09.11.05

então, tipo assim, cheguei, né, e ainda não estou entendendo nada, achando tudo estranho e familiar, esquisito e conhecido, confuso e acostumado. a enxaqueca já me pegou e ontem passei o dia inteiro na cama (mentira, depois que o remédio fez efeito conseguimos ir ao cinema no Rio Sul pra ver Flight Plan, mas a dor voltou e me acordou de madrugada). não liguei pra ninguém, mas eu sou assim mesmo, vocês sabem. não sei direito o que fazer, não sei de onde começar, não sei o que dizer, o que pensar, o que sentir. minha mala já está pronta, cheia de livros. só sobrou a malinha de mão pra juntar mais uns cacarecos. acho que não vai dar pra levar comida. livros, só penso em livros. li crônicos, da daniela abade, e achei dúzias de erros de português e quase graça nenhuma, mas passa o tempo. estou me sentindo sozinha e muito confusa.

Postado por leticia em 12:43

04.11.05

nebbia del cavolo

Alguém desliga a neblina, por favor, que já encheu? 'Brigada.

Postado por leticia em 21:56

03.11.05

aiuto!

Cara, na boa, sou só eu que acha o Benigni um dos idiotas mais idiotas de todos os tempos? QUE CARA CHATO!!! Pula, salta, grita sempre, sempre, sempre, é infantil, ridículo, bobo, hiperativo, e ainda por cima sempre enfia aquela canastrã da mulher dele em tudo quando é filme. Dez minutos de La Vita è Bella na TV me deixaram em um estado de irritação daqueles que só aula de matemática consegue. SOCORRO!

Postado por leticia em 22:59

02.11.05

uia

A enxaqueca começou no sábado, no final da manhã. Tomei logo o remédio, como sempre, mas dessa vez demorou a passar e não consegui nem ajudar a botar a mesa na Arianna; tive que ficar jogada no sofá embaixo do cobertor até passar. A segunda porrada veio lá pras sete, no meio do cinema. Estávamos vendo The Interpreter (gostamos muito, mas no final eu já não estava entendendo mais nada por causa da dor). Tomei outro comprimido e fiquei torcendo pra dor ir embora pra eu não ter que sair no meio do filme, mas não deu. Sou teimosa e fiquei até o final, mas cheguei em casa chorando de dor.

Na segunda acordei a massa falida. Uma náusea horrorosa, a cabeça rodando, o corpo mole. Essa dor me destrói, é uma coisa tão absurdamente intensa que destrói a gente moralmente também, um negócio impressionante. Por sorte as duas escolas estavam fechadas por causa do feriado, que aqui se comemora no dia primeiro de novembro, então pude ficar em casa sem remorso. O dia INTEIRO no sofá de pijama. Não conseguia ver TV porque o barulho incomodava, mas arrisquei umas pagininhas e, vendo que rolava, acabei terminando The Grapes of Wrath (maravilhoso!), devorando The Virgin Suicides (prefiro Middlesex) e começando The Lovely Bones, de Alice Sebold, muito gostosinho. Mirco foi tomar um drink com o Moreno porque eu realmente não tinha condições de sair de casa. Cheguei até a bater um bolo à tarde, não sei como, e ainda embrulhei dois pedaços em papel alumínio e dei de presente pras duas meninas que bateram aqui na porta trick-or-treating. E depois chapei, e mais nada.

Postado por leticia em 23:48

01.11.05

peixinho bom

Sábado fomos jantar com Gianni aqui. Aluno Endocrinologista já tinha me falado desse restaurante, onde ele comeu o peixe mais fresco da sua vida, e depois o Gianni foi a uma despedida de solteiro lá e também ficou encantado. E resolvemos conferir.

Chiara não foi porque estava em um retiro espiritual, o que quer que isso seja. Fomos nós três; o restaurante é aqui pertinho de casa, coisa muito prática. O dono é um siciliano de Palermo muito simpático, que se recusa a cozinhar o "básico" dos frutos do mar, ou seja, cocktail de camarão e insalata di mare.

O jantar foi uma diliça. Saiu carinho porque pedimos uma degustação, mas os pratos no menu têm preços bem razoáveis. Resolvemos deixar o proprietário e chef, o Roberto, à vontade pra escolher o menu pra nós, por um motivo muito simples: ele não trabalha com intermediários, e compra o peixe não de peixarias mas de um pescador que trabalha diretamente com ele, e traz peixe fresco todo santo dia. Se hoje não cair nenhuma lagosta na rede, por exemplo, ele não pode servir lagosta, porque não trabalha com congelados. Então ninguém melhor que ele pra saber o que rola de bom naquele dia. Pescaram uma cernia espetacular hoje, querem? É assim que funciona – adoro essas coisas; essa intimidade imediata do italiano com todo mundo, principalmente quando tem comida no meio, é sensacional. Então tivemos um salmão marinado delicioso, um peixe que não sei traduzir marinado no vinagre com sementes de romã (esse eu dispensei, dispenso qualquer tipo de vinagre e qualquer aceno de fruta na comida), ma-ra-vi-lho-sos mariscos (cozze e vongole) fresquíiiiiiiiiiiiissimos, e depois uma das coisas mais gostosas e delicadas que eu já comi em termos de peixe: spaghetti com pesto feito na hora (eu detectei, além do manjericão, um toque de hortelã, que ele confirmou) e "saltati in padella" com camarõezinhos. Uma coisa de louco – com uma pimentinha moída na hora por cima, então... O prato principal foi um mix de crustáceos ao vapor: meia lagosta cada um, lagostins e camarões gigantes e médios. Olha, eu não sou expert em cozinha e muito menos em frutos do mar, que só fui aprender a comer aqui na bota, mas realmente a diferença é morrrrrrrrtal. Os mexilhões tinham cheiro de praia, os lagostins só faltavam piscar o olho pra gente. Tudo isso acompanhado de duas garrafas de ótimo vinho branco, cuja origem desconheço porque fiquei com preguiça de ir até o balde de gelo olhar o rótulo, muito levinho e gostoso. Mirco ainda comeu sobremesa, os meninos tomaram café e dois copos de grappa cada um. E ainda ficamos batendo papo, depois que os outros clientes saíram, com o proprietário e o menino francês que trabalha como garçom. Agradabilíssimos e muito educados.

O problema do restaurante é que não tem clientes. Porque o umbro é idiota e só freqüenta lugares da moda. O restaurante da moda em termos de peixe é o Massimo, que é superfora de mão pra gente porque é láaaaaaaaa no Lago Trasimeno, e os preços são assim como dá na telha do Massimo, sabe; por menus absolutamente idênticos já chegamos a pagar 3 preços diferentes em três ocasiões diferentes. Mas é fashion, então em vez de ir ali em Ospedalicchio que é do lado de casa – estou falando aqui do vale, de Bastia e adjacências – neguinho se despenca lá pro lago só pra encher a boca quando contar que jantou no Massimo. E aí o coitado do Roberto fica sem clientes. Então, já sabem: peixe na Umbria é no La Cigale. De verdade.

Postado por leticia em 21:42