é maquilage, creuza

E então hoje, como presente 2-em-1, ou seja, antecipado de aniversário e por ter feito várias coisas hoje no trabalho que precisavam ser feitas, me dei um novo rímel da Clinique, que o meu da Mac acabou. Espero que não seja do tipo que borra, como era essa da Mac. Espero um dia ter grana o suficiente pra ter coragem de pagar 25 € num rímel YSL waterproof sem pestanejar.

filmitchos

Fato: estou me brigittebardotziando. Ver bicho sofrendo me dá tanta ou mais pena do que ver gente sofrendo. Cheguei a essa conclusão depois de ter virado o rosto váaarias vezes durante Hidalgo – Oceano de Fogo, cada vez que um cavalo se machucava, caía, tinha enxaqueca, indigestão, escarlatina. Não aguento ver, não consigo, e não adianta saber que é tudo mentira: me sinto péssima.

[Eu gostei do filme. As paisagens são lindas, há muitas belas tomadas, e os tecidos que a Jazira usa são DI-VI-NOS!]

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Aí fui ver a Paixão do Mel, com FeRnanda e Fabião. FeRnanda chorou rios e se emocionou horrores, “principalmente por saber que foi tudo verdade”. Eu, descrente que sou, não me angustiei porque era Cristo sofrendo, mas porque era alguém sofrendo, ponto. Talvez se tivesse sido uma foca, um cachorro, um papagaio sendo chibatado, teria me angustiado mais ainda, não sei.

Adorei o lance do aramaico e do latino, adorei ver tantos atores italianos ali no meio (embora em termos de atuação mesmo ninguém tenha feito nada, visto que o filme é sobre chibatadas e assim sendo não deixa espaço a grandes diálogos ou interpretações inesquecíveis. A coitada da Monica Bellucci, linda até quando está suja e fedida, se fala duas frases em aramaico gaguejante é muito ), adorei os figurinos. Mas a Paixão é só isso: um filme cujo argumento central é a chibatada. Não ensina nada, não diverte, não deixa triste, não excita, não romantiza. Não faz nada. Sabe o filme totalmente, absolutamente desnecessário? Sabe aquele que não serve nem pra te irritar por ter visto um filme ruim? Então. Porque o filme não é ruim. É simplesmente inútil, o que eu considero pior que ser ruim e/ou chato. Totalmente inútil. Você fica lá vendo as chibatadas, todo aquele sofrimento exagerado (porque sinceramente acho pouco provável que alguém consiga sobreviver por tanto tempo a tanta chibatada, porrada e cuspe na cara) te incomodando, e depois o que acontece? Nada. Lhufas. E não venham dizer que é porque eu não acredito em Jesus, porque não é. Eu não só não acredito como não conheço a sua história, e continuei do mesmo jeito, ou seja, sem conhecer nada, uma vez que o filme conta só a parte das chibatadas e nada mais. O problema é que quem já conhecia a história não aprendeu nada de novo, e quem não conhecia permaneceu inguinorante. EU SEI que o filme é mesmo somente sobre chibatadas, já sabia disso antes de sair de casa pra ir ao cinema, mas mesmo assim achei decepcionante, vazio, chibatasófilo em excesso, muito pior do que eu imaginava.

Perdi, além dos 7 euros do ingresso, tempo precioso. Não gostei disso não.

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Pra compensar, pegamos Lost in Translation anteontem em DVD. A-do-rei :) Adorei as celulites e a barriga da menina (esqueci o nome), adorei a parte estética do filme, adorei as cores, adorei os diálogos, adorei os atores, adorei tudo. Só não colocaria aquele beijo, ainda que casto, no final.

Hoje e amanhã trabalho na loja do Fabrizio, o Louco, e amanhã vai ter festinha antecipada de aniversário aqui em casa, pra aproveitar que a irmã da FeRnanda e o marido tão aqui na área.

Quero escrever sobre Hidalgo e a Paixão de Cristo, que vimos anteontem e ontem, respectivamente. Mas preciso de um tempinho e não sei se vai dar, porque agora vou correr, fazer máscara de creme no cabelo, dar uma geral na casa antes de ir me empanturrar no almoço de Páscoa na Arianna…

E antes que alguém venha me chamar de mal-educada… Boa Páscoa, o que quer que isso signifique.

biblioteca pacamanca

Como fiquei pastando no sofá o dia inteiro, terminei Disgrace (que achei realmente uma desgraça, chatíssimo) e comecei e terminei Magdalene. Fiquei curiosa: quem será que teve a idéia de transformar esse livro em filme? Porque o tema é até interessante, com grandes possibilidades de aprofundamentos e ramificações, mas o livro é escrito em linguagem quase infantil, e com uma superficialidade que não cai bem, considerando-se a seriedade do assunto. Confesso que fiquei meio desorientada, meio “ué, mas é só isso?”. Mas agora quero ver o filme.

