Queria tanto um pao de queijo com guaranah! Queria TANTO o meu cachorro aqui comigo! :((((
Sei que o Hiro e mais um monte de gente vai me chamar de herege, mas se tem uma coisa que eu NAO vou ver é o 11 de setembro. Todo mundo viu aquele troço na TV, o que mais tem a ser dito sobre uma coisa que foi assistida ao vivo por todo um planeta? Pra que ficar remexendo em coisa fedida? Nao gosto de remoer coisa ruim nao. Prefiro esquecer - atençao, nao digo alienar, mas esquecer. Lembrar das consequencias e pensar sobre, mas nao ficar relembrando. Meus neuronios de memoria sao muito eficientes ao apagar coisas dolorosas. A experiencia fica, mas a memoria dolorosa some.
Jah tah um frio do cacete!!!!!! Aquecimento a todo vapor.
E as despedidas? Ai...
Quinta-feira teve balacobaco na casa do Silvio, conheci finalmente a Tuca, brasileira que morava no apartamento dele mas saiu de férias em agosto e eu nunca tinha visto. A Selma cantou (Selma Hernandez, ela jah foi finalista de concurso no Faustao, canta pra cacete e é um AMOOOOOOOOR de pessoa), a Tuca cozinhou um arroz de Braga (frango, salsicha, repolho, ervilha e outras coisas boas), eu chorei, a Susanne chorou, uma coisa linda e horrorosa.
Sexta-feira teve despedida II a missao na casa das japonesas (sempre elas). A Iskra, que é anorética e nao come, cozinhou comida bulgara, e olha que tava bom! Um treco feito um empadao com a massa feita de ovo, iogurte natural e farinha, recheado com batata e carne moida (QUALQUER coisa feita com batata e carne moida é boa, impressionante) e temperado com umas coisas malucas lah bulgaras, um arroz com frango e temperinhos, e uma salada de maionese que obviamente dispensei, tendo absoluto horror a maionese. Outra choradeira, as pessoas dançando Cesaria Evora, a TV mostrando o MTV Awards, eu fiquei deprimida e vim embora mais cedo, com cuidado pra nao chorar enquanto dirigia.
Sabado depois do trabalho fomos ver Minority Report. Amamos! Em compensaçao, Full Frontal, que vimos ontem, fez metade da platéia sair mais cedo do cinema. Comemos no chines aqui em Bastia - arroz cantones, frango com amendoas e ravioli ao vapor. E pronto.
Dica pra quem nao gosta de estudar: nao matar aula, bater muito papo com os professores, ler muito. Mandei bem em todas as provas, exceto traduçao, que aquela perua me tirou um ponto por causa de um artigo definido - UM ARTIGO! Fora isso foi *perfeita* a traduçao. E em linguistica, que por incrivel que pareça baixou minha média porque escrevi mal. Incrivel o que o stress nao faz com uma pessoa.
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Em compensaçao, me diverti correndo, literalmente, atras da Polacca Pazza dizendo que ela nao passou nos exames (é o que ela fica repetindo pra mim sem parar, apesar de saber benissimo que eu nao tinha feito os exames em junho porque fui pro Brasil, e que eu ia fazer tudo junto em setembro). Foi otima a perseguiçao pra cima e pra baixo das escadas. E o melhor foi o comentario dela, que obviamente agora morre de medo de mim:
- Agora se ve a estranheza das brasileiras.
Eu dei de rir, né.
E amanhan tem quatro trolhas, porque nao tive realmente tempo de estudar: fonética, historia medieval, filosofia, literatura contemporanea.
E essa semana é semana de provas. As notas aqui vao de 18 a 30. Bem pratico, né... Ah, e os testes sao todos orais, aqui praticamente nao tem exame escrito, nem na escola nem na universidade. Até agora tirei 30 em literatura (porque a professora nao para de falar e responde ela mesma às perguntas), em historia da arte (porque o professor me conhece, sabe que nao sou imbecil, falo bem a lingua, assisto às aulas, também nao me deixou falar), em linguistica. 29 em traduçao ingles/italiano, mas quando cheguei em casa me lembrei que o que ela contou como erro na verdade é aceito gramaticalmente, entao moralmente tirei 30 também. Soh mandei mal, por incrivel que pareça, na prova escrita de linguistica. A parte de gramatica detonei, mas escrevi mal. Incrivel o que o cansaço nao faz com uma pessoa.
