Hoje tive minha primeira experiência

Hoje tive minha primeira experiência ‘do outro lado’, leia-se, fui operada pela primeira vez na vida. Eu, que quase nunca fico doente, não tenho nem obturações, ou seja, nunca tinha sido paciente, fui operada hoje, de varizes (ô coisa de pobre)… Lá fui eu, em jejum (nunca tinha feito jejum, em geral eu como muito antes da fome aparecer), botar aquele aventalzinho ridículo, aquela touquinha que eu só usei quando dava plantão, a equipe falando comigo como se eu fosse uma criança (‘Vamos botar os sapatinhos?’ ‘Vai doer um pouquinho, tá?’ ‘Você vai sentir um soninho, tá?’)… Furam minha mão, não sem um pouco de dor (minha veia é meio danada), me botam de bruços (…) naquela mesa cirúrgica estreita (ou sou eu que estou gorda?), aqueles apoios pros braços que me deixam meio que crucificada… Aquele iodo gelado nas pernas, depois injetam um negocinho no soro (sempre odiei anestesio), e depois não lembro de mais nada.

Acordo meio grogue, no quarto, às gar-ga-lha-das! Toca o celular, minha mãe atende, é minha chefe. Minha mãe pergunta se eu posso falar, minha resposta é uma risada. Mais tarde, quando acordo de vez, minha mãe me diz que eu gargalhei por uns dez minutos sem parar.

Tem gente que enjoa da anestesia, eu gargalho :)

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Ser médica (ainda que pseudo) tem essa enorme vantagem: saber, pelo menos razoavelmente, o que estão fazendo com você é MUITO tranqüilizante. Ser tratada com ‘inhos’ e ‘tá?’ pela equipe é inevitável, mas pelo menos não me tratam como imbecil, o que já é um grande avanço.