Então. A viagem de volta não foi tão cansativa quanto a de ida, porque a direção do fuso horário era mais favorável, mas mesmo assim, vou te dizer…
Às quatro da manhã o shuttle do hotel nos levou até o aeroporto. Mil duzentas e trinta e duas vírgula quarenta e nove inspeções de segurança depois (já falei que viajar virou uma coisa muito chata?) finalmente conseguimos sentar a bunda no gate pra esperar o vôo. Todo o esquema de segurança demorou tanto que apesar de termos chegado ao aeroporto com mais de três horas de antecedência, só esperamos vinte minutos pra embarcar. Ô porre!
O vôo pra Montreal foi tranqüilo e consegui dormir um pouco. A escala foi curta, mas a perna mais longa, até Roma, foi compriiiiiiiiiiiida. Ninguém dormiu nada, a comida não foi tão boa quanto na ida (pra mim sobrou um frango com curry e pimentão muito bizarro, onde já se viu comida picante E pimentão em avião! Proíbem líquidos mas deixam passar pimentão! Vai entender…) e os filmes eram uma droga. Chegamos a Roma no domingo, às sete da manhã, sem saber direito que dia era.
Uma hora esperando a bagagem sair. Uma hora inteira.
E ainda por cima Mirco e Yari, Os Mais Cagados do Mundo, são parados pela polícia federal. Inspeção de rotina. Por sorte as malas com as coisas novas estavam comigo, que passei quase invisivelmente, mas algumas notas fiscais estavam na mala pequena que estava com o Mirco. Resultado: 122 euros de imposto pra gente e 80 pro Yari. A argumentação é a seguinte: o que você tem que fazer é preencher o módulo em TODAS as lojas onde comprar QUALQUER COISA (inclusive comida, café etc), pedir reembolso no aeroporto de saída e pagar os impostos no aeroporto de chegada. Senão pode ser acusado de contrabando. Ha ha ha! Claro que ninguém sabe de nada disso, a gente só pensa em pagar imposto sobre aparelhos eletrônicos etc, mas inclusive sobre roupas e cartões-postais é um pouco demais. Quem prova que eu não tinha ido a San Francisco antes e que a camiseta com o nome da cidade escrito não tinha sido comprada antes, em outra viagem? O argumento cego da burocracia é que você tem que sair da Itália com recibos das coisas que vão com você, inclusive roupas. De novo: eu entendo o lance dos aparelhos eletrônicos; ainda tenho o recibo que a Polícia Federal me deu no aeroporto há muuuuuuuuuuitos anos, pra eu poder entrar e sair do país com a máquina fotográfica registrada no meu nome e não precisar pagar taxa nenhuma. Mas naquela ocasião a coisa me foi explicada com clareza e o formulário me foi dado ali na hora. Eu perguntei em várias lojas nos EUA sobre o lance do tax refund, mas ninguém nunca tinha ouvido falar da coisa. Então se eu não tenho como preencher o raio do formulário, e conseqüentemente de pegar o reembolso, e conseqüentemente de pagar o devido imposto na Itália (como se eu fosse uma importadora em grande escala), eu posso ser acusada de contrabando? Mas que vão tomar no cu, todos.
A desculpa do policial, que só levou uma hora e meia pra resolver o negócio com os meninos, era que o governo mandou uma circular dizendo pra intensificar as inspeções, pra arrecadar mais. Ora, eu nunca fui contra pagar imposto, desde que haja um retorno. Mas 1) pagar imposto idiota, sobre roupas e cartões-postais, e 2) ter que esperar UMA HORA E MEIA pra isso non mi pare proprio il caso. Mas que vão tomar no cu, todos.
Então fiquem avisados: quem for viajar pra fora da Europa e comprar roupas no exterior deve arrancar todas as etiquetas, tirar tudo da embalagem original e comer os recibos.