31.01.06

step by step

Aproveitei a manhã livre, antes da Begonia chegar, pra dar um pulo no Ipercoop e comprar um aparelho de step pra mim. Tava na oferta, lógico - eu só compro coisas na oferta que não sou boba - e é pequeno, enfio debaixo de uma cadeira na sala e ele fica ali quietinho, azul, me esperando. Os amortecedores fazem um certo barulho funf-funf, mas por 38 euros eu queria o quê? De qualquer maneira, vai servir pra eu me mexer um pouquinho durante a metade do ano em que não posso botar o nariz pra fora sem morrer de frio. Dinheirinho bem gasto.

Postado por leticia em 22:10

30.01.06

woody

O negócio é o seguinte: Match Point é totalmente taken for granted. Diálogos idiotas e clichês, olhares clichês, cenas clichês. A única sacada legal é a analogia da bola de tênis com a aliança da velha. Só. O resto é tudo clichê do início ao fim, e isso me irrita MOITO, principalmente quando o ingresso custa 6,50 euros e eu estou com enxaqueca.

Postado por leticia em 21:11

29.01.06

Rotterdam - interior do Zaire

Acordamos tarde, tomamos café em casa mesmo e fomos direto pro aeroporto. Queríamos passar no supermercado pra comprar as sopinhas em lata que adoramos, mas não dava tempo e nem tínhamos espaço na mala (era uma mala pequena pra nós dois, não rolava). O vôo saiu no horário, como sempre, e chegou cinco minutos antes, como sempre. Pagamos 49 euros de estacionamento em Ciampino, bastards!, e fomos direto pra casa. Em dez minutos desfiz a minimala, escovei os dentes e saímos correndo pra Santa Maria. Deixamos os presentes da Arianna e da Lucia, batemos um papo rápido com o Leguinho e encontramos Gianni e Chiara pra ir ao cinema em Foligno. Àquela altura do campeonato eu já sentia as primeiras pontadas atrás do olho esquerdo, mas, burra, ignorei solenemente. Lógico que lá pra metade do filme (Match Point, achei uma caca) eu já nem sabia mais onde estava. Paramos pro pessoal comer uma piadina ali perto e nos mandamos pra casa, eu morrendo. Já cheguei à conclusão que não posso ficar muito tempo sem comer, porque logo me vem a enxaqueca. Não sei qual mecanismo fisiológico pode causar uma coisa assim, mas é batata: é eu ficar sem comer que a maldita vem. Claro que não acontece freqüentemente, muito pelo contrário, já que eu penso em comer durante 28 das 24 horas do dia, mas quando acontece, é batata.

Postado por leticia em 23:08

28.01.06

Rotterdam

O dia amanheceu lindo, mas frio pra cacete. Mirco dormiu até tarde; eu acordei cedo e aproveitei pra estudar um pouco de Studi Culturali (aquele do livro maneiro de Rifkin, Il Sogno Europeo). Resolvemos ir ao centro pra um brunch, e pro Mirco cortar o cabelo. Ele agora pegou essa mania de colecionar cortes de cabelo internacionais: já cortou as madeixas na Sérvia, no Rio, em Rouen, e agora queria em Rotterdam. Ontem tínhamos passado no centro rapidinho pra pegar um terno do Rob numa loja e dar uma olhada nos shoppings, e aproveitamos pra passar no barbeiro tradicional do Hotel New York pra marcar horário pra hoje. Então lá fomos nós.

Estávamos marcados pras onze, mas o Rob acordou tarde e chegamos às onze e oito. Foi só entrarmos que uma das duas funcionárias olhou pra nós, olhou pro relógio na parede e antipaticamente nos informou que elas estavam com o horário muito apertado, que ela não podia se ocupar do Mirco porque outro cliente estava pra chegar, mas a sua colega o faria. Cara, a garota demorou 50 minutos pra cortar a bosta do cabelo! Fio por fio, e no final das contas nem parece que cortou! Enquanto isso, a idiota da antipática (primeira holandesa antipática que eu conheço) ficou só perambulando pra lá e pra cá, mudando coisas de lugar, fazendo barulho, telefonando. E o tal outro cliente nada, lógico. Eu e Stefania ficamos observando o lugar, que é muito interessante, à moda antiga, com aquelas cadeiras de barbeiro maravilhosas (depois boto fotos, o Mirco não descarregou a máquina fotográfica ainda) e fotos antigas nas paredes. Rob tinha nos explicado que além do prédio da Prefeitura e de uma grande igreja no centro, nenhum outro prédio sobreviveu aos bombardeios da II Guerra. O Hotel tem esse nome porque ali ficavam os escritórios da empresa de navegação que levava os imigrantes pros EUA, e é um ponto histórico importante da cidade porque era a última coisa que os imigrantes viam quando iam embora, e a primeira coisa que alguém via quando entrava no porto de Rotterdam.

A garota levou tanto tempo cortando o cabelo do Mirco que quando acabou já era meio-dia. Pagamos o absurdo de 29 euros (corte de cabelo agora só em país subdesenvolvido, tá, lanterneirinho querido?) e fomos ver se ainda rolava o brunch no restaurante do hotel. Lógico que não, né. Então acabamos almoçando, até porque a fome era intergaláctica – ninguém tinha tomado café na esperança de se entupir de pão fresquinho e chocolate quente. Eu fui de salmão com molho de cogumelos, Mirco de filé com fritas. A comida estava ótima e o ambiente é bem interessante. A vista também é bonita.

Dali fomos à feira, no mercado. Compramos muito peixe baratíssimo e fresquérrimo pro jantar, pães sementudos e escuros como eu gosto e não acho na Itália, queijos bola bons pra fazer misto-quente, abobrinhas pra fazer com o camarão. Gastamos uma titica: com 14 euros compramos meio quilo de vongole, meio de mexilhões, meio de camarões pequenos, meio de camarões graúdos, dois filés de atum liiiiiiiindos, e quatro "molhos" de canolicchi, não sei como se chamam em português e muito menos se existem por aí; são um tipo de mexilhão comprido, que normalmente se faz gratinado no forno, com farinha de rosca, alho e salsinha. Adoro, e na Itália custam uma fortuna porque não são fáceis de "caçar": como ficam enterrados na areia, a rede não os pesca, e alguém tem que ir lá mergulhar e desenterrar um por um. Largamos as compras no carro do Rob e voltamos pro centro pra mais compras. As lojas de coisas pra casa são lindas, cheias de coisas bubus (comprei várias pra Newlands e mamãe). Acabamos comprando na Dille & Kamille (Korte Hoogstraat 22) toalhas de mesa lindas que estavam na oferta e que ninguém na Itália vai ter igual, ho ho ho, entre outras coisas fofas. Eu adoro o jeito que os holandeses têm pra decorar as casas. Sobretudo acho FENOMENAIS as janelonas imensas que deixam ver tudo, mas ninguém vê porque ninguém olha porque tem mais o que fazer. Acabo vendo sempre alguma coisa interessante no beiral das janelonas: um belo vaso de formato diferente, uma orquídea deslumbrante, castiçais maneiros, composições harmoniosas e invariavelmente simples de flores bobinhas. Adoro, adoro, fico louca admirando as janelas.

