desfile de alunos, parte iv

Tem o Arquiteto Zen. É aquele que achou um cachorro no meio da roça e o levou pra escola, lembram. Mora numa casona gigante na roça, em Bevagna, perto de Foligno, e tem vaca, cabrito, porco, vários cavalos e bichos mil. A pick-up dele tem até holofote no teto, pra quando precisa catar algum bicho perdido no meio do mato à noite. Ele usa pulseira de couro e já foi à Índia.

Outro dia tivemos uma aula interessantíssima sobre os Arquitetos sem Fronteira, que logicamente eu nem sabia que existiam. Um amigo dele está na Tailândia ajudando a reconstruir as cidades varridas pelo tsunami e dali a conversa descambou pro verdadeiro “espírito” da arquitetura, o conceito de casa como lugar protegido, “pra chamar de seu”, e coisa e tal. Aprendi muito e ele foi ficando cada vez mais empolgado. Ele também fala inglês direitinho, se esforça muito, fica puto quando erra (sinal claro de interesse), mas tem um problema: é de Milão, e fala alemão, então às vezes confunde tudo. Não comete os erros clássicos dos italianos, tipo não conseguir pronunciar o som /h/, pronunciar hair como é-ir, dizer pérformance e ôtel, etc, mas em compensação não consegue pronunciar o som /s/. Então ele fala zo em vez de so, zome em vez de some, e por aí vai. Eu acho divertido e dou muita risada, mas ele fica puto.