Hoje comecei La Forma dell’Acqua, de Andrea Camilleri. Já comentei aqui o quanto gostei de La Mossa del Cavallo, que é absolutamente fe-no-me-nal. Esse que comecei hoje é o primeiro de uma série de gialli (romances policiais) que têm* como protagonista o Commissario Montalbano, e que inspiraram uma série televisiva de sucesso no ano passado. Esperamos que La Forma dell’Acqua seja bom o suficiente pra fazer minhas narinas pararem de abrir e fechar de tanta raiva por ter perdido tempo lendo dois livros chatos.

* O verbo tá no plural porque gialli é plural de giallo, não fiquei inguinorante do dia pra noite não, tá?

é a idade…

Chuva até Pasquetta (a segunda-feira depois da Páscoa). Sabe depressão meteorológica? Então.

Pra mudar de assunto: quarta-feira fomos jantar no Massimo, restaurante de frutos do mar mais famoso da zona, lá pros lados do Lago Trasimeno. Fomos com um amigo de infância do Mirco e a mulher dele. Comemos super bem, detonamos três garrafas de bom vinho branco, batemos um papo muito agradável, apesar de ter sido um saco aguentar um cigarro do Marco entre um prato e outro (considerem que houve 3 antipasti, 2 primi e 1 secondo). Tava frio mas não muito, meus sapatos maravilhosos detonaram meus pés, cheguei em casa meio tontinha mas nada de muito complexo. Só que eu devo ter dormido em uma posição esquisita, porque ontem de manhã acordei com o pescoço e o ombro esquerdo muito doloridos. Fui trabalhar do mesmo jeito, mas à medida em que o tempo passava a dor ia piorando. Quando acabou o expediente da manhã e fui pegar o carro pra vir pra casa almoçar, percebi que estava toda paralisada de dor, o ombro completamente duro e imóvel. Pra sair da agência foi um parto, porque eu não conseguia virar o pescoço pra ver se vinha carro da direita. Cheguei em casa, me joguei no sofá e dali não saí mais. Simplesmente não conseguia me mexer. Fabião e FeRnanda vieram pra sessão semanal de Grande Fratello (cujo paredão foi completamente armado. Todo mundo odeia aquela piranha da Carolina, comé que saiu o Bruno, tão legal, coitado, que precisava do dinheiro pra casar?), mas trouxeram rango do McDonald’s porque eu realmente não estava em condições de cozinhar.

Hoje acordei melhor, mas ainda estou dolorida. Aí vêm os pitacos da galera hipocondríaca: foi o colpo della strega (golpe da bruxa), ou seja, golpe de ar frio! Arrã, falei. Frio onde, se na quarta-feira à noite eu tava toda encasacada quando saí do restaurante pra entrar no carro, e nem estava tão frio? Se dormimos com as janelas do quarto fechadas e com um edredom de pena de ganso super pesado? Meu diagnóstico é a síndrome do bêbado mesmo – quando bebemos dormimos feito pedras, mudando pouco de posição, por isso é comum acordar com o braço dormente. Se eu fosse um braço e meu dono, bêbado, dormisse a noite inteira com todo seu peso em cima de mim, eu também ficaria dormente e dolorido, por culpa de meus nervinhos esmagados por horas a fio.

papatinho

A pergunta do dia é: meus geloni* me deixarão usar meus sapatos marrons altíssimos com cristaizinhos Svarowski azuis pra ir jantar frutos do mar hoje à noite ou vou ter que dar uma de pimba e ir de salto baixo mesmo?

*Gelone é uma inflamação articular e cutânea das extremidades (pés e mãos) causada pelo frio. Os sintomas são vermelhidão, prurido, e uma dor feladaputa.

tolinhos!

Berlusconi anda contando vantagem por conta dos acidentes estradais, cujo número caiu muito depois da introdução do sistema de pontos pra carteira de motorista. Aí eu fiquei pensando numa coisa que de vez em quanto me fustiga o céLebro: por que é tão difícil pra maioria das pessoas fazer as coisas pelos motivos certos? Eu, hein!

O lance é que aparentemente não interessa a causa mas sim o efeito: se neguinho bota o cinto de segurança, aparentemente não faz diferença se bota porque se não botar e o guarda vir ele leva multa ou então se ele bota porque sabe que tem que botar, por motivos de segurança. Mas eu acho que faz toda a diferença do mundo. A diferença é a seguinte: eu, por exemplo, uso cinto desde pequena, o que quer dizer MUITO antes do cinto virar obrigatório no Brasil. Minha mãe não gosta, acha desconfortável, mas pra essas coisinhas técnicas da vida papai é rei e nos acostumou desde cedo. Hoje eu boto o cinto assim que entro no carro, não tiro nem pra manobrar, nem se tenho que ficar esperando no carro. Esqueço que o cinto existe, não me incomoda de jeito nenhum, nem no calor – pelo contrário, se esqueço de botar (e só esqueço quando estou usando bolsa a tiracolo, porque a alça da bolsa atravessando o peito dá a sensação de que estou de cinto) sinto que fica faltando alguma coisa. Ou seja, eu não uso porque tenho medo de levar multa, mas porque SEI que, pra minha própria segurança, é melhor usá-lo.