Depois de muito comprar, deixamos a Stefania em casa pra preparar um jantar pra cinco hóspedes, e fomos dar uma volta em Delft. Achei uma gracinha, mas tava um frio do caceteeeeeeeeee e o Mirco começou a se sentir mal. Voltamos pro estacionamento, pegamos o carro e fomos a Dan Haag (Haia), mas nem descemos do carro porque o vento tava foda. A cidade é praticamente um grande escritório e não tem muita coisa pra ver, mas há algumas casas divinas e sei que tem um museu muito interessante. A praia também pareceu bonita, e Rob disse que no verão fica absolutamente lotada. Voltamos correndo pra casa, morrendo de fome, e enquanto o Mirco tomava uma aspirina e deitava cinco minutos na cama eu fui limpar os camarões pequenos, os mexilhões e as vongole. Saltamos os camarões com abobrinha na panela com alho e azeite, só até o camarão mudar de cor e cozinhar o tempo justo; depois jogamos os fusilli cozidos al dente e pronto. Enquanto devorávamos o macarrão, a Stefania abriu os mexilhões e as vongole no alho e azeite com um copo de vinho branco. Comemos tanto que nem consegui terminar o filé de atum no forno sem nada, só um fio de azeite e pimenta-do-reino. Os camarões graúdos e os canolicchi que sobraram resolvemos levar pra Itália. E que os deuses da Aduana nos protejam.

Postado por leticia em 08:59

27.01.06

Rotterdam

Acordamos cedo, passamos na oficina pra largar a Uno porque alguém podia precisar, e nos mandamos pra Ciampino. O tempo tava feio por essas bandas, e quando paramos no centro de Ciampino (ô cidade feia!!!) pra comprar umas focaccias pro almoço no avião, o vento soprava terrivelmente. Mais tarde melhorou um pouco. O vôo com Tio Ryan partiu no horário, como sempre, e chegou em Eindhoven dez minutos antes, como sempre. Aterrissamos na parte nova do aeroporto, que ainda não tínhamos visto – no ano passado descemos na parte velha que mais parece um quiosque, e dali pegamos o carro alugado pra ir a Düsseldorf, lembram? Dessa vez esperamos uns dez minutos ali em meio a toda aquela luz, a todo aquele metal reluzente, admirando a arquitetura e a simplicidade das linhas, esperando o Rob.

Fomos direto pra Rotterdam e encontramos a Stefania em casa preparando as coisas pro grupo de aula de cozinha que chegaria logo depois. Eles fizeram uma bela reforma em casa, e agora a cozinha é um ambiente único com a longa sala de jantar/estar/televisão. Atualmente a Stefania está atacando em 4 fronts diferentes: dá aula de cozinha, cozinha take-away, faz catering e ainda por cima a sala de jantar funciona como um microrestaurante. A cozinha ficou linda e quem vem pra jantar fica encantado, não só com a atmosfera rústico-italiana mas principalmente com o menu, todo rigorosamente feito a mão: ravioli com recheio que pode variar de cogumelos ao tradicional ricota e espinafre, frango ou lombinho de porco em receitas sempre muito delicadas, refogadão de pimentão ou berinjela, tiramisù ou torta de maçã, uma garrafa de vinho. Logo depois que nós chegamos um grupo apareceu pra ter aula, e ficamos assistindo. É muito engraçado ver aqueles homões enormes vestindo avental laranja, lutando com a faca afiada pra cortar tomatinhos ao meio, descascar alho, misturar a carne moída com os temperos pra rechear as coxas desossadas de frango. O curso dura umas três, quatro horas, e depois todo mundo come o que cozinhou, lógico.

Eu e Mirco, que estávamos morrendo de fome porque afinal focaccia al rosmarino não é almoço nem aqui nem na China, fomos com o Rob comer pizza no O Pazzo (Mariniersweg 90). A pizza estava ótima, mas o ambiente é realmente maluco como diz o nome: o forno a lenha é coberto de mosaicos brilhantes pra formar um polvo gigante, e a boca do forno é a boca do polvo; no meio do salão, uma árvore com tronco e ramos cobertos de escamas prateadas que, ao chegar mais perto, vê-se que são velhas moedas de liras italianas; no banheiro, canto gregoriano tocando. Um lugar muito esquisito, mas a pizza era muito boa. E depois não tivemos forças pra fazer muito mais não; voltamos pra casa, batemos um papo rápido com o Rob e fomos dormir antes que os hóspedes terminassem de comer.

Postado por leticia em 22:39

26.01.06

Aceita o conselho da tia, aceita. Se você trabalha falando não sei quantas horas por dia, não, eu disse NÃO escute Green Day no carro. Porque você vai chegar em casa sem voz.

Postado por leticia em 22:27

25.01.06

da série a abominável tv italiana

Várias notícias interessantes rolando aqui na Bota.

A Notícia Hedionda da semana passada foi a liberação de uma senhora de 50 anos, com sérios problemas psiquiátricos, que era mantida trancada em um BANHEIRO pela família, que não tinha paciência pra lidar com ela. A coitada da mulher não saía de casa (nem do banheiro) há TRINTA ANOS e tomava banho de bacia na varanda. O cachorro da família podia circular pela casa, ela não. Sinceramente, se é pra ser assim, melhor manter os manicômios abertos. Antes no manicômio com enfermeiros do que em casa sendo tratada como um inseto.

A Notícia Cara-de-Pau da semana foi Berlusconi dizendo que é completamente contra misturar negócios e política. Logo ele, maior empresário do país, dono da maior editora, dos maiores jornais e das três redes de televisão privadas, de lojas de departamento e de bancos. Entre outras coisas. Logo ele, que aparece no lançamento do livro de seu personal puxa-saco Bruno Vespa – livro sobre Berlusconi, diga-se de passagem. Berlusca também disse muito tranqüilamente que quase com certeza vai precisar alongar um tiquinho o mandato, pra dar os últimos retoques em algumas leis que ficaram pendentes – leis salva-rabo, sem dúvida. Ainda que eu falasse a língua dos anjos, a Itália eu jamais compreenderia.

Mas o melhor mesmo foi o arranca-rabo de domingo na Rai 1. O programa era Domenica In, ou Domenica in Famiglia, um dos dois. É um clássico programa de auditório emburrecedor de multidões, com a participação idiota de cantores e atores idiotas cantando músicas idiotas que já eram idiotas quando foram lançadas, nos anos 70; fala-se superficialmente só de assuntos idiotas e de fofocas idiotas de VIPs idiotas; os figurinos são ridículos, o cenário é de Qual é a Música, e todos gritam sempre. O "programa" é apresentado por uma loura que grita (toda showperson italiana grita SEMPRE), com lábios muito estranhos, cabelos longos lisos e louros que ela joga de um lado pro outro, sempre em camisas com os primeiros botões abertos pra que, com cada involuntária abaixadinha na direção da câmera, seja possível entrever os potentes e cadentes seios da senhora. Pois então, o pega-pra-capar de domingo foi tão grave que fala-se em suspensão da obrigatoriedade de pagar a assinatura da TV e em cancelamento do programa. Lógico que não vai acontecer nem uma coisa nem outra; estamos na Bota, afinal, mas de qualquer maneira isso indica a seriedade da coisa. Os participantes eram dois clássicos arrozes-de-festa que vivem saltando de um programa horrível pra outro, à cata de visibilidade. No lado esquerdo do ringue, Er Mutanda (dialeto romano pra O Cueca), assim chamado porque quando participou do Isola dei Famosi ficava rebolando de cueca em frente às câmeras. É um homem bonito mas claramente decadente e claramente viado, que quer a todo custo provar que é só bonito e não viado, e a cada história de amor com alguém famoso que ele conta na TV é imediatamente desmentido pelo tal alguém famoso, que diz muito seriamente que nem o conhece. Um daqueles personagens que dão pena, sabe. Do lado direito do ringue, um romano grezzo come una scarpa (tosco, tosco, tosco) cujo nome nem me lembro, que também foi ressuscitado por uma edição da Isola dei Famosi depois de anos de anonimato após seu único sucesso musical. Não sei qual foi o motivo da briga e nem me interessa, mas sei que os dois começaram a se atacar verbalmente no programa, AO VIVO, xingando mãe e pai do outro, dizendo barbaridades e palavrões, enfiando o dedo na cara do outro, enquanto Mara Venier, a detestável loura peituda, tentava botar panos quentes na coisa. Vendo trechos da briga no telejornal, eu rolava de rir. Fora a coisa do baixo calão, do baixo nível, da tabajarice, da tristeza que é ter esse tipo de coisa na televisão, é absolutamente hilário ver gente pseudofamosa xingando a mãe do outro com vozes roucas e jugulares pululantes. Como o programa é teoricamente "pra família" e passa no domingo à tarde, tudo foi considerado muito impróprio (eu honestamente acho que já é impróprio o programa normal, sem brigas, de tão idiotizador que é, but that's just me) e o bafafá foi tão intergaláctico que não se fala de outra coisa. Eu estou rindo até agora.