No domingo passado jantamos na casa da Dila, uma baiana que mora ha dez anos aqui na Italia, em Ponte San Giovanni mais precisamente, cidadezinha que faz parte de Perugia. Ela é, obviamente, uma simpatia soh, a casa é linda, tava cheio de brasileiros. Menu: arroz com feijao (o arroz era tailandes e o feijao marrom, aquele que em SP chamam de carioquinha mas que no Rio nem existe), farinha de mandioca, quiabada (carne com quiabo, eu nao encarei). Sobremesa: bolo branco (comi 3 fatias), brigadeiro, pudim de leite condensado (ela faz leite condensado com leite em poh, no super-hiper-ultra-mega-multiprocessador Bimby que também cozinha as coisas e custa a bagatela de 800 €). Caipivodka com limao amarelo mermo, que o verde ela nao achou. Cerveja, vinho tinto e branco.
Comemos até morrer.
A fala toda decoradinha (e toda erradinha) do meu patrao na loja, quando tem que falar ingles:
- Questo is all special produts dell'Umbria, my family produts, 30 years of esperience: my grendfather, my father and my person 24 years of esperience. Do you like for wine? Allora, questo is magnificent red wine, una mix combination di 3 tipi di uva, San Giovese, Merlot and Cabernet-Sauvignon, questo è fantastic. A selection quality of mushrooms, un rapporto (uma proporçao/relaçao) quality-price incredible. Questo is all very good, oliven oil, cold pressed, biological, it's enjoy! Poi (depois) there is truffle sauce, è very good with spaghetti and tagliatelle also (e depois toda vez que ele mencionar 'tagliatelle' ele fala 'also' depois). It's enjoy!
Essa é a minha preferida: it's enjoy!
Eu jah perguntei a ele o que ele pensa que significa, mas ele também nao sabe.
Quando um brasileiro entra na loja (coisa rara) ele fala 'obrigada!' e quando sai ele fala 'beijos!'. E nao adianta dizer que nao se manda beijo pra homem.
Jah quando tem que arranhar frances, a palavra que ele usa pra pontuar as frases ou pra substituir tudo aquilo que ele nao sabe dizer é avec (com). Questo avec formage, avec vin, avec truffe...
Tem que rir, né nao? :)
Post atrasado (como os trens italianos)
Duas semanas atras tivemos uma semana do balacobaco no centro de Assis. Andou rolando um congresso pela paz, palestras sobre alimentaçao macrobiotica, yoga e terapia de cores, altas discussoes teologicas etc. Rolou também uma parada medieval: os bandeireiros e os tambureiros (sei lah se existe traduçao pra bandierieri e tamburieri) de Assis. Tradicionalmente eram os rapazes que iam à frente do exército, fazendo o maior escandalo possivel com os tambores pra abaixar a crista do inimigo, no melhor estilo torcida organizada. Fazem realmente uma barulheira danada, embora nao sem um certo estilo. Os bandeireiros sao sempre iguais, aquele estilo Siena, fazem manobras, jogam as bandeiras pro alto, correm pra lah e pra cah. Mas depois de observar por um tempo, e de ver todos os flashes dos turistas que t
Ela tem mania de alterar nacionalidades. Jah mencionei o estranho coloquio com a americana, que segundo a Pazza seria russa. Ela também diz que a Florence, que com esse nome realmente soh pode ser francesa, é bulgara. E ai de quem contestar!
A gente queria saber o que serah que ela vai fazer quando acabar o curso, porque é o ultimo nivel e depois nao tem mais nada.
A novidade da Polacca Pazza é a Colher Magica Espanta-Pazza. Ontem me deu uma louca e comprei um potinho de Nutella no supermercado. Como sempre tenho uma colherzinha na bolsa, porque quando trabalho na loja como iogurte light no lugar do jantar jah que chego tarde e cansada em casa, lah fui eu comer minha Nutella na sala, fofocando com as chinesas e a peruana, no intervalo entre aulas. A Pazza entra, me olha, diz:
- Colher na sala universitaria, nao pode.
