ottawa

O tempo amanheceu bom, umas nuvenzinhas light passageiras e tal. Como levantamos tarde (leia-se o Mirco levantou tarde, eu fiz ginástica, tomei banho e vi um episódio dos Tudors enquanto ele dormia) fomos tomar brunch na Bearbrook Farm, que não me perguntem onde fica. Basicamente é uma fazenda que também funciona como restaurante, casa de festas e lojinha de comida congelada. A especialidade da casa são as carnes de caça, que eu adoro.

Tava tudo uma delícia: sopa-goulash de carnes de caça variadas, almôndegas de búfalo de vários tipos, ensopadinho de alce, javali e avestruz na brasa, etc. Tudo ó-te-mo. Depois, pra digerir, fomos dar unas voltas na fazenda e ver os primos dos bichos que tínhamos comido. eowyn e Nenad disseram que antes havia mais bichos, e de fato achamos um pouco deserto, mas eu nunca me canso de ver bichinhos então foi legal.

Voltamos pra casa, fizemos uma horinha e fomos jantar com a Luciana, amiga brasileira da eowyn e muito simpática que também mora em Ottawa com o marido iraniano e a filha pequena que é uma figura. Comemos numa filial do Baton Rouge, uma steak house, em Kanata, se não me engano. Eu gosto dessas comidas americanonas, mas como ainda tava com búfalo saindo pelos ouvidos fiquei numa salada com peito de frango grelhado mesmo. Depois fomos pra casa da Luciana bater papo e ajudar a Sara a montar quebra-cabeças.

E assim acabou o domingo.

ottawa

O dia amanheceu lindo. O mais interessante é que antes de sair de casa eu chequei a previsão do tempo pro período que vamos estar aqui e dava um frio do cacete. Mas tá CALOR! Mais de vinte graus, um sol que queima e bronzeia, e os canadenses estão todos de shortinho e chinelo nas ruas aproveitando o primeiro calorzinho depois de meses de um inverno intensíssimo. Eu, que vim preparada pro frio, só tenho blusas de gola alta e calças de lã, mas tuuuudo bem. Qualquer coisa é melhor do que frio, e fazer turismo com esse clima de alegria porque a primavera chegou é muito legal.

Lá pras onze fomos fazer um brunch num restaurante chinês. Então nosso café da manhã-almoço foi enroladinho de arroz com carne de porco no vapor, ravioli de camarão e de carne de porco no vapor, massa folhada de arroz com recheio de camarão.

Depois fomos visitar o Parlamento, porque tinha uma visita guiada grátis. O prédio é lindo e a explicação foi muito interessante (e os guias todos lindos, diga-se de passagem; normalmente são estudantes de Ciências Políticas ou coisa assim). A cidade é muito mais bonita do que a gente imaginava. E os canadenses são muito simpáticos, cordiais e gentis, e sorriem sempre. Visitamos a zona do mercado, paramos pra comer uma quiche, levamos o Mirco pra cortar o cabelo, pegamos comida bosníaca pra jantar e fomos pra casa.

O Mirco já caiu no sono há muito tempo mas eu tô aqui na sala com eles vendo South Park e com preguiça de subir fotos. Se amanhã eu estiver com paciência eu aviso.

roma – montreal

Acordamos de madrugada pra encarar a estrada pra Roma. Viajar virou um negócio tão chato e complicado e lento que mesmo chegando no aeroporto séculos antes do vôo quando você chega no gate já tá praticamente na hora de embarcar. Eu não sou de freqüentar duty free, mas também não gosto de fazer tudo correndo, mas atualmente é assim mesmo, por causa das nove-horas de segurança etc e tal.

Mas embarcamos no horário, o vôo com a Swiss International Airlines (a finada Swiss Air) até Zurique foi superlight, pouquíssimo tempo depois embarcamos de novo pra Montreal. Mais um vôo light: boa comida, assistentes de vôo simpáticos, nada de turbulência. Só que na minha frente tinha um russo. E não sei se vocês sabem, mas os russos são mal educados pra caramba. Esse, em particular, era gordo, usava calças com suspensórios, tinha orelhas cabeludas e era uma daquelas pessoas que ocupam um espaço muito maior do que o seu volume físico justifica. O cara passou o vôo inteiro me incomodando, porque cada movimento que ele fazia tremia a poltrona toda e amassava as minhas pernas. Ainda por cima toda hora ele botava as mãos por trás da cabeça e apoiava as mãos de uma maneira tal que seus dedos gordos cobriam a metade da minha tela de vídeo. Entornou não sei quantas doses de gin durante o vôo. Sabe o cara chato, chato, chato? Chato.

