merda sul ventilatore

Rapaz, a coisa tá feia aqui na bota.

O escândalo do Berlusconi com as garotas de programa de luxo tá dando pano pra manga, lógico. Ontem uma das tais garotas deu entrevista num programa radicalmente de esquerda, o Anno Zero, que conseguiu milagrosamente voltar ao ar depois das férias mesmo depois de uma certa campanha contra da parte da direita. Confirmou que, sim, passou a noite na casa do presidente do conselho de ministros, que foi sempre muito gentil com ela, se interessou pelos seus problemas (parece que ela estava fazendo o tal programa pra conseguir abrir uma atividade comercial cuja falência tinha causado o suicídio do pai, não sei direito porque não vi e o Mirco tava meio dormindo quando viu e não lembra direito) etc. Entre outras coisas.

Aí rolam várias coisas paralelas, que dão mais pano pra manga ainda. Berlusconi visita o Papa numa semana e na semana seguinte o mesmo Papa faz sermão contra o divórcio (não precisamos nem dizer que o Berlusca está se divorciando da sua mulher plastificada e peruésima). Váaaarios debates sobre a posição da igreja nessa história toda, que não deu um pio consistente sobre o comportamento nada ortodoxo do presidente. Rolam também tentativas de mudar de assunto, tipo o discurso do Berlusconi na festa de aniversário do seu partido, falando que a esquerda torce pra crise piorar pra poder botar a culpa na direita e que comemorou a morte dos soldados no Afeganistão porque é contra a presença de militares italianos lá (no comment). Rola o presidente do conselho querendo processar jornais italianos e estrangeiros que dão notícias sobre o caso das prostitutas e outras coisas bizarras sobre ele; em particular, o jornal italiano que ele quer processar está pra ser processado por ter publicado, todos os dias há não sei quantos meses, uma série de dez perguntas que gostariam que Berlusca respondesse. Tipo assim, o cara quer processar um jornal POR FAZER PERGUNTAS. A coisa é tão absurda que até a União Europeia já meteu o bedelho; pena que perdi o link do Figaro sobre o assunto. Váaarios debates sobre a liberdade de expressão no país, já que os maiores jornais, as maiores revistas, as três maiores redes de televisão privadas, as maiores editoras todas pertencem ao Presidente do Conselho. Agora tá rolando ainda um lance sobre o chamado “escudo fiscal”, que não entendi direito porque não estou acompanhando bem, uma lei que permitiria o retorno de grana pertencente a italianos e atualmente investida em paraísos fiscais mediante o pagamento de uma multa ridícula. O mecanismo é complexo mas logicamente, vindo de quem veio, as intenções não podem ser lá essas coisas; ontem o partido do Di Pietro, meu ídAlo, fez um protesto em Roma com todo mundo vestido de mafioso, pois segundo eles esse tipo de manobra só vai favorecer quem lavou dinheiro e mandou pra fora, bem coisa de mafioso mesmo. Vou pesquisar mais sobre o assunto e quando entender alguma coisa venho aqui dar os detalhes. Rola o Presidente do Conselho que diz, ao lado de um Zapatero meio surpreso, que é o melhor presidente do conselho da história do país. Rola o Presidente do Conselho dizendo “ou ela ou eu” sobre uma repórter que lhe faz perguntas cabeludas. Rola que tudo isso, tudo isso mesmo, começou com uma carta, publicada em um jornal, escrita pela mulher do Berlusca que afirmava que estava se divorciando porque o marido “frequenta menores de idade” – daí partiu o primeiro escândalo, aquele sobre o Berlusca na festa de aniversário de 18 anos da tal Noemi Letizia e as entrevistas com ela, que dizia que o chamava “papi” e que eram “muito íntimos”; uma coisa horrorosa, enfim.

Em suma, o país ferve. Nem Janete Clair seria capaz de inventar uma história tão rocambolesca assim.

Estou me divertindo horrores.

A Daíza postou dois links ótimos, um pra esse vídeo hilário (inglês com legendas em italiano) e outro pra esse jornal “alternativo”, onde recomendo os artigos de Marco Travaglio.

Enquanto isso, Carolina anda cada vez mais ridiculamente cabeluda, engatinhando à velocidade da luz, cruising de móvel pra móvel e atualmente se especializando em ficar em pé segurando-se com uma mão só, alternando dias de greve de fome com dias de comilança desmedida, falando “tetetetete” e “mamamamama” e “dadadadada” e “bababababa”, rindo quando me vê malhando e se sacudindo quando ouve música.