Finalmente consegui tirar a maldita carteira de identidade! Olha que coisa antiquada e enorme… Bom, ninguém aqui usa mesmo, o documento mais usado é a carteira de motorista. A de identidade só serve pra circular pela União Européia, mas eu, extra-comunitária, não tenho esse direito; a identidade só serve dentro da Itália mesmo.

Atentem para o fato que meu último sobrenome não cabe na linha e ficou cortado mesmo.
Atentem também para a profissão, doméstica hohoho

Finalmente consegui tirar a maldita carteira de identidade! Olha que coisa antiquada e enorme… Bom, ninguém aqui usa mesmo, o documento mais usado é a carteira de motorista. A de identidade só serve pra circular pela União Européia, mas eu, extra-comunitária, não tenho esse direito; a identidade só serve dentro da Itália mesmo.

Atentem para o fato que meu último sobrenome não cabe na linha e ficou cortado mesmo.
Atentem também para a profissão, doméstica hohoho

Ontem começou o chatíssimo Festival de San Remo. Saca Festival da Canção? É isso, com o agravante que é um festival de música italiana, e eu detesto música italiana. Tudo é horrível com relação a esse festival: os cenários cafonérrimos, como os de toda transmissão televisiva italiana que se preze; os cantores incompetentes com suas músicas chatas; as mutretas infinitas que todo ano rodeiam o espetáculo (ano passado rolou até processo porque já se sabia quem seria a vencedora muito antes do festival começar, como desmascarou o Striscia La Notizia). E não sou só eu, reclamona profissional, que estou dizendo que o festival é um saco. Esse ano a única celebridade que veio foi um sósia do Elton John. A lista dos famosos internacionais que recusaram o convite foi imensa, e, segundo o telejornal do canal 5, a coisa está ficando mais embaraçosa a cada ano. Se eu fosse famosa e VIP, não viria nem se me dessem um caminhão de dinheiro. Pagar esse mico, eu, hein!

Mas como eu tava dizendo, eu acho a música italiana tão ruim quanto a brasileira. Já mencionei aqui que detesto MPB. Não gosto de Chico, nem de Gil, nem de Caetano, nem daquela mala da Maria Rita, nem daquele insuportável do Milton Nascimento, nem de música pop. Os únicos CDs de música brasileira que eu tenho são os da Marisa Monte, que já admirei muito mas desde que botou aquele nome absurdo no filho deixou de existir para mim, o Bossa ‘n Roll da Rita Lee, e o Calango do Skank, que é divertidinho. Só. No Rio ficaram alguns dos Paralamas, comprados num surto de tenho-que-decorar-essas-musiquinhas-pra-poder-cantar-no-churrasco. Até gosto dos Paralamas, que me são particularmente simpáticos, mas hoje não me vejo comprando um CD deles. Do mesmo modo, não gosto da música italiana. Não ligo o rádio do carro nunca, porque não tenho saco pra ouvir sempre as mesmas músicas chatas – aqui praticamente só toca música italiana. Mas vou voltar ao assunto música italiana lá embaixo.

