação do neocórtex, uma camada fina encontrada em volta do cérebro. O neocortex é responsável pelos pensamentos, pelo raciocínio. Abaixo do cérebro temos uma glândula famosa chamada hipotálamo. Ele é responsável pelo comportamento instintivo de todos os animais, inclusive nós humanos. Controla o sistema involuntário que mantém a temperatura, produz a fome quando precisamos nos alimentar secretando hormônios que atuam nas glândulas supra-renais. As supra-renais liberam outros hormônios que atuam diretamente no nosso comportamento em diferentes situações. Portanto, é o Hipotálamos que desencadeia processos primordiais para a continuação da espécie.

        Para preservar a espécie, somos levados a dormir, acordar, caçar (na antiguidade), comer, beber, fazer necessidades, fazer sexo, gestar, parir, cuidar das crias, defender-se, fugir do perigo, etc. Cada comportamento é regido por uma cascata de hormônios e neurotransmissores (substâncias cerebrais) que em algumas circunstâncias podem ter sua secreção prejudicada pela ativação inadequada do neocortex.
        O neocortex é ativado através de estímulos externos que levam o individuo à situação de alerta, como a necessidade de raciocinar. Perguntas, luz forte, ser observado, etc. Quando o neocortex é ativado, o hipotálamo pode sofrer um rebaixamento de sua atividade. Outras vezes, a ativação do neocortex leva a uma interpretação da situação que exige que o hipotálamo secrete uma substância contrária à que estava sendo secretada anteriormente. Por exemplo: uma substância secretada no estado de relaxamento que pode levar ao êxtase ou ao sono pode ser interrompida por um barulho que é interpretado como perigo levando o individuo a secretar adrenalina. O mesmo ocorre quando se é tocado repentinamente ou quando algo nos estressa. Pode ser o apito de uma máquina que verifica os batimentos cardíacos, a cara de preocupação do médico, uma enfermeira irritante, o marido nervoso, a sogra apavorada.

        Então imaginemos uma pessoa adormecendo. Ela repousa num ambiente tranqüilo, com pouca ou nenhuma luz, silencioso ou com um som de fundo quase que hipnótico, ela vai se desligando dos problemas, dos pensamentos, entrando num estado de consciência completamente diferente como se mergulhasse em si mesma e finalmente dorme. A partir daí passa por vários estágios do sono a começar por alpha, que serão repetidos algumas vezes durante esse período de descanso. Com certeza se ocorrer um barulho, se acenderem uma luz forte na cara dessa pessoa, se tocarem nela principalmente de forma abrupta, se começar a fazer muito frio, se começarem a fazer perguntas ou se ela se sentir observada, seu estado muda automaticamente para a vigília e o sono é interrompido. E assim é um trabalho de parto (TP).

        O TP deve ser comparado às necessidades básicas (principalmente dormir e fazer sexo) porque é igualmente regido pelo hipotálamo. Quando nos deixamos levar pelo TP em si sem nenhuma interrupção externa, sem nenhuma intervenção, somos automaticamente levadas á partolândia. Portanto, a partolândia nada mais é do que um estado de consciência que permite à mulher se comportar de maneira instintiva. A introspecção é o primeiro sintoma e isso pode começar dias antes quando a mulher começa a não querer participar de eventos coletivos e prefere ficar em um ambiente que julga seguro (na maioria das vezes sua própria casa) esperando a hora chegar. Quando o TP se inicia, a introspecção começa a ficar mais evidente mostrando a necessidade de fazer uma viagem para dentro de si.

        Em muitos relatos de parto natural (sem intervenções) observo que as mulheres começam contando detalhadamente cada acontecimento e conforme o relato é desenvolvido, os detalhes vão se perdendo. Isso se deve à mudança de estado de consciência dessas mulheres que acabam por se desligar do mundo externo e entrar na partolândia onde apenas sensações são registradas e os pensamentos são quase inexistentes. Muitas vezes não se lembram quem estava presente, o que falaram. Apenas as sensações são descritas e eu nunca li ou ouvi nada parecido com sofrimento. Assim como quando dormimos ou temos um sexo satisfatório que nos leva a um orgasmo.

        Há tempos já se sabe as principais substâncias secretadas durante a estadia na partolândia. No entanto, sabia-se apenas suas funções fisiológicas e que suas quantidades se modificam em cada estágio do TP. A ocitocina é responsável pela contração e a dilatação uterina. É a primeira a ser secretada no TP. As endorfinas atuam como analgésicos naturais relaxando a musculatura esquelética e diminuindo as sensações dolorosas. A adrenalina torna a atividade de expulsão do feto, no final do TP, mais eficaz. Hoje já se sabe que a atuação dessas substâncias vai além do físico alterando o comportamento, o que pode facilitar o entendimento das necessidades da parturiente e inclusive saber quanto seu útero está dilatado apenas observando como ela se comporta evitando, assim, toques desnecessários que podem tirar a mãe da partolândia.

        Nota-se que nos partos naturais, logo após o nascimento, a mulher tende a posicionar-se de joelhos ou a sentar-se. Esta liberação de adrenalina é favorável aos mamíferos em geral, pois coloca a fêmea em situação de alerta. O bebê recebe parte desses hormônios do parto e, ao nascimento, está com as pupilas dilatadas. Ambos, o bebê e a mãe, possuem então condições fisiológicas para o contato olho no olho, fundamental na espécie humana.

        A ocitocina é chamada de hormônio do amor por estar presente durante o orgasmo. Assim como no parto, a mulher não consegue chegar às vias de fato se não se entregar e se desligar do mundo externo. E só há entrega se ela estiver se sentindo à vontade e segura, num ambiente que propicia a concentração. Durante o orgasmo, assim como no TP, a ocitocina promove a contração uterina e é por todas essas semelhanças que dizemos que o parto faz parte da vida sexual dessa mulher. Portanto, o ambiente adequado pra ela parir é semelhante ao que ela considera ideal para fazer sexo. Um ambiente inadequado pode gerar inibição, medo, irritação e outras sensações desagradáveis que a fazem liberar adrenalina. Nesta fase do TP, a adrenalina compete receptores sensoriais com a ocitocina, o que quer dizer que a adrenalina inibe o efeito da ocitocina retardando o TP e aumentando a dor. A partir do momento em que o bebê nasce, a taxa de ocitocina na mulher chega ao seu ápice e é passada para o bebê através do cordão umbilical. Desse modo, ao se olharem, mãe e filho criam um vínculo forte que acelera o estabelecimento de uma interdependência que mais tarde culmina no amor entre os dois.

