paris

Esse ano, como o ano passado, será um ano de viagens com os MEUS amigos, já que os nossos amigos aqui da Bota não vão a lugar nenhum, nunca (a ideia deles de ir “pro exterior” é passar uma semana torrando sob o sol, fechados num resort cheio de funcionários italianos e comendo comida italiana em Sharm-el-Sheik, no Egito, cercados de outros turistas italianos). A primeira viagem do ano, então, foi a Paris, com a Raquel, que não estudou com a gente na faculdade mas é como se tivesse, a mãe dela e a filha, Marina, quase um ano mais velha do que a Carol e simplesmente a criança mais esperta e figuraça do universo inteiro.

Elas ficaram baseadas em Londres, onde uma amiga da Raquel está morando há alguns anos e onde ficará até o final do ano. Os planos incluíam voltarmos juntas de Paris pra cá, mas mixou tudo e acabou que passamos juntos só a semana em Paris. Mas foi ótimo mesmo assim, lógico – Paris e boa companhia, o que mais você quer da vida?

Elas chegaram de manhã e foram direto pro apartamento que tínhamos alugado, esse aqui. Ano passado ficamos nesse aqui, do ladinho da Torre, e foi ótimo, mas acabou sendo melhor ter ficado nesse outro maior dessa vez, apesar de algumas diferenças.

Vantagens da agência Meu Paris (que usamos no ano passado; o apartamento em que ficamos estava alugado esse ano) e do apartamento Eiffel 3&4, onde ficamos:
. Administrada por brasileiros, o que torna mais simples a vida de quem não fala outra língua, além de facilitar a compreensão dos conceitos de limpeza, chuveiro decente etc, que nem sempre fazem sentido pra estrangeiros.
. Organização de nível profissional: cada apartamento tem um fichário com todas as informações de que você pode precisar, como números de telefones úteis, estações de metrô, supermercados, farmácias etc mais próximas, como funcionam os eletrodomésticos, como fazer com o lixo e coisa e tal.
. Cozinha melhor equipada com zilhões de utensílios e, importantíssimo, Tupperware. Pelo menos no apartamento onde ficamos em agosto do ano passado.
. Localização absolutamente perfeita, a dez passos da Torre.
. Máquina de lavar roupa e secadora, 2-em-1.
. Telefone fixo, perfeito pra chamar táxi (e pra ligar pro Brasil grátis também).

Vantagens do apartamento em que ficamos esse ano, da Paris Attitude:
. Uma sala! Tudo bem que ficava no segundo andar e eu odeio escadas, principalmente quando tem criança no meio, mas ter um espaço pras crianças brincarem enquanto nós fazemos as coisas de adulto é muito bom. No apartamento do ano passado a mesa de jantar ficava dentro do quarto, de modo que se alguém quisesse ver televisão até tarde, por exemplo, não rolava porque incomodava quem estava dormindo.
. Um quarto a mais. SUPER desconfortável, lá no sótão, com teto inclinado onde eu batia a cabeça toda hora, e ao qual se chega subindo uma escada impossível de usar sem sapato porque machucava os pés (vejam as fotos), mas que veio a calhar porque como as camas dos quartos são estreitas, a Carol dorme mal pra caramba (e nós idem), rolando pra lá e pra cá e nos chutando a noite toda. Houve noites em que dormi com a Carol nesse quarto lá em cima, outras em que o Mirco dormiu com ela lá, outras em que eu dormi sozinha lá e o Mirco embaixo com a Carol, outras em que o Mirco dormiu lá em cima sozinho e eu com a Carol lá embaixo. Quebrou um mega galho.

Desvantagens desse apartamento desse ano:
. Cozinha velhusca e vagabunda, portas sem puxador, barulhentas ao fechar. Poucos utensílios, nenhum Tupperware. Fogão maldito por indução que desligava sozinho no meio do cozimento.
. Fica no Marais, que não é o meu bairro preferido pra ficar em Paris. A padaria logo em frente do prédio era uma droga. Há dois supermercados próximos e a estação mais próxima (Rambuteau) fica realmente DO LADO, mas é uma zona feinha, cheia de lojas de bolsas e sapatos com chineses atrás do balcão.
. Nada de secadora: tinha um microvaral de chão mas não tinha lugar pra botar, então ligamos o aquecedor dos banheiros, botamos cadeiras em frente e penduramos as roupas. Favelão total.

