Hoje tem jantar gay aqui

Hoje tem jantar gay aqui em casa. Enquanto o Mirco rala na oficina, eu ralo na cozinha, fazendo feijao, arroz, farofa e carne de panela pra 11 pessoas, o mesmo grupo dos jantares chineses. De sobremesa fiz cuca de banana.

O problema é que eu jah nao era muito craque em carnes no Brasil, aqui, entao… Nao reconheço nenhum corte de carne nem no supermercado nem no açougue! Tenho a ligeira impressao de que essa carne de panela vai virar sola de panela. Ainda bem que fiz feijao pra um batalhao – e ficou bem gostosinho, apesar do feijao ser mexicano.

Nao vai rolar caipirinha porque nao deu tempo de ir ao Ipercoop comprar limao verde, e eu naaaaao vou desperdiçar minha preciosa 51 com limao amarelo, né, crianças.

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Cortei o cabelo hoje de manha em Perugia, depois de comprar o feijao. A mulher se empolgou e cortou pra burro! Como nao deu tempo de fazer o relaxamento, estou com uma juba consideravel. Sabe aquela cena do Rei Leao quando ele é pequenininho e mete a cabeça numa florzona, e as petalas da flor em torno da cabeça dele ficam com cara de juba? Pois é. Eu to assim.

Deveria existir uma lei proibindo

Deveria existir uma lei proibindo qualquer mençao a viagem feita por parte de um grupo que se encontra pra jantar.

Ou seja: Mirco e Roberto rindo na sala vendo a fita de uma das viagens à Australia que os dois fizeram, em 2000. E eu aqui na internet, porque realmente ODEIO ficar ouvindo dialogos do tipo “lembra? hahahahaha” “e aquele cara que….” “isso, isso!”.

O bode foi embora, e

O bode foi embora, e eu mandei ele ficar bem longe por um bom tempo.

Hoje tem amigos do Mirco pra jantar. Repito o pire de batata com molho de frango no forno, farofa, uma saladinha basica e de sobremesa quadradinhos de laranja.

Pra comemorar a partida do bode, apresento a voces o nosso unico e inigualavel cachorro de parede: Giulio Cesare. O Giulio Cesare é o nosso segurador de casacos, bolsas e cachecois.

Ainda nao é o Legolas, mas é sempre um cachorro…

O Retorno do Bode

O Retorno do Bode

Hoje fui pagar o imposto sobre veiculos pro Mirco, e andei perguntando umas coisinhas sobre a minha situaçao. A senhora do Automobile Club Italiano, uma quarentona elegante e muito simpatica e prestativa (coisa rara por aqui), me deu mais uma de uma série de ooootimas noticias: minha carteira internacional de habilitaçao, que em teoria vence no final de março, nao estah mais valendo, desde que acabou meu curso em Perugia. Quer dizer, do momento em que voce pega residencia em um pais, a carteira internacional nao vale mais, e é necessario fazer outra, oficial do pais. Eles devem achar que no dia seguinte ao fim do curso as pessoas mudam o modo de dirigir e começam a sair batendo com o carro e atropelando pessoas na rua.

Aih perguntei como eu deveria fazer pra tirar a carteira aqui, entao. Custa em torno de 500 euros, que eu obviamente nao tenho. Poderia fazer o teste como privada, sem passar por uma auto-escola, e sairia mais barato. Que bom, pensei.

Entao me veio à mente um detalhe: pra fazer a carteira precisa do permesso di soggiorno definitivo? Porque eu soh tenho o protocolo dos correios dizendo que eu mandei minha documentaçao pra Questura e que algum dia, esperamos que ainda nesse milenio, meu pedido de regularizaçao seja aceito. Resposta: nao, o protocolo nao vale como permesso di soggiorno. Nao posso fazer prova. Nao posso tirar carteira.

Sabado compro o jornal e vou comprar uma Vespa. Nesse frio vai ser dureza.

Resultado: estou de bode de novo, cansei de nada funcionar pro meu lado, de ficar vivendo num limbo burocratico onde nao posso trabalhar, nao posso ficar doente porque nao tenho seguro saude, nao posso ter nada no meu nome porque eu nao existo, nao posso nem dirigir, meu cachorro vem em abril e é possivel que, se o mongo do Mirco nao acordar pra vida e casar logo, nos mandem embora, a mim e a meu cachorro, que mal vai ter tempo de de adaptar à vida na roça.