        A ação das endorfinas é potente. Até a mulher atingir 8cm de dilatação a dor vai aumentando, porém continua suportável. A função da dor é estimular a secreção das endorfinas que trarão uma sensação prazerosa e concomitantemente a diminuição da dor. Principalmente se a secreção e propagação de endorfinas forem aceleradas através do relaxamento muscular e da dilatação dos vasos sanguíneos. Pra isso, existem métodos como massagem e água quente na região lombar.Se um estímulo externo tirar a parturiente da partolândia causando susto, constrangimento ou medo, ela liberará adrenalina que tem ação vaso-constritora dificultando a chegada das endorfinas, o que aumenta consideravelmente a dor. A partir da dilatação total (10cm), a maioria dos relatos revela que a dor diminui, isso comprova que a secreção de endorfinas já está a todo vapor. São opiáceos da família da morfina que não só tiram a dor mas ajudam a mulher a entrar nesse estado de consciência alterado e prazeroso. Hoje é sabido que o bebê também já secreta suas endorfinas e experimenta sensação semelhante durante o parto.

        Com dilatação total, a ação da adrenalina se torna importante para a fase expulsiva do TP. Sua secreção nesse momento permite a ejeção. No sexo é responsável pela ejaculação, na amamentação é responsável pela ejeção do leite e no parto é responsável pela expulsão do bebê. A mulher se torna atenta, algumas vezes agressiva na medida exata para finalizar o TP e para cuidar de seu bebê assim que ele nasce. É comum ainda um estado de euforia devido às endorfinas combinado com a sensação de extrema energia e alerta importantes nesse momento. A dor simplesmente não existe mais. Os relatos são unânimes.

        Durante a gestação, a mulher secreta prolactina que é responsável pela fabricação do leite. Este leite (chamado de colostro num primeiro momento) é armazenado nos alvéolos das mamas. Ao redor desses alvéolos existem células musculares que ao se contraírem, fazem com que os alvéolos secretem o leite. No momento do parto, o alto nível de ocitocina promove essa contração culminando na ejeção do leite por conta da adrenalina. Esse é o motivo pelo qual o leite desce mais rápido num parto natural.

        Infelizmente, muitos médicos ignoram a partolândia criando protocolos infundados nas maternidades cheios de intervenções invasivas e desnecessárias. O fato da mulher ter de responder a uma série de perguntas faz com que ela ative o neocortex por ter de raciocinar o lado primitivo do cérebro e, portanto, dificultando o ingresso á partolândia. A sala fria desconcentra. Muitas pessoas observando inibe. Toques vaginais freqüentes também. A luz forte ativa o estado de alerta e o ambiente estranho gera insegurança. O fato da mulher ficar restringida numa maca desconfortável sem poder mudar de posição é uma das coisas que mais dificulta (se não impedir) o ingresso á partolândia. Além de desconfortável e inibitória, a posição de frango assado (proibida durante toda a gestação) faz com que o peso do útero e do bebê comprimam a artéria que leva oxigenação para o bebê, além de impedir a ação da gravidade (utilizada no parto de cócoras), o que dificulta a saída do bebê. Esta posição é a campeã de TPs demorados regados a dor materna e sofrimento fetal por falta de oxigenação adequada, culminando em intervenções que se não fosse tal posição seriam desnecessárias.

        Isto não quer dizer que uma mulher que não ingressa na partolândia não ame seu filho ou não consiga amamentá-lo. Mas sem dúvida entrar em TP e realizar um parto natural propicia uma experiência única para mãe e filho. Geralmente, ao entrar na partolândia, a mulher vivencia um mergulho em si mesma que modifica seu modo de ver o mundo e a si mesma. É uma experiência que permite o auto-conhecimento num nível que de outra forma seria impossível. Ela experimenta de forma intensa do que seu corpo é capaz e do que ela é capaz, mudando sua auto-estima. Relatos constantemente descrevem que após o parto sentem-se capazes de absolutamente tudo. Muitas inseguranças vão embora. É comum mulheres que foram à partolândia mudarem seu comportamento com relação ao que a sociedade preconiza. Segura de si, a mulher da partolândia dificilmente sucumbe aos padrões estéticos, profissionais e morais ditados e acredita mais nas suas vontades. Desse modo, desenvolve menos depressão pós-parto, menos problemas com amamentação e vivencia um amadurecimento mais precoce.

        Tal amadurecimento é vivenciado a partir do momento em que o vinculo mãe-filho fortificado pela ação da ocitocina é, posteriormente, sedimentado pela prolactina. A prolactina também tem um efeito comportamental. Ao passar pela partolândia e ter altos níveis de ocitocina, esta felizarda mãe também experimenta altos níveis de prolactina (níveis esses impossíveis de serem alcançados por quem não foi à partolândia). A prolactina tende a provocar estados mentais de subordinação e submissão às leis da natureza. Isto vem sendo amplamente estudado e comprovado na Suécia. Esta subordinação aumenta a adaptabilidade às necessidades do bebê. Este vem sendo apontado como um dos motivos para que mães visitantes da partolândia terem maior sucesso na amamentação.

        A amamentação não é inata e nem fácil. Mas os altos níveis de prolactina permitem uma melhor adaptação e uma maior força de vontade para driblar os problemas e conseguir amamentar o bebê. Além disso, é comum que mães da partolândia (como as índias e de mulheres de outros países também) amamentem durante anos. Isto porque a modernização do parto juntamente com a necessidade de trabalhar fora faça com que a prolactina seja liberada em menor quantidade e por um período curto de tempo, provocando um desmame precoce.

        São comuns as queixas de uma amamentação sofrida, cheia de frustrações e sensações ruins que levam algumas mães e verem esse período com sofrimento e sucumbirem a explicações sem fundamento do tipo: “tenho pouco leite” ou “meu leite não sustenta” para justificarem um comportamento repulsivo á amamentação que nem elas sabem explicar, mas que gera culpa. Já as mães que passaram pela partolândia costumam relatar experiências felizes com a amamentação e chegam a lastimar quando o filho dá o grito de independência não pedindo mais o peito. É nesse momento que nota-se uma tendência maior de se doar nas mães da partolândia.

