dom quixote

Como de hábito depois da última terça-feira do mês, aqui vai meu parecer sobre o balé da noite anterior, assistido no cinema. Como não interessa a ninguém, é mais um diarinho pra mim mesma, pra não esquecer.

– Nunca tinha assistido antes. É um balé muito alegre, não há adágios, os pas de deux são poucos, breves e alegres, tem muita pantomima, poucos tutus e coreografia muito interessante.

– Figurinos bonitos, mas continuo achando o Bolshoi bem inferior ao Mariinsky, ao Royal Ballet, ao La Scala, ao Opéra de Paris nesse quesito. Entendo o uso dos tons quentes, mas chega uma hora que cansa.

– A Osipova é a coisa mais deliciosa do mundo de assistir, parece ter nascido pro papel de Kitri (e funciona muito bem como Copélia também), embora não consiga imaginá-la em papéis mais dramáticos. Não é esquelética, é muito expressiva, tem ótima extensão e putaquepariu como salta! A entrada dela em cena no primeiro ato é de matar de felicidade.

– O Vasiliev, que faz o Basilio, é MUITO bom, mas é microscópico e desproporcional, com coxas excessivas. Não é o rei do ballon mas salta muito bem, arrancou muitos aplausos da plateia (inclusive de nós poucos gatos pingados no cinema).

– A história é completamente sem pé nem cabeça e Dom Quixote aparece só como elemento de conexão entre os atos, mas foi uma experiência interessante. Não foi paixão amor eterno fulminante à primeira vista como La Bayadère ou Le Corsaire, balés que eu saí do cinema e encostei na parede ali mesmo pra comprar o DVD imediatamente pela Amazon porque pre-ci-sa-va ver de novo. Mas é muito alegre, tecnicamente interessantíssimo de ver porque as coreografias são rapidíssimas, cheias de saltos e muito diferentes dos balés mais tradicionais, não há um ato de ballet blanc, a música é bem diferente também. Gostei.

– As cenas dos bastidores são sempre ótimas. Aprendo um monte de coisas sobre o balé e sobre o Bolshoi – por exemplo, é a única escola de dança que tem a matéria Danças Características, de modo que os bailarinos aprendem danças típicas do mundo inteiro. Ver os bailarinos se aquecendo com moletom e Uggs por cima dos tutus e das sapatilhas de ponta é muito engraçado; o espetáculo abriu com o Gamache todo paramentado vestido de rico bebendo água de um bebedouro no corredor enquanto uma bailarina chegava de jeans e bota. O público no teatro pediu tanto bis que chegou uma hora que a Osipova, por trás da cortina, fez com a cabeça uma cara de “não, chega, pelamordedeus, num guento mais”. Aliás, ela é um amor, mas parece que usa dentadura ou aparelho fixo na arcada superior, fica fazendo um negócio estranho com a boca como que pra esconder os dentões com o lábio.

– Mês que vem tem La Bayadère, que espero que seja com a Zakharova. Já sei o balé de cor e a Carol também adora (principalmente a parte da cobra), mas eu só tenho a versão do La Scala e parece que a do Bolshoi é bem diferente. Mal posso esperar :)

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