Pra acalmar um pouco o bode em vez de sair metralhando gente por aih, botei meu mp3 player nos zovido, com Offspring berrando muito alto e fui passar o aspirador de poh no carro que tava uma vergonha. Me acalmei e iniciei a série de musicas felizes (que inclui Barry White, Morsheeba, Blues Traveler, Gloria Gayne, Tom Jones); fiz faxina na casa, depois fui correr aqui nas redondezas, bater um papo com o Romeo, o labrador amarelo da casa aqui do lado. Ele jah me reconhece, nao late mais pra mim e vem correndo pra grade do jardim quando me ve. Romeo é um cara legal. Pena que nao é o Legolas.

(Nessas horas é que é bom ser atéia: ter alguém concreto pra malhar (nesse caso, a burocracia italiana) é muuuuuito melhor do que ter uma entidade abstrata pra qual fazer promessa.)

Eu cheia de foto do

Eu cheia de foto do nosso cachorro de parede pra botar aqui e a Telecom Italia nada de resolver a nossa DSL que morreu desde que mudou de Comune.

Tem também foto da super escrivaninha tabajara criada e executada pelo Mirco. Mas essa soh posso contar ilustrando.

To aproveitando que os chefoes

To aproveitando que os chefoes sairam e soh ficamos eu e Martinha no escritorio pra dar uma escrivinhadinha basica.

Tivemos um fim de semana movimentado. No sabado de manha a Mulher do Patrao (quando eu digo patrao digo Fabrizio, o dono de loja mais estressado do mundo. O chefe aqui do escritorio é o idiota. O Fabrizio também é meio idiota, mas pelo menos é educado.) me convocou pra ajudar a limpar a loja, que tah fechada desde a primeira semana de janeiro e reabre no final do mes. Lah fomos nos, de vaporetto em punho, junto com a Claudia, a outra pobre coitada que trabalha lah, tirar crosta de presunto e queijo do balcao, lavar o banheiro que soh eh lavado nessas ocasioes anuais, tirar a poeira de todos aqueles vinhos maravilhosos que eu nunca vou conseguir comprar. Exausta e congelada, porque na loja nao tem aquecimento e a caldeira tava meio preguiçosa e nao esquentava a agua pra lavar as maos, cheguei em casa e ainda fui fazer almoço, que nem me lembro o que foi. E enquanto o Mirco dormia, depois de ter trabalhado das 6:30 da manha às 2 da tarde aturando a mala do pai dele, fui deixando esquematizado o jantar: pire de batata com molho de peito de peru no forno, farofa e salada. Veio um casal de amigos do Mirco pro jantar, Peppe e a namorada-oca (oca = ganso, é um termo que se usa pra chamar mulher chata, histérica, de voz fininha, aquela coisa basica insuportavel) Stefania. Nao é que comeram bem, todos os dois? Até a oca, que nao come nada nunca (jah tive a ocasiao de presenciar, no restaurante), detonou dois pratoes e duas porçoes de mousse de limao. Adoraram a farofa.

Aih depois começou a tortura. Porque o Mirco é uma pessoa fenomenal, mas tem um defeito grave: tem uma filmadora. Atenuante do fato é que nao foi ele quem comprou, foi presente da mae de uma ex-namorada. Mas enfim, ele tem uma filmadora. E usou a filmadora. E guarda todos os filmes feitos com a filmadora. E ficaram ele e Peppe vendo aquelas chatices, eles dois descendo o Subasio de trenoh, eles dois enchendo o saco das pessoas no centro de Perugia no inverno, eles tomando cerveja no bar, tudo tremido, mal filmado, horrendo. Logico que eu e a oca dormimos no sofah.

E pronto.

Aih, no domingo, quando em teoria descansariamos, inventamos de fazer uma expediçao à IKEA. Com certeza foi muito mais cansativo do que uma passeata pela paz. A Stefania (nao a oca, a irma do Mirco) precisava comprar umas coisinhas pro agriturismo que ela estah administrando e que tem a decoraçao mais horrenda do mundo (pior até do que a do nosso apartamento), um desperdicio, jah que a casa pertence à mesma familia desde 1700 e alguma coisa, e é LINDISSIMA, com uma vista idem. Eu e Mirco precisavamos de coisinhas varias pro apartamento. E a Arianna mae do Mirco adora comprar coisas pra casa e nos acompanhou. Fomos em dois carros, encaramos a estrada até Firenze, encaramos o frio na saida do carro, comemos um panzerotto (tipo um pastel de forno com recheio de queijo e tomate) e começamos a odisséia.