      • Você acha então que não devemos parir? Então não devemos gestar? Então temos que contratar barrigas de aluguel? Ah, não temos que desenvolver uma tecnologia para fabricar bebês em encubadoras?
        Qual sua sugestão para reduzir o sofrimento?

      • É verdade mentem mesmo, quem sabe até vc está mentindo…
        Mas agora falando sério mesmo, eu gostei muito da minha gestação e do meu parto, não posso dizer que foi fácil, mas eu gostei (tenho saudades), se vc tivesse a oportunidade de me ver pessoalmente e ver a expressão dos meus olhos, vc saberia que estou sendo sincera, mas a internet aceita qualquer coisa certo? Inclusive as coisas que vc escreveu.

  7. Se o seu parto foi uma merda não quer dizer que todos os partos são, sua experiencia não é referencia para conceituar um evento tão importantante. Sabe porque o parto humano doi tanto? Por causa das situações relatadas no vídeo!!!!!!!!!! Eu não fiz coco na cara do obstetra, fiz no banheiro, pois eu não estava amarrada em uma maca.

    • O parto humano dói porque somos seres humanos e caminhamos em posição ereta. Estuda biologia e evolução e anatomia e embriologia e obstetrícia e depois a gente conversa, tá? Eu não estava amarrada na maca, mudei de posição um milhão de vezes, mas se tivesse me levantado pra ir ao banheiro minha filha teria nascido no vaso. O mesmo aconteceu com partos que vi na faculdade.

      • Para falar de parto tem que estudar medicina? Sabe que existem muitos livros que falam da fisiologia do parto, inclusive sobre a questão da evolução e eu tenho inteligência para ler e entender, e eu li muito durante a gestação e ainda leio, e tem coisa que o tal curso de medicina ensina e que é equivocado, o mais ridículo e contra qualquer lógica e manter a mulher deitada durante o trabalho de parto, doi mais e atrapalha muito a dinamica do parto. Este é apenas um exemplo. Acho que você deveria voltar a estudar, mas não nas universidades brasileiras, rsrs

  8. O que sempre me atraiu na pacamanca eh a ausencia totall de demagogia. alias a uso em casos de convencimento alheio, afinal as pessoas gostam q sejam demagogicas com elas e isso pode encurtar distancias. to gravida, definitivamente nao ta sendo nenhuma maravilha, fisiologicamente falando, fora as neuras q surgem, como a culpa por nao ter comido direito por pura inapetencia, dor na barriga qdo se estressa, essa coisa q a natureza soh te ve como receptaculo de algo mto importante, entao dane se seus ossos se vc nao ingerir calcio suficiente… como dizia uma amiga dra em quimica: gestacao eh uma parasitose com vinculo afetivo. nao sei como irei parir minha tenia, mas pretendo que nao seja por estirpacao

  9. Nossas duas filhas nasceram de cesárea. Hoje elas têm 20 e 17 anos e são pessoas solares, sem traumas. Minha esposa também não ficou traumatizada com os partos e em nenhum momento passou pelas nossas cabeças fazer parto normal. E somos felizes assim.

    :)

  10. Letícia, acho vergonhosa sua forma de falar sobre o parto, ainda mais com o vídeo linkado acima.
    Você, como toda pessoa, tem total direito a sua opinião. Mas direito à opinião não abrange debochar da dor de incontáveis mulheres, para as quais o parto é lindo sim, é gostoso sim, é importante a escolha sim, e foram desrespeitadas e violentadas de alguma forma.
    Ninguém dá depoimentos triste porque quer exagerar. Muito pelo contrário, acredito que essas mulheres devem ter muita coragem para dividir os momentos tristes e delicados que sofreram, quando o parto deveria ser o momento mais feliz de suas vidas.
    Não é todo mundo que tem essa visão nojenta que você tem, de que a gravidez e o parto são coisas anormais, sujas, dolorosas, nojentas.
    A minha gravidez foi incrível, mesmo com dor nos seios, enjoos, azia e etc. É o seu filho crescendo dentro de você. Cada sensação diferente, cada quilo ganhado, cada chute sentido. Eu morro de saudades da minha barriga e tenho pena de quem não sente a mesma coisa.
    O parto é a culminação desse processo maravilhoso que é gestar uma criança. E ao contrário do que você diz, nosso corpo está preparado sim para o parto. Tanto é que os bebês humanos, ao contrário dos demais mamíferos, não sai da barriga já trocando seus primeiros passos; ele nasce de certa forma prematuro, adaptação da natureza para que seu crânio passasse pela bacia moderna.
    O parto dói? Claro. Contrações são doloridas para algumas mulheres. Mas o que dói mesmo é não ter sua opinião levada em conta, ser deixada sozinha em trabalho de parto, ser obrigada a ficar na mesma posição durante o trabalho de parto, ficar em jejum, ser obrigada à curetagem, ser obrigada ao sorinho, à epísio de rotina e muitas outras coisas que fazem do parto normal hospitalar algo realmente penoso.
    Eu acho que não é bacana tomar anestesia durante o parto. Primeiro porque seu corpo está preparado para sentir as contrações. Segundo, porque a anestesia pode afetar negativamente seu bebê. Terceiro, só quem passou por um parto normal sem anestesia sabe que realmente você entra em transe num certo ponto do processo, o que a anestesia não te deixa alcançar.
    Eu tive um parto domiciliar que durou dois dias e meio. Foram muitas horas de contração que foram um processo de crescimento interior, sem o qual eu definitivamente não estaria pronta para maternar.
    Esses dois dias e meio de contrações foram parte de um processo maravilhoso porque a todo momento eu fui respeitada, pude ficar na posição que eu quis, comer o que quis, beber o que quis, tomar quantos banhos eu quis, fazer exame de toque porque eu quis saber como estava a evolução.
    Não acho que quem escolheu uma cesárea ou optou pela anestesia no parto normal é menos mãe. Mas eu posso afirmar com certeza que perdeu a oportunidade de um crescimento absurdo como pessoa.
    O parto humano é um ato fisiológico e, para mim, tem como função preparar a mãe para os desafios que vem pela frente.
    Sinto muito que seu parto não tenha sido uma experiência incrível como o meu foi para mim. Muitas mulheres desrespeitadas também não tiveram essa sorte.
    Agora, já basta o desrespeito que essas mulheres sofreram no momento de seus partos. Elas não precisam do seu desrespeito sendo chamadas de exageradas, mentirosas e caras de pau.
    Repense suas palavras grosseiras.

