meu kindle, meu tesouro

Comprei um Kindle, como eu disse no post sobre a viagem a Londres. Comprei pela Amazon inglesa e mandei entregar no Hiro, e peguei quando fomos passar a tarde com eles.

Quando eu perguntei no Twitter se comprava ou não o Kindle um monte de gente me falou que eu tava louca, que o negócio é preto e branco, pré-histórico, que não serve pra nada e coisa e tal, que eu deveria era comprar um tablet. Como vocês já devem estar carecas de saber, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa. O Kindle é pra ler, a conexão 3G vem junto pra você poder comprar livros pela Amazon (que é só onde eu compro mesmo, de modo que falta de acesso a outros vendedores não faz a menor diferença pra mim) onde quer que esteja, e o browser é só um bônus. Excrusive está no submenu “Experimental”, ou seja, sabe-se que é um quebra-galho que pode dar tilt a qualquer momento e azar o seu. O Kindle não faz mais nada além de ler, mas isso ele faz MOITO bem. Eu não sou do tipo que sublinha nem anota nada em livros, mas se você quiser pode fazer ambas as coisas, e a Amazon faz back-up de tudo pra você. Tem livro pra Kindle piratão na rede? Tem. Mas eu, sendo doentinha, já comprei a versão impressa de tudo o que eu li pelo Kindle e gostei até agora…

Porque é LÓGICO que não é a mesma coisa que ler no papel – quer dizer, pros olhos é a mesma coisa porque a tecnologia e-ink deles é uma maravilha e ler no Kindle não cansa nada, mas pro resto dos sentidos é muito diferente. Nenhuma sensação no mundo equivale à delícia de segurar um livro nas mãos, sentir o cheiro do papel, a textura das páginas nas pontas dos dedos, o peso dele, o prazer do ato de folhear. Mas sabe como é, não tem tu, vai tu mesmo, entendem? Tem horas que o Kindle é a única possibilidade. Porque ele tem uma vantagem eLorme: dá pra ler hands-free. Coisa linda da mamãe. Você bota o negocinho em cima da mesa, ou da pia, ou da bancada da cozinha, e consegue fazer outras coisas enquanto lê. Ma-ga-vi-lho-so!

Exemplo: a Carolina leva hooooras pra comer, e a televisão tem que estar ligada porque se ela se tocar que está comendo, para (exatamente o contrário de mim, que não paro nunca), então precisa de uma distração. E não adianta eu contar história nem ficar conversando com ela nem fazer teatrinho de boneco; tem que ser a televisão, aparentemente a única coisa alienante o suficiente pra deixá-la num estado parecido com o de animação suspensa, completamente passiva às minhas manipulações alimentares. Isso faz com que eu fique um tempo enorme com o garfo no ar, esperando a criatura acabar de mastigar e se dignar a abrir a boca, sem nada pra me distrair além do Nemo/Cinderela/Shrek/Wallace and Gromit na tela. Com o Kindle meus problemas de tédio acabaram! Enquanto ela mastiga, hipnotizada por Aladim e Jasmine, eu, em vez de ficar sem fazer nada, baixo os olhos pro Kindle apoiado na mesa e leio um tiquinho.

Estou conseguindo ler mais desde que trouxe o bicho pra casa do que desde que ela nasceu. Leio com o Kindle apoiado no porta-toalha enquanto escovo os dentes. Enquanto mexo o risoto, prato que requer supervisão constante. Enquanto tiro a louça da máquina de lavar. Enquanto faço a cama. Uma coisa de louco! Estou apaixonada, crianças.

Quanto à conectividade, pra ser sincera só testei de verdade na Inglaterra, porque me conectei pelo Kindle do aeroporto em Londres sem nenhum tipo de problema, mas aqui na Itália o browser não abre. Tudo bem que quando fui comprar o bichinho o site me avisou pra comprar pela Amazon americana, que pede pra você escolher o país em que o seu Kindle vai ser usado na maior parte do tempo, mas eu simplesmente estava me coçando toda de curiosidade e não podia esperar até o Natal, quando estaremos em NY (o frete era grátis pros EUA mas pra cá sairia carinho e ainda por cima eu estaria sujeita às taxas de importação. Não bom.). Meu raciocínio foi o seguinte: se a parada é feita pra você ter conexão 3G de grátis em 100 países do mundo, o país onde você o comprou não pode fazer diferença porque senão a coisa toda não tem sentido, certo, Biscoito? Vou levar o meu neném pra NY e ver se consigo me conectar de lá. Se der problema vou ter que entrar em contato com a assistência técnica deles pra saber o que fazer, mas tenho pra mim que o problema é com a Itália mesmo, e nesse caso não faz diferença porque conexão 3G por conexão 3G, melhor a do meu iPhone, que tem um browser decente.

Mais sobre o que ando lendo em futuros posts.

P.S.: Não sei se vocês sabem, mas o Guia para Hackear Línguas vem também em versão pra ser lida em e-readers, incluindo o seu Kindle. Fikdik.