Postado por leticia em 10:20

24.01.06

tronco

Hoje é feriado em Foligno, dia de San Feliciano, padroeiro da cidade. Meus planos eram estudar, passar roupa e dar aula de português pra Begonia de manhã, almoçar com o Mirco, estudar um pouco depois do almoço e ir pra casa da Chiara, que hoje não trabalha, pra ajudar na paella que vamos jantar hoje à noite. Mas a escola vai funcionar normalmente, então lá vou eu pro tronco, das três às oito e meia, non-stop. E que não venham me dizer que ah, são só cinco horas e meia de trabalho. Ensinar é uma das coisas mais cansativas que existem no mundo. Minhas cordas vocais estão ao ponto de explodir, e quando o dia termina eu já não sei o que estou dizendo, muito menos em que língua.

Mas eu me divirto :)

Postado por leticia em 08:10

23.01.06

saco

O coronel na televisão diz que hoje chega uma frente fria siberiana, que vai ser imediatamente seguida de uma da Groenlândia, e no finzinho do mês outra do mesmo lugar vai emendar com a segunda. Olho pra fora e vejo floquinhos de neve enlouquecidos, voando de lado. Ainda não é neve que cai das nuvens, mas neve que o vento raivoso nos traz do Subasio e das colinas de Bettona. Na estrada pra Foligno, começa a nevar mais seriamente, do céu mesmo, mas nunca chega a acumular no chão. Meu medo é pra mais tarde, porque a neve derretida vira gelo com as temperaturas da noite, e dirigir assim é como patinar no gelo.

Com esse tempo horrível, fazer qualquer tipo de movimento dentro do carro é impossível. Virar o pescoço encachecolado pra fazer uma manobra é um malabarismo irrealizável. O cinto de segurança tem que passar por baixo do cachecol pra não me enforcar. A boina de lã começa a coçar na testa, mas com a luva grossíssima não consigo encontrar o ponto crítico pra me coçar. O carro leva três horas pra esquentar, e até lá o nariz, vermelho, fica escorrendo. Tudo o que eu pego com as mãos enluvadas cai. Abençoado seja o fone de ouvido do celular, porque é impossível apertar um só botão do telefone com os dedões enfiados em luvas de camurça com recheio de pelo...

Eu definitivamente ODEIO frio.

Postado por leticia em 23:15

22.01.06

roma é etc etc etc

E hoje, do nada, resolvemos ir a Roma. Ontem à noite Gianni ligou pro Mirco perguntando se topávamos acordar cedo pra ir a Roma ver o Museu do Vaticano. Era uma coisa que estávamos querendo fazer há muito tempo, porque o Mirco não visita o museu há seis anos, e Gianni e Chiara também não viram ainda a Sistina depois da famosa restauração. Então acordamos às seis e meia, tomamos café com calma e às sete e quinze eles passaram aqui pra nos pegar. Como hoje rolava proibição de circulação de veículos poluentes, não tinha trânsito ne-nhum na cidade, e pudemos ir direitinho até o centro (o carro do Gianni é novo, Euro 4, teoricamente não poluente) e largar o carro em frente à casa da tia solteirona do Gianni, que mora a dois quilômetros do Vaticano, che le piasse un vomito.

Em algum ponto do Viale Angelico paramos pra comprar croissants e tortinha de Nutella naquela padaria estranha e subterrânea que eu e Valeria descobrimos acidentalmente naquele longínquo novembro de 2001, lembra, amigaaaaaa? Comei uma crostatina à sua saúde. Lembra que sentimos o perfume de pão na rua, olhamos pro lado e vimos a fila que chegava até à entrada da escadaria, na rua? Lembra que compramos brioches pra comer no lugar daquele pão maldito cascudo e sem sal que nos davam no albergue? Lembra que eu perguntei como se chamava a tortinha, e a atendente gritou "crostatina" mas eu não consegui entender por causa da confusão – e porque não conhecia a palavra? Que diliça :))))))

Continuamos pelo Viale Angelico às moscas e quando avistamos os murões gigantes do Vaticano subimos a ladeira e fomos seguindo as placas até chegar na porta. Só queeeeee... Nós quatro, seres civilizados, jamais poderíamos imaginar que um museu da importância do Vaticano estaria fechado aos domingos, e não nos demos ao trabalho de conferir o horário na internet. E demos de cara com a porta fechada. Nós e tantos outros turistas indignados. Mas tudo bem, é impossível entediar-se em Roma, então pegamos o caminho da roça e fomos pra São Pedro mesmo. Gianni e Chiara, carolíssimos, queriam porque queriam ver a tumba do Papa, e lá fomos nós encarar a fila, que felizmente andava bem rapidinho, pra ver a tumba mais boba do mundo.

Sou mais aquela toda egocentricamente decorada com mosaicos. Eu acho assim, se é pra ser enterrado, faz logo uma tumbona fashion, senão é melhor cremar, né não? Mas enfim, tem gosto pra tudo, e depois da tumba resolvemos subir na cúpula, coisa que só eu já tinha feito antes. Chegamos lá em cima vomitando as tripas de tão sem fôlego depois dos 350 degraus pós-elevador, mas, como sempre, a vista vale a pena. Vamos lá, repitam comigo o mantra: Roma é tudo na vida, Roma é tudo na vida, Roma é tudo na vida...

TUCO E HUNKA, SE VOCÊS NÃO VIEREM LOGO VER ESSAS COISAS COMIGO EU VOU FICAR DE MAL.


Milenar técnica japonesa de tiração de foto.


Pra recuperar o fôlego, fomos assistir à missa do meio-dia e quinze. Posso dizer muito chiquemente que a primeira missa da minha vida foi no Vaticano! :P Ô coisa chata, socorro! E tinha um padre novinho que pelas pausas completamente erradas e pelo sotaque bizarro era quase certamente brasileiro. O coro que cantou umas ave-marias era DIVINO – eu ADORO coros, e logo lembrei daquele que vimos em Santa Maria Maggiore, lembra, Valerrí de Parrí, aqueles meninos ingleses que estavam no nosso albergue e encontramos no ônibus indo pra igreja cantar, e choramos feito duas bebezonas porque era realmente lindo demais?