Na verdade eu não sou uma pessoa muito musical. Se a música for do meu agrado e estiver tocando, eu acho legal, mas se alguém desligar não vou ficar irritada. Se a música for chata e estiver tocando, eu fico MUITO irritada. Não tenho a menor vocação pra descobrir novas bandas ou novos ritmos; não fico catando coisas bizarras em .mp3 como um certo japa que eu conheço. Vivo perfeitamente bem sem música; muito difícil me pegar cantando, até porque eu sou completamente desafinada. Só preciso de trilha sonora mesmo pra fazer faxina, pra dar aquela animaçãozinha básica e pra fazer parecer que limpar a casa é super divertido. De resto, não tenho nenhuma música que me lembre um momento, um lugar ou uma pessoa. Não associo jamais uma música a uma situação em particular. Jamais presto atenção à trilha sonora de um filme. Gosto de shows, mas só se forem com músicas que eu conheço e sei cantar (o do Live em Sampa foi di-vi-no). Gosto de dançar, mas posso ficar anos sem fazê-lo que não entro em crise de abstinência. Ou seja, pra mim música é uma coisa que tá ali, mas podia perfeitamente não estar que daria no mesmo – mais ou menos como as frutas. Só dois produtos de consumo me destruiriam se deixassem de existir: chocolate e livros. Não me deixem sem ler que eu realmente viro bicho. Sou o tipo compulsivo que lê outdoor, propaganda no metrô, rótulo de shampoo enquanto toma banho, instruções e receitas na embalagem de TODAS as comidas, até de macarrão, manual de instruções de tudo que é eletrodoméstico, pedaço de jornal velho caído num canto, coisas escritas à mão dentro do sapato inglês do Mirco, o Boas Festas pré-impresso nas notas fiscais a partir de novembro, todos os detalhes do formulário pra depósito bancário, as lombadas dos livros na estante da casa daquele personagem do filme, todo e qualquer folhetinho que chegue às minhas mãos. É compulsivo mesmo, mecânico, involuntário, e já salvou minha vida várias vezes, especialmente porque tenho boa memória e dificilmente me esqueço de alguma coisa que eu li em algum lugar. Lembro de endereços de lojas que li na sacola de uma senhora no ônibus, do nome da empresa anunciada no metrô, da observação no pé da pagina da fatura do fornecedor. Eu acho que compensa o fato deu não ser muito musical…

Voltando à abominável música italiana: eu acho que o meu problema é que o tipo de música que eu gosto de ouvir não é compatível com nenhuma outra língua que não seja o Inglês. Convenhamos, crianças, rock em português é ridículo, perde credibilidade, não tem jeito. O mesmo pra música celta. O mesmo pra música de viado. É como bossa nova (que eu adoro, mas não tenho nenhum CD) cantada em, sei lá, alemão. Então eu acabo não gostando de mais nada cantado em outras línguas, já que tenho verdadeira alergia a música pop ou, pior, romântica.

Outra coisa com a música italiana é que, na minha opinião de não apreciadora mas não por isso não entendedora (meu irmão é músico, pô), ela tem frases musicais, combinações de notas que não se usam nem no Brasil e nem nos EUA. Só consigo lembrar agora das músicas dos Gemelli Diversi (Gêmeos Diferentes. O nome já seria o suficiente pra mandá-los pro pelotão de fuzilamento, na minha opinião. Agora imaginem a qualidade das músicas…) que pra mim são todas muito estranhas, difíceis de seguir. Tem duas outras ESTRANHÍSSIMAS tocando no rádio ultimamente (eu não ligo o rádio do meu carro, mas o Mirco liga o do dele) mas eu não consigo entender o nome, porque os locutores italianos são como os brasileiros, só dizem o nome da música quando dá vontade, e nem sempre com a melhor das dicções. O refrão de uma diz “io ti amo, ma devo ucciderti” (te amo, mas tenho que te matar). A outra não lembro mesmo, até porque a mulher canta num tom tão estranho que não entendo o que ela diz.

Comecei a notar isso durante as caronas com a Marta, que só escuta rádio. Comecei a pensar numa coisa que eu li em algum lugar, não lembro direito onde, falando sobre sistemas musicais de outras culturas, as orientais em particular. Parece que há povos que têm outras notas além das nossas do-ré-mi-fa-sol-lá-si. Eu não consigo conceber outras notas! É como se alguém viesse me dizer que em outros países existem outras cores primárias. Sei lá, um cor chamada bljerfs, que não é nem azul, nem amarelo, nem vermelho, e nem é uma combinação qualquer dessas cores. Você consegue imaginar? Nem eu. Esse tipo de informação scombussola meu céLebro.

Acho que vou ali ler um pouquinho pra ver se passa.

