acabou-se o que era doce

Os átomos reciclados de Darwin ouviram as minhas preces! Kate, o último bastião de sanidade mental que restava lá na agência, finalmente se demitiu. Parece que só não foi um evento mais bombástico do que a minha demissão junto com a Patrizia porque não tinha público, como no nosso caso. Em compensação, foi chamada de maluca, de frustrada sexual e outras delícias. Justo a Kate, que é um doce de menina, um amorzinho, toda quietinha e sorridente! Bom, pelo menos ela finalmente se livrou daquele horror.

O único porém é que agora ficamos sem espiões infiltrados, já que todo mundo que sobrou lá dentro está do Lado Negro da Força. E conseqüentemente perderemos pérolas da Chefa Escrota, do tipo, o J., tradutor de espanhol que eu custei a convencer a se mandar, tem um irmão casado com a Cristina Aguilera. Gente, tinha muito tempo que eu não ria tanto assim, mas quando a Kate contou essa história no jantar aqui em casa, semana passada, eu quase engasguei de tanto gargalhar. A Chefa Escrota tinha que ser estudada pela ciência, bicho. Nunca vi um cérebro tão nonsense, tão mitômano, tão criativo para o mal, tão, tão…

A Chefa Escrota é a única pessoa que eu já conheci para a qual eu desejo tudo, tudo, tudo de ruim. Se eu a visse atropelada, ensangüentada, fraturada e eviscerada no meio da rua cuspiria em cima e continuaria no meu caminho, saltitando de felicidade e mastigando um Trident Frutas Tropicais. Juro.

Mas o azar é todo dela: a agência de tradução que o Careca, dissidente do setor de vendas da agência dela, abriu em Perugia agora conta com J., S., V., S., F., e, se não bastasse, comigo como tradutora externa. Vários clientes já foram roubados; dou um pulo de alegria cada vez que abro um documento e reconheço o cliente de outros carnavais. Coisa linda de mãe.