Meu tutor, que como a maioria dos italianos tolinhos acha que é invencível e invulnerável, acha o cinto uma bobeira e só usa porque tem medo de levar multa. A diferença entre nós dois é que, se por acaso a lei do cinto terminasse, ele pararia de usar, e eu não.

Por isso insisto no fazer as coisas pelo motivo certo – porque senão quando a motivação errada acaba, a gente pára de fazer. É como se eu só limpasse a casa quando tivesse visita. O resto do tempo a casa ficaria imunda. É claro que isso não acontece, porque eu sei que tenho que limpar a casa, por ene motivos óbvios. Não paro na faixa de pedestres pra velhinha atravessar só porque tem uma placa, ou porque tem um guarda parado a 50 metros de distância, ou porque senão a velhinha me xinga. Paro porque quando sou eu que estou atravessando também fico com raiva de quem não pára. Pago meu aluguel em dia não porque se eu não pagar o Stefano pode me mandar embora de casa, mas porque simplesmente tenho que pagar, se fosse eu a proprietária também ia ficar irritada se meu inquilino não pagasse. Posso ainda dar o exemplo da mãe idiota que diz pro filho parar de surrar o irmãozinho porque senão ela vai chamar o papai. Que ódio que essa frase me dá! O dia em que o pai morrer o filho vai achar que pode surrar quem quiser, porque a mãe não vai ter ninguém pra chamar.

Acho tão mais válido viver assim, sacando sozinho por qual motivo precisa fazer isso e não aquilo. Tão mais fácil ser capaz, mais ou menos, de distinguir o certo do errado, sem precisar ser condicionado pavlovianamente com multas, ameaças, leis. Na verdade só precisa de bom senso mesmo. O problema é que anda em falta no mercado…

eu olhei pra ela, ela olhou pra mim

Enquanto escovava os dentes depois de tomar café (acordei cedo pra correr, mas o vento sopra gelado lá fora e perdi a vontade) vi uma barata passeando no chão do banheiro. Baratas e formigas são coisas raras por aqui. O inseto chato italiano por excelência é a mosca, que aliás já começou a aparecer duas semanas atrás, quando o tempo deu sinais fortes, embora enganosos, de que iria melhorar (leia-se “esquentou, as moscas chegam”). Mas barata em casa eu nunca tinha visto.

Como barata é coisa de pobre, batizei-a com o nome da minha vizinha vagaba, afoguei-a em Baygon e joguei seu cadáver no lixo.

sonhos sonhos são

Acordei hoje e vi na minha caixa postal um e-mail de uma amiga de faculdade muito querida, a Super Pediatra Sabrina, com quem há muito eu não falava. Fiquei muito feliz, não só por ter reativado esse contato, mas também por causa das boas notícias que ela deu. O engraçado é que eu sonhei com ela essa noite. Foi um sonho muito bizarro, cheio de casamentos simultâneos e amigos em comum correndo pra lá e pra cá pra assistir a todos. E aí a Sabrina hoje me escreve dizendo que tá pra casar. Transmimento de pensação :)

desgraça mesmo

Por que ninguém me disse que Disgrace é TODO escrito no presente – estou falando do tempo verbal? Por que ninguém me disse que esse livro é chato, chato, chato, cansativo, vazio, que parece escrito por uma criança, em frases curtas, com metáforas bobas? Por que esse livro ridículo ganhou o Booker Prize? Deve ser pelo mesmo motivo pelo qual o Paulo Coelho ganha prêmios na França.

Estou quase terminando e a única passagem interessante até agora é:

“(…) Sometimes I have felt just the opposite. That desire is a burden we could do well without.”
“I must say,” says Lucy, “that is a view I incline towards myself.”

E que diabo são essas frases sem nenhuma contração pronome-verbo? Vai ver que na África do Sul é assim, os pais falam com os filhos como se fossem âncoras do telejornal, com os verbos todos por extenso…

(Claro que existe uma outra hipótese possível: a de que eu seja muito burra e ignorante e não tenha entendido algum mecanismo literário inovador inventado pelo Coetzee. Mas continuo achando o livro uma porcaria. Infelizmente eu tenho esse problema incurável: tenho pena de livros, tanto dos deixados nas prateleiras quanto dos largados lidos até a metade. Por isso agora tenho que terminar de ler.)