Estou tendo problemas pra enviar e-mail de novo, não fiquem achando que sou negligente. É problema técnico mesmo. Da outra vez resolveu sozinho, vamos ver se agora também vai.
Arquivo do Autor: leticia
Estou tendo problemas pra enviar e-mail de novo, não fiquem achando que sou negligente. É problema técnico mesmo. Da outra vez resolveu sozinho, vamos ver se agora também vai.
Há flores em tudo que eu vejo
Pois é, a primavera parece que chegou, mas não conta pra ninguém não, que eu tenho medo do frio voltar.
De qualquer maneira, desde o início da semana que o sol tá lá, firme e forte forte de verdade, a gente sente a pele queimando, mas não morre de calor porque ainda rola um vento frio. Aqui nos jardins atrás de casa estão preparando tudo pra festa da primavera, que começa semana que vem. Ano passado eu nem reparei but then, how could I?
Há flores pipocando em tudo que é lugar. Jardineiras nas janelas, mil vasos nas varandas, petúnias, violetas, tulipas, flores cujo nome não sei. Os italianos gostam de jardinagem, mas estão longe da organização dos ingleses, então os jardins são a imagem da ordem no caos: percebe-se a mão de alguém na distribuição das plantas, mas não é possível detectar nenhum padrão de nada. Os jardins das casas italianas são muito visivelmente italianos, e eu acho isso super divertido. Eu adoro essa floração em tudo que é lugar, apesar de ter que admitir que tenho pena das plantas (eu não falei que eu tava brigittebardoziando cada vez mais? Daqui a pouco vou ter pena até de bactéria, espera só pra ver), enfurnadas em pequenos vasos, as raízes doidas pra dar uma expandida e dando de cara com aquela barreira sólida. Pobres florezinhas que não sobreviverão ao próximo inverno! Sinto pena, de verdade. Toda vez que rego minhas flores na varanda fico me martirizando por mantê-las dentro de vasos apertados em vez de livres e serelepes num jardim. Mas não tenho jardim, então tem que ser em vaso mesmo. Tadinhas!
A única coisa que eu não gosto da primavera é essa abundância de rosas em tudo que é lugar. Eu detesto rosa, acho a flor mais cafona do planeta, repolhuda, vulgar, exibida. E ainda por cima tem espinho! Gosto de florzinhas pequenas, espontâneas, alegres e bobinhas flores do campo, margaridinhas danadas que crescem sem ser convidadas, papoulas vermelho-berrante (sábado colhi várias do chão novamente a pena de arrancá-las enquanto passeava com o Legolas e enfiei por dentro da coleira dele. Ficou um cachorro primaveril, papoulento, maravilhoso.) igualmente caras-de-pau que nascem em qualquer lugar; amo as tulipas, elegantes, clean, simples. As miniflores do meu tomilho e da minha sálvia são lindas, apesar de microscópicas ou então exatamente por serem microscópicas. Minhas petúnias estão divinas. Os cravos foram transplantados ontem a dois vasos maiores, porque achei que as mudinhas não estavam gostando muito da apertação do vasinho onde estavam antes e estavam empacadas na mesma altura há duas semanas. Vamos ver se agora crescem direito. As dálias-anãs estão firmes e fortes; eu dividi um pacotinho de sementes em dois vasos, então eu acho que o espaço é suficiente. Arianna anteontem me deu um vasinho bonitinho com três flores vermelhas estranhas cujo nome nem ela sabia. Perguntei logo se podia passar pra um vaso maior, mas ela falou que não. Tadinhas.
E aqui o ditado diz que uma andorinha não faz primavera. E é verdade. Há andorinhas em tudo que é lugar. De manhã é uma bagunça danada, elas voam feito flechas pra lá e pra cá, indo e vindo dos ninhos construídos embaixo das bordas dos telhados, fazendo o maior escândalo com aquele piu-piu estranho delas. Há outros passarinhos também, mas no meio desse bando de andorinhas a gente nem consegue ver direito.