Depois da maldita missa chatona fomos almoçar pizza num café na Via Giulio Cesare (a Ane tinha recomendado uma trattoria mas ninguém tava com vontade de sentar pra comer, senão o sono acabaria nos vencendo), e dali resolvemos bater mais perna indo até a Piazza di Spagna pela Via del Corso (Valeriaaaaaaaaaaaaaaaa!) e depois virando na Condotti pra ver os japoneses atacando a Prada e a Louis Vuitton. Paramos na Furla pra comprar um anel bonitão na liqüidação (na mesma Furla onde comprei aquele anel divino com perolinhas que você escolheu pra mim, Lulu), comprei um chaveiro de galinha lindinho, fotografamos esse cachorro delicioso do dono da loja que dormia com a cabeça por baixo do balcão e ficamos vendo a cabeçada passar. Quando cansamos, pegamos o metrô Spagna e descemos novamente em Ottaviano, fomos visitar a tia do Gianni que é a maior figuraaaaaa, e voltamos pra casa.

Precisamos fazer esses programas mais vezes...

p.s.: As fotos ficaram horríveis porque o tempo tava feio e o Mirco tava sem paciência pra ajustar a máquina direito. Foi mal aê.

Postado por leticia em 22:06

21.01.06

o descabelado

Ontem assisti a uma aula de Organizzazione Politica Europea, matéria opcional pro primeiro semestre, e que vale só 3 créditos. Não vou fazer a prova em fevereiro porque não vou ter tempo de estudar, mas como não sei se no próximo semestre vou conseguir freqüentar as aulas, resolvi assistir ao curso esse mês. São poucas aulas, acho que só 30 horas, mas é muito interessante. São distribuídas em dois dias da semana, em duas pauladas de três horas consecutivas. Felizmente a segunda paulada é sexta-feira, das oito às onze da manhã, o que me permite de assistir pelo menos a esse dia, pra depois voltar correndo pra casa pra dar aula pra Begonia.

Quando chego na sala dou de cara com um professor barrigudo, com cara de solteirão bonzinho e resignado, e cabelo em pé de quem acabou de acordar. Um sotaque estranho que depois descobri ser um toscano anormal – ele faz parte do grupinho do professor bonitão de Comunicazione Politica, junto com o outro toscano biruta de Studi Culturali. Todos ÓTIMOS professores, e todos tendo lecionado nos EUA e/ou na Inglaterra.

Enfim, a aula foi interessantérrima, mesmo eu tendo perdido a primeira parte, a da quinta-feira. ADOREI o assunto. Eu amo história e qualquer coisa relacionada a ela. Adoro qualquer coisa que acontece, e odeio teorias e gráficos e estatísticas e números e afins. Gosto mesmo é de narração :)

Postado por leticia em 23:31

20.01.06

venerdì

Meu último aluno do dia, um médico fofinho, teve que ir a Milão e cancelou a aula. Aproveitei que saí às seis em vez das oito e fui dar um pulo na academia.

Nunca mais malho àquela hora. É a hora do lobo mesmo, todo mundo lá se expondo na vitrine, malhando maquiada, malhando dando gritinhos, mostrando os modelitos Puma e os tênis Nike de última geração, que custaram mais do que o carro que eu dirijo (e estou falando sério). Fiz meia hora de esteira, 15 minutos de Transport e saí correndo. Esnobei a fila pro chuveiro e o engarrafamento de mulheres peladas no banheiro, joguei o casaco por cima da roupa de ginástica mesmo (nada de nojo, eu não suo) e corri pro carro.

E aproveitamos a oportunidade única da minha chegada precoce em casa pra ir jantar fora. Resolvemos comer um peixinho no Massimo, aquele lá na casa do chapéu. Tava tudo muito gostoso, a não ser os nhoquinhos com creme de lagostins, que estavam meio grudentos. Nem conseguimos terminar a garrafa de vinho branco, e estávamos tão cansados que voltamos voando pra casa, desabando de sono.

Postado por leticia em 23:39

19.01.06

coisas

Estou lendo uma coisa muito interessante pra primeira prova que vou fazer em fevereiro, de Studi Culturali. O livro se chama Il Sogno Europeo, de Rifkin – eu queria ler no original, mas custava quase cinco vezes mais, e eu não estou podendo, então vai a tradução mesmo. O começo do livro é sobre o declínio do sonho americano, e é realmente muito interessante. Quando tiver mais tempo boto uns pedaços aqui pra você ver.

Lógico que o professor deu a lista exata e precisa dos capítulos que vão cair na prova. Lógico que vou ser só eu a ler o livro inteiro, porque minhas coleguinhas estão todas arrancando os cabelos com as 5 provas de fevereiro – além de Studi Culturali, tem Comunicazione Politica, tem Linguistica, tem a segunda chamada de Politica Economica, tem Organizzazione Politica Europea pra quem quiser (eu vou fazer em junho porque também é muito interessante e quero ler todos os livros). Eu vou "dar" (aqui se dá uma prova, e não se faz) Studi Culturali, Comunicazione Politica e Linguistica. Não vou ter tempo de estudar Politica Economica, porque são duas provas, macro e micro; prefiro dar as duas em junho, com OPE. Marketing parece que só no segundo semestre, e Informatica Generale é um negócio tão bobinho que vou fazer quando estiver com vontade. Em março começa inglês com aquela louca ensandecida; vamos ver se vou conseguir me safar.

Alguém entende esse sistema das universidades italianas? Porque eu não entendo. Nem os professores entendem.

Postado por leticia em 23:22

18.01.06

strange school

Estou cheia de alunos adolescentes. É o final do terceiro quadrimestre na escola (foi assim que me explicaram) e tá todo mundo correndo atrás das notas baixas em inglês. Então chegam todos desesperados, mostrando “compiti in classe” que devem preparar pra próxima semana (deveres de casa que devem ser corrigidos em aula) e outras coisas que não entendo. O sistema educacional por aqui é incrivelmente confuso. As crianças levam pra casa uma quantidade industrial de dever, e também há um sistema muito complexo de provas orais e escritas, notas pra dever de casa e dever feito durante a aula, redações e diálogos a ser lidos em voz alta. Quanto mais me explicam, menos entendo. Pra mim é bom, porque trabalho não falta, e ainda me divirto com os jovens botenses e seus delírios escolásticos.

Eu só não entendo duas coisas: como eles escrevem mal, vixe!, ninguém sabe pegar na caneta direito e a caligrafia é invariavelmente redondinha, cafona, com L gordas que se confundem com outras letras, As que são bolinhas com um rabinho mal grudado, muitos escrevem em caixa alta; e TODOS escrevem de caneta. Vocês já viram alguém fazer exercício de caneta? Se erra, pra corrigir tem que rabiscar, ou, pior, escrever por cima mesmo e fingir que é compreensível. Um lapisinho básico não, né? Os livros são detonadíssimos; pra mim, que não escrevo nada nunca em livro nenhum, é de cortar o coração ver todos aqueles rabiscos esferográficos cobrindo as páginas dos coitados.

Postado por leticia em 23:49

17.01.06

...

Finalmente consegui terminar La Guerra degli Antò. Tem algumas tiradas geniais, mas é muito confuso e esburacado pro meu gosto. Mas deu pra dar umas risadas e isso é sempre bom. E agora vou parar de ler literatura porque tenho que estudar pras provas de fevereiro. Bosta de vida, se não precisasse trabalhar e pudesse assistir a todas as aulas, não precisaria perder tempo estudando...

Postado por leticia em 23:25

16.01.06

porreeeeeeeeeeeeeee

Então tipo assim, vai ser cagada assim na China. Em 4 anos de Itália ninguém NUNCA, nunquinha me pagou pontualmente. Tem alguma coisa seriamente errada, ou comigo ou com esse país. Estou de saco cheio. CHEIO, CHEIO, CHEIO.