**

E sexta-feira partimos pra Rotterdam, visitar a Stefania, irmã do Mirco, que está meio que morando por lá. Apesar da greve das companhias aéreas (toda semana tem greve de algum meio de transporte aqui na Itália, é impressionante), parece que a nossa, a BasiqAir, que é holandesa, não vai entrar nessa história e esperamos não ter problemas pra embarcar. Voltamos no domingo com a RyanAir. Cortesia da Stefania, claro, porque eu não tenho dinheiro nem pra ir ali na esquina, quanto mais à Holanda

**

Vi Big Fish ontem. Digo “vi” e não “vimos” porque o Mirco dormiu. Achei visualmente bonito, como tudo o que o Tim Burton faz, mas não gostei do roteiro. Achei que ficou faltando alguma coisa. E agora cinema só semana que vem, porque já esgotamos todo o arsenal do Warner Village de Perugia.

**

Mirco encheu tanto o meu saco que resolvi seguir seu conselho: aproveitar esse tempo de ócio desempregatício pra tirar minha carteira de motorista (eu estou usando a internacional, que só dura até setembro).

Ontem começou o chatíssimo Festival de San Remo. Saca Festival da Canção? É isso, com o agravante que é um festival de música italiana, e eu detesto música italiana. Tudo é horrível com relação a esse festival: os cenários cafonérrimos, como os de toda transmissão televisiva italiana que se preze; os cantores incompetentes com suas músicas chatas; as mutretas infinitas que todo ano rodeiam o espetáculo (ano passado rolou até processo porque já se sabia quem seria a vencedora muito antes do festival começar, como desmascarou o Striscia La Notizia). E não sou só eu, reclamona profissional, que estou dizendo que o festival é um saco. Esse ano a única celebridade que veio foi um sósia do Elton John. A lista dos famosos internacionais que recusaram o convite foi imensa, e, segundo o telejornal do canal 5, a coisa está ficando mais embaraçosa a cada ano. Se eu fosse famosa e VIP, não viria nem se me dessem um caminhão de dinheiro. Pagar esse mico, eu, hein!

Mas como eu tava dizendo, eu acho a música italiana tão ruim quanto a brasileira. Já mencionei aqui que detesto MPB. Não gosto de Chico, nem de Gil, nem de Caetano, nem daquela mala da Maria Rita, nem daquele insuportável do Milton Nascimento, nem de música pop. Os únicos CDs de música brasileira que eu tenho são os da Marisa Monte, que já admirei muito mas desde que botou aquele nome absurdo no filho deixou de existir para mim, o Bossa ‘n Roll da Rita Lee, e o Calango do Skank, que é divertidinho. Só. No Rio ficaram alguns dos Paralamas, comprados num surto de tenho-que-decorar-essas-musiquinhas-pra-poder-cantar-no-churrasco. Até gosto dos Paralamas, que me são particularmente simpáticos, mas hoje não me vejo comprando um CD deles. Do mesmo modo, não gosto da música italiana. Não ligo o rádio do carro nunca, porque não tenho saco pra ouvir sempre as mesmas músicas chatas – aqui praticamente só toca música italiana. Mas vou voltar ao assunto música italiana lá embaixo.