    • Você acha incrível ter dor nos peitos, enjoo e azia? Isso é masoquismo, e definitivamente não é normal. Incrível é, como a Barbara comentou, sentir o bebê mexendo, saber que o seu corpo está gerando outro, que em breve o seu neném vai estar nos seus braços. Sentir dor não é incrível, ponto. E acho que quem afirma isso é masoquista, ou está mentindo – e pra mentir precisa ter cara de pau.

      Eu não acho que essas mulheres estivessem exagerando. Acho que realmente sentiram toda a frustração que relataram, e algumas foram definitivamente maltratadas, como eu mesma disse no texto. O que eu acredito é que a falta de informação, como disse a Amanda, leva a um nível de expectativa que não corresponde à realidade, o que gera a frustração. Se você não espera uma experiência quase sobrenatural, porque na verdade de sobrenatural não tem nada, quando se deparar com uma coisa completamente pragmática não vai ficar frustrada. Eu adorei estudar obstetrícia, assisti a partos na faculdade e sabia exatamente o que estava me esperando, de modo que a minha expectativa era somente a de segurar a minha filha nos meus braços, saudável, e de preferência sem eu sentir dor. Sempre soube que seria desagradável, porque fisiologicamente é desagradável (ao contrário do que acontece com as outras espécies de mamíferos). Sempre soube que quem iria decidir tudo era eu, mas porque eu sou informada, frequentei hospital e não tenho medo de jaleco; a falácia da autoridade comigo não cola. Mudei de posição, andei, sentei, levantei, fui eu que mandei a obstetra fazer o toque porque sabia que estava dilatada, embora as contrações na toco fossem ridículas, fui eu que insisti pra fazer a epidural porque ninguém, ninguém merece sentir aquele nível de dor. E, sinceramente, sou da opinião de que quem não está pronta pra “maternar” deveria esperar até se sentir pronta antes de engravidar.

      Pick your battles. Essas mulheres deveriam estar lutando pela informação que deveriam ter recebido e não pelo poder de escolha – nem sempre o paciente sabe o que é melhor pra ele, até porque ele seria o médico, e não o paciente. Porque só pode escolher quem entende o que está acontecendo. Tem médico filho da puta e desrespeitoso? Aos montes. Então a gente tem que lutar é por médicos mais respeitosos, que EXPLIQUEM pros pacientes o que está acontecendo, os riscos, as opções e as faltas de opções, a merda que pode dar, e sobretudo o que esperar. Não só no caso do parto, mas de qualquer coisa. Um paciente que é tratado e não sabe o que esperar do tratamento está sendo desrespeitado. Um paciente que tem expectativas malucas que logicamente não se realizam não está sendo desrespeitado; está sendo enganado pelo próprio cérebro porque não foi preparado direito. No caso de pacientes semi-analfabetos, que não têm a capacidade de entender certas coisas ou de buscar informações sozinhos, a culpa dessa falta de preparação é toda do médico; no caso de quem sabe googlar uma pergunta qualquer e de efetivamente entender a resposta, pra mim a culpa é de ambas as partes. Se eu sou defensora fanática do parto vaginal porque ignoro solenemente que o parto vaginal é a principal causa de paralisia cerebral, quando me impedirem de fazer parto vaginal em caso de complicações isso vai ser desrespeito à minha capacidade de escolha? Eu acho que não.

      • Parto vaginal é a principal causa de paralisia cerebral? Ah tá, então em países desenvolvidos em que a maioria dos partos é vaginal deve ter um problema bem séria com paralisia cerebral? Leticia você precisa rever seus conceitos com urgencia, mas deixe seus preconceitos de lado, o que causa a paralisia cerebral não é o parto, mas sim o atendimento ruim aplicado, os procedimentos errados (entre eles manter a mulher deitada). Pare e pense, a vagina das brasileiras é menor e o bebê não sai, somos defeituosas? Pelo amor a boa informação, avalei como é a assitência ao parto em outros países, sem a balela de que eles são melhores porque são desenvolvidos. É difícil entender que o processo do parto (fisiologico) é igual em qualquer lugar do mundo? Os médicos brasileiros precisam rever seus conceitos relacionados ao parto com urgência!!!! Deixe o corporativismo de lado, falando bem sério…