Tentamos manter os programas o mais infantis que pudemos, pra não torrar o saco das crianças. Elas se divertiram horrores no Louvre, correndo pra lá e pra cá e tentando reconhecer as estatuinhas primitivas de animais na parte de arte do Oriente Médio. Adoraram a Ménagerie, o zoológico da cidade, que não conhecíamos; não há animais grandes (felizmente, coitados), mas vale a visita só pela quantidade de bichos esquisitos que eu nunca tinha visto ao vivo antes, como o takin (que conhecia de documentários), a lebre da Patagônia, as tartarugas rajadas de Madagascar e outros. Fiquei assanhadíssima. O reptilário deles é bem legal também. O Muséum d’Histoire Naturelle é bem legal; a Carol ficou impressionadíssima com o esqueleto de baleia pendurado no teto e a procissão de bichos empalhados (misturados com alguns falsos mesmo) é muito maneira. O próprio prédio é lindíssimo.

Fomos ao D’Orsay, rapidinho. Fomos ver Notre Dame (eu e Mirco ficamos olhando as meninas na praça em frente enquanto a Raquel e a mãe dela foram visitar a igreja). Fomos a Monmartre ver a Sacré Coeur (eu e Mirco com as meninas brincando na pracinha enquanto a Raquel e a mãe dela foram visitar a igreja. Adoramos people watching; as caras das meninas enquanto viam – e ouviam – as crianças francesas brincando de Lego na praça eram impagáveis). Fomos à La Défense, que é sempre um lugar interessante, não só pela vista (tem uma Muji no shopping, yay).

E, claro, fomos à Disney Paris, que esse ano completou 20 anos. Chegar lá é facinho: fomos da nossa Rambuteau até Châtelet-Les Halles e de lá pegamos o trem pra Marne-la-Vallée/Chessy, a última estação da linha vermelha A4 da RER. Você desce praticamente dentro da Disney. Bom, Disney é Disney e não há muito o que dizer, mas vimos algumas diferenças: preços incrivelmente mais altos do que nos EUA, o que era de se esperar; vimos gente trocando os sacos de lixo das lixeiras, coisa que não se vê em Orlando; o parque é menor; encontramos muitos restaurantes do parque fechados (como assim?) mas acabamos comendo comida mexicana MUITO boa no Fuente del Oro. Não conseguimos ver o outro parque, o Walt Disney Studios, porque achamos que ia ser chato pras meninas. A Carol curtiu, mas menos do que eu estava imaginando; não gostou dos brinquedos mais barulhentos (como o do Buzz, do Pinocchio, do Peter Pan que estava muito escuro, o Piratas do Caribe) e adorou o Dumbo, o carrossel e a parada. O Disney Village parece ser legal, embora logicamente nada que se compare ao Downtown Disney de Orlando. Mas gostamos da experiência e pretendemos voltar, quem sabe um dia nos hospedando em um dos hotéis do parque, porque acabamos não vendo a parada noturna pois as crianças estavam moídas.

O único grande problema de Paris, além dos preços, lógico, é a falta de elevador e/ou escada rolante na imensa maioria das estações de metrô. Entendo que esse é um dos fatores que mantêm o povo magro, porque o que se anda e se sobe e se desce dentro das estações não tá no gibi, mas pra quem é cadeirante, tem dificuldades pra caminhar (a mãe da Raquel tem dores nos joelhos e sofreu um pouco), está com carrinho de criança ou simplesmente está cansado depois de um dia de trabalho, as escadas são de matar. No nosso caso fazíamos assim: eu e a Raquel levantávamos a barra de empurrar dos carrinhos e o Mirco levantava a parte dos pés, um carrinho em cada mão, e assim subíamos e descíamos as escadas. As meninas se acabavam de rir, se achando as princesas andando de liteira, e todo mundo ficava olhando e achando graça, mas não tinha outro jeito.