Na verdade eu não sou uma pessoa muito musical. Se a música for do meu agrado e estiver tocando, eu acho legal, mas se alguém desligar não vou ficar irritada. Se a música for chata e estiver tocando, eu fico MUITO irritada. Não tenho a menor vocação pra descobrir novas bandas ou novos ritmos; não fico catando coisas bizarras em .mp3 como um certo japa que eu conheço. Vivo perfeitamente bem sem música; muito difícil me pegar cantando, até porque eu sou completamente desafinada. Só preciso de trilha sonora mesmo pra fazer faxina, pra dar aquela animaçãozinha básica e pra fazer parecer que limpar a casa é super divertido. De resto, não tenho nenhuma música que me lembre um momento, um lugar ou uma pessoa. Não associo jamais uma música a uma situação em particular. Jamais presto atenção à trilha sonora de um filme. Gosto de shows, mas só se forem com músicas que eu conheço e sei cantar (o do Live em Sampa foi di-vi-no). Gosto de dançar, mas posso ficar anos sem fazê-lo que não entro em crise de abstinência. Ou seja, pra mim música é uma coisa que tá ali, mas podia perfeitamente não estar que daria no mesmo – mais ou menos como as frutas. Só dois produtos de consumo me destruiriam se deixassem de existir: chocolate e livros. Não me deixem sem ler que eu realmente viro bicho. Sou o tipo compulsivo que lê outdoor, propaganda no metrô, rótulo de shampoo enquanto toma banho, instruções e receitas na embalagem de TODAS as comidas, até de macarrão, manual de instruções de tudo que é eletrodoméstico, pedaço de jornal velho caído num canto, coisas escritas à mão dentro do sapato inglês do Mirco, o Boas Festas pré-impresso nas notas fiscais a partir de novembro, todos os detalhes do formulário pra depósito bancário, as lombadas dos livros na estante da casa daquele personagem do filme, todo e qualquer folhetinho que chegue às minhas mãos. É compulsivo mesmo, mecânico, involuntário, e já salvou minha vida várias vezes, especialmente porque tenho boa memória e dificilmente me esqueço de alguma coisa que eu li em algum lugar. Lembro de endereços de lojas que li na sacola de uma senhora no ônibus, do nome da empresa anunciada no metrô, da observação no pé da pagina da fatura do fornecedor. Eu acho que compensa o fato deu não ser muito musical…

Voltando à abominável música italiana: eu acho que o meu problema é que o tipo de música que eu gosto de ouvir não é compatível com nenhuma outra língua que não seja o Inglês. Convenhamos, crianças, rock em português é ridículo, perde credibilidade, não tem jeito. O mesmo pra música celta. O mesmo pra música de viado. É como bossa nova (que eu adoro, mas não tenho nenhum CD) cantada em, sei lá, alemão. Então eu acabo não gostando de mais nada cantado em outras línguas, já que tenho verdadeira alergia a música pop ou, pior, romântica.

Outra coisa com a música italiana é que, na minha opinião de não apreciadora mas não por isso não entendedora (meu irmão é músico, pô), ela tem frases musicais, combinações de notas que não se usam nem no Brasil e nem nos EUA. Só consigo lembrar agora das músicas dos Gemelli Diversi (Gêmeos Diferentes. O nome já seria o suficiente pra mandá-los pro pelotão de fuzilamento, na minha opinião. Agora imaginem a qualidade das músicas…) que pra mim são todas muito estranhas, difíceis de seguir. Tem duas outras ESTRANHÍSSIMAS tocando no rádio ultimamente (eu não ligo o rádio do meu carro, mas o Mirco liga o do dele) mas eu não consigo entender o nome, porque os locutores italianos são como os brasileiros, só dizem o nome da música quando dá vontade, e nem sempre com a melhor das dicções. O refrão de uma diz “io ti amo, ma devo ucciderti” (te amo, mas tenho que te matar). A outra não lembro mesmo, até porque a mulher canta num tom tão estranho que não entendo o que ela diz.

Comecei a notar isso durante as caronas com a Marta, que só escuta rádio. Comecei a pensar numa coisa que eu li em algum lugar, não lembro direito onde, falando sobre sistemas musicais de outras culturas, as orientais em particular. Parece que há povos que têm outras notas além das nossas do-ré-mi-fa-sol-lá-si. Eu não consigo conceber outras notas! É como se alguém viesse me dizer que em outros países existem outras cores primárias. Sei lá, um cor chamada bljerfs, que não é nem azul, nem amarelo, nem vermelho, e nem é uma combinação qualquer dessas cores. Você consegue imaginar? Nem eu. Esse tipo de informação scombussola meu céLebro.

