carolinices

Carol está na fase dos tantrums (leia-se “ataques de pelanca”). Tantrums acontecem porque crianças obviamente não sabem como lidar com frustrações, pois até pouco tempo atrás nada lhe era negado pois ela de pouco precisava – leite e fralda limpa, basicamente. Conforme a criança cresce e começa a querer coisas, você obviamente começa a dar limites e negar quando preciso, criando situações às quais ela não está acostumada e logicamente não entende. Logo o tantrum. Um pé no saco, mas totalmente normal, só que eu acabo sempre dando risada porque a cara que ela faz é TÃO engraçada, com o beiço pra fora, a cara fica logo toda vermelha, aqueles cabelos balançando, aquela cara de criança mais velha que ela tem, eu não aguento. Não cedo, mas tenho que virar a cara pra ela não me ver rindo e achar que é tudo uma brincadeira.

Ela anda chatíssima. Segundo a pediatra é o maldito molar saindo, pois dá pra ver aquela coisa branca e dura ali enchendo o saco, doida pra aparecer e nada – o detalhe é que ela tem os 4 incisivos superiores e só os dois centrais inferiores, que ainda por cima são nanicos. Os molares vão aparecer antes dos caninos e dos incisivos laterais, tenho certeza, só pra deixar tudo mais ridículo ainda e pra me dar mais vontade de rir quando ela abre a boca durante os ataques de pelanca. Outra causa da chatice provavelmente é a frustração de não falar – porque ela não fala uma palavra, senhores, nem não, que normalmente é a primeira, nem ma-ma, nem nada. Aponta pras coisas, dá grunhidos, faz sim e não com a cabeça, mas falar que é bom, nada. Imagino o quanto isso não deve ser chato pra ela (pra não falar pra gente, que fica se esforçando pra entendê-la). Fase chata, vou te contar.

under heaven

Então. Como eu já tinha comentado aqui, eu tava me coçando toda pra ler Under Heaven, do Guy Gavriel Kay, meu escritor de fantasy preferido. Altas expectativas. Fui lendo meio aos trancos e barrancos, sabe como é, arrumar tempo pra fazer qualquer coisa que não seja Carolina-related é muito difícil, mas consegui. Gostei MUITO, ele escreve muito bem e tal, mas sinceramente não entendi o fuzuê todo ao redor do livro. Achei Tigana bem melhor; é um livro absolutamente sensacional. Não dá pra comparar os dois muito bem porque Tigana é bem mais fantasy (embora o fantasy do GGK seja pouco convencional), mas de qualquer forma continuo achando Tigana a obra-prima dele.

Quando acabei fiquei meio assim sem rumo e acabei seguindo o conselho da Meritxell, minha aluna de português (ela é espanhola; o nome dela é catalão. A quem interessar possa, o “e” se pronúncia “a” em catalão, segundo ela, de modo que o seu apelido poderia ser Mari): comecei La Catedral del Mar, de Ildefonso Falcones. Comprei há muito tempo aqui mesmo na Libreria Grande, depois vi a tal catedral em Barcelona e os meninos chegaram a comentar sobre o livro e disseram que eu absolutamente tinha que ler, mas não sei por que o bichinho ficou esquecido por aqui. Boba! Deveria ter lido antes! Estou adorando, adorando, adorando! Que mané The Pillars of the Earth o quê. Como jeito de escrever nem é nenhuma Brastemp (pense nas maravilhas que escreve o Zafón, por exemplo), mas a história é daquelas que colam e que você PRECISA continuar lendo pra saber o que acontece depois. Está acabando com a minha coluna, porque o livro é grosso e pesado e eu ainda levo um dicionário italiano-espanhol (comprado em Buenos Aires; uma merda mas é o menorzinho que eu tenho de espanhol) junto com ele pra cima e pra baixo. Mas vale a pena, vale a pena.