paris

A viagem pra Paris foi tranqüila. Eu e Lulu saímos com vôos diferentes, mas do mesmo aeroporto de Fiumicino, de modo que eu peguei o trem das 7:18 da manhã em Bastia e encontrei com ela em Roma, e dali pegamos a navetta até o aeroporto. Malas despachadas, fomos comer (lógico) e esperar a hora do embarque. Ela de Air France, eu de vôo de pobre com a Vueling, a low-cost espanhola, que achei ótima. Meu vôo atrasou meia horinha, depois levei o maior tempão pra chegar até o terminal dela no CDG, que era tipo exatamente no lado oposto do aeroporto, e depois táxi até o 7ème arrondissement, onde fica o apartamento que alugamos até quarta que vem.

Não vou comentar que o apartamento é bárbaro, todo ajeitadinho, com vista pra torre e num dos bairros mais chiques do centro. Nem que tem wi-fi e duas padarias maravilhosas e dois supermercados logo embaixo de casa. Nem da sensação que é dizer “vamos dar um pulinho em casa pra escovar os dentes antes de ir pro Cluny”, nem que seja só por uma semana. Não vou comentar nada disso pra vocês não ficarem com inveja, tá. Olha como eu sou legal.

Então hoje fizemos assim: café da manhã num bar aqui na esquina, servidas por um búlgaro sarado: meia baguete com manteiga, um croissant delicioso, um chocolate quente idem, um suco de laranja marromeno. Passamos em casa pra escovar os dentes, no caminho comprei um poncho, que é a coisa mais prática do mundo, e rumamos pra torre. Porque nem eu nem a Lulu, que já veio aqui pelo menos umas vinte vezes, tinha subido antes. Ficamos uma meia horinha na fila e subimos. Lá em cima, além da vista deslumbrante já esperada, um vento gelado de dissecar a pele do rosto. Quando botamos o pé lá embaixo, deu uma rajada de vento e granizo que neguinho saiu correndo feito uns loucos pela rua, catando lugares pra se esconder, que não havia. Uma loucura! Até os soldados com seus fuzis foram se refugiar debaixo das estreitíssimas marquises dos quiosques de quinquilharias, coitados. Esperamos a coisa dar uma acalmada e saímos andando ao longo do Sena.

E aí começou a chover. Seriamente. E depois parou. Re-chovia, e re-parava de chover. Como não somos italianas e enfrentamos desaventuras meteorológicas com a maior nonchalance, confiando nos nossos macrófagos e linfócitos, continuamos andando ao longo do Boulevard Saint-Germain na maior naturalidade (eu sozinha teria que ficar checando o mapa toda hora, mas Lulu é praticamente uma local). Fomos parar numa creperia na Saint-André-des-Arts (Crêperie Saint-Germain, no número 23) onde a Lulu sempre come crepes, e entendi por quê. Feitas de farinha de trigo sarraceno, como a da minha creperia preferida em Perugia, são absolutamente divinas. Eu fui de espinafre com emmenthal e nozes, Lulu de espinafre com queijo de cabra e mel, e ainda dividimos uma de banana e chocolate de sobremesa (foi mal, hein). Suco de laranja espremido na hora, pra vitamina C fixar o ferro do espinafre, e lá fomos nós caminhar novamente.

Andamos muito, crianças. Muito mesmo. Babamos em doze mil vitrines, porque vitrine francesa é uma coisa, vocês sabem, não importa o que está sendo vendido. Fomos à livraria do Instituto do Mundo Árabe, que é uma loucura. Fomos até o Le Bon Marché, lá na casa do chapéu. E depois pegamos a St. Dominique desde o começo e viemos andando pra casa. Paramos no supermercado pra comprar víveres e jantamos croissant com queijo gouda e presunto (eu) e sanduíche de salmão e pepino (Lulu), acompanhados de suco de manga com maracujá (eu) e multifrutas vitaminado (Lulu), com biscoitos de chocolate (eu) e financiers de laranja com chocolate (Lulu) de sobremesa. Da série “como o diabo gosta”.

E amanhã não sabemos ainda o que vamos fazer. Queremos ir ao Cluny e ao Rodin, que não conheço. Lulu tem umas compras pra fazer. Eu tenho Astérix pra comprar. Mas não temos compromissos, sabe, viemos pra rodar mesmo e absorver um pouco de civilização. Foi mal aí, tá.

Bonne nuit, chéries.