Acho que vou ali ler um pouquinho pra ver se passa.

**

E sexta-feira partimos pra Rotterdam, visitar a Stefania, irmã do Mirco, que está meio que morando por lá. Apesar da greve das companhias aéreas (toda semana tem greve de algum meio de transporte aqui na Itália, é impressionante), parece que a nossa, a BasiqAir, que é holandesa, não vai entrar nessa história e esperamos não ter problemas pra embarcar. Voltamos no domingo com a RyanAir. Cortesia da Stefania, claro, porque eu não tenho dinheiro nem pra ir ali na esquina, quanto mais à Holanda

**

Vi Big Fish ontem. Digo “vi” e não “vimos” porque o Mirco dormiu. Achei visualmente bonito, como tudo o que o Tim Burton faz, mas não gostei do roteiro. Achei que ficou faltando alguma coisa. E agora cinema só semana que vem, porque já esgotamos todo o arsenal do Warner Village de Perugia.

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Mirco encheu tanto o meu saco que resolvi seguir seu conselho: aproveitar esse tempo de ócio desempregatício pra tirar minha carteira de motorista (eu estou usando a internacional, que só dura até setembro).

Diálogos reais no ICQ

Stranger: – Hi, where are you from?
Leticia:- I’m from a nice place where people are educated and don’t disturb strangers marked as “away”. I see you’re not from there.

Fulano: – Oi, quer conversar?
Leticia: – Se eu realmente quisesse conversar, não seria com você, que eu não conheço. Se estou como “away” é porque não posso conversar, mesmo que quisesse, não acha?

Beltrano: – Quer tc?
Leticia: – Minha religião não permite nenhum tipo de contato com gente que ainda acha que “tc” esta na moda.

Tizio: – Ciao, vuoi chattare?
Leticia: – No, grazie, io non chatta. Tu chatto sì, però.

Ah, e pra quem tá

Ah, e pra quem tá estranhando que eu ainda não respondi aos e-mails: eu uso o programa The Bat!, muito legal e tal, só que anda me dando um problema estranho que não consigo resolver. Quanto tento enviar uma mensagem, o progama muito gentilmente me diz: Server reports error. The response is: mail not accepted from blacklisted IP address. Eu juro que não mudei nada, não toquei na configuração: esse erro maluco veio de um dia pro outro.

Não vou me render e voltar ao libero, até porque já apaguei tudo de lá e não tô com o menor saco de desorganizar minha vida e-mailzidica novamente. Tô tentando fuxicar no The Bat! pra ver se descubro qual é o pobrema. Enquanto isso, visto a minha imbecilidade internetal, aceito ajuda de quem entender mais do assunto do que eu. E enquanto essa ajuda não chegar, os e-mails vão ficar sem resposta.

A festa de aniversário antecipada da FeRnanda no sábado foi um sucesso. Eu passei a manhã fazendo os doces, e lá pras três da tarde, quando a FeRnanda chegou com a irmã, Renata, seu marido toscano, o Stefano, e a prima romana, Giulia,

a torta de limão

tava pronta e o bolo prestígio já estava cortado no meio, esperando o recheio de cocada ficar pronto. Prontamente botei as meninas pra trabalhar. Só que na família da FeRnanda NINGUÉM sabe cozinhar nada, nem fritar ovo, então já viu. A Renata foi sovar a massa das coxinhas, mas parecia mais que tava fazendo carinho nela.

A FeRnanda desfiou o frango que eu tinha refogado no dia anterior, mas sobrou tanta carne colada aos ossos que daria pra fazer mais umas dez coxinhas.