  11. É muito triste pra mim, como pesquisadora, ativista, mãe, pessoa que luta para as mulheres sejam respeitadas SEMPRE, inclusive no parto, ler esse texto. Custa-me crer que uma pessoa não se sinta constrangida em postar, abaixo de um vídeo com esse teor, onde não estão textos, mas PESSOAS, MULHERES falando sobre sua dor, que acha que “neguinho” anda exagerando muito.
    Todas as pessoas têm total liberdade para expressar suas opiniões. Mas é triste e sofrível que não se sintam coibidas em desdenhar da dor alheia.
    Isso é o que alimenta a violência institucional – que não acontece só no parto – a que TODOS estamos sujeitos a viver, uma vez que é violenta a assistência institucional à saúde no Brasil, basta ter senso crítico e vontade de conhecer mais a respeito, fazer uma leitura aprofundada dos dezenas de artigos já publicados a respeito.
    O parto humano só não está legal porque as pessoas não estão legais, as pessoas defendem o status quo preconceituoso e violento com discursos baseados em pouco conhecimento sobre o que falam. Como esse texto.
    O parto humano só está uma merda porque muitas pessoas nutrem preconceitos e desinformação voluntária. Sim, preconceito e desinformação é uma merda mesmo, concordo.
    Tem placenta? Tem.
    Tem xixi? Não precisa ter.
    Tem cocô? Também não precisa ter.
    Tem cheiros? Tem.
    Em que tipo de mundo azulejado, branco, impróprio para a vida humana vive uma pessoa que quer absoluta limpeza e ausência de qualquer conotação biótica inclusive quando é preciso que HAJA VIDA.
    Sexo – sabe aquele? – envolve cheiro. Odores. Fluidos. Saliva. Esperma. Vagina. Pênis. Gozo. Orgasmo. E todos gostamos. Ou não gostamos? Ou deixamos de fazer porque tem odor, fluido, saliva, esperma, vagina, pênis, e um no outro e o outro no um?
    Parto é tal e qual.
    Mas inventaram de enfiar pelo meio duzentos profissionais, instrumentos metálicos, macas duras, gente de mau humor, preconceito e desinformação. E aí – SIM – ficou uma merda…
    A mudança vem de onde? Do fim da desinformação e do ataque desnecessário a algo que não se conhece…
    Quem fala que parto é uma merda está MENTINDO – ou pra si mesmo ou pros outros. Ou por desconhecimento total, ou por ter sofrido, ou por estar frustrada, ou por não querer ter vivido um parto, ou por não ter vivido um parto como se quis e não soube lidar com isso, ou porque não se teve apoio concreto ou por mais uma dezenas de motivos.
    Gostaria de saber quantas mulheres associam o parto a “cagar na cara do obstetra”. Isso me daria, como pesquisadora, um indício do tipo de atendimento que estão recebendo e do tipo de preparo emocional que estão tendo para a maternidade. Do tipo de assistência que tiveram.
    Ai do bebê que cagar nessa mãe, ainda que sem querer… Não quero nem pensar o que pode lhe acontecer. Não se pode cagar na vida. A não ser que seja sob o efeito do ACTIVIA.
    No sexo, escancaramos as pernas.
    No sexo, agachamos pra sentir prazer.
    Mas no parto não pode. Parto é coisa de pudica. Parto deveria ser só para as virgens (Salve Santa Maria Mãe de Deus, a mãe perfeita, que pariu sem gozar e sem ter qualquer contato com fluidos, odor, pênis e tal). Ou é coisa de cirurgião: chega, abre, fecha, lava a mão e vai embora.
    Quem fala que parto NÃO é uma coisa natural não só não sabe de obstetrícia como não sabe nada da vida, o que é muito pior. Porque sobre obstetrícia só aprende quem quer, mas sobre a vida…. É… sobre a vida também só aprende quem quer…
    Todo o respeito do mundo por quem tem alta resistência à dor, mas nenhum respeito a quem acha que parto é prazeroso, é bonito, é sexo também, é mais ou menos isso? É esse o pensamento?
    Faz-se cesarianas demais no Brasil. Você tem razão aí.
    Parto não é cesáreo – vale a correção, porque você não tem razão aí (também aí).
    Sabe WHAT THE FUCK is going on? É que muitas mulheres estão sendo coagidas, violentadas, oprimidas para que cesáreas sejam feitas, por inúmeros motivos, por conveniência médica, por questões financeiras para o médico, por medo da violência no parto. Por ignorância, preconceito e desinformação também, não podemos nos esquecer. E porque existem pessoas que não fazem a autocrítica em associar parto a merda e afins…
    Como mulher, defendo o direito de todas as mulheres de terem suas opiniões. Só sinto que muitas delas, muito preconceituosas e impregnadas de más resoluções e desconhecimento, possam influenciar outras mulheres a temerem o parto, reforçando a cultura cesarista – E A VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA – não foi assim que tudo começou? Falando sobre o vídeo?
    Como mulher, defendo que as mulheres decidam se querem ter filhos ou não e sejam respeitadas por isso. Ninguém é obrigado a ser mãe por imposição social
    Mas acho extremamente triste que alguém que decida ser uma considere a gravidez e o parto como coisas horríveis.
    É como querer ser adulto, sem passar pela infância.
    Ou ser adulto tendo tido uma experiência de infância triste e odiada.
    Não precisamos de muito esforço pra saber quais as consequências futuras – para si e para o filho – de ter-se odiado a própria gravidez e parto. A não ser que se transcenda muito (tô na torcida aqui!);
    Acho muito triste que uma mulher tenha detestado a própria gravidez. Acho triste mesmo. E acho que ela deve, ela merece, uma experiência diferente, pra se transformar e ressignificar a experiência anterior.
    Gostei muito de estar grávida – e, juro moça, não sou cara de pau ao dizer isso (e olha que ainda não perdi os quilos a mais que ganhei em um corpo que era bacana e ficou mais cheinho, mas ainda bacana).
    Não achei que “todo o resto” (tipo o que? já falamos de gravidez e parto. Falta o que?) tenha sido um pé no saco.
    Respeitar um evento biológico como o parto, respeitar as mulheres que aceitam plenamente viver isso e, especialmente, respeitar aquelas que estão sofrendo porque foram extremamente desrespeitadas nesse momento, não me parecia um conceito muito difícil de entender.
    Hoje, tendo pesquisado tudo o que estou pesquisando, ouvindo depoimentos de mulheres que sofreram pra caramba, e que ainda tem que ser ironizadas, chamadas de caras de pau, de mentirosas por alguém que poderia ter escrito tudo isso na primeira pessoa do singular para falar da SUA própria experiência, mas que preferiu generalizar a todas, sinto que ainda tenho que fazer contorcionismos mentais incríveis pra aceitar que não é assim tão fácil de entender.

    Se fosse, talvez você tivesse entendido.
    E… olha… estou tendo bastante paciência em escrever isso e mostrar quão ofensivo foi esse texto a tantas mulheres – cerca de 500, só na pesquisa que desenvolvo -, em respeito a você, que pediu para que tivéssemos paciência.
    Porque até pessoas preconceituosas e desinformadas merecem respeito.

    Ligia Moreiras Sena

  12. E quer saber? Eu to fora de sentir dor seja..por filho, pai e espirito santo tb!!kkkkkkk.Agora eu amamentei os meus dois filhos ate os dois anos de idade e eles so forma pra escolinha com tres aninhos.Sou mae super presente, sem ser neurotica.

  13. Leticia…Vc eh D+++++++++++…Estou tao feliz em ouvir uma medica dando uma opiniao tao sincera e ponderada. Eu concordo plenamene com vc. Eu sou uma das tantas mulheres que foram forcadas ao parto normal , sem a menor condicao. E depois de um dia inteiro de trabalho de parto induzido, finalmente eles tiveram o bom senso de fazer uma cesarea.Ainda bem que nao aconteceu nada com o meu bebe, poderia ter acontecido, pq ela ja estava “atrasada” de uma semana.

  14. O parto não é ” legal” para você, cara pálida. Pra mim foi maravilhoso, transformador. Não tenha uma visão tão simplista assim.