Postado por leticia em 22:27

15.01.06

hospital

A avó do Mirco sofreu uma mini-isquemia na sexta e foi internada pra fazer exames e ficar em observação. Ontem me ofereci pra passar a tarde com ela, porque a coitada da Lucia não é exatamente a rainha do traquejo social, tendo sempre ficado enfurnada em casa cuidando da horta, dos bichos e de um marido rabujento e mandão. Nunca foi a lugar nenhum e a sua primeira experiência realmente divertida e diferente foi a viagem à Holanda em novembro do ano passado, então ficar no hospital, com uma rotina tão diferente da de casa, com companheiras de quarto que ela não conhece e comendo uma comida estranha é muito estressante.

Acabei fazendo uma supersocial com as outras velhinhas, mais faladeiras. Uma estava meio fora do ar, enorme de gorda, com uma pneumonia complicada, máscara de oxigênio no rosto, movimentos difíceis e respiração sofrida. A vizinha da Lucia era a mãe da gerente do banco do Mirco, que eu conheço bem. E a última era uma birutinha agitadíssima que não parava de falar e complementava o rancho do hospital com coisinhas que a família e amigos – porque a cada meia hora vinha alguém visitá-la – traziam de casa.

Eu gosto de velhos. Têm sempre muito a dizer, mesmo os idiotas, e um ponto de vista tão, mas tão abissalmente deslocado por causa do salto tecnológico que passou voando na frente dos olhos deles que eu acabo sempre parando pra pensar. Das quatro, a única que sabia operar um celular era a maluquinha, a única também a tingir os cabelos. Eu tinha levado coisas pra estudar, mas acabei passando cinco horas (o Mirco trabalhou o dia inteiro e só chegou às oito e meia, pra depois irmos jantar com Mario Belli e moglie) batendo altos papos com as velhinhas e dando muita risada com a birutinha. Teve até choro, quando visitas inesperadas apareciam – ou quando emprestei meu celular pra mãe da gerente e me recusei terminantemente a aceitar o pagamento pela ligação. O que, aliás, quer dizer muita coisa: quando uma minigentileza assim bobinha é difícil de compreender, é sinal de que o mundo tá afundando na bosta mesmo.

Postado por leticia em 22:06

14.01.06

Da série coisas que a paca odeia

Na academia:

Mulher que malha maquiada
Mulher que malha com brinco de argolão
Mulher que malha de cabelos soltos
Mulher que malha sem calcinha por baixo do legging
Qualquer um que solte grunhidos quando levanta peso, pra todo mundo ouvir
Gente que sua excessivamente e fica com cheiro de batata doce
Gente que depois de meia série de quatro apoios levanta e vai olhar a bunda no espelho pra ver se o efeito foi imediato
Intimidade total entre funcionários da academia e clientes, "E aí, Robertinha, malhando muito, amor?"
Gente que malha com legging, camiseta, tênis, meia, toalha, faixa na cabeça, tudo com a logomarca da academia

Postado por leticia em 08:56

13.01.06

'sti bimbi...

Eu estou com uns alunos muito engraçados. Uma das turmas de crianças (porque tá todo mundo correndo pra recuperar notas baixas em inglês na escola) tem uma filha de polonesa com italiano supereducada e muito inteligente, um geninho que pulou um ano na escola e é um ano mais novo que ela, e um outro garoto INSUPORTÁVEL um ano mais novo, que ainda desenha as letras, leva três anos pra entender o que tem que fazer, se distrai com facilidade, e ainda por cima é incrivelmente mal educado, bestemmia, ri alto, grita, pula, enche o saco dos outros, peida. Na última aula eu me irritei MUITO e ameacei de jogar um pilot no meio dos olhos e de deixá-lo sentado lá com a Simona na recepção até o pai dele chegar, e deixei muito claro que na casa dele ele pode ser o garoto mais mal educado do planeta, mas na minha sala de aula ABSOLUTAMENTE NÃO.

Aí hoje ele aparece todo bonzinho, elogiando a bolsa em formato de Rodolfo a Rena do Nariz Vermelho da polonesa, pedindo permissão pra sentar na cadeira dela, mais próxima ao quadro, enquanto ela desenhava a forca, mostrou o dever de casa (escrito num amarelo ilegível, mas tudo bem). E me sai com essa:

- Professora, dá licença que eu vou arrotar.

Abriu a porta do banheiro, enfiou a cabeça lá dentro, arrotou, fechou a porta.

- Não deu pra ouvir não, né?

Não sei se rio ou se choro.

Postado por leticia em 22:48

12.01.06

saúde é o que interessa

Uma ex-aluna me deu o tal convite pra fazer um mês grátis na ginástica in que ela freqüenta. O lugar é muito maneiro, tem hidromassagem, piscina, mil aulas malucas com nomes que incluem sempre "body", "flex", "tonic", "pump", etc, tem ioga, tem Pilates, tem capoeira, tem spinning, tem tudo. Só consegui dar as caras por lá hoje. Quem me levou no "tour" da academia foi uma senhora que esqueceu que é velha (os cartõezinhos que papai idealizou, com a escrita "você está velho(a)", cairiam muito bem nesse caso) e usa sainha plissada com botinha até o joelho e camiseta com bordadinho em strass. Fez o clássico beicinho de vendedor quando eu disse que o problema era o tempo, falou "aaaah faz um esforcinho, né?", e me deixou em paz. Fiz meia hora de esteira e meia de Transport, e foi o que deu. Conheci Marco Aurélio, goiano que dá aula lá (nem vou comentar o meu azar na vida e como eu me sinto o cocô do cavalo do bandido quando escuto histórias como a sua), seu amigo goiano cujo nome esqueci, que dá aula de capoeira lá mesmo só tendo feito capoeira 2 anos no Brasil, e vi uma menina idiota que foi minha aluna por duas aulas na fábrica de rolamentos pra aviões onde dou aula, em Foligno. Tomei banho num chuveiro delicioso, mas QUEM FOI O IMBECIL QUE INVENTOU QUE EM BANHEIROS COLETIVOS OS CHUVEIROS NÃO PODEM TER PORTA? Eu não quero ficar pelada na frente de um bando de mulher que eu não conheço, dá licença? ODEIO isso.

Depois falei rapidamente com a "consultora" da academia (leia-se vendedora), maquiadíssima (foi maquiada mesmo correr na esteira depois...), antipática, um verdadeiro nojo, que me mostrou os preços. Aqui o negócio funciona assim: como ginástica é coisa pra poucos, porque italiano que é italiano não se exercita, imagina, suar?, tá louco?, e os poucos que malham o fazem só no inverno (porque no verão vai todo mundo "al mare", lógico, pra torrar os neurônios), os preços pra quem se matricula por períodos curtos são completamente fora da realidade. Pra quem faz matrícula por um, dois ou até três anos, a coisa já começa a ficar normal – 50 euros por mês pra usufruir de tudo o que a estrutura tem a oferecer não é muito, se você tem tempo pra isso – mas, e atenção ao mas, tem que pagar tudo de uma vez! Então sai algo em torno de 650 euros por um ano (o ano acadêmico deles, pun intended, tem 13 meses), que eu tenho que pagar em uma porrada só. Ahan. Falei pra garota que estava suuuuuuperintencionada a me matricular, mas que por motivos de horário ainda estou decidindo se consigo ir ou não, e é melhor entrar em contato comigo no final do mês, quando vence o convite. E depois nunca mais vou dar as caras por lá. Eu, hein.