A Giulia e depois a Renata fizeram a massa do pão de queijo, que ficou duro, seco e denso feito um meteorito. Em um certo momento resolvemos parar tudo e ir ver a casa que, se tudo der certo, a FeRnanda e o Fabião, que chegou depois, vão comprar em Ripa, não muito longe daqui mas já fazendo parte do comune de Perugia. Ripa tem um castelo, que se chama castelo mas quer dizer burgo medieval, cercado por muralhas. Pois eles vão morar dentro dos muros, na cidadela! Protegidos contra ataques peruginos! Não tiramos fotos porque o Mirco tinha esquecido a máquina fotográfica aqui em casa, mas na próxima vez vamos tirar. O lugar é divino! Os campos em torno são maravilhosos, daquele verde indecente que só existe na Toscana e na Umbria, as casas em torno são lindas, é um lugar super tranquilo, mas ao mesmo tempo a um passo de Perugia. Como disse o cara da imobiliária, em Ripa há dois açougues! Dois! Que modernidade, que megalópole! ;) Ficamos muito felizes por eles; a casa é de pedra, medieval mesmo, linda, e adaptada às necessidades deles. Tô doida pra voltar lá pra fazer umas fotos. Eles devem se mudar em maio. Vão ficar mais longe de nós, mas fazer o quê…

Mas então, voltamos por Bettona, que é uma cidadezinha medieval no alto da colina (como 99% da Umbria, diga-se de passagem…), linda, deliciosa. Só que o frio tava foda e voltamos logo porque ninguém se aguentava em pé com aquele vento gelado na cara. A galera foi pra casa tomar banho, eu botei a quiche de couve-flor no forno e fui tomar banho também. Chegou o Moreno, amigo gatinho do Mirco do qual eu gosto muito e que convidamos pra fazer número par de convidados. Depois chegou o resto do povo e a festa começou.

Renata, Giulia, Mirco, FeRnanda, Fabiao e eu.

Como o frango não bastou pra toda a massa de coxinha que eu tinha feito, acabei fazendo uns risoles de queijo com presunto que, dizem, ficaram ótimos (eu não comi). Os pães de queijo ficaram daquele jeito meteórico mas neguinho comeu assim mesmo, e o que sobrou a FeRnanda levou pra casa pra congelar. A quiche ficou ótima, só sobrou um pedaço, que foi meu jantar de ontem. E os doces ficaram di-vi-nos.

Nós nos divertimos horrores, Fabio bebeu caipirinha demais e dormiu no sofá, Mirco e Moreno, pouco resistentes ao álcool, em meia hora já estavam com as bochechas vermelhas, eu e as meninas fofocamos horrores. Foi uma serata agradabilíssima, mas quando o povo foi embora eu tava a massa falida, com as pernas doendo de ficar em pé cozinhando e limpando o dia todo.

(Renata e o marido Stefano, Giulia, FeRnanda, Fabio, Mirco e Moreno)

(As receitas estão , como sempre. Só não botei a das coxinhas porque não ficou 100% do jeito que eu queria.)

A festa de aniversário antecipada da FeRnanda no sábado foi um sucesso. Eu passei a manhã fazendo os doces, e lá pras três da tarde, quando a FeRnanda chegou com a irmã, Renata, seu marido toscano, o Stefano, e a prima romana, Giulia,

a torta de limão

tava pronta e o bolo prestígio já estava cortado no meio, esperando o recheio de cocada ficar pronto. Prontamente botei as meninas pra trabalhar. Só que na família da FeRnanda NINGUÉM sabe cozinhar nada, nem fritar ovo, então já viu. A Renata foi sovar a massa das coxinhas, mas parecia mais que tava fazendo carinho nela.

A FeRnanda desfiou o frango que eu tinha refogado no dia anterior, mas sobrou tanta carne colada aos ossos que daria pra fazer mais umas dez coxinhas.