Vira e vai embora, nao assistiu às aulas.
Hoje testei novamente o poder da Colher Magica emprestando-a à Carmem, a peruviana (que a maluca insiste que é perugina). Nao deu outra: ela mudou de lugar e foi sentar lah na casa do chapéu.
Agora soh vou andar armada. De colher.
No domingo mesmo, depois do almoço, que alias durou até as seis da tarde, fui ao cinema com o Mirco. Fomos a Ellera, um pedaço de Corciano, que é praticamente um pedaço de Perugia. Tem um shopping modernérrimo, onde eu comprei mocassins espetaculares com a Ria no primeiro trimestre. E tem uma coisa chamada Warner Village, que nada mais é do que um complexo de salas de cinema. Nada que se compare ao NYCC do Rio (graças aos céus!), mas pros padroes italianos, bem interessante, som dolby surround, poltronas confortaveis com lugar pra balde de pipoca e tonel de coca-cola, lugares marcados (soh aqui mermo...), imagem digital. To doida pra sair Minority Report, vou ver lah. Infelizmente vou ver dublado.
O filme que nos vimos foi Un Viaggio Chiamato Amore, sobre um romance absolutamente pouco saudavel entre uma escritora e um poeta italianos, sendo que o poeta era completamente doido e soh um imbecil nao sacaria desde o começo. Nem preciso dizer o que eu achei do filme, jah que odeio tanto malucos quanto poesia.
Falei do almoço indiano no domingo, mas nao expliquei o menu. Os nomes dos pratos eu nao lembro, mas basicamente uma salada de grao de bico, que excepcionalmente continha também feijao porque o grao de bico era pouco, temperada com cebola, tomate, suco de limao e uns pozinhos Maggi que ele trouxe da India. Um molho de tomate bem temperado e picante com batatas e ervilhas boiando dentro (eu, que amo batatas, ervilhas e coisas picantes, quase mergulhei dentro da panela). E um pao com cara de pao arabe que eu ajudei a fazer, soh farinha integral e agua, assado na frigideira com oleo soh dentro, entre as dobras, pra ficar macio. Sobremesa, arroz doce com passas, que obviamente deixei de lado, por nao conter cacau de nenhum tipo. O chato é que, jah que se come com as maos, minhas unhas ficaram todas amarelas de curry.
***
Por falar em cacau, no final de outubro, aqui em Perugia (onde tem a fabrica Perugina, que faz os Baci, descaradamente copiados pela Hershey's como Kisses, que tem, como todos os chocolates americanos, gosto de vela de sete dias), a Eurochocolat. Preciso fazer algum outro comentario?
E por falar em polaca, a Pazza hoje mandou eu me cuidar. Cara feia pra mim é fome, velha coroca!
Ontem o almoço foi indiano, na casa das japonesas, ouvindo musica polaca.
Nosso espetacular jantar ontem, em um miraculoso Bistrot, estranhamente aqui em S. Maria degli Angeli:
De vinho, um Rosso di Montepulciano MUITO MUITO bom, embora fosse de 2000, e a melhor safra dos ultimos dez anos tenha sido a de 97.
De entrada, nos dois pedimos risoto ao açafrao com salmao e camarao.
De prato principal, eu comi enroladinho de carne argentina com presunto cru e salvia em molho de vinho tinto. Mirco comeu filet de carne argentina (divina) com molho bearnese.
De sobremesa, encarei uma mousse de chocolate meio amargo com chantilly batido a mao e chocolate venezuelano ralado por cima. De fazer chorar, de tao leve que era. O Mirco comeu crepe com nutella e praliné de castanha-da-India.
Morram de inveja, mortais.
Minha vida atualmente se divide entre cartuchos de impressora, molho de cogumelos e trufa negra, e tempos verbais italianos.
Nada de novo no reino da Dinamarca, fora o fato de que anteontem eu perdi um jantar polacco (nao com a louca, obviamente, com a Magda, que é muito gente boa) porque chovia tanto que eu, sozinha de carro, nao conseguia ler as placas, dei mil voltas em Perugia e nao consegui chegar na casa dela. Voltei pra casa, com fome e frio. Ainda bem que o Mirco chegou logo depois e resolveu o problema (pelo menos o do frio hehehe).