Acho que seria uma boa idéia arrumar uma andorinha doméstica pra comer as moscas, que já começam a encher o saco. Cada moscona tão grande que parece um helicóptero. Bicho nojento. Insetos malditos, abusados! Ontem à tardinha eu e Mirco fomos correr aqui nas redondezas, em meio aos campos de trigo, e a quantidade de inseto que deu topada na gente foi impressionante. Primavera na roça é assim mesmo, tenho que me conformar…
procura-se sponsor
Estamos à procura de um patrocinador para um revolucionário produto que com certeza vai mudar, para melhor, a vida de milhões de pessoas em todo o planeta. Trata-se do Super Hiper Mega Decapitador de Fumantes de Elevador, copyright pacamanca Inc. O funcionamento é simples, rápido, e infelizmente indolor: um sensor ultra-eficaz posicionado no teto do elevador* ativa, ao menor sinal de fumaça de cigarro, um jato de água direcionado a laser que apaga o cigarro imediatamente. Mas não é só isso! O sistema também ativa, imediatamente depois da apagação do cigarro, um machado afiadíssimo que cortará, com precisão cirúrgica, a cabeça do idiota. E na versão 2.0 Deluxe a lâmina já vem automaticamente coberta com um potente coagulante, que impede assim quaisquer jorros de sangue e consequentemente elimina o incômodo da limpeza pós-decapitação.
Também estamos tentando um acordo com o cadastro de cidadãos para eliminar possíveis cônjuges do idiota decapitado, para evitar assim a transmissão dos cromossomos da falta de educação às futuras gerações.
*O sensor, naturalmente, é invulnerável a qualquer tipo de agressão, seja ela de natureza química ou física.
vai uma massaje aí?
Pois é, então, nem contei do maluco-beleza que está fazendo minhas massagens shiatsu. O cara é uma figuraça, todo descabelado, mas competente, pois já estou me sentindo melhor. Ontem foi a primeira sessão, e logo de cara ele sacou qual era o problema: ao sentir a rigidez do músculo, perguntou na cara dura se eu estava contente no meu emprego. Dei uma risada e deixei por isso mesmo. Ele respondeu com outra risada de quem entendeu tudo muito bem.
Hoje, durante a segunda sessão, botei meu bedelho pra funcionar e perguntei há quanto tempo ele faz massagem, e principalmente como foi parar nesse tipo de atividade. Resposta: desde 89. Antes disso ele administrava discotecas e pubs (tuuudo a ver), até que uma amiga a quem ele deve ter administrado uma bela massagenzinha erotico-básica disse que ele tinha “energia nas mãos”, coisa que eu considero uma balela ímpar, que seria melhor traduzível em “mãos boas pra massagem”. Ele resolveu ir adiante, e, não achando na Itália nenhuma escola séria de shiatsu, foi parar na Suíça, onde estudou por 3 anos (e eu que achava que era uma coisa simples…). Voltou à Itália, continuou sempre os estudos, acompanhou de perto um médico “alternativo” por 15 anos (esse guru dele hoje tem quase 90 anos), e resolveu abrir seu próprio consultoriozinho de massagem.
Perguntei tudo isso não só porque sou irremediavelmente curiosa, mas por um motivo muito down-to-earth: ele cobra 20 euros por cada sessão de 40 minutos. Eu levo 15 horas e meia como estagiária pra juntar 20 euros. Sacaram?
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A coisa curiosa nessa história toda é que ele pegou, compreensivelmente, o mesmo vício de todas as manicures que já fizeram minhas unhas: o de me dar tapas pra me fazer relaxar. Eu não consigo relaxar. Não tenho nenhum prazer particular com massagem, não me dá sono nem me tranquiliza, e eu fico rígida O TEMPO TODO. Detesto ter gente mexendo no meu corpo sem que eu saiba exatamente o que estão fazendo. Então volta e meia ele pergunta, beliscando meu ombro: “Por que você não está morta? Quero você morta, relaxada”. Ao que eu respondo: “Eu estou morta… só que em rigor mortis“. Que infame que sou.