Fora isso, tudo beleza. Do aeroporto pegamos um ônibus pra Ottawa, liguei pra eowyn e logo depois ela veio pegar a gente com o marido, Nenad. Fomos pegar o jantar num restaurante chinês, batemos muito papo e fomos mimir.

nyc, ou melhor, hackensack, nj

Chegamos. Vôo tranqüilíssimo. Note to self: não pegar mais vôos saindo de Roma. Não vale a pena. Melhor pagar um pouquinho a mais e sair de Perugia, do lado de casa, uma maravilha.

Pegamos trânsito no caminho do aeroporto pra Hackensack, NJ, casa da família italiana amiga do Mirco. O filho é entregador de pizza, a mãe é francesa, o pai de Santa Maria, como o Mirco. Trouxemos fotos da cidade porque ele não vai à Itália há trinta anos, por causa do medo de avião. São dois docinhos de pessoa, e o filho, Mark, é uma figura. Hoje vamos jantar na casa de amigos deles, napolitanos. Amanhã acho que vamos só dormir (eu tenho que trabalhar um pouco mas quero descansar também), e vamos encarar NYC depois do Natal. Ainda vou ter que arrumar tempo pra visitar minha amiga ex-gorda na Filadélfia.

Não tá friaca, yaaaaay!

there and back again

Então. A viagem de volta não foi tão cansativa quanto a de ida, porque a direção do fuso horário era mais favorável, mas mesmo assim, vou te dizer…

Às quatro da manhã o shuttle do hotel nos levou até o aeroporto. Mil duzentas e trinta e duas vírgula quarenta e nove inspeções de segurança depois (já falei que viajar virou uma coisa muito chata?) finalmente conseguimos sentar a bunda no gate pra esperar o vôo. Todo o esquema de segurança demorou tanto que apesar de termos chegado ao aeroporto com mais de três horas de antecedência, só esperamos vinte minutos pra embarcar. Ô porre!

O vôo pra Montreal foi tranqüilo e consegui dormir um pouco. A escala foi curta, mas a perna mais longa, até Roma, foi compriiiiiiiiiiiida. Ninguém dormiu nada, a comida não foi tão boa quanto na ida (pra mim sobrou um frango com curry e pimentão muito bizarro, onde já se viu comida picante E pimentão em avião! Proíbem líquidos mas deixam passar pimentão! Vai entender…) e os filmes eram uma droga. Chegamos a Roma no domingo, às sete da manhã, sem saber direito que dia era.

Uma hora esperando a bagagem sair. Uma hora inteira.

E ainda por cima Mirco e Yari, Os Mais Cagados do Mundo, são parados pela polícia federal. Inspeção de rotina. Por sorte as malas com as coisas novas estavam comigo, que passei quase invisivelmente, mas algumas notas fiscais estavam na mala pequena que estava com o Mirco. Resultado: 122 euros de imposto pra gente e 80 pro Yari. A argumentação é a seguinte: o que você tem que fazer é preencher o módulo em TODAS as lojas onde comprar QUALQUER COISA (inclusive comida, café etc), pedir reembolso no aeroporto de saída e pagar os impostos no aeroporto de chegada. Senão pode ser acusado de contrabando. Ha ha ha! Claro que ninguém sabe de nada disso, a gente só pensa em pagar imposto sobre aparelhos eletrônicos etc, mas inclusive sobre roupas e cartões-postais é um pouco demais. Quem prova que eu não tinha ido a San Francisco antes e que a camiseta com o nome da cidade escrito não tinha sido comprada antes, em outra viagem? O argumento cego da burocracia é que você tem que sair da Itália com recibos das coisas que vão com você, inclusive roupas. De novo: eu entendo o lance dos aparelhos eletrônicos; ainda tenho o recibo que a Polícia Federal me deu no aeroporto há muuuuuuuuuuitos anos, pra eu poder entrar e sair do país com a máquina fotográfica registrada no meu nome e não precisar pagar taxa nenhuma. Mas naquela ocasião a coisa me foi explicada com clareza e o formulário me foi dado ali na hora. Eu perguntei em várias lojas nos EUA sobre o lance do tax refund, mas ninguém nunca tinha ouvido falar da coisa. Então se eu não tenho como preencher o raio do formulário, e conseqüentemente de pegar o reembolso, e conseqüentemente de pagar o devido imposto na Itália (como se eu fosse uma importadora em grande escala), eu posso ser acusada de contrabando? Mas que vão tomar no cu, todos.