A Giulia e depois a Renata fizeram a massa do pão de queijo, que ficou duro, seco e denso feito um meteorito. Em um certo momento resolvemos parar tudo e ir ver a casa que, se tudo der certo, a FeRnanda e o Fabião, que chegou depois, vão comprar em Ripa, não muito longe daqui mas já fazendo parte do comune de Perugia. Ripa tem um castelo, que se chama castelo mas quer dizer burgo medieval, cercado por muralhas. Pois eles vão morar dentro dos muros, na cidadela! Protegidos contra ataques peruginos! Não tiramos fotos porque o Mirco tinha esquecido a máquina fotográfica aqui em casa, mas na próxima vez vamos tirar. O lugar é divino! Os campos em torno são maravilhosos, daquele verde indecente que só existe na Toscana e na Umbria, as casas em torno são lindas, é um lugar super tranquilo, mas ao mesmo tempo a um passo de Perugia. Como disse o cara da imobiliária, em Ripa há dois açougues! Dois! Que modernidade, que megalópole! ;) Ficamos muito felizes por eles; a casa é de pedra, medieval mesmo, linda, e adaptada às necessidades deles. Tô doida pra voltar lá pra fazer umas fotos. Eles devem se mudar em maio. Vão ficar mais longe de nós, mas fazer o quê…

Mas então, voltamos por Bettona, que é uma cidadezinha medieval no alto da colina (como 99% da Umbria, diga-se de passagem…), linda, deliciosa. Só que o frio tava foda e voltamos logo porque ninguém se aguentava em pé com aquele vento gelado na cara. A galera foi pra casa tomar banho, eu botei a quiche de couve-flor no forno e fui tomar banho também. Chegou o Moreno, amigo gatinho do Mirco do qual eu gosto muito e que convidamos pra fazer número par de convidados. Depois chegou o resto do povo e a festa começou.

Renata, Giulia, Mirco, FeRnanda, Fabiao e eu.

Como o frango não bastou pra toda a massa de coxinha que eu tinha feito, acabei fazendo uns risoles de queijo com presunto que, dizem, ficaram ótimos (eu não comi). Os pães de queijo ficaram daquele jeito meteórico mas neguinho comeu assim mesmo, e o que sobrou a FeRnanda levou pra casa pra congelar. A quiche ficou ótima, só sobrou um pedaço, que foi meu jantar de ontem. E os doces ficaram di-vi-nos.

Nós nos divertimos horrores, Fabio bebeu caipirinha demais e dormiu no sofá, Mirco e Moreno, pouco resistentes ao álcool, em meia hora já estavam com as bochechas vermelhas, eu e as meninas fofocamos horrores. Foi uma serata agradabilíssima, mas quando o povo foi embora eu tava a massa falida, com as pernas doendo de ficar em pé cozinhando e limpando o dia todo.

(Renata e o marido Stefano, Giulia, FeRnanda, Fabio, Mirco e Moreno)

(As receitas estão , como sempre. Só não botei a das coxinhas porque não ficou 100% do jeito que eu queria.)

Cineminha

Ontem à tardinha fomos ver The Butterfly Effect. Apesar do protagonista ser o namorado da papa-anjo Demi Moore e da direção deixar um pouco a desejar, o conceito geral do filme é bem interessante. The Butterfly Effect é aquela história da borboleta que bate asas no México e pode causar um tornado do outro lado do mundo, através de uma série de eventos aparentemente não relacionados entre si.

O personagem do bobão do That 70’s Show é um garoto que volta e meia tem blackouts de memória que resolve escrever diários pra tentar tapar os buracos. Só que ele descobre que relendo esses diários, em particular os trechos não terminados, porque relativos a pedaços perdidos de memória, ele consegue voltar ao passado. Como a história toda é cheia de pequenas tragédias, ele resolve mudar o passado pra tentar evitá-las, bastando pra isso pequenos atos, como uma frase, um objeto dado a um amigo. Voltando ao presente, que obviamente muda de acordo com o passado que ele alterou, ele descobre que esses mesmos pequenos atos são capazes de mudar totalmente a vida das pessoas. Ele acaba ficando num vai-e-vem passado/presente, achando que consertou coisas no passado mas caindo em presentes horrorosos, até resolver parar com a brincadeira, do melhor jeito possível.