    E sim, o parto foi MEU, maravilhoso, o parto não, oS partoS pq mesmo o primeiro hospitalar e frank que fez ver oparto como fisiologico e respeitar o processo na segunda vez.

    • CLARO que é transformador. Botar uma criança no mundo é sempre transformador. Claro que botar filho no mundo (quando a gravidez é desejada, lógico) é maravilhoso. Mas estou falando do produto final, e não do processo; gostar de sofrer é uma parafilia e tem nome: masoquismo. Não é o normal, concorda? Deve estar láaaaaaaaa na pontinha da curva de Gauss porque definitivamente não é o comportamento average de nenhum ser vivo que tenha receptores pra dor. O comportamento fisiológico é fugir da dor, não CURTIR a dor. Como eu disse, você pode achar o máximo ter filho, mas não é a mesma coisa que gostar DO PARTO. Eu quando gosto de fazer uma coisa a faria frequentemente se pudesse – por exemplo, se pudesse eu passaria os dias brincando com a Carol, lendo, ouvindo música, vendo TV, comendo. “Parindo” não entra nessa lista, e duvi-de-o-dó que entre na sua. Estou completamente de acordo com o House: People lie. A cada dia mais me convenço disso.

      • Leticia, realmente você não entendeu, falo justamente do ” produto final”, do processo de sentir cada contração e saber que seu filho está próximo, não serei hipocrita em aformar que é uma dor gostoso, doi sim, mas vc tem plena consciencia de onde vem e para onde vai essa dor, nm se compara a uma dor de dente ou colica mestrual. Se ainda tem um suporte psico, evitando o ciclo medo-tensão- dor é ainda mais prazeroso.

        No primeiro parto tive PDA com 7 cm, não por pedido meu, justamente por ter esse instinto de fuga, de sentir observada e em perigo( não esse instinto que vc fala fugir da dor, mas fugir da observação e do perigo) e não senti nada, justamente…não senti minha filha nascer.

        No segundo pari em casa, sem instinto de fuga e com dor, sentindo tudo e as experiencias nem se comparam; amo meu primeiro mesmo sendo um Frank com tecnologia de ultima geração pq foi ele me abriu paar experiencia de sentir oq ue é parir mesmo, de limite e superação.

        Esse sentimento vc pode não ter setindo e nem querer senti-lo, achar que uma cesarea eletiva é infinitamente mais pratica, ” indoloar”, mas isso é sua experiencia, não significa que outras mulhers não desejam sentir essa sensação pós parto que só quem pariu sabe expliar. Isso é muito individual.

        OLha como é a indivulidade, existem mulheres que querem algo programado, hora marcada paar começo e termino, eu jamais conseguiria tal façanha pq sempre perco hora agendada( perdi da inducao do meu filho), fico mega nervosa em cumprir horários, sabendo que eles envolvem médico, daiq ue piro mesmo…

      • A minha pergunta é: QUAL É O PROBLEMA DE NÃO SENTIR A SUA FILHA NASCER? Isso mudou a sua relação com ela de alguma maneira? Ela é menos sua filha porque você não estava “presente” no parto?

        Eu nunca falei que era a favor de cesárea programada, ainda mais por motivos idiotas, como o tal do obstetra da paciente no vídeo que marcou o parto pras cinco da manhã porque queria ir à praia depois. Sou a favor de não sofrer, de não sentir dor, porque acho totalmente desnecessário e mentalmente nocivo.

      • E sobre a gestação, eu não gosto de gestar, não acho tão prazeroso como muitas afirmam, talvez pelos meus desconfortos, doenças durante o processo que passaria bem sem gestar e só parir.

        Sobre o documentário..

        Gostei da iniciativa, de mostrar que não estamos contentes com o rumo da obstetricia brasileira, o primeiro depoimento é realmente emocionante, só achei demasiado longo, pelo menos para uma apresentação, deveria ter uma versão curta metragem.

  15. Letícia, adorei o video e amei suas palavras, só não as faço como minhas por que definitivamente eu sou fora da curva, nao sofri nada na gestação, apenas os seios, e meus três partos “nornais” foram em menos de 30, 40 minutos, mas não posso negar que deu um pouco, mas nao muito, mas me deixou sequelas sim. É um esforço fenomenal, que me rendeu algumas hemoróidas.
    Mas depois de duas horas ou menos, não me recordo, já estava tomando banho sozinha, e andando devagar para lá e para cá. Sem necessidade de ajuda de ninguém. Ainda bem, não é? |No final era só eu eu o Paulo e a emrpegada da vez, quando tinha,

  16. Se não é um acontecimento romântico e 100% prazeroso, o parto tampouco é sinônimo de sofrimento! Tu descreveste um parto instrumentalizado, qdo não permitem que a natureza faça seu trabalho…
    O parto é uma obra de arte da natureza, essa sacana que impõe um final de gestação quase insuportável à mulher e depois promove uma catarse na hora do filho nascer: pronto, a boba esquece do último século de gravidez e fica querendo parir de novo, e de novo.

    Eu sofri cesariana e depois fiz um parto domiciliar. Neste, eu fiquei em PAZ, fiz o que eu quis, na hora que eu quis. Não teve exame de toque, não teve gente me dando ordens, nem nervosismo na minha volta, nem gente falando comigo sem eu falar primeiro, não teve contração sentada/deitada (já experimentou uma contração com liberdade de movimentos? Até homem tira de letra). Teve respeito: era EU ali parindo, não uma ‘mãezinha’. Enfim, meu corpo pode liberar todas as substâncias maravilhosas que fazem parte da tal obra de arte: muita ocitocina, muita endorfina (a dor foi BARBADA, não gostei da náusea) etc.

    Não romantizo o parto não, afinal não se chama trabalho de parto à toa. Sente-se dor, sente-se prazer, é um mergulho dentro de si mesma, é uma transformação sexual (mais do que a primeira relação, muito mais intensa), é uma transformação de menina-filha em mulher-mãe. A ocitocina ajuda a criar vínculo com o bebê, ajuda na amamentação, na recuperação do útero.