Crianças, tudo bem que era domingo, mas parece que TODA a Toscana vai fazer compras na IKEA no fim de semana. Estava entupido de pessoas, e como também é entupido de coisas, porque a variedade de produtos deles é enorme, imaginem o caos. Agora imaginem o caos maior ainda, jah que as pessoas ali dentro nao eram normais, mas italianos, o que implica em tom de voz altissimo, gesticulaçoes infinitas, e aquele sotaque toscano que eu amo, que substitui o C entre vogais por uma coisa parecida com o h de hotel em Ingles. Era um tal de “Rarla! Ma che razzo!” “Ma questo a rasa quanto sarà bello!” “Mamma, voglio una rora-rola!” pra lah e pra cah, nos divertimos horrores, compramos horrores (enchemos dois carrinhos soh eu e Mirco, entre mesa de centro, dois tapetes, um zilhao de acessorios pra cozinha, dois gaveteiros tabajara pro banheiro, gaveteiros ainda mais tabajara pras escrivaninhas, e outras coisas), mas depois de 5 horas de giros lah dentro a coisa começa a ficar insuportavel. Cade a Arianna? Ela é pequenininha e some facil. A ultima vez que eu vi tava olhando as luminarias… Nao, eu a vi lah nos tapetes. Daqui a pouco vejo Arianna abanando o braço lah da seçao de plantas. Nao aguento mais, pelamordedeus, vambora, dizia ela, coitada. Pagamos, enchemos os carrinhos e fomos embora. Passamos no agriturismo da Stefania pra descarregar os mil tapetinhos que ela comprou, verificamos a cafonice da decoraçao atual, voltamos pra casa, descarregamos a nossa tralha, montamos mesa, gaveteiros, ajeitamos tapetes, lavamos e penduramos os utensilios de cozinha, e fomos dormir, absolutamente destruidos.

Na boa… Adorei, mas é aventura pra ser no maximo uma vez por semestre, é muita zona. Fora que pro bolso também nao é muito saudavel. As coisas sao tabajara, nao custam taaaao pouco assim, mas sao tao bonitinhas! :)

O que mais me impressionou foi o sistema deles. Eu sabia mais ou menos como funcionava porque tenho uma vizinha (ou melhor, é vizinha das minhas primas, na minha rua) filha de mae Sueca, e jah tinha me explicado mais ou menos o esquema. Mas cara, é a coisa mais funcional do mundo! Tem locker pra deixar casacos e tralhas, tem creche com baby-sitter pros monstrinhos, tem restaurante (nao consegui comer as almondegas suecas que eu amo, tava lotado), tem bar pra lanches rapidos, tem sacolona pra voce ir pegando as coisas pequenas que te servem, tem zilhoes de carrinhos prontos, as etiquetas sao clarissimas e nao deixam de fora nenhuma informaçao util, te dao listinhas e lapis pra voce ir anotando os codigos do que te interessa e facilitar a achaçao das coisas depois, as coisas sao todas coloridas e alegres, os nomes das coisas sao misteriosissimos, em sueco, noruegues etc, os funcionarios sao simpaticos, os cartazes com informaçoes sao informais e igualmente simpaticos. Brilhante.

Tok e Stok é pinto perto daquilo.

Mas ainda estou cansada e agora meu chefe idiota voltou. Tchau.

Ontem fomos jantar fora, pra

Ontem fomos jantar fora, pra comemorar o dia de S. Valentino (que é soh na sexta-feira, mas nos somos anti-convencionais, e daih?).

Menu:
– Mirco mandou ver uma salada Roma: alface romana, radicchio, cogumelos, lascas de parmesao.
– De primo piatto eu encarei o famosissimo e deliciosissimo risoto com salmao e camarao e açafrao, Mirco ravioli de cogumelos com molho de tartufo e “po de nozes”.
– De secondo piatto pedi um filé de carne argentina ao molho de cognac e pimenta verde, Mirco foi de filé de carne argentina com molho bernease.
– De sobremesa pedi crepe de Nutella com nozes e amendoas em praliné. Mirco comeu uma crepe com frutas frescas e amendoas fatiadas tostadas – e depois ficou com inveja do meu crepe (que se chama Sucès), e pediu um pra ele também.

O vinho foi um Carbernet-Sauvignon do Trentino, que eu nao gostei muito nao…

Hoje faço um risotto al radicchio pro jantar. Wish me luck, porque eu como fazedora de risoto sou uma otima fritadeira de batatas…

Da série Nao é Soh

Da série Nao é Soh no Brasil Que Neguinho Inventa em Ingles:

– Acabo de inserir no computador um pedido de cartuchos. Nome da empresa: Meet National Point.
– Nome de uma agencia de viagens em frente à pizzaria onde batemos ponto sempre: Give My Travels.

*convulsoes anglo-saxonicas*