Eu particularmente não me canso nunca desse tipo de férias. O Mirco, habituado à vida na roça, fica logo estressado, e deixa toda a parte da navegação nas minhas mãos – ainda bem, porque eu adoro, como já cansei de comentar por aqui. Adoro aquela cabeçada toda, adoro ter que ficar fazendo roteiros e contando estações e programando baldeações, e sobretudo adoro mapas de metrô. Sou completamente tarada por mapas, de qualquer tipo, e os de metrô não são exceção. Adoro os nomes das estações, adoro a escolha de cores, fico imaginando a engenharia de trânsito louca por trás daquilo tudo, adoro, adoro. Então eu fico de copiloto, feliz da vida. E juro que não me canso, mesmo tendo que ajudar a levantar o carrinho. Posso passar o dia inteiro andando pela cidade, empurrando carrinho, subindo e descendo escada. Se estiver de sapatos confortáveis, posso andar até a lua sem reclamar, e as complicações normais de uma viagem, que são estressantes pro Mirco – tipo achar um restaurante decente, localizar a estação mais próxima, decidir que tipo de ingresso comprar etc – pra mim são só diversão.

E a viagem ainda teve uma cerejinha final: conseguimos, embora rapidamente, encontrar a Karla, uma americana que hospedamos no esquema de Couchsurfing antes da Carol nascer, e que está morando em Paris há três anos. Ela é um amor de pessoa e adorou ficar com a gente aqui no interior do Zaire, e fez um esforço de schedule pra nos encontrar. Levou baguettes e vários queijos fedorentos maravilhosos (e pretzels do Paul) e uma garrafa de vinho pro nosso apartamento e conseguimos bater um papo meio tabajara (porque as crianças interrompem toda hora) e rapidinho (porque a gente ia embora no dia seguinte e eu tinha que fazer as malas). Foi muito bom revê-la e legal manter esse contato – ela vai se mudar pra Los Angeles e já nos convidou pra visitar ;)

Nós voamos de easyJet dessa vez. Como sempre, deixamos o carro no estacionamento Park and Fly, que sai bem mais barato do que deixar dentro do aeroporto, e eles levam você de furgão até o aeroporto. Descemos em Orly e fomos de táxi até o apartamento; deu 35 euros, nada mal. A volta foi mais chata porque tínhamos que entregar o apartamento às 11 e o nosso voo só saía às 8 e meia da noite, de modo que passamos o dia inteiro no aeroporto, mas a Carol se comportou muito bem, correu, se cansou, dormiu pra caramba, acordou, lanchou, passou o voo desenhando e capotou assim que sentou no carro. Chegamos em casa quase uma da manhã, mas não importa. A viagem foi ótima.

E dia primeiro de junho vou pro Rio. Êeeeeee!

7 ideias sobre “paris

  1. Eu também adoro, não me canso, e posso voltar a Paris trocentas vezes, nas não ia reclamar se eles colocassem umas escadas rolantes e elevadores em mais estações ;-) Também não curto muito o Marais, mas ter uma sala quando se está com mais gente e crianças pequenas é ótimo! Só não entendi uma coisa: você reclamou da cozinha velha e vagaba do apartamento desse ano, portas sem puxador, mas as fotos mostram uma cozinha aparentemente nova com puxadores e tal, o link tá certo? As fotos são de outra cozinha? Propaganda enganosa da agência?

    • Não é nova e é vagaba; quando tentamos abrir a dispensa, que obviamente não usamos mas abrimos pra ver o que era, a bichinha saiu se tremendo toda, fazendo barulho e com a toda a cara de que se tentássemos de novo cairia na nossa cabeça. Os puxadores só rolavam na parte da cozinha cozinha mesmo; na extensão da cozinha, os armários baixos que formam uma espécie de balcão atrás da mesa, não tem puxador nem reentrância em cima nem nada, de modo que você tem que adivinhar qual porta abre em qual direção. Como esses armários guardavam talheres e copos, que a gente toda hora usa, era uma chatice que se repetia várias vezes por dia.

      Propaganda enganosa não, é só que pelas fotos não dá pra ver esse tipo de detalhe…

  2. Gosto de andar pelo Marais, mas sim, deve haver bairros melhores para ficar em Paris. Berlim também tem muitas escadas, em todo o canto.

    • Acho que todas as capitais europeias, pelo menos as que eu conheço. Londres tá cheia de estações em obra, instalando elevadores e/ou escadas rolantes, mas deve ser só por causa das Olimpíadas, eu acho.

      • Bilbao eh otimo para cadeirantes :) Fui para la com o pe quebrado, de muleta/cadeira de rodas, e foi muito tranquilo. Mas acho que eh porque tudo la eh bem novinho.

  3. Oi Leticia, voce por acaso conhece um serviço desse tipo para Roma? Vivem me pedindo dicas de hospedagem em Roma (claramente do tipo boa e barata) e eu acabo tendo que convencer minha sogra a hospedar… hahah, tadinha.

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