    Depois de 12 horas de TP, pedi um toque e tinha 4cm de dilatação. Comemorei e me preparei para mais umas 12 horas, afinal são 10cm. Depois de 2 horas, o parto terminou, e, em meio a muita euforia, levantei, tomei meu banho, liguei para todo mundo, comi pizza e fui cuidar da minha caçulinha. Somando-se à felicidade que se sente os riscos menores e as menores taxas de morbimortalidade materno e fetal, parto é isso: mais seguro, mais prático e é a experiência sexual mais transformadora que uma mulher pode ter. Toda a mulher merece! (e outra: cesariana doi, só que por muito mais tempo. São sete camadas de tecidos cortadas numa cirurgia de médio porte, isso se não houver complicações. O bebê precisa de colo, precisa mamar, ser trocado etc. etc. etc., como raios a mulher vai fazer o repouso que seria indicado?? Sinceramente, eu recomendo para quem não pretende enfrentar seus medos e tem pânico de dor, a adoção.)

    • Eu não experimentei nada de sexual e tive muitas contrações andando e doeram do mesmo jeito. Ninguém me deu ordens (pelo contrário: a obstetra me botou na toco e achou que ainda não era hora, mandei ela fazer o toque e ela levou um susto com a dilatação; se eu não tivesse falado nada teria parido no carro, voltando pra casa), ninguém mandou eu fazer força, mas as minhas contrações não eram suficientes – olhando pelo monitor dava até pena, tadinhas – e precisei de indução. Os únicos prazeres que eu tive foram, por ordem cronológica, o alívio de sentir a dor sumindo quando a epidural fez efeito e a felicidade de segurar a minha filha nos meus braços. E apesar de ter sido parto normal, fiquei com MUITA dor na episio por mais de um mês depois do parto, ou seja, efeitos colaterais semelhantes aos de uma cesárea. Repito: se o parto humano fosse uma obra de arte não haveria as taxas altíssimas de mortalidade de mulheres no parto. Nós não fomos feitas pra parir facilmente.

      • Entendi. De fato, achei a terceira fase do parto, o expulsivo, tudibom, pq já não sentia dor NENHUMA, de tanta endorfina, e estava super relaxada, de tanta ocitocina. Em pd não rola episio, mas tive laceração, que não me incomodou nem na hora nem depois. E como tive um TP mais longo, imagino que as contrações demoraram para ficar fortes. Só senti 3 contrações de dilatação realmente fortes (todas eram iguais em dor, mas as 3 últimas eram no corpo todo, uma loucura, e não, nada prazerosas), senti a tal raiva / medo fisiológico (no que raios fui me meter?? agora vou precisar de cesariana! não aguento mais!) e pronto, entrei no expulsivo. Que foi maravilhoso, de verdade, sem romantismo: eu teria mais zero filhos, 1 TP igualzinho (ok, ok, sem as náuseas) e uns 57 expulsivos se pudesse.

      • Leticia você está equivocada sobre as alta taxas de morte. Porque em países desenvolvidos tem baixas menores, mesmos com taxas de cesária de no máximo 20%? Veja o comparativo
        Rank country (deaths/100,000 live births) Date of Information
        104 Brazil 56.0 2010
        165 Germany 7.0 2010
        170 Netherlands (Holanda) 6.0 2010
        173 Japan 5.0 2010

        Fonte: https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/geos/cd.html

        Desculpe, mas você precisa rever alguns conceitos, mas para isto terá que abrir os olhos e o coração para conhecer os conceitos defendidos pelo movimento do “parto humanizado”.

      • Porque países desenvolvidos têm mulheres mais educadas, que se informam e ENTENDEM o que lhes é dito, porque comem melhor, porque fazem pré-natal decente. É muito simples. E não tenho nada contra parto humanizado, só acho que o conceito de “humanizado” virou uma coisa riponga que é absolutamente exagerada. Pra mim TUDO deveria ser humanizado; não sei por que o mesmo tratamento mais “humano”, ou seja, envolvendo informação e consequentemente informed consent e respeito não necessariamente pelas escolhas (eu sou uma que não respeitaria, por exemplo, a escolha IDIOTA de um testemunha de jeová de se recusar a receber transfusão de sangue. Estupidez tem limite) mas pela dignidade da pessoa, não é exigido pra todos os pacientes, só pra gestantes. O fulano que vai tirar uma pinta gigante das costas pode ser deixado na maca por três horas sozinho, como a moça que deu o depoimento? É grave somente quando se trata de mulher grávida?

      • Dados de 2010
        Brasil: 56 mortes para cada 100.000 nascimentos, japão 10 p/ 100.000, holanda 6 p/ cada 100.000, Alemanha 7 p/ 100.000. Poderia citar Inglaterra, Nova Zelandia mas estou sem tempo agora de pesquisar para dizer a taxa exata.

        Coisa doida hein?? Será que a brasileira tem algum defeito? ou o sistema de saúde brasileiro tem defeito?

      • Será que o pré-natal no Brasil é uma merda, o nível de escolaridade do Brasil é uma merda, a alimentação da população média é uma merda e é por isso que tantas mulheres morrem no parto no Brasil? Hein?

      • Leticia, vc está se contradizendo em muitas coisas sabe, reflita com mais calma, o pré-natal e o parto no Brasil são uma merda e ponto. Não é o parto que é uma merda !! Entendeu?
        Acesse o site http://www.partopelomundo.com, lá vc vai encontrar como vários paises tratam este evento (Inglarerra, nova zelandia, japão, holanda,etc e países subdesenvolvidos também) daí você vai perceber como o Brasil trata diferente, você vai se surpreender.
        E pergunto novamente as brasileiras tem defeitos ou o sistema de saúde?? Pare e pense com calma antes de responder. Estou tentando demonstrar como precisamos evoluir neste sentido, infelizmente a medicina brasileira está ultrapassada e adota procedimento que tornaram o parto ainda mais difícil.

  17. Primeiro, não consigo entrar nesse RSS 2.0. Segundo, realmente sua descrição dos sintomas de gravidez e parto são ótimas. Eu também não achei nada ‘lindo’ ou ‘romântico’ nas minhas gravidezes. Feliz aquela que tem apenas 1 desses sintomas, porque na verdade se tem vários deles simultaneamente em fases diferentes da gravidez. Inclusive, só com esse post, fiquei sabendo o motivo de NENHUM dos meus sapatos pré-gravidez me servirem, jamais teria conectado gravidez ao fato, blog também é cultura, hehehehe…..