A desculpa do policial, que só levou uma hora e meia pra resolver o negócio com os meninos, era que o governo mandou uma circular dizendo pra intensificar as inspeções, pra arrecadar mais. Ora, eu nunca fui contra pagar imposto, desde que haja um retorno. Mas 1) pagar imposto idiota, sobre roupas e cartões-postais, e 2) ter que esperar UMA HORA E MEIA pra isso non mi pare proprio il caso. Mas que vão tomar no cu, todos.

Então fiquem avisados: quem for viajar pra fora da Europa e comprar roupas no exterior deve arrancar todas as etiquetas, tirar tudo da embalagem original e comer os recibos.

to L.A.

Hoje foi dia de compras. Passamos a manhã refazendo as malas e esperando Mirco e Yari, que esqueceram da vida olhando os surfistas na praia. Depois de muito tempo tentando ajeitar as malas no carro, fomos ao shopping UTC, onde deixamos todo mundo, e eu e Mirco fomos correndo à IKEA (não somos fanáticos, é que eu tinha um gift card pra gastar nos EUA). Em meia hora entramos, compramos, pagamos e saímos, e dez minutos depois estávamos de volta ao UTC. Enquanto as meninas caíam num shopping spree animado, nós, que já tínhamos comprado tudo o que queríamos, ficamos sentados à sombra de um gazebo esperando. Dali voltamos ao hotel, onde estacionamos o carro enquanto almoçávamos no local ao lado, aquele do armeno simpático. Gianni inclusive pilotou a máquina de café pra poder finalmente tomar um espresso decente (só decente, é claro, porque a qualidade do café não era ideal, blah blah blah). Quando terminamos já era metade da tarde, e pegamos a estrada pra Los Angeles.

Um trânsito do cacete, lógico, e só não levamos mais tempo pra chegar porque podíamos usar a pista de car pooling. E bota car pooling nisso: depois das compras todas, a coitada da Anna Lisa, que no início da viagem deitava no banco de trás e tirava altos roncos, dessa vez foi espremida entre uma fruteira da IKEA, sacolas da Gap e bolsas da Nike.

Chegamos em L.A. debaixo de chuva e absolutamente exaustos. Deixamos as malas no Travelodge perto do aeroporto e fomos dar uma volta, pra ver Santa Monica, pelo menos, mas levamos tanto tempo parados no trânsito que arriscamos inclusive ficar sem combustível. Voltamos correndo pro hotel, comemos qualquer coisa no Denny’s do lado do hotel mesmo e enquanto o Mirco roncava eu me dediquei à tarefa ingrata de reorganizar as malas pra caber toda a tralha que compramos.

Aí neguinho fica achando que eu sou a superhipermega consumista, mas não é assim. Eu gosto de coisas diferentes do que todo mundo tem, então dificilmente compro roupas na Itália (só na Benetton e na Sisley, quando entra em liquidação, e mesmo assim são no máximo 150 euros por ano). Mirco, então, não compra nada aqui nem pagando, porque ele tem uma certa alergia à Itália. E ele consome MUITA roupa, porque é muito agitado, faz mil coisas ao mesmo tempo, e volta e meia esquece de usar roupa de trabalho pra ir pra oficina e volta com um jeans novinho manchado de tinta bem na coxa. Tendo que enfrentar poeira, tinta, diluente e outras coisas horríveis, seus sapatos não duram nada. Celulares idem, apesar de ficarem sempre no bolso; os cutões de poeira por trás da tela são impressionantes. Então quando viajamos SEMPRE compramos roupa. SEMPRE. Assim unimos o útil ao agradável: temos roupas que ninguém aqui tem, e ainda por cima analisamos a disponibilidade de produtos em outros países. Lindo, né.

Boa noite.

san diego

De manhã fiquei dormindo no hotel com uma certa enxaqueca, enquanto o pessoal foi a Tijuana. Eu tinha tanto interesse em ir a Tijuana que nem tinha checado na internet se precisava de visto – precisava – e não poderia ter ido nem se estivesse bem da cabeça. Como pra ver gente feia e pobre eu acho que sai mais barato me olhar no espelho, tenho certeza que não perdi nada. Acordei na hora do almoço e eles estavam voltando, saíram correndo da cidade fugindo do horror, o horror.

Almoçamos numa espécie de café aqui do lado do hotel, administrado por um armeno simpático. Bons sanduíches e boas saladas, provavelmente voltaremos amanhã.