Postado por leticia em 23:52

11.01.06

trabalhar e trabalhar

Voltei a dar aula hoje na fábrica de rolamentos pra aviões, a empresa mais sofisticada e mais american-like da província, quiçá do país. Gente muito profissional mesmo, uma empresa que aposta nos funcionários, que dá valor ao que tem. Só não é mais legal trabalhar com eles, ainda que indiretamente, porque, convenhamos, rolamento pra avião não é a coisa mais maneira do mundo. Robertinha tá em Torino trabalhando na Ferrero, e mesmo estando na área de marketing do chá gelado em vez do chocolate, tenho certeza que tudo lá é muito mais interessante.

Os meninos pra quem dou aula vão passar um período nos EUA estudando inglês e depois aperfeiçoando os conhecimentos técnicos na empresa do maior cliente deles. São muito jovens, os três, e muito engraçados. As aulas são superdivertidas. E reconhecem que a situação deles é completamente anormal no atual contexto italiano, onde ninguém mais assina a carteira de ninguém, funcionário nenhum tem direito a porra nenhuma, e não ganha nem meio panetone de Natal. Essa dicotomia profissional lembra muito o esquema Belíndia do Brasil, né? Tô falando que eu tô no interior do Zaire...

Postado por leticia em 23:04

10.01.06

como assim, bial?

Eu não tomo chá. Mirco gosta, mas quase não toma. Não é uma tradição italiana. Não existe chá com leite por aqui. Adivinhem o que ganhamos de Natal da mãe do Mirco? Um conjunto de chá – com teapot, açucareiro e minileiteirinha.

Tem umas coisas aqui que eu realmente não entendo. Essa incapacidade de olhar pro lado, de questionar, de duvidar, de perguntar, de se interessar, de querer entender. Ano passado conseguimos convencer o condomínio a consertar um treco no telhado que fazia um barulho miserável quando ventava – e aqui venta muito. Quando comentamos com os vizinhos do lado, uma família tão boazinha que dá pena, eles disseram: aaaah mas esse barulho nós já ouvimos há uns dez anos! COMO ASSIM? Conviver com um barulho irritante e repetitivo por DEZ ANOS e nem sequer ter a curiosidade de saber de onde ele vem? Quequeísso!

Mesma coisa lá na escola. Tem alguma coisa estranha que apita o dia inteiro. Eu, que passo o dia TODO enfurnada lá dentro, tem dias que quase enlouqueço com o apito. A Simona fica sentada ao lado de uma janela na mesma parede da minha sala, e também ouve o apito. Mas foi preciso que eu dissesse pelamordedeus o que é esse apito maldito alguém conserta essa coisa!!! pra que ela chamasse alguém pra diagnosticar. O eletricista que veio consertar a campainha falecida disse que parece que é la caldaia (o boiler ou coisa que o valha). O que significa que precisa chamar o idraulico (bombeiro). Você chamou o bombeiro? Nem ela. Ficamos o dia todo ouvindo aquele apito enlouquecedor, que infelizmente dá pra escutar até mesmo com o rádio ligado repetindo aquelas mesmas dez músicas o dia inteiro. O papel higiênico dos banheiros acabou há três semanas, e todo mundo continua limpando a bunda com papel absorvente, que aqui se compra em rolos imensos de quatro, cinco quilos e se usa pra limpar tudo dentro de casa. Alguém foi lá comprar? Não. A privada do banheiro do hall de entrada está entupida com o tal papel, que logicamente não desce pela descarga, há igualmente três semanas. A faxineira supermaquiada resolveu o problema? Não.

E olha que eu sou a rainha da empurração de coisas com a barriga, herança paterna, mas haja paciência!

Enquanto isso, a agência que me deu a bolsa de estudos me manda um e-mail dizendo que o governo liberou a verba das bolsas desse ano, e pedindo pra ir ao site da agência pra ver se o meu nome está lá. Quem disse que se acha alguma coisa no site? Quem disse que alguém sabe me informar alguma coisa por telefone?

Enquanto isso, a agência que intermedia projetos de formação de empresas financiados pela Regione Umbria e pela Comunità Europea, que me deve dois terços do curso de inglês que eu fiz na empresa do Chefe Idiota há duas eras glaciais atrás, não responde o telefone, não responde e-mails, o fax não funciona.

Enquanto isso, a escola de Ponte San Giovanni ainda me deve 150 paus de novembro e dezembro. E pelo telefone dizem que eu fui inflexível demais. Hein?

Enquanto isso, Berlusconi paga 1800 euros de multa e assim se salva do pente fino do Fisco. Lei criada por ele mesmo pra salvar o cu dele mesmo, logicamente.

Enquanto isso, hoje um solteirão foi descoberto com o cadáver da mãe escondido no armário há três anos, enquanto ele tranqüilamente recebia a pensão da senhora religiosamente, todo mês.

Enquanto isso, não consigo malhar nem com o convite pra um mês grátis na academia mais in de Foligno, porque os horários são incompatíveis com o meu horário esquizofrênico de trabalho. Ando tão irritada que nem fome tenho e já perdi dois dos mil quilos que devo perder pra não morrer de Depressão de Gordo.

E outra noite sonhei que o Mirco tinha feito um piercing no queixo. Acordei às gargalhadas :)

Postado por leticia em 12:17

09.01.06

porre

Saw II é um dos filmes mais idiotas do século.

Postado por leticia em 21:59

08.01.06

nada a ver com nada

Estou precisando desesperadamente de um celular novo. Então fui e comprei um casaco.

É que dia 7 começaram oficialmente as liquidações em Perugia (cada província tem a sua data específica, oficial, e ai de quem desrespeitar), e lá fui eu à caça de um casaco verde-musgo que eu já tinha identificado há alguns meses na Sisley. Quando o vi pela primeira vez, fiquei olhando pra cara dele pra não esquecer, decorei o preço (150 euros) e armazenei as informações num canto do céLebro, pra voltar só quando as liquidações começassem. Ontem fez um frio desgraçado, passei a manhã em casa fazendo uma faxina daquelas pesadas como há muito não fazia, descalcarizando a casa toda, levei almoço pros meninos na oficina e assim que as lojas reabriram à tarde, às três e meia, eu já tava dentro da Sisley fuçando entre os casacos. Achei o bendito, e estranhamente achei o meu tamanho também, motivo pelo qual dificilmente consigo aproveitar liquidações. Novo preço: 85 paus. Valeu a espera ou não valeu? Sobrou até pra comprar um cachecol lindo de lã marfim, pra combinar com o gorro de cashmere da mesma cor que o Gianni fez na malharia onde trabalha, e me deu de lembrancinha de Natal.

Como também estava precisando de um par de botas pra alternar com o preto que eu uso direto ultimamente, passei na Bata e trouxe pra casa um lindo par marrom escuro, com estranhos adereços esporas-like com strass que posso tirar se não tiver coragem de usar, de couro da melhor qualidade. A moda esse ano é o estilo eqüestre, que eu acho bem legal mas sendo culotuda e imensa não posso me dar ao luxo: calças de pernas finas ou que terminam logo abaixo dos joelhos enfiadas por dentro de botas de cano altíssimo, com salto e ponta em estilo cowboy. Só que as botas aparecem nos modelos mais improváveis, daqueles feitos com retalhos de couros os mais variados, hediondos, aos com perolinhas, canutilhos e detalhes em prata e/ou oncinha. A gente chora de rir andando pelas ruas de Bastia, eu e Mirco. O que tem de calça jeans enfiada à força dentro das botas, com quilômetros de pregas escapando pelas bordas, não tá no gibi.

