a salvadora da pátria

A minha mais nova melhor amiga do mundo é a Fabiola. Não porque ela é brasileira, que como vocês já estão carecas de saber é muito pouco pra chamar alguém de amiguinho, mas porque ela é normal. Não é Jucileide, não é Michelly, não é Katylene, não é Suely Maria – é Fabiola. Uma pessoa normal, que fala italiano direito, condizente com alguém que mora aqui no Zaire há muito tempo. Uma pessoa normal, que tem amigos italianos, que não leva vida de gueto, que não veio pra cá caçar gringo. Uma pessoa que trabalha, que trabalhava direito no Brasil, que é estudada, que já morou em outros lugares, que gosta de viajar, que fala português direito (tá, tem o sotaque paulistano, mas a gente releva) – QUE FALA PORTUGUÊS DIREITO! Gente, uma pessoa normal. Vocês não estão entendendo. A Fabiola veio ao mundo pra me salvar do limbo intelectual botense.

A descoberta da Fabiola foi assim, ó: ela casou com o Petto (apelido do sobrenome), amigo/conhecido do Mirco (como todo o resto da cidade, que é um ovo). Toda a vez que cruzávamos com o Petto na rua o Mirco parava pra bater papo e depois, quando íamos embora, comentava que ele era um cara legal, que sempre tinha sido interessante e inteligente e coisa e tal. Mas não nos frequentávamos, por assim dizer. E aí o Petto casou com a Fabiola. E fez-se a luz.

A Carol adorou ela. Eu adorei ela. Nos entendemos como se nos conhecêssemos há anos. Agora tenho alguém com quem usar expressões como “fulano não quer nada com a Hora do Brasil”, “Mario? Que Mario? Hohoho” e outras pequenas delícias desse tipo. E ela me deu um pão de mel que o Petto trouxe da Sicília, que tem logicamente outro nome e leva umas cascas de laranja cristalizadas hediondas no meio mas estava absolutamente delicioso. I love pão de mel. Ela vai me dar receita de pão de queijo. Ela vai me usar como beta tester dos pães de mel que ela vai fazer pra vender e ficar rica vendendo doce decente pra italianada. Fabiolazinha querida, eu te amo.