À tarde fomos passear no centro, no Gaslamp Quarter, depois de passar pelos casarões aqui de La Jolla. Achei a cidade bem legal, bem vivível, agradável, com um centro histórico interessante e muitas opções de lugares pra comer e fazer compras. Mas San Francisco dá de dez a zero, com a vantagem extra de estar mais longe do México.

Jantamos mais pra lá de La Jolla, na direção do centro, eu sempre tentando explicar pro garçom que macarrão se come al dente então por favor pede pro cozinheiro tirar a massa da panela uns três minutos antes do que ele tá acostumado, e botar menos molho, e menos presunto no sanduíche, e nenhum dressing na salada, pelamordedeus, e nada de croutons na Caesar, e nada de gelo na água. De revirar os olhinhos.

Amanhã tem IKEA (tenho um gift card pra trocar), shopping center e Los Angeles.

san diego

Hoje foi dia de Sea World. Eu já fui um milhão de vezes naquele da Flórida, e acho o ingresso caro demais (51 doletas), mas todo mundo quis ir então acabei indo também. Claro que ver bicho é sempre legal, mesmo engaiolados ou empiscinados, e acabei me divertindo. O engraçado foi no primeiro show, dos golfinhos, quando começou a chover um pouco e a fazer frio. Fiquei pensando que se fosse na Itália não teria ninguém nas arquibancadas, e quem se aventurasse teria coberto os filhos dos pés às orelhas. Aqui, como em qualquer lugar normal e não inventador de doenças fictícias, ninguém botou chapéu, meia nem casaco nos filhos, nem ficou desesperado com medo de pneumonia. E dez minutos depois a chuva passou.

Almoçamos um sanduíche por lá mesmo e à tardinha demos umas voltas pela cidade. Eu tava com dor de cabeça e fiquei no hotel enquanto eles foram procurar uma pizzaria aberta (no bairro do nosso hotel, La Jolla, tudo fecha às sete). Pronto.

to san diego

Que viagem comprida! Quilômetros e quilômetros atravessando o nada. Nada! Que lugar bizarro esse país, vou te dizer.

Estamos num Travelodge em La Jolla, uma zona legal da cidade mas sem muito movimento. Já fomos fazer compras no shopping aqui do bairro, e enquanto o pessoal foi catar um lugar pra comer (aqui em frente em um restaurante chinês, mas imagina se eles iriam botar os pés lá dentro!) eu preferi ficar aqui com meus crackers e maratona CSI na televisão.

Algumas poucas fotinhas no flickr.

grand canyon + monument valley

Saímos cedo de Kanab e pegamos a estrada pro Grand Canyon. Sim, tínhamos desistido, mas sabe como é, você foi a todos os parques nacionais do oeste americano e não foi ao Grand Canyon, pega mal. Então fomos. Mas fomos à North Rim, muito menos badalada do que a South Rim, porque o visual é menos desbundante, por uma questão geográfica mesmo. De qualquer forma, é lindo, e valeu a pena o détour pra ver o negócio.

De lá tocamos pra Kayenta, parando em Page pra almoçar uma pizza razoável. Kayenta é um lugar horrível, horrível, horrível, triste, decadente, e cheio de índios navajos que estão longe de ser simpáticos ou acolhentes. Era o único lugar onde não tínhamos hotel reservado, e acabamos pagando uma nota pra pegar os dois últimos quartos no Holiday Inn. Largamos as malas e fomos ao Monument Valley, administrado pelos navajos e fora do National Park System, o que significa que nosso passe anual aqui não vale: 5 doletas por cabeça. O parque é lindo, de verdade, mas como chegamos meio tardinho o sol já tava se pondo e o passeio final pela Valley Drive ficou pela metade – dirigir no escuro em uma estrada vagabunda de terra batida sem uma iluminação sequer e sem lua realmente não dá.

O que mais impressiona a gente nesse lugar é a quantidade de espaço. Tudo é incrivelmente enorme, imenso, gigante, sem fim. Você olha pra frente e a estrada, retinha, não termina nunca. O planalto gigante e vermelho te acompanha por um tempo imenso, e depois dele vem outro. De vez em quando uma vaca, um trailer, uma pick-up, mas de resto é só espaço, espaço, espaço. Uma sensação muito esquisita. Vejam as fotos no flickr.

Dica pra quem vier pra cá no inverno: apesar de estar na mesma faixa de fuso horário do Utah, o estado do Arizona não entra em horário de verão, ficando então com uma hora de diferença com relação ao Utah. No inverno os dois estados têm o mesmo horário. Em muitos lugares há dois relógios na parede, um com o horário de cada estado, pra neguinho não se confundir.