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Segunda-feira, sempre às oito, a terceira e, espero, pro bem do meu bolso, última sessão. Mas sei que enquanto minha vida não se ajeitar por aqui e eu não me divertir mais um pouquinho vou continuar com o ombro duro, e todos os habitantes de Hokkaido podem vir massagear shiatsudamente meu músculo trapézio que o bicho vai continuar emperrado.
em compensação…
Li Dracula (o original de Bram Stocker) há alguns anos e, honestamente, é um dos melhores livros que eu já li na minha vida. Tem muito pouco a ver com o que estamos acostumados a assistir no cinema dá muito, MUITO mais medo. Bem escrito pra caramba, tenso, descritivo na medida justa. LEIAM.
blergh
Quarta-feira é dia de cinema (porque o ingresso custa 5,50 em vez de 7). Fomos ver Van Helsing. Antes tivesse ficado em casa passando roupa…
Sabe um filme tão ridículo que dá pena? É esse. O filme inteiro é ridículo, do começo ao fim. Os cenários são vergonhosos, o figurino é de uma cafonice ímpar, os efeitos especiais são sofríveis, o elenco inteiro é canastrão (o Faramir, que já era orelhudo e bobo quando era Faramir, vira um monge retardado; o pobre Wolverine fica ridículo de cabelão e chapelão; as esposas do Drácula são tão chatas e forçadoras de barra que da vontade de bater), o roteiro é um samba do crioulo doido (Drácula faz filhos que nascem de CASULOOOOOOOOOS pendurados no tetooooooooo, gosmentos e rabudoooooooos), os diálogos são absurdos, é um horror! A única coisa que se salva é o Drácula. Não sei quem é o ator, mas ele manda bem. O resto, senhores, é tão ruim que chega a dar pena.
grr.
Estou devendo 300.000 emails, mas hoje estou irritada demais pra escrever. A minha incapacidade total e absoluta de ganhar dinheiro me deixa num estado de ódio tamanho que não consigo nem respirar sem sentir raiva. Esperemos que passe.
livriiiiinhos!
Então, eu nem falei nada, mas sexta-feira chegaram meus livros da wishlist da Amazon, presente de aniversário do Mirco pra mim. Ontem mesmo comecei Choke, de Chuck Palahniuk (o autor de Fight Club) e já estou quase no fim. Estranho, mas interessante, tem algumas tiradas ó-te-mas. No pacote veio um outro dele, “Survivor”, Under the Volcano (Malcolm Lowry), Last Bus to Woodstock (Colin Dexter), What It Means To Be 98% Chimpanzee (Jonathan Marks), e dois básicos do Stephen Hawking que admito nunca ter lido antes: A Brief History of Time e The Universe in a Nutshell.
tudo na vida
Ontem fui a Roma rapidinho fazer o tal provino, ou prova em frente à telecâmera, pro tal lance de Donnavventura. Me senti ridícula, mas menos do que eu esperava. Nunca tive problemas pra falar em público, e mais público do que ali era impossível armaram uma tenda na Piazza del Popolo, esquina com a Via del Corso, os japoneses passavam e tiravam fotos, passavam charretes levando os convidados de algum casamento chique, e aquele bando de mulher sentada nas escadarias da igreja esperando a sua vez pra olhar pra câmera e dizer, me chamo fulana, tenho tantos anos, moro no lugar tal, e gostaria de participar de Donnavventura porque blah blah blah. O roteiro desse ano será os EUA e um pedaço do Canadá, chegando até o Alaska. Confesso que talvez tivesse ficado mais empolgada se fosse a Nova Zelândia. Ou a África. Minhas chances: 0. Lembrete pro ano que vem: ir de jaqueta de couro e sapato pesado. Ninguém convidaria uma pobre subdesenvolvida de sapato boneca e suéter Burberry pra dirigir um 4×4 no deserto do Nebraska.