Bom, no final das contas gostamos do filme. E voltamos no carro conjecturando sobre as nossas vidas ultimamente. É meio apavorante pensar que, se o telefone do Mirco tivesse tocado quando ele estava pra sair de casa naquele dia de novembro em 2001, e ele tivesse voltado pra responder, provavelmente não teríamos nos conhecido, porque ele teria passado na estrada quando eu e Valéria já teríamos chegado ao albergue. Ou se a gente tivesse pego o trem pra Assis que tinha acabado de sair da estação de Perugia; eu e Valéria teríamos chegado em Assis uma hora antes e assim eu e o lanternerio não teríamos nos conhecido. Ou se a Valéria não tivesse me convencido a passar em Assis – eu só sabia que era cidade de santo, e como não gosto de santo não queria vir. Lembro perfeitamente de nós duas debruçadas sobre um mapão da Itália na sala de paredes cor de pêssego da Valéria, no Leblon. Ela insistindo em Assis e eu não, não, santo não, por favor! Ou então se meu amigo Guido não tivesse me convencido a estudar italiano em vez de francês. Ou então se eu nem tivesse conhecido o Guido naquele MUSH, onde eu só entrei porque tive um febrão uma noite, não conseguia dormir e acabei entrando no tal MUSH, indicação de um amigo da Newlands.

A vida é muito estranha, crianças.

Frio

Está nevando em Bastia. Aparentemente nevou a noite toda, porque hoje telhados, campos e carros amanheceram cobertos de neve. O fenômeno é raro por aqui; a última vez que nevou decentemente em Bastia foi, se não me engano, em 1981, e há fotografias desse suuuper acontecimento espalhadas por todo o prédio da prefeitura. Normalmente aqui embaixo, no vale onde estamos, não neva de verdade; no máximo aqueles floquinhos bobos que derretem assim que tocam alguma superfície. Ontem, voltando do cinema, caíam algums floquinhos desse tipo, e o termômetro do carro marcava um grau, a temperatura noturna média aqui nas últimas semanas. Os últimos dias foram gelados de verdade, mas não tinha neve nem em Assis, só no alto do Subasio, que anda branquinho já há muitas semanas. Mas essa noite nevou de verdade.

São oito e meia e acabei de entrar em casa. Fomos até Santa Maria pegar o carro da tia de um amigo do Mirco pra levar pra consertar em Deruta. Deruta é famosa por aquelas cerâmicas maiólicas horripilantes, com dragões amarelos ridículos e mal desenhados ou flores e frutas estilizadas, como nesses pratos enfeiadores de parede:

O pai do Mirco tem um amigo de muitos anos que tem uma oficina lá, especializada em carros, ao contrário da oficina do Mirco, especializada em caminhões e máquinas industriais. Então lá fomos nós a Deruta, o Mirco dirigindo o Fiesta batido e eu atrás, na Punto que herdei quando ele comprou o Volvo. Deruta fica na direção de Roma, cidade que, além de ser tudo na vida, tem um clima muito mais agradável do que nós aqui do interior da Tanzânia. Roma é mais seca e mais quente do que a maioria das cidades italianas. Quase nunca chove, e neve é coisa raríssima, coisa pra contar pros netos. Em Deruta não estava nevando, mas os carros que vinham da direção de Terni, que ainda é Umbria mas fica a apenas uma hora de Roma, mas é alta e por isso muito fria, estavam todos cobertos de neve.

Eu acho frio e neve duas coisas tão chatas que nem consigo mais achar bonito. Olho os telhados branquinhos e me dá uma raiva danada porque sei que lá fora a temperatura não me permite fazer nada. Tenho roupa na máquina de lavar que tenho que estender, mas quem disse que eu tenho coragem de ir lá na varanda debaixo de neve pra mexer em roupa molhada e ficar com os dedos congelados? Sai fora.