Moda aqui é uma coisa muito engraçada. As pessoas parecem todas saídas de uma revista de moda, com tudo sendo usado junto ao mesmo tempo agora. Mas os homens é que são mais engraçados, porque a gente não tá acostumado com macho vaidoso desse jeito no Brasil. Já falei aqui das sobrancelhas feitas dos homens, que me hipnotizam. Tenho um aluno que é a maior figura, e é o protótipo do homem italiano do interior do Zaire, do bastiolo fighettone. Bronzeado (porque acabou de voltar da clássica viagem à Tailândia; daqui a três semanas vai ser porque fez bronzeamento artificial), cabelos pretos como a graúna, sólidas sobrancelhas devidamente feitas, sorriso de vendedor (ele É vendedor), a gola da camisa tão alta e pontuda que se ele virar a cabeça pro lado é capaz de sofrer lesão ocular, sapatos marrons pontudos, celular que além de telefonar tira foto, serve de agenda, corta grama, essas coisas. O menino me ama e me dá aquelas olhadas 43 de conquistador barato que me dão uma vontade de rir desgraçada. E quando conta as barbaridades que manda em inglês por SMS às novas amigas tailandesas, é de matar. Anota todas as frases feitas, todos os chavões, todas as expressões de duplo sentido. Eu passo a aula toda tentando não olhar pra cara dele, pra não cair na risada. Ele deve achar que eu evito porque senão caio em tentação ;) Esclareço que ele não me ama porque sou linda, porque não é o caso, especialmente aqui onde todas são magras, fashion e têm cabelo liso e preto e cortado do mesmo jeito. É que acho que ele nunca conheceu alguém do sexo feminino tão interessante, engraçada e extrovertida (nem vou tocar no assunto modéstia porque vocês sabem o que eu penso a respeito). A cada besteira homérica que os alunos dizem eu finjo que levei uma facada e eles já aprenderam a dizer nomes de possíveis órgãos lesados dependendo da gravidade do que disseram. L'aorta addominale! Polmone destro! La milza, la milza! (o baço, o baço). Eu choro de rir, e eles também. Além do pseudo-gostosão vendedor temos duas clássicas fighettone nativas de Foligno. Meu maior medo é começar a falar como elas, porque pego sotaques muito facilmente. O sotaque de Foligno só não é mais horripilante do que o de Perugia, que bate TO-DOS os records de cafonice. Pena que não dá pra demonstrar isso pra vocês, porque a combinação fashion victim + sotaque cafona é de desopilar qualquer cirrose...

Postado por leticia em 22:59

07.01.06

da série vantagens de morar na roça

Fui levar o almoço (uma bacia de fusilli com molho de tomate) dos operários na oficina e, no caminho pra casa, cruzei na estrada com três homens a cavalo, com roupas medievais. Um de óculos, um fumando e um no celular.

Postado por leticia em 14:51

06.01.06

o macacão

Hoje felizmente é feriado. Epifania, mas as crianças conhecem como La Befana, a bruxa que leva doces pras crianças que se comportaram bem durante o ano e carvão pras que se comportaram mal. Adoro esse personagem :)

Acabamos indo ao cinema ver King Kong, que mal tínhamos curtido no piratão do amigo do Moreno, com aquela imagem horrível.

Quer saber? Apesar do Jack Black, que só sabe representar ele mesmo, eu bem que gostei. Forçation total, lógico, mas gostei. Adorei o estouro da boiada de brontossauros, adorei o wrestling entre o King Kong e os T-Rex, adorei o look dos indígenas malvados. Há muitas cenas terrivelmente mal feitas, mas no geral dá pra aturar sem problemas. Pipocão daqueles bãos mesmo.

Postado por leticia em 22:08

05.01.06

Hoje o sol saiu. Tava ventando em Foligno, como sempre, mas não estava tão frio. Então aproveitei uma horinha entre uma aula particular e a primeira aula do dia na escola e fui dar um passeio ao longo do rio Topino.

Como as laterais do rio são muito altas (todo o percurso foi alterado ao longo dos séculos, e em certos trechos são muros a delinear a margem), fiquei protegida do vento. E então lá fui eu, descendo as escadinhas até chegar na margem gramada, onde uma trilha estreita de terra/lama, atraversada por pegadas de tênis os mais diversos e marcas de pneus de bicicletas, logo tratou de sujar minhas botas. Muita gente faz cooper ao longo do rio, mas àquela hora (do almoço) não tinha viv'alma.

Eu gosto de água. Não gosto de mar, mas todas as outras águas me estão simpáticas. Nos últimos dias tinha chovido muito e o Topino estava cheio, correndo veloz. É mais um riacho, coitado, no máximo uns 5 metros de largura – muito chutado esse valor; nesse sentido eu sou muito mulherzinha e não tenho a menor noção de unidades de medida – mas é alegre e simpático como todo riacho. Aqui e ali patos e marrecos faziam a digestão, parados contra a corrente, olhinhos fechados aproveitando o sol. O barulho delicioso do rio correndo é muito relaxante e só não sentei no gramado pra ler porque tava tudo muito molhado. Passei por baixo da ponte, não sem suspirar pela felicidade que é poder passar por baixo de uma ponte, num lugar completamente isolado e em um horário em que não passa um cão na rua, sem ter que ficar na paranóia de estar sendo seguida, ou de ver cobertores de mendigos, ou de ter que correr de pivetes. Vi alguns restos de fogos de artifício, porque o italiano médio desconhece a utilidade das latas de lixo públicas, mas nada de especial. Fui andando até o riacho fazer uma curva bem fechada, e na margem interna as águas vão depositando zilhões de pedaços de pau, restos de galhos e ramos que caem das árvores plantadas no calçadão beira-rio. Leguinho ali iria se fartar: pauzinhos infinitos pra brincar, água e um banco de areia. Continuei até a ponte de pedra do século XVI, que eu tinha acabado de atravessar voltando da casa da minha aluna, dei meia-volta e quando já estava de novo na curva dos galhos dei de cara com um cocker preto, com coleira vermelho berrante, fazendo a maior bagunça, se jogando na água, lama pingando dos longos pelos da barriga. Logo depois aparece a dona, com um grande vira-lata preto na coleira. Parei pra cumprimentar os cachorros e ela comentou que era a melhor hora pra levar os meninos pra brincar, porque nunca tinha ninguém, então eles podiam brincar soltos. A alegria de ver um bicho correndo solto e brincando está na mesma categoria do sabor do chocolate meio amargo dissolvendo na boca, do cheiro de livro novo quando enfiamos o nariz entre as páginas, da delícia que é inaugurar uma agenda novinha no começo do ano, na felicidade de ter canetas coloridas, no banho de chuva no verão, em bebê apertando o seu nariz e dando risada. Essas coisas. Subi a ladeira de saída da trilha do rio, sentei num banco de pedra e fiquei de longe vendo os cachorros rolando na grama, se sujando de lama, brincando, fazendo bagunça.

O resto do dia passou rapidinho.