    Deixei esse comentário na discussão do FB:
    Vou meter o bedelho. Morei 11 anos na Inglaterra e tive 2 filhas lá. Existe a opção de parto em casa mas NÃO é a maioria não. Eu jamais teria optado por parto em casa. Pelas razões dadas pela Amanda, já dizia o ditado: “o seguro morreu de velho” eu hein…. Na Inglaterra a mulher recebe muita informação durante o pré-natal, te dão um livro, panfletos e o curso onde a mulher vê que parir não é bolinho. Essas informações incluem opções de analgésicos e tudo o que a mulher precisa saber sobre os 3 estágios do parto e ainda cuidados do bebê. Tem-se também opções de partos meio diferentes, como em banheira e sei lá eu mais o que, porque como a Pacamanca escreveu, eu já esqueci muita coisa sobre o assunto. O bom é que como as informações são por escrito, a parturiente que fica ‘brain dead’ como eu fiquei, pode ler e re-ler se precisar. Hoje moro na Suécia, aqui as coisas funcionam bem também, com informação por escrito. A outra grande diferença é que aqui na Europa o pessoal lê, na Inglaterra existem livros acessíveis sobre absolutamente tudo, então as pessoas ainda lêem mais do que o material oferecido pelo serviço público de saúde. Fora todos terem acesso fácil a internet. Quanto à cesárea marcada por pura conveniência ou porque simplesmente não querem passar pela dor como a maioria das mulheres que podem pagar ou porque tem convênios que cobrem as despesas como no Brasil, sou e sempre fui (inclusive qdo morava no Brasil) contra, se é que alguém se importe com a minha opinião!

  18. Incrível!
    Eu acho que não existe normalidade num parto normal, tentei ter um mas intui que não seria possível. Bebê em posição transversa, nenhuma dilatação, nenhuma contração, 40 semanas e desconfiei que estava muito quieta, fiz a ultra, cesárea de emergência, porque a placenta estava muito madura, e não dava para correr nenhum risco. Naquele momento eu aceitei o que minha médica falou e fui sem nenhum receio. E mesmo com toda aquela morfina, sofri horrores no pós operatório, acabando o mito de que cesárea é bom. Pra mim, o único parto bom, é aquele da adoção, onde outra mãe pari e te dá o filho. E mais, não senti emoção nenhuma no nascimento. A emoção veio com o tempo e com o dia a dia, aliás, acho que todos os bebês são adotivos, sejam pelas próprias mães ou por mães adotivas. O que eu não concordo é médico marcando cesárea no calendário e a mãe indo agendar o salão para parir escovada e de unha feita. Depois vem falar de emoção do nascimento, a criança nem pode escolher o dia que vai nascer! Tive uma obstetra excelente, que respeitou todos os meus pedidos mesmo sendo o parto que não esperava. Minha filha nasceu ótimo com apgar 9/10 cheia de energia e mamou na sala de parto como eu pedi. Discutimos todos os detalhes de como seria o procedimento, e no momento que tudo mudou (a entrada na emergência) eu tive segurança na minha médica. Mas agora estou morrendo de inveja das vacas…

  19. Antes de mais de nada: oh, que emoção, fui mencionada!!!
    Agora sim, vamos ao que interessa. É isso que eu tô falando! Humanizado, no sentido de esclarecer as duvidas, explicar os procedimentos, permitir acompanhante, colocar mãe e filho juntos (desde que as condições de saúde de ambos sejam favoráveis) e incentivar o aleitamento materno SIM. Com certeza. Só que isso é bem diferente de deixar todas as decisões por conta da parturiente. Não é para isso que serve o médico. O médico deve tentar respeitar as preferências da paciente, mas deve também ser capaz de explicar que talvez isso não seja possível em todos os momentos. E seria um péssimo médico se fizesse diferente. Enfim, como já disse no FB, do meu ponto de vista o maior problema tá no pré Natal. As pacientes não tem a menor idéia do que vai acontecer e cria expectativas que acabam frustradas. Por isso, se alguma candidata a futura mãe estiver lendo, meu conselho é: procure um bom médico, preferencialmente antes de engravidar, e tire TODAS as suas dúvidas. Explique o que você quer e veja o que é viável. E, se não gostar do médico, continue procurando até achar um com quem role empatia e com quem você ache que vai construir uma boa relação médico-paciente. As decisões serão do médico (é a função dele!), então escolha alguém em quem você confie que fará o melhor pra você e o seu bebê.

      • Bom, tô prestando Oftalmo. Acho que é o que eu quero. Ouvi dizer que aí o Oftalmo não é médico, é tipo um “dentista de olho”. É verdade? Fiquei tão frustrada =P

      • Médico é médico, ponto. Eu achava Oftalmo chatíssimo na faculdade e não me lembro de absolutamente NADA, mas hoje em dia vejo as coisas de outro ponto de vista: é uma especialidade tranquila, sem plantão, e dá dinheiro, logo é ótima ;)

      • (To respondendo aqui pq não consegui responder embaixo da sua resposta…)

        Pois é, tem pouco plantão e dá a possibilidade de fazer procedimentos (que, convenhamos, é da onde é mais fácil tirar algum din-din).

        Mas o melhor de tudo é que eu acho o danado do olho super legal. Eu gosto tanto de enxergar cores e fotografar, deve ser por isso que gosto de Oftalmo… =D

  20. Eu concordo com você, pelos mesmos motivos. Eu tive duas cesáreas, por motivos bem diferentes, a segunda realmente eu não queria porque a primeira tinha sido ruim e eu queria fazer normal, mas também não tive saco de esperar mais, fiquei 16 horas em trabalho de parto esperando passar de 4 cm e nada. Realmente o que me irrita são as mentiras. Se fosse tudo feito às claras, todo mundo sabendo dos objetivos de todos os envolvidos, seria muito melhor. Assim as mulheres que querem parto normal teriam os médicos certos e as que não querem também.

    • Po Luciana, 16 horas para chegar a 4cm nao eh “falta de saco” – acho que eh “o limite do suportavel.” Que bom que vc teve a opcao de escolher a cesarea nesse ponto. Aqui as vezes as mulheres ficam dias em trabalho de parto para fazer a cesarea depois – se nao for escolha propria eh uma crueldade.

      • Uma conhecida minha ficou TRINTA E SEIS HORAS em trabalho – e não fizeram cesárea! Se fosse comigo eu teria enchido o médico de porrada.

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