interior do zaire, o retorno

A volta pra cá foi, hm, estranha. Começou com um pequeno incidente diplomático, continuou com a impossibilidade de sentar perto do Mirco no avião (ele estava dois compartimentos mais pra frente, mas por sorte sentei ao lado de uma senhora MUITO gentil que estava viajando com a nora e a netinha pro Qatar), incluiu uma gigantesca vomitada da Carolina e poucas horas de sono (mas pelo menos nenhuma turbulência), culminou com a notícia de que o carrinho tinha ficado em Paris (eu também quase fiquei, se vocês querem saber, hohoho) e só chega amanhã, e terminou com uma viagem de carro tranquila até aqui em casa, sob um sol escaldante de 39 graus. A Filha Mais Legal do Mundo, que, foi mal aê, é a minha, fez o favor de dormir várias horas no ar condicionado com o Mirco pra eu poder desfazer as malas. Eu tenho um monte de TOCs e um deles é esse de não conseguir sossegar o facho antes de desfazer as malas, não importa o quão cansada da viagem eu estiver. Demorooooou pra eu conseguir arrumar tudo porque tínhamos três malonas, duas malinhas, uma bolsona da Carol, a mochila do Mirco e a pasta do laptop, mas consegui, e ainda deu tempo de fazer três loads of laundry e de pendurar tudo. A FMLdM ainda fez o favor de aturar a visita confusa da família do Mirco, que ela logicamente estranhou totalmente, com uma certa fleuma, e de capotar cedo. Acordou várias vezes de madrugada resmungando e choramingando mas era só pegar no colinho que ela recapotava. E só acordou de verdade mesmo às dez da manhã, o que me garantiu as horas de sono suficientes, embora meio que picotadas, pra encarar o dia de hoje.

Achei tudo muito estranho por aqui. As proporções da casa são todas diferentes. Estou achando o italiano da televisão engraçadíssimo. TODAS as minhas plantas não-suculentas morreram, TODINHAS, estou de luto. As únicas coisas presentes na geladeira eram um iogurte de morango light vencido no final de maio, que foi o meu café da manhã, e um saco de batatas tão velhas que há plantinhas saindo delas.

Aproveitei a falta de coisas pra comer além das 1.354 barrinhas de diferentes tipos que trouxemos do Rio pra começar uma reeducação alimentar comme il faut, e durante as poucas e curtas sonecas da Carol consegui configurar o meu bodybugg, meu novo melhor amigo. Ainda estou aprendendo a mexer no programa, e o fato de não morar nos EUA faz com que eu tenha que inserir praticamente TUDO o que eu como manualmente, mas não importa: por enquanto, estou gostando. Estarei dando mais detalhes conforme a coisa for ficando mais interessante. Já subi as informações da malhação de hoje e inseri tudo o que vou comer, e o cálculo do balanço calórico já foi feito, embora a contagem das calorias consumidas só vá terminar à meia-noite. Amanhã de manhã vou acordar e sair correndo pra ver se me mantive no déficit calórico que eu escolhi.

Fora isso tudo, bom, fica a saudade. Como eu já disse antes, dessa vez a coisa vai apertar mais porque eu fiquei tempo suficiente no Rio pra ligar o Carioca Mode, coisa que normalmente nem dá tempo de fazer. Hoje acordei repassando as conversas interessantérrimas e divertidíssimas que tive com meus amigos aí no Rio – com o pessoal da faculdade, do italiano, com a Newlands, pra não falar do meu überphoda irmão – e me deu uma tristeza infinita. Porque o que me espera, meus amigos, é papo sobre comida, carro e viagens ridículas a balneários lotados de italianos pouco educados. Acho que vai demorar um bom tempo pra eu conseguir entrar no meu Italian Mode.