Postado por leticia em 23:04

04.01.06

primeiros livrinhos do ano

Depois do Camilleri li Pecore Nere ("Ovelhas Negras"), uma série de contos escritos por quatro mulheres imigrantes ou filhas de imigrantes. Eu já tinha visto as meninas na televisão há alguns meses, e resolvi comprar o livro. O que eu achei delas na TV bateu perfeitamente com a minha impressão ao ler o livro. A garota que eu tive certeza que escreveria de um jeito que eu odeio realmente escreve de um jeito que eu odeio; as duas que me pareceram mais inteligentes escreveram os melhores contos. Gosto de literatura de imigração; lógico, é o que eu faço aqui toda vez que escrevo, é o que faz o povo do Mundo Pequeno – mas acho que a coletânea teria sido ainda mais interessante se tivessem chamado autores de outras origens. Porque todas as quatro têm alguma coisa de indiano e/ou muçulmano, então no final das contas cai-se sempre nos assuntos carne de porco, véu, Meca. Mas é interessante. E de leitura fácil e rápida.

Depois engatei logo Tutti Giù Per Terra ("Todo Mundo no Chão"), de Giuseppe Culicchia, um livro que foi sugerido na lista dos participantes do tal curso de narração que fiz em Perugia logo que cheguei do Rio. Achei divertidíssimo! A capa é broxante, mas o livro é muito engraçado. Dei muita risada, muita mesmo, e só fui dormir quando terminei, às duas da manhã (comecei à meia-noite, quando chegamos do jantar na casa do Gianni e da Chiara). Ótima dica.

E aí comecei La Guerra degli Antò (A Guerra dos Antò - Antò é apelido de Antonio; os personagens são quatro Antonios, amigos, punks, de Pescara), esqueci o nome da autora. Não está me entusiasmando muito; quando terminar digo o que achei.

Postado por leticia em 23:14

03.01.06

risotto gamberetti e zucchine

A pedidos, o risoto de camarão do Ano Novo :)

Não sei quanto botei de camarão; fui à peixaria e pedi "me dá um punhado de camarão", a menina botou na balança (não vi o peso), achei melhor pedir mais um pouco. Usei camarões cinzentos, daqueles graúdos.

Limpei os camarões direitinho, lavei bem e deixei num prato com alho picadinho, azeite e salsinha picada, de manhã até a hora do jantar.

Refoguei um tiquinho de cebola ralada em um pouco de manteiga, juntei o arroz (usei o tipo arboreo, mas qualquer um pra risoto vai bem) e deixei refogar uns minutinhos. Juntei um pouco de vinho branco, esperei evaporar e adicionei duas conchas de caldo de camarão (o ideal é ferver as cascas e cabeças pra fazer o caldo, mas os meus crustáceos vieram descabeçados, então usei um caldo Knorr sabor camarão mesmo, que trouxe do Brasil porque aqui não tem). O chato do risoto é que tem que ficar vigiando, senão cozinha demais e fica uma bosta, ou então seca e cola tudo na panela. Quando estiver um pouco mais cru que al dente, junte umas abobrinhas picadas em cubinhos (eu boto sempre uma abobrinha por pessoa, pra dar mais volume não-calórico ao prato, mas meia por pessoa já tá de bom tamanho) e os camarões temperados. Quando o arroz estiver al dente, os camarões cor-de-rosa e a abobrinha já cozida mas não desmanchando, pelamordedeus, o risoto tá pronto. Se quiser dar um tcham final, misture um pouco de açafrão – só quando já estiver quase pronto, senão fica amargo. Se fizer como eu e usar o caldo Knorr, preste atenção pra não exagerar no sal. Sirva quentíssimo, E SEM PARMESÃO.

Postado por leticia em 11:02

02.01.06

che si fottano i caraibi

Hm, não sei bem o que dizer.

Natal é um porre e pra mim não tem outro sentido que não o aniversário do meu pai.

Ano Novo é mais porre ainda porque tem aquela alegria forçada estilo Carnaval, detesto. Mirco trabalhou até as dez da noite com o coitado do Stefano na oficina, eu faxinei pesado, passei roupa, traduzi e acabei fazendo um jantar bem light pra nós dois: risoto de camarão com abobrinha e espetinhos de lula e camarão que fiz no forno. Comemos no joguinho americano verde-escuro bordado por vovó, com os talheres de prata de mamãe, e capotamos à meia-noite e seis. Melhor que isso, só dois isso. Juro, meu ideal de réveillon é passá-lo dormindo.

No final de janeiro vamos passar um fim de semana em Rotterdam, com a irmã do Mirco. A avó deles vai também, e vai ficar por lá por algumas semanas, até a Stefania voltar com ela pra Itália pra dar uns rolés e comprar uns quilos de parmesão. Eu queria muito sair ou chegar em Bruxelas, que não conheço, mas fica a 2 horas de viagem de Rotterdam e não vamos forçar a Stefania a dirigir isso tudo pra ir nos pegar ou levar ao aeroporto. Então vai ser um fim de semana suuuuuuuperlegal, no frio, em Rotterdam, comendo batata. Sempre melhor que Bastia, lógico.

E pra Grande Viagem Anual de 2006 Gianni e Chiara me vieram com a maldita idéia do cruzeiro marítimo no Caribe. Vejam bem: eu odeio mar, odeio barco, odeio ilhas, odeio espanhol, odeio lugares exótico-latinos, odeio drinques servidos no abacaxi, e olha aonde querem me levar! Pior: conseguiram convencer o Mirco, que chegou até a desistir do sonhado retorno à Austrália depois de 5 anos sem pôr os pés por lá. Vou levar uma mala extra cheia de livros pra ficar lendo enfurnada na cabine fugindo do sol, mas tudo bem. Vou ter que ceder porque a essa altura do campeonato sou uma contra 3.

Lógico que mesmo que acabar gostando, jamais admitirei. Ja-mé.

Postado por leticia em 10:29

01.01.06

filmes e livros

Vimos Memórias de uma Geisha semana passada com Robertinha. Estava meio desconfiada porque o livro é muito interessante, mas sabe como é, neguinho adora inventar e fazer filmes de merda baseados em livros bons.

Acabou que todos adoramos. Visualmente é um desbunde; aqueles tecidos magavilhosos, a estética japonesa da qual eu gosto só até um certo ponto, paisagens bonitas. Foram bem fiéis ao livro, na medida do possível. O roteiro é meio estranho mas o livro também é, então tudo bem. Gostei, gostei. Vale a pena ver.

King Kong vimos num DVD piratão daqueles filmados dentro do cinema, um horror. Rimos mais das distorções das imagens do que do filme, que deve ser até passável no cinema.

Vimos Ti Amo in Tutte le Lingue del Mondo, do Pieraccioni, humorista toscano muito simpático. Clássico filme italiano idiota, comédia romântica imbecil, mas tem seus momentos.

Vimos Le Croniche di Narnia – eu tinha acabado de ler o livro e achei o filme bem legal, mas semana passada, quando finalmente terminei todos os livros, achei uma BOSTA. Vai ser catequisador assim na casa do chapéu! Socorro! Os dois primeiros são interessantes, mas depois vai tudo descambando numa alegoria tão descarada da Bíblia que eu já tava quase jogando o livro pela janela. Só terminei porque sou MUITO teimosa quando o assunto é livro. Terminei até The Da Vinci Code, vejam só.

E o primeiro livro do ano foi Coraline, do Neil Gaiman (sim, aquele de Sandman). É curtinho, simples, mas bem legal. Interessante pra quem quer começar a ler em inglês, porque é bem facinho mesmo. As ilustrações de McKean também são tenebrosinhas no ponto justo. Gostei.

E logo comecei um Camilleri, Un Filo di Fumo, que não está conseguindo me entreter muito, embora eu saiba que não é culpa sua. E depois que acabar esse vou ter que dar uma parada na leitura (aham...) e enfiar a cara nos livros da faculdade, porque em fevereiro começam as famosas provas das matérias que eu não freqüento. Vai ser mole não.